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1 Bibliografia: aula do prof. Eduardo Fonseca Puerpério, pós-parto ou sobreparto • Definição: período que vai da dequitação à volta do organismo ao estado pré-gravídico. • Duração o Pós-parto imediato: 1º ao 10º dia. o Pós-parto tardio: 10º ao 45º dia. o Pós-parto remoto: ultrapassa 45 dias e vai até o fim da amamentação. Modificações gerais • Calafrios: iniciam-se por volta de 30 minutos após a dequitação e duram cerca de 2 a 60 minutos. • Temperatura: a elevação da temperatura pode ocorrer nas primeiras 24 horas. Isso é importante porque a definição de infecção puerperal se dá a partir de 48 horas. • Pulso: bradicardia. • Peso: perda de 2 a 3 kg na primeira semana. O mecanismo do calafrio é pouco conhecido – pode ser por bacteremia ou queda da temperatura, devido à vasodilatação no pós-parto imediato. É um fenômeno fisiológico que não requer muita intervenção. A perda de peso se deve ao peso do feto, da placenta e da maior diurese, com eliminação da retenção líquida. 1. Pele • Estrias: geralmente acontecem no final da gestação. • Alterações vasculares: eritema palmar e telangiectasias aracniformes. São modificações gerais da gestação. A hiperpigmentação regride paulatinamente e é comum haver perda de fâneros. Existe um aumento, por efeito estrogênico, dos fâneros e pelos, durante a gestação. Então, no puerpério, há uma perda gradativa de pelos, não sendo incomum haver uma exacerbação da queda de cabelos nesse momento. 2. Aparelho respiratório • Retorno ao padrão costoabdominal • Capacidade vital diminui 3. Aparelho cardiovascular • Pressão arterial normaliza-se nos primeiros 5 dias; • Regressão das varizes; • Aumento do volume sanguíneo nos primeiros 30 a 60 minutos após o parto: momento de complicações cardiovasculares. • O retorno ao volume pré-gravídico ocorre em 6 semanas. • Há aumento do débito cardíaco (10-20%) durante a gestação, que retorna ao normal após 8 a 10 semanas depois do parto. Todas as modificações gravídicas vão se normalizar entre 6 a 10 semanas após o parto. 4. Sangue • Hematócrito e hemoglobina diminuem no pós- parto • Hematócrito o Nadir com 48 horas após o parto; o O retorno ao normal ocorre em 5 dias. • Leucocitose (às custas dos neutrófilos – até 25 mil) com retorno ao normal em 2 a 4 semanas. o A leucocitose, por si só, não é um critério de infecção. Tem que associar à febre e ao desvio à esquerda. • Plaquetas aumentam até o 4º dia pós parto. 5. Aparelho digestivo • Discreta paresia intestinal 6. Aparelho renal • Dilatação pielocalicial desaparece em até 6 semanas: na gestação, ocorre dilatação pielocalicial, sobretudo do rim direito, devido à compressão do útero. • Intensa diurese pós-parto (4-5 dias) • Proteinúria pode ocorrer (24-36 horas): proteinúria não é bom critério no pós-parto para determinar a presença ou não de pré-eclâmpsia. 7. Sistema endócrino • Menstruações: retornam com 45 dias nas mulheres não lactantes. • Atraso das menstruações: lactantes. 2 Modificações locais A primeira coisa a ser avaliada no pós-parto é como o útero está regredindo, porque a subinvolução do útero é um sinal indireto de infecção. Imediatamente após o parto, existem as contrações miometriais e dos vasos miometriais para parar a hemorragia. Além disso, há obliteração vascular por trombose. É a chamada ligadura viva de Pinard. Imediatamente após o parto, o útero cai a nível da cicatriz umbilical, e vai regredindo. Dez dias após o parto, ele já se encontra abaixo da sínfise púbica. • Útero: peso de 1 kg, altura de 15 cm, largura de 12 cm e espessura de 10 cm. Clinicamente, o útero está no fundo umbilical, tem uma consistência dura e não é doloroso. Nos primeiros dias pós parto, a região que