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Resumo Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 848

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RESUMO DA ARGUIÇÃO DE DEACUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDA-
MENTAL Nº848 DE 2021 
Alice Maria C. L. Bitencourt 
A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 848, de iden-
tificação única nº 00549624920211000000, foi instaurada pelos governadores do Distrito 
Federal e dos Estados de Goiás, Alagoas, Amapá, Amazonas, Espírito Santos, Bahia, Ma-
ranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa 
Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Acre. 
O referido documento foi ajuizado em face da convocação dos governadores de 
nove Estados da federação e do Distrito Federal a depor na Comissão Parlamentar de 
Inquérito (CPI), formalizada pelo Senado Federal e que apura “as ações e omissões do 
Governo Federal no enfrentamento da Pandemia da COVID- 19 no Brasil”1. 
Nos autos, os chefes dos poderes executivos dos Estados citados defendem que tal 
convocação viola preceitos fundamentais previstos pela Constituição Federal vigente e 
referentes à Separação dos Poderes e ao pacto federativo. Nesse sentido, as atividades da 
Comissão significam uma intervenção federal não autorizada, conforme pontua no inteiro 
teor do Acórdão. Acrescenta a isso o art. 146 do Regimento Interno do Senado Federal, 
o qual estabelece que não é admitida CPI sobre matérias pertinentes aos Estados, cabendo, 
assim, ao Poder Legislativo local a instauração de CPIs referentes aos assuntos relacio-
nados à administração estadual. 
Argumenta o Senado Federal que tal ato serve para que os representantes teste-
munhem acerca de um determinado fato, como uma atividade colaborativa visando a re-
construção do passado, sem que haja interferência na autonomia dos entes federativos. 
Dessa forma, não teria violação do pacto federativo e sequer do princípio da separação 
dos poderes. 
Segundo o Procurador-geral da República, cabe ao Congresso Nacional fiscalizar 
a aplicação de recursos federais. Nessa perspectiva, todos, até mesmo chefes do poder 
executivo, sejam prefeitos ou governadores, devem prestar contas ao Congresso, através 
do Tribunal de Contas da União ou das Comissões Parlamentares. 
 
1 Definição expressa pelo Acórdão do documento supracitado, p.3. 
A relatora, Min. Rosa Weber, ressalta, contudo, que, segundo o próprio texto cons-
titucional, as CPIs possuem “poderes de investigação próprios das autoridades judiciais”2. 
Consoante essa determinação e observando as características processuais invocadas a par-
tir dela, como testemunhas, os governadores estão sujeitos à obrigação de comparecer 
perante o órgão de investigação e, ainda, à possível caracterização de falso testemunho. 
Tais configurações inspiram controvérsias na argumentação do parlamento, especial-
mente no que se refere à “atividade colaborativa”. 
Além disso, constitui prerrogativa dos parlamentares a isenção da obrigatoriedade 
de testemunhar (CF, art. 53, § 6º), como forma de assegurar a autonomia do Congresso 
Nacional, sem que se discuta isso como um privilégio processual. A relatora destaca, 
ainda, que a fiscalização dos recursos federais deve ser realizada, sim, pelo Tribunal de 
Contas da União, sendo uma competência exclusiva. 
A partir dos argumentos citados e de outros expostos no documento, fora reque-
rida uma medida cautelar para suspender os atos da convocação, a qual foi referendada. 
Entende-se, portanto, que não cabe ao Congresso fiscalizar atos que excedam a adminis-
tração pública federal e, principalmente, que não é possível a convocação de governado-
res por CPI instaurada pelo Senado Federal. A função fiscalizatória do Poder Legislativo 
deve observar os limites impostos pela separação dos poderes e a autonomia dos entes 
federativos, respeitando também os postulados da subsidiariedade e da não intervenção. 
 
 
 
2 Constituição da República Federativa do Brasil, art. 58, §6º.

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