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Introdução: A taxa de gestação não-planejada no mundo é de 41%; No Brasil, são 40% de gestações não-planejadas. Em geral, metade das mulheres que tem uma gestação não planejada estava em uso de algum método moderno (pílula, injeção ou preservativo). Impacto de uma gravidez não planejada: Para a criança: Aumenta a chance de prematuridade; Aumenta a chance do bebê nascer com baixo peso; Aumenta o risco da criança morrer no primeiro ano de vida. Para a mãe: Aumenta a chance de ter complicações na gravidez (parto prematuro); Diminui a adesão ao pré-natal; Aumento o risco de mortalidade materna. Objetivos do planejamento familiar: Promover a vivência da sexualidade de maneira segura e saudável; Controlar a fecundidade segundo o desejo do casal; Preparar para a maternidade e paternidade responsáveis; Reduzir a mortalidade e morbidade materna, perinatal e infantil; Reduzir a incidência das DSTs e suas consequências, principalmente a infertilidade; Melhorar a saúde e o bem estar dos indivíduos da família. Métodos contraceptivos: Conceito: administração de progestagênios isolados ou associados a estrogênios, com a finalidade de impedir a concepção. Classificação: Pela composição e via de administração: Mecanismo de ação: Progestagênio: Inibição da secreção de LH inibe ovulação; Alteração da composição do muco muco hostil para ascensão de espermatozoides; Atrofia das glândulas endometriais (o endométrio fica bem fino) impede a implantação; Alterações da peristalse e secreção das tubas impede o transporte do oócito/embrião. Estrogênio: Inibição da secreção de FSH; Potencializa a ação do progestagênio, inibindo a formação do folículo dominante; Mantém o padrão de sangramento cíclico; É importante ressaltar que ele não inibe a ovulação, porém ajuda a progesterona a inibir a formação do folículo dominante. Os contraceptivos hormonais são eficazes? São, porém o que muito se acontece é a gravidez não planejada devido ao uso incorreto de métodos contraceptivos; Benefícios não-contraceptivos comprovados: dismenorreia; distúrbios menstruais; acne, hirsutismo; TPM; dor e proliferação (endometriose); câncer de ovário (20%), endométrio (50%) e cólon; Doença Inflamatória Pélvica (DIP); anemia ferropriva; gestação ectópica (o DIU e os progestagênios isolados também). Evidências: Apesar de ainda inconclusivas, o contraceptivo hormonal: Não aumenta o risco para câncer de mama OU aumenta pouco. Efeitos adversos gerais: Estrogênio: Náuseas; Vômitos; Enxaqueca; Mastalgia; Irritabilidade; Edema; Cloasma; Trombose. Progesterona: Aumento de apetite; Acne e oleosidade da pele; Sangramento irregular (progesterona isolada) Edema; Depressão. Risco de trombose na mulher em idade fértil: < 5 em 100.000 mulheres. O contraceptivo combinado aumenta em 4x o risco de trombose na mulher em idade fértil; É importante ressaltar o quanto esse risco é aumentado nas mulheres em puerpério. Contraceptivos combinados: 1. Pílula combinada: Composição: Classificação em gerações: Classificação quanto à dosagem: Classificação quanto à composição e dose: Redução da dose de estrogênios: Doses de estrogênio < 50 mcg x doses > 50 mcg: Redução de efeitos gerais estrogênicos nas doses menores; Redução de efeitos metabólicos graves (AVC, trombose venosa); Sem redução da eficácia (não há diferença na eficácia entre doses baixas e altas). Entre doses de estrogênio em 33, 30, 20 e 15 mcg: Redução de efeitos gerais estrogênicos; Sem redução de efeitos metabólicos graves. Quando começar a usar a pílula combinada? Até o 5° dia do ciclo: sem necessidade de método adicional (já estará protegida neste ciclo); Após o 5° dia do ciclo: ter certeza que ela não está grávida e usar método adicional por 7 dias (preservativo, abstinência, coito interrompido, espermicida); Prefira o preservativo ou abstinência. Forma de uso: - Cíclica: - Contínua: Esqueceu a pílula, o que fazer? - 1 pílula: Tomar a pílula o mais rápido possível; Pequeno ou nenhum risco de gestação; Sem necessidade de método adicional. - 2 ou mais pílulas: Tomar a pílula o mais rápido possível; Usar método adicional por 7 dias; Se relação sexual nos últimos 5 dias, usar contracepção de emergência; Se for na última cartela pode orientar não fazer pausa entre as cartelas. 