estava a placenta fica sangrando – loquiação. Nas primeiras 24 horas, essa loquiação é avermelhada (lóquia rubra). Do 2º ao 10º dia, ela vai se tornando serossanguinolenta (lóquia fusca). Depois do 10º dia, fica mais serosa (lóquia flava). Por volta de 10 dias após o parto, o peso do útero vai para 500 gramas, a altura fica entre 7-9 cm e a largura fica entre 5-6 cm. O útero vai para a pelve, com consistência friável e não doloroso. Nesse período, a loquiação vai ser mais amarela e, à medida que vai se espaçando, adquire coloração mais esbranquiçada (lóquia alba). • Colo do útero o Pós-parto: 2-3 cm o Após 1 semana: < 1 cm de dilatação o OE: zona transversa de cicatrização. Antes o orifício era puntiforme, mas ele passa a cicatrizar. o Reepitelização completa: 6-12 semanas. o Não é incomum, em um exame especular imediatamente após o parto, ver uma mácula rubra exuberante, que é um fenômeno normal desse período. • Vagina, vulva e períneo: vagina alargada e frouxa readquire gradualmente suas dimensões. A vagina e a vulva ficam entreabertas e o períneo hipotônico. • Mama: mamas turgentes, dolorosas e secretam colostro e após 2-5 dias, passam a secretar leite. • Parede abdominal: musculatura flácida, afastamento dos retos abdominais. Retorno das condições pré-gravídicas é feito em 6 semanas, independente da via de parto. Assistência pós-natal 1. Puerpério imediato • Medidas higiênicas e dietéticas: assepsia após ir ao banheiro, deambulação precoce. • Exames físicos geral e específico: PA, pulso e temperatura; exame das mamas; palpação do útero e loquiação; avaliar os MMII, episiorragia, incisão da cesariana e hemorroidas. • Mamas • Vida sexual: libido está diminuída. Retorno após 6 semanas. 2. Anticoncepção no puerpério Deve observar certos aspectos: segurança, custo, reversibilidade e também avaliar efeitos sobre a amamentação e o recém-nascido. Métodos: abstinência periódica, preservativos e espermicidas, dispositivo intrauterino, métodos hormonais, métodos cirúrgicos, aleitamento materno. 3 • Abstinência periódica: não é muito confiável, pois não se tem um ponto de partida para se calcular quando vai ser o período fértil. Via de regra, a menstruação vem depois da ovulação, então a mulher pode engravidar sem mesmo ter menstruado. • Preservativos e espermicidas: funcionam quando utilizados corretamente, também não interferem na lactação nem no recém-nascido. O preservativo tem uma resistência muito grande nas classes sociais menos favorecidas, por um fator cultural e educacional. • DIU: método muito eficaz e muito utilizado, pois tem baixo índice de complicações e também não interfere no processo de lactação, nem no desenvolvimento da criança. Deve ser colocado após parto, entre a 6ª e 8ª semanas, e cesárea após a 8ª e a 12ª semana. Quando isso não é observado, pode haver eliminação espontânea do DIU. • Métodos hormonais: optar pelo uso de medicação contendo baixa concentração do hormônio progesterona, sem a presença do hormônio estrógeno. Os anticoncepcionais baseados somente em progesterona não interferem no crescimento e desenvolvimento da criança e não interferem no volume de leite produzido, nem na concentração de proteínas, gorduras e lactose. Podem ser iniciados na terceira semana pós-parto. Orais e injetáveis (mensal e trimestral) e implantes. • Métodos cirúrgicos: vasectomia/laqueadura tubárea. Por serem definitivos, o casal deve pensar muito antes de escolher esse caminho, pois em caso de arrependimento, a reversão pode ser custosa e nem sempre tem sucesso. • Aleitamento materno: deve ser sempre incentivado e, que o método anticoncepcional oferecido ao casal seja seguro e não prejudique o recém-nascido nem a lactação. Vacinação • Imunoglobulina anti-D: