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1resenha clínica psicanalítica

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Resenha dos capítulos II do livro Freud e o inconsciente de Garcia-Roza. E dos capítulos: "O Primeiro Contato. A Entrevista Inicial. Os Critérios de Analisabilidade. O Contrato. " e Uma Revisão das “Regras Técnicas” Recomendadas por Freud. De Zimerman. 
Jéssica Bezerra dos Santos Matrícula: 201509616901
A importância da compreensão do contexto da época (zeitgeist) e a relação com a elaboração do Projeto para uma psicologia científica como texto pré-psicanalítico de Freud é enfatizada por Garcia-Roza quando este lembra que algumas ideias apresentadas no Projeto não são de todo inéditas por fazerem parte de um momento científico de investigação sobre, por exemplo "inibição da Ideia" e "princípio de autopreservação" de Hebart e também sua noção de inconsciente dinâmico, ideias que entre outras apontam para um "solo comum" onde as de Freud encontraram fertilidade. Também destaca o caráter ambíguo do Projeto para o próprio Freud que ora o superestimava ora o diminuía por acreditar ser de uma ambição megalomaníaca, além de outras questões. Porém o capítulo não deixa de forma alguma de apresentar os méritos, grandiosos por sinal, de ideias que foram reformuladas e que estão instituídas até hoje na disciplina psicanalítica e na sua prática. No capítulo, além das explicações mais técnicas da elaboração de Freud sobre os tipos de neurônios presentes no aparelho psíquico, a saber denominados pelas letras gregas Fi, Psi e ômega além das forças endógena e exógena que lhes são exercidas a que ele chamou de Q e Q n. São forças que, em sua explanação, percebe-se de imediato como sendo esboços de como Freud posteriormente viria a elaborar os conceitos e de como se dá a dinâmica do aparelho psíquico tal como se concebe hoje em dia. Forças como princípio de prazer e da realidade, a soma, a canalização, a descarga dessas forças, a fonte e o percurso que elas atravessam são o que hoje estudamos como metapsicologia dos processos psíquicos. Acredito que a importância desse capítulo juntamente com o de Zimerman se dá pela forma como os conhecimentos vêm convergir nos estudos da disciplina e auxiliam no maior entendimento da teoria psicanalítica. Principalmente porque podemos seguir a lógica de Freud quanto ao desenvolvimento dos conceitos pré psicanalíticos de aparelho psíquico, neurônios, princípio de inércia, do ego(aqui ainda numa noção diferente do ego da segunda tópica) e outras questões não menos importantes presentes no capítulo. 
Aqui é válido citar as duas principais contribuições, na visão de Garcia-Roza, de o Projeto para a atual "configuração" da Psicanálise: A primeira é a questão dos processos primários e secundários, que, de maneira sintética pode-se entender como o primeiro sendo os processos que acontecem no inconsciente : sonhos, atos falhos, o chiste (do ponto de vista econômico é uma forma de energia livre) e os processos secundários acontecendo no sistema pré - consciente - consciente. Que é o estado de vigília, atenção raciocínio, linguagem. (Uma forma de energia que ele chama de energia ligada) 
A outra grande contribuição é o processo do sonho. Este que é sem dúvida uma das "mais importantes e duradouras" contribuições. É no Projeto que ele esboçará seis características do processo onírico: os sonhos são realizações de desejos. As ideias oníricas são de caráter alucinatório. Nos sonhos as conexões são  absurdas, contraditórias ou estranhamente loucas. Os sonhos carecem de descarga motora. Nos sonhos a consciência fornece qualidade tal como a vida. 
Algumas dessas ideias vão ser resgatadas no importantíssimo livro A interpretação dos sonhos. Que marcou na entrada do século o início da Psicanálise. (pelo menos essa era a intenção de Freud) Apesar de sua importância como pré psicanálise o Projeto é visto, nas palavras de O. Mannoni citado por Garcia-Roza como "um último esforço de resistência, é ainda uma tentativa de colocar a teoria psicológica numa linguagem neurológica, ainda que essa neurologia seja fantástica. O lugar ocupado por essa neurologia será posteriormente ocupado pela metapsicologia. Esse capítulo é importante no estudo da disciplina por ajudar a traçar o caminho do estudo da psicanálise desde do início de sua concepção. Uma importante referência para a disciplina. 
O capítulo 4 do livro de Zimerman elenca de maneira sintética e prática, aspectos fundamentais que o analista ou terapeuta que atenda com a abordagem psicanalítica deve conhecer a respeito do primeiro e crucial contato entre analisando e analisado. Sobre este, ele estabelece a diferenciação que se deve fazer entre "entrevista inicial" (que pode ser mais de uma) e "primeira sessão" (com a análise começando a partir desta de fato).  Dentre algumas considerações sobre a  conceituação da entrevista inicial, uma que se destaca é a de que a, ou as entrevistas, servem principalmente para se traçar uma orientação ou proceder a um encaminhamento levando em conta horários, disponibilidade, motivação externalizada ou não verbalizada, saúde mental do paciente, entre outras questões. Sobre essa finalidade Zimerman vai dizer que é principalmente para que o Psicanalista tenha possibilidade de avaliar as condições mentais, funcionais, materiais, bem como os prós, contras, riscos e benefícios do trabalho de análise. Ele destaca também importantes considerações a respeito da postura do analista para que este esteja comprometido com o trabalho e em operar verdadeiras mudanças estruturais no paciente, porém tendo maturidade e experiência em reconhecer defesas narcísicas ou pacientes regressivos, ou impossibilidades que podem se apresentar logo de cara nos primeiros contatos. E também que o terapeuta deve ter uma clara noção de seus próprios alcances e limitações bem como a de reconhecer se a análise finalmente se mostrará impossibilitada. 
