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DEFINIÇÃO A PSC é uma doença viral contagiosa que acomete suídeos domésticos e silvestres, causada por um vírus do gênero Pestivirus, da família Flaviviridae, que produz grandes perdas produtivas e econômicas, devido a sua alta infectividade e letalidade. O vírus da PSC pode sobreviver por meses em produtos processados e na carne in natura refrigerada, e por anos em carne congelada. TRANSMISSÃO A transmissão da doença ocorre principalmente pela via oronasal, por contato direto entre suídeos infectados e suscetíveis, mas também ocorre por via indireta, por meio de pessoas, veículos, alimentos ou roupas contaminadas. As infecções podem se apresentar de forma aguda, crônica ou inaparente, dependendo da virulência da cepa do vírus, do estado imunológico e idade dos animais acometidos. SINAIS CLÍNICOS Os principais sinais clínicos da PSC são: • Febre (40,5°C a 42,0°C); • Apatia; • Anorexia; • Lesões hemorrágicas na pele; • Letargia; • Animais amontoados; • Conjuntivite; • Cianose em extremidades; • Paresia de membros posteriores; • Ataxia; • Problemas respiratórios e reprodutivos (abortos). Animais adultos geralmente apresentam formas menos graves da doença e possuem uma maior taxa de sobrevivência. TRATAMENTO, PREVENÇÃO E CONTROLE Não há tratamento disponível para a PSC e, em caso de detecção de focos, o sacrifício sanitário dos animais doentes e seus contatos diretos e indiretos, além de outras medidas de defesa sanitária previstas em legislação, são aplicadas (Decreto nº 24.548, de 3/7/1934, Instrução Normativa nº 6, de 9/3/2004, e Instrução Normativa nº 27, de 20/4/2004). Trata-se de doença de notificação obrigatória à OIE, e está incluída entre as doenças que requerem notificação imediata de qualquer caso suspeito no Brasil, conforme Instrução Normativa MAPA nº 50, de 23 de setembro de 2013. IMPACTO ECONÔMICO A Peste Suína Clássica - PSC traz prejuízos sanitários e socioeconômicos graves, principalmente pelas perdas diretas e pelas restrições comerciais impostas a produtos oriundos de áreas não livres da doença. Sua presença em parte expressiva do território nacional é um fator que ameaça a posição do país no mercado internacional e traz dificuldades e limitações para as comunidades locais que tem na criação de suínos uma alternativa de fonte alimentar e de renda. DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL Em relação a PSC, o Brasil possui uma grande parte de seu território, e cerca de 95% da suinocultura industrial, reconhecida como zona livre pela OIE. Porém, boa parte do norte e nordeste é considerada área não livre e desde 2017 têm sido observados novos surtos nesta região (Ceará, Piauí e Alagoas). Em outubro de 2018 foi confirmado o caso da doença no estado do Ceará e, a partir de então, foram registrados 67 focos de PSC, distribuídos em 28 municípios nos estados de Alagoas, Ceará e do Piauí, resultando na eliminação de, aproximadamente, 6.500 suínos, pertencentes a mais de 750 produtores. ZONA NÃO LIVRE A partir de 2016, o objetivo de erradicação da PSC foi inserido no Plano Plurianual 2016- 2019 do Governo Federal e algumas iniciativas foram estabelecidas no âmbito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), visando a elaboração de estratégia para erradicação da doença em estados da Região Nordeste (Portaria SDA nº 25, de 5 de abril de 2016). A região contemplada por esse plano abrange toda a ZnL de PSC e representa cerca de 50% do território brasileiro, onde se encontra, aproximadamente, 18% do rebanho suíno nacional, distribuído em mais de 300 mil estabelecimentos rurais, predominantemente de pequenos produtores familiares. DESAFIOS PARA O NORDESTE ❖ A região inclui 11 UF, que apresentam características produtivas, sociais, econômicas e ambientais diversas, o que aumenta o desafio para o desenvolvimento das ações necessárias ao controle e erradicação da PSC. ❖ A suinocultura nessa região representa importante fonte de renda e de proteína animal para as populações locais, sobretudo, para os pequenos produtores rurais em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que praticam, em sua maioria, a criação de suínos de forma extensiva. Nesse sistema de criação, os animais ficam soltos, sem maior preocupação com a produtividade. ❖ Animais de diferentes categorias são criados e manejados de forma conjunta, dificultando o controle sanitário e zootécnico. ❖ Há deficiência de cobertura e atualização das informações sobre os estabelecimentos de criação de suínos, especialmente em sistemas de produção não tecnificada, o que dificulta o desenvolvimento de estratégias específicas de enfrentamento do problema. ❖ Outro ponto importante a ser considerado para atuação na ZnL, principalmente nos estados do Nordeste, é a concentração da comercialização de suínos vivos em feiras livres ou outras aglomerações animais, onde as pessoas adquirem suínos em propriedades, misturando animais de várias origens para venda em feiras que distribuem animais para diversos destinos. Essa característica de movimentação animal constitui importante fator de risco a ser considerado nas estratégias para evolução sanitária da região. ❖ Além disso, os estados da ZnL apresentam um pequeno número de estabelecimentos de abate de suínos com inspeção oficial. Essa realidade reforça a importância da vigilância para PSC considerar os locais de abate clandestino de suínos, caracterizados como pontos de risco e demandando especial atenção por parte do SVE. ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO Devido a ampla área geográfica da ZnL, que abarca diferentes realidades socioeconômicas, ambientais e epidemiológicas, mostra-se necessária uma intervenção de forma regionalizada. Para definição das regiões e respectivas estratégias, foram consideradas informações sobre a distribuição e características produtivas, as relações comerciais existentes, e o histórico de ocorrência da doença. Como resultado dessa análise, foi proposta a subdivisão da ZnL em três regiões. A regionalização proposta busca a aplicação de diferentes estratégias para o controle e a erradicação da PSC, com base nas avaliações epidemiológicas, nas características e na dinâmica da suinocultura local, no engajamento de autoridades do segmento público e do setor privado e nos recursos financeiros e humanos disponíveis. De forma comum a todas as Regiões, deverão ser consideradas as seguintes atividades: caracterização do sistema produtivo de suínos, intensificação da vigilância, capacitação para detecção precoce e atendimento a focos e adequação do controle e fiscalização do comércio e movimentação de suínos e seus produtos de risco. A principal diferença entre as estratégias a serem utilizadas em cada Região, trata-se do emprego ou não da vacinação contra a PSC e, uma vez optando-se pelo seu uso, definir o sistema de vacinação mais adequado à realidade local. Especificamente na Região I, faz-se necessária uma intervenção urgente, pois claramente há circulação do vírus da PSC, inclusive com focos ativos em Alagoas, Ceará e Piauí, sendo alto o risco de disseminação da doença a outras regiões, com possibilidade de reintrodução da PSC na atual ZL. CONCLUSÃO A prevenção da Peste Suína Clássica é imprescindível, especialmente em criações industriais visto que não há tratamento, o que pode gerar vários prejuízos para os produtores. Essa atenção se torna ainda mais essencial em regiões do Nordeste brasileiro, onde ainda são consideradas zonas não livres. Dessa forma, deve ser dada continuidade aos programas de erradicação, para que enfim as zonas do Nordeste se tornem livres da PSC. Além disso, o monitoramento e fiscalizaçãodas zonas livres devem ser mantidas para garantir que novos surtos não sejam estabelecidos.
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