até 72h do parto. Mulheres Rh negativo, com marido Rh positivo, que não foram sensibilizadas, devem tomar essa imunoglobulina até 72h pós parto, mas elas também se beneficiam desse uso entre 28 a 32 semanas de gestação. • Vacinação contrarubéola e hepatite B Retorno ambulatorial • 4-8 semanas • Orientações: uso de contraceptivos, atividade sexual, amamentação, planos para nova gestação. • Exame ginecológico e coleta da citologia oncótica, se não foi coletada na gestação. Fisiologia da lactação • Unidade funcional da mama: lóbulo • Lobos: 10-20 lobos; alvéolo + ducto • Tecido conectivo fibrose: sustentação entre os lobos. • Mamilo + aréola: recebem fibras neurais. Os ductos lactíferos vão drenar em um único ducto para a apojadura. Fisiologia da lactação • Mamogênese: desenvolvimento da glândula mamária. Só se completa após a gestação. • Lactogênese: o início da lactação. • Lactopoese: manutenção da lactação. A lactogênese se dá cerca de 48h pós parto. 4 Na infância, a mama tem glândulas rudimentares. Na puberdade, os efeitos do estrogênio e da progesterona fazem com que se comece a formar pequenos lobos. Na gestação, pela ação da prolactina, lactogênio placentário e altas doses de estrogênio e progesterona, a mama fica muito mais densa, formando todos os alvéolos para a produção de leite. No período pós-parto, ocitocina + estrogênio + progesterona tornam a mama tumefeita, cheia de leite, pronta para a lactação. A mama só está completamente desenvolvida após a gestação. O hipotálamo libera FSH e LH, que vão estimular os ovários a produzir estrogênio e levar a um desenvolvimento natural da mama. Na gestação, além da progesterona e estrogênio produzido pela placenta, o hPL induz a formação de ácinos, ductos e lóbulos, para preparar a mama para produção de leite. No pós-parto, a PRL e a ocitocina atuam na formação e apojadura do leite. A sucção vai ser um estímulo constante para o hipotálamo liberar ocitocina e prolactina, a fim de produzir leite. • Lactogênese: pós parto 3º dia. Ocorre pela queda do estrogênio, da progesterona e do hPL, com aumento da prolactina. É aí que vai haver uma produção de colostro para leite. Qual a diferença? O colostro é rico em proteína. O leite materno aumenta mais em lipídio e glicídio. O colostro é fundamental pois é a fase inicial da amamentação. No momento da apojadura, pode existir febre. Não é incomum, 48h após o parto, a mulher apresentar febre e calafrios. É a chamada “febre da apojadura”. • Lactopoese: reflexo da sucção. É a manutenção constante do leite. No momento em que se suga o mamilo, ocorre estimulação, via sistema nervoso, do hipotálamo e da hipófise, com liberação de prolactina e ocitocina. A prolactina é responsável pela secreção láctea, já a ocitocina é responsável pela ejeção láctea, pois atua nas contrações dos ductos e das células dos lobos. Esse é o mecanismo de produção do leite. Orientações para amamentação • OMS e MS: aleitamento exclusivo até 6 meses de vida. • Deve ser iniciada no pós-parto • As mamadas devem ser alternadas • Devem ser evitadas higienização dos mamilos antes e depois das mamadas • Esvaziamento incompleto determina produção inadequada • A maioria das medicações podem ser usadas com segurança • As contraindicações são raras. Benefícios da amamentação • Altamente nutritivo, supre as necessidades alimentares do infante até 6 meses. • O leite materno protege o RN: infecções bacterianas, intestinais, poliomielite, alergia e obesidade. • É econômico e conveniente • Psicologicamente recompensadora. • Relativamente efetiva como método de anticoncepção • A amamentação é um processo, não é fácil de se iniciar, pode haver fissura e dor no começo.
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