Uma consideração que destaco do autor  auxilia na síntese do que ele elabora sobre a entrevista e o contato Inicial:
"Para sintetizar, guardo uma absoluta convicção de que o objetivo mais importante da entrevista inicial é o de estabelecer um rapport com o paciente, isto é, o início de uma relação pautada pela construção de um vínculo empático, de uma atmosfera de veracidade e confiabilidade. Dizendo com outras palavras:
o ideal a ser atingido é que o paciente saísse da entrevista inicial com a sensação de que “fui entendido, o doutor me ´sacou´ e gostou de mim, está sinceramente interessado e acredita em mim, tal qual eu realmente sou”.
Agora, tratando sobre o CRITÉRIOS DE ANALISABILIDADE E DE ACESSIBILIDADE. Sobre a Analisabilidade ele é sucinto quanto ao critério clássico no qual "se baseia fundamentalmente nos aspectos do diagnóstico clínico e prognóstico como antecipação de possíveis riscos e frustrações". Já acessibilidade não vai se definir para ele apenas pelo grau de índices patológicos manifestos pelo paciente onde o interesse do analista não deve ser apenas na doença, mas muito mais em sua "personalidade total" e que o diagnóstico deve ser muito mais psicanalítico do que rigorosamente enquadrado nos códigos e excessivamente preso aos critérios nosológicos. A acessibilidade vai aludir muito mais a motivação e disposição do paciente em colaborar e deixar que o terapeuta acesse seu inconsciente. 
Sobre as indicações e contraindicações, o autor traçará uma breve linha histórica sobre a negativa de pacientes infantis e idosos bem no início do estabelecimento da psicanálise e como isto foi se modificando e sofrendo alterações benignas e que hoje são estabelecidas cientificamente graças a psicanalistas que investigaram aceitando esses pacientes, inclusive psicóticos, perversos e regressivos e autores que se debruçaram sobre esses resultados. 
Sobre as indicações e contras destaca:
"Não raramente, os psicanalistas confrontam-se com situações nas quais a pesagem dos fatores favoráveis e desfavoráveis revelados pela entrevista inicial não foi suficiente para que se definissem convictamente se convém ou não assumir formalmente o compromisso da análise. Nesses casos, apesar de alguns previsíveis inconvenientes,muitos psicanalistas de fendem a combinação de uma espécie de “análise de prova”, que consiste em prolongar a entrevista inicial por um período relativamente mais longo para que só então ambos do paranalítico assumam uma posição definitiva quanto à efetivação formal da análise"
Sobre se se deve interpretar a entrevista inicial, um interessante ponto levantado é o de o analista não deve ter Postura impassível e distante em excesso como postula alguns ortodoxos, mas sim que possua um equilíbrio onde se mostre disposto e aberto a entender e acolher as demandas trazidas no contato inicial no teor certo para que não se precipite com conclusões prematuras. Sobre isso ele dirá:
"O destaque que está sendo dado à participação do analista no enquadre e no respectivo campo analítico visa a enfatizar que já vai longe o tempo em que ele se conduzia como um privilegiado observador neutro, atento unicamente para entender, decodificar e interpretar o “material” trazido pelo paciente. Pelo contrário, hoje é consensual que a estrutura psíquica do terapeuta, sua ideologia psicanalítica, empatia, conteúdo e forma das interpretações, demais atributos de sua personalidade e modo de “ser”, enfim, a sua pessoa real contribuem de forma decisiva nos significados e nos rumos da terapia analítica"
A propósito do capítulo “Uma Revisão das “Regras Técnicas” Recomendadas por Freud” o autor enfatizou que mesmo chamadas hoje de regras, estas são "recomendações" deixadas por Freud (diz ele que este o fez com tom pedagógico e um tanto superegóico" onde as empregou nos seus textos e que permanecem vigentes) 
São quatro essas regras: "a regra fundamental (também conhecida como a regra da livre associação de ideias), a da abstinência, a da neutralidade e a da atenção flutuante. Creio que é legítimo acrescentar uma quinta regra: a do amor à verdade, tal foi a ênfase que Freud emprestou à verdade e à honestidade como uma condição sine-qua-non para a prática da psicanálise". O capitulo destrincha cada regra de forma bem sucinta e com alguns exemplos clínicos bem pertinentes aludindo cada regra.
Por fim, acrescento que a leitura desses capítulos se completa e até sobrepujam o aprendizado auxiliando e sendo indispensáveis como leitura para estudo da disciplina psicanalítica. Ter em mente, principalmente para o terapeuta que pleiteia a abordagem psicanalítica, que essas são as regras fundamentais deixadas pelos próprio Freud é o mínimo que se precisa conhecer para o empreendimento deste intento.

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