2. Anel vaginal: Nuvaring; Estrogênio + progesterona; Via: vaginal; Uso durante 3 semanas e pausa de 1 semana; Vantagem: menor falha por esquecimento; Efeitos adversos: leucorreia (aumento da secreção vaginal); Outra grande vantagem é que quando se usa métodos combinados e se tem espace, ao mudar para o anel vaginal há melhora desse sangramento. 3. Adesivo: Estrogênio + progesterona; Via: transdérmica; Uso durante 3 semanas e pausa de 1 semana; Efeitos adversos semelhantes a via oral; Não reduz risco de trombose em relação à pílula oral. Progestagênios isolados: 1. Pílula de progesterona (oral): Uso contínuo; Padrão de sangramento variável; Não aumenta o risco de trombose; Falha de 9 em 100 mulheres (desogestrel). 2. Injetável trimestral: Acetato de medroxiprogesterona (AMPD) 150 mg; Via: intramuscular; Vantagem: não aumenta risco de trombose; Efeitos indesejáveis: - Atraso no retorno a fertilidade (até 1 ano); - Ganho de peso; - Queda de cabelo; - Sangramento irregular; - Redução da massa óssea temporária (reversível com a descontinuação). 3. Dispositivo intrauterino de progesterona: DIU-LNG ou SIU-LNG; Dispositivo em forma de T com liberação de levonorgestrel diária; Duração até 5 anos; Parte mínima do hormônio é absorvida pelo organismo (25 a 50% apenas das pacientes apresentam anovulação); Mecanismo de ação: crescimento endometrial reduzido, muco cervical se torna hostil e função, motilidade e capacitação espermática são afetados. Efeitos colaterais: - Sangramento irregular ou spotting nos primeiros três a cinco meses; - Cefaleia; - Depressão; - Acne, mastalgia, ganho de peso (menos comum). Benefícios: - Redução do volume do sangramento; - Redução da dismenorreia; - Retorno rápido à fertilidade; - Não aumenta risco de trombose. 4. Implante de progesterona: Implanon; Via: subdérmica; Duração: até 3 anos; Vantagens: melhora da TPM, diminuição da dismenorreia e do fluxo menstrual; Desvantagens: custo, exige profissional habilitado para sua colocação, sangramento irregular. Contraindicações ao uso dos contraceptivos hormonais: Só existem duas contraindicações absolutas aos métodos de progestagênio (categoria 4 da OMS): Câncer de mama atual e gestação. Métodos comportamentais; Métodos de barreira; Método químico; Método da amenorreia lactacional; Dispositivo intrauterino; Métodos cirúrgicos. Eficácia da anticoncepção não hormonal: Métodos comportamentais: Baseiam-se na abstinência sexual periódica, a partir da percepção de sinais e sintomas característicos aos dias férteis; Coito interrompido – coitus interruptus (retirada): é um dos métodos comportamentais mais comumentes usados. Mesmo para o uso típico, funciona tão bem quanto muitos métodos de barreira femininos; Abstinência periódica. 1. Abstinência periódica: Método de Ogino-Knaus ou Tabelinha ou método rítmico; Apenas para ciclos regulares; 2. Abstinência periódica: - Temperatura basal: Registrar temperatura na boca pela manhã diariamente; Após ovulação ocorreaumento da temperatura basal entre 0,3 e 0,8°C; Abstinência – 1° dia da menstruação até 3 dias após aumento da temperatura basal; Elevação da temperatura por: < 11 dias sugere insuficiência do corpo lúteo; > 16 dias sugere gravidez. - Método de Billings: O muco é produzido pelas células glandulares do colo uterino, sob influência do estrogênio e da progesterona ele sofre modificações; Primeira fase do muco não é perceptível; Muco vai se tornando elástico, filante, comparável à clara de ovo, após ovulação volta a ficar espesso, turvo e perde distensibilidade; Abstinência: da percepção do muco até o quarto dia após a percepção máxima de umidade. - Método sintotérmico (Billings + temperatura basal): Associação dos métodos anteriores; Abstinência do primeiro dia da menstruação até o quarto dia do pico da alteração do muco cervical ou da elevação da temperatura basal, o que ocorrer mais tarde. Métodos de barreira: Barreira química – espermicida; Preservativo masculino; Preservativo feminino; Diafragma; Capuz cervical (indisponível no Brasil); Esponja (indisponível no Brasil). 