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1 2 ✔ Princípios constitucionais penais: ➔ Princípio da Legalidade - Encontra-se no artigo 1º do Código Penal e na Constituição Federal, artigo 5º, inciso XXXIX: Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; - Princípio da legalidade abarca tanto o que se chama de reserva de lei, quanto o que o código penal chama de anterioridade da lei. - O princípio também se aplica às contravenções penais. - Lei em sentido estrito, ou seja, regra de direito geral, abstrata e permanente, proclamada obrigatória pela vontade da autoridade legislativa competente e expressa de forma escrita. - Inclusive a Constituição veda a edição de medida provisória sobre matérias de direito penal: CF Art. 62 § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a: b) direito penal, processual penal e processual civil; ↪ No entanto, o STF tem admitido a edição de medidas provisórias sobre normas penais não-incriminadoras. - Somente a União tem competência para legislar sobre matéria penal. Entretanto, lei complementar federal pode autorizar os Estados-membros a legislar sobre Direito Penal, porém, somente em questões específicas de interesse local (§único, do art. 22 da CF). > Mandados Constitucionais de Criminalização - Indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens ou interesses de forma adequada e dentro do possível, integral. • Mandados Expressos: São os mandados que, como o próprio nome já diz, estão expressos no texto constitucional. Ex.: Art. 5º, inciso XLII da CF/88. CF/88. Art. 5º (…) XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; • Mandados Tácitos: Segundo a maioria dos doutrinadores, existem mandados constitucionais implícitos, os quais possuem a finalidade de evitar a intervenção insuficiente do Estado na tutela dos bens jurídicos mais relevantes. Ex. 1: tipificação do crime de homicídio. Ex. 2: necessário combate à corrupção eleitoral. • Mandados por Omissão: Ocorre quando a Constituição Federal determina a incriminação de uma conduta omissiva. Ex.: Art. 5º, XLIII, da Constituição Federal. CF/88. Art. 5º (…) XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. - Durante a vacatio legis não haverá crime ainda. 3 ➔ Princípio da taxatividade - Decorre do princípio da legalidade. - A lei penal deve ser clara e precisa, de forma que o destinatário da lei possa compreendê-la, sendo vedada, portanto, com base em tal princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou imprecisos. A lei deve ser, por isso, taxativa. ➔ Princípio da Ultima Ratio - Significa que a lei penal se aplica quando somente ela é capaz de evitar a ocorrência de atos ilícitos ou de puni-los à altura da lesão ou do perigo a que submeteram determinado bem jurídico, dotado de relevância para a manutenção da convivência social pacífica. - É a partir daí que se verifica a importância do princípio da intervenção mínima (destinado especialmente ao legislador), segundo o qual o Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário. ➔ Princípio da fragmentariedade - O direito penal só deve se ocupar com ofensas realmente graves aos bens jurídicos protegidos. Tem-se, aqui, como variante, a intervenção mínima, que nasce o princípio da insignificância. - Entende-se que devem ser tidas como atípicas as ofensas mínimas ao bem jurídico. Não há tipicidade material. Há, apenas, tipicidade formal. ➔ Princípio da insignificância - Preconiza que para uma conduta ser considerada criminosa a priori são necessárias análises minuciosas acerca da adequação do fato ao tipo descrito em lei, e também uma análise no tocante à lesão significativa a bens jurídicos relevantes da sociedade. - Caso a conduta venha a lesar de modo desprezível o bem jurídico protegido, não há que se falar em tipicidade material, o que transforma o comportamento em atípico, ou seja, indiferente ao Direito Penal e incapaz de gerar condenação ou mesmo de dar início à persecução penal. - Segundo o STF, só pode ser aplicado o princípio da insignificância quando 4 vetores estiverem presentes no caso concreto, quais sejam: 1. Mínima ofensividade da conduta; 2. Ausência de periculosidade social da ação; 3. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 4. Inexpressividade da lesão jurídica. - Além desses 4 vetores objetivos, devem ser analisados também os aspectos subjetivos em relação ao réu. - Para o criminoso habitual, não se aplica o princípio da insignificância mesmo que presentes os 4 fatores objetivos. Já para o reincidente, não existe posição consolidada na doutrina ou jurisprudência. Há muitas decisões contraditórias. - O princípio da insignificância não pode ser aplicado para todo e qualquer crime. Crimes que envolvam violência ou grave ameaça, por exemplo, não podem ser contemplados por esse princípio devido ao bem jurídico que tutela. 4 ➔ Princípio da lesividade - O princípio da lesividade, ou ofensividade, parte da premissa que não haverá crime se não houver lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. - Daí se conclui que o crime exige, sempre, desvalor da ação (a realização de uma conduta) assim como desvalor do resultado (afetação concreta de um bem jurídico). Sem ambos os desvalores não há injusto penal (não há crime). ➔ Princípio da alteridade - O princípio da alteridade proíbe a incriminação de uma conduta interna, ou seja, aquela que prejudique apenas o próprio agente, bem como do pensamento ou as moralmente censuráveis que não atinjam bem jurídico de terceiro. - O princípio da lesividade não se confunde com o da alteridade. - O princípio da alteridade se fundamenta na impossibilidade de que alguém seja penalmente responsabilizado por fato que não ultrapasse sua esfera particular, ou seja, que não cause danos a terceiros. - Com fundamento neste princípio, embora seja possível punir, por exemplo, o induzimento, a instigação e o auxílio ao suicídio, não se pune a tentativa de suicídio em si, pois a conduta não ultrapassa a esfera de interesse exclusivo do agente, não atinge diretamente bem jurídico alheio. ➔ Princípio da adequação social - O princípio da adequação social foi idealizado por Hans Welzel e estabelece que, apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal, não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada. - O princípio da adequação tem duas funções precípuas: (A) de restringir o âmbito de abrangência do tipo penal (limitando sua interpretação ao excluir as condutas socialmente aceitas) e (B) de orientar o legislador na seleção dos bens jurídicos a serem tutelados, atuando, também, no processo de descriminalização de condutas. - Assim, o princípio da adequação social apresenta as mesmas funções do princípio da intervenção mínima, embora possua fundamentos distintos – aquele, a aceitação da conduta pela sociedade; este, a ínfima relevância da lesão ao bem jurídico. - No entanto, este princípio não revoga tipo penal. ➔ Princípio da culpabilidade - O princípio da culpabilidade remonta ao brocardo Nullum crimen sine culpa, vale dizer, a ninguém será imputado crime ou posta pena sem que a conduta criminosa seja reprovada emum juízo de culpa lato senso. - Nesse Sentido Damásio de Jesus diz que a pena só pode ser imposta a quem, agindo com dolo ou culpa, e merecendo juízo de reprovação, cometeu um fato típico e antijurídico.
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