1. Espermicidas: Substâncias químicas introduzidas na vagina que atuam como barreira ao acesso dos espermatozoides ao trato genital superior; Baixa eficácia isolados, mas aumentam bastante quando associados a outros métodos de barreira; Nonoxinol-9 a 2% pode provocar lesões (fissuras/microfissuras) na mucosa vaginal e retal. 2. Preservativo masculino: Primeiro preservativo masculino foi criado em 1720; Formam uma barreira mecânica que impede a passagem dos espermatozoides; Previne contra DSTs (doenças sexualmente transmissíveis); Devem ser colocadas antes do início da relação sexual e mantidas até o final; Alta taxa de falha; Restrição: alergia ao látex. 3. Preservativo feminino: Condom feminino; Poliuretano; Anel com extremidade fechada posicionado no fundo da vaginal e anel com extremidade aberta posicionado na fenda vulvar; Formam uma barreira mecânica que impede a passagem dos espermatozoides; Previne contra DSTs; Pode ser inserido até 8 horas antes do ato sexual, não é necessário retirar imediatamente após relação; Alta taxa de falha. 4. Diafragma: Dispositivo de látex, silicone ou plástico; Colocar até 2h antes da relação; Age impedindo a ascensão dos espermatozoides (oclui o colo uterino); Deve ser associado ao uso de espermicida. 5. Dispositivo intrauterino (DIU) de cobre: Pequena estrutura de plástico recoberta com cobre; Não contém nenhum hormônio; Pode aumentar o sangramento menstrual; Falha de 8 em 1.000 mulheres; Fertilidade retorna logo após a retirada. O cobre interfere na motilidade dos espermatozoides (mecanismo pré-fertilização) e é tóxico para o óvulo; Ele promove alteração da composição do muco; atrofia das glândulas endometriais; alterações da peristalse e secreção das tubas; inibe ovulação em < 50% dos casos; O DIU de cobre causa uma reação de “corpo estranho” no útero que provoca uma reação inflamatória local; O ambiente uterino se torna hostil ao espermatozoide; O cobre liberado também é tóxico para os espermatozoides. Método da lactação amenorreia: Taxa de falha <2%; Amamentação exclusiva (dia e noite); Amenorreia; Primeiros 6 meses após o parto. Método cirúrgico feminino: Laqueadura tubária ou ligadura tubária; Obstrução do lúmen tubário. Regulamentação da esterilização cirúrgica: Maiores de 25 anos; Ou 2 ou mais filhos vivos; * na prática clínica, em geral, faz-se maiores de 25 anos E pelo menos 2 filhos vivos; Período de 60 dias entre manifestação da vontade e ato cirúrgico (termo de consentimento); Acompanhamento por equipe multidisciplinar – desencorajar a esterilização precoce. É vedada: durante o período do parto; durante período de aborto; até 42° dia pós-parto ou pós-aborto; Exceções: iteratividade (> ou igual 2 PC prévios); Risco de vida materno em uma futura gestação; Risco de vida para o futuro neonato (isoumunização, doenças genéticas, etc.). Contracepção de emergência: Não são abortivas; Inibem ou retardam a ovulação; Pode ser usada até 5 dias após; Não deve ser usada como método anticoncepcional; Só funcionam se não tiver ocorrido a ovulação. 1. Contracepção de emergência hormonal: Até 5 dias do ato (melhor se nas primeiras 24 horas); DIU é o mais eficaz; Redução de até 75 a 85% do risco (com métodos hormonais); YUZPE: 4 cp de 30 mcg EE + 150 mcg LNG de 12/12h ou 5 cp de 20 mcg EE + 100 mcg LGN de 12/12h; Progestagênios isolados: 0,75 mg de LNG 12/12h por 24 horas ou dose única de 1,5 mg. O uso agudo de progestagênio inibe ou retarda a ovulação e não tem efeito no endométrio, no muco e nas tubas (não é abortivo); O que pedir antes de prescrever anticoncepcional: História clínica detalhada (doenças, hábitos, antecedentes pessoais); Medir a PA; Exame pélvico (descartar DIP); Ultrassonografia transvaginal (descartar alterações que distorçam a cavidade uterina) – no caso do DIU.
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