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Aula 6 Legitimidade Legitimidade ativa Representação Adequada (adequacy of representation): Ope iudicis Caberá ao Juiz a análise, no caso concreto, da adequada representação dos interesses; Condições do autor; existência de conflitos entre autor/advogado e membros do grupo, capacidade econômica, especialidade do advogado. Ope legis Caberá ao legislador, de forma abstrata, determinar quais requisitos. legitimação do particular (qualquer cidadão, por exemplo, na ação popular, Lei 4 . 7 1 7/ 1 965); legitimação de pessoas jurídicas de direito privado (sindicatos, associações, partidos políticos, por exemplo, mandado de segurança coletivo, art. 5°, LXX, da CF/88); legitimação de órgãos do Poder Público ( M P, por exemplo, a ação civil pública, Lei 7.347/ 1 985). Legitimidade legitimidade para agir (legitimatio ad causam): pertinência subjetiva da demanda situação prevista em lei permite a um determinado sujeito propor a demanda judicial e a um determinado sujeito formar o polo passivo dessa demanda Legitimidade legitimidade para agir no processo coletivo legitimação ordinária (art. 18, do CPC) se atribui a um ente o poder de conduzir validamente um processo em que se discute uma situação jurídica de que se afirma titular; age-se em nome próprio na defesa dos próprios interesses. legitimação extraordinária (art. 18, CPC) se atribui a um ente o poder de conduzir validamente um processo em que se discute situação jurídica cuja titularidade afirmada é de outro sujeito age-se em nome próprio na defesa de interesse alheio. legitimação autônoma para a condução do processo Legitimidade legitimidade para agir no processo coletivo legitimação autônoma para a condução do processo (selbständige ProzeBführungsbefugnis) o legitimado não vai ajuízo na defesa do próprio interesse, portanto não é legitimado ordinário, não vai a juízo na defesa de interesse alheio, pois não é possível identificar o titular do direito discutido. Características da Legitimidade Ativa legitimação extraordinária autônoma condução do processo independentemente da participação do titular do direito litigioso. exclusiva apenas o legitimado extraordinário puder ser a parte principal do processo. concorrente ou co-legitimação mais de um sujeito de direito estiver autorizado a discutir em juízo determinada situação jurídica. disjuntiva cada entidade legitimada a exerce independentemente da vontade dos demais. Legitimidade ativa Cidadão: Somente para a Ação Popular, art. 1º, da Lei 4.717/1965; art. 9º, da Lei 4.717/65 – Ministério Público; arts. 5º da LACP e 82 do CDC, não fazem a mesma previsão; cidadão – eleitor, art. 1º, §3º, da Lei 4.717/65: cabe ao cidadão eleitor, no pleno gozo de seus direitos políticos, a propositura da ação popular; Legitimidade – Capacidade Postulatória Cidadão eleitor com idade entre 16 e 18 Legitimidade ativa Cidadão: Informativo 476 do STJ/2011 AÇÃO POPULAR. LEGITIMIDADE. CIDADÃO. ELEITOR. A ação popular em questão foi ajuizada por cidadão residente no município em que também é eleitor. Sucede que os fatos a serem apurados na ação aconteceram em outro município. Vem daí a discussão sobre sua legitimidade ad causam a pretexto de violação dos arts. 1º, caput e § 3º, da Lei n. 4.717/1965 e 42, parágrafo único, do Código Eleitoral. Nesse contexto, é certo que o art. 5º, LXXIII, da CF/1988 reconhece a legitimidade ativa do cidadão e não do eleitor para propor a ação popular e que os referidos dispositivos da Lei n. 4.717/1965 apenas definem ser a cidadania para esse fim provada mediante o título de eleitor. Então, a condição de eleitor é, tão somente, meio de prova da cidadania, essa sim relevante para a definição da legitimidade, mostrando-se desinfluente para tal desiderato o domicílio eleitoral do autor da ação, que condiz mesmo com a necessidade de organização e fiscalização eleitorais. Já o citado dispositivo do Código Eleitoral traz requisito de exercício da cidadania em determinada circunscrição eleitoral, o que não tem a ver com a sua prova. Dessarte, conclui-se que, se for eleitor, é cidadão para fins de ajuizamento da ação popular. REsp 1.242.800-MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/6/2011. Legitimidade ativa Ministério Público: Informativo 421 do STJ/2010 MP. LEGITIMIDADE. ACP. O Ministério Público tem legitimidade processual extraordinária para propor ação civil pública (ACP) com o objetivo de que cesse a atividade tida por ilegal de, sem autorização do Poder Público, captar antecipadamente a poupança popular, ora disfarçada de financiamento para compra de linha telefônica, isso na tutela de interesses individuais homogêneos disponíveis. Anote-se que o conceito de homogeneidade pertinente aos interesses individuais homogêneos não advém da natureza individual, disponível e divisível, mas sim de sua origem comum, enquanto se violam direitos pertencentes a um número determinado ou determinável de pessoas ligadas por essa circunstância de fato (art. 81 do CDC). Outrossim, conforme precedente, os interesses individuais homogêneos possuem relevância por si mesmos, o que torna desnecessário comprová-la. A proteção desses interesses ganha especial importância nas hipóteses que envolvem pessoas de pouca instrução e baixo poder aquisitivo que, mesmo lesadas, mantêm-se inertes, pois tolhidas por barreiras econômicas e sociais (justamente o caso dos autos). Essas situações clamam pela iniciativa estatal mediante a atuação do MP em salvaguarda de direitos fundamentais. Precedentes citados do STF: RE 163.231-SP, DJ 29/6/2001; do STJ: REsp 635.807-CE, DJ 20/6/2005. REsp 910.192-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/2/2010. Legitimidade ativa Ministério Público: art. 129, III, da CF; arts. 5º, I, da Lei 7.347/1985 (LACP) 82, I, da Lei 8.078/1990 (CDC) Direito Difuso e Coletivo – não requer pertinência temática; Direitos Individuais Homogêneos: direito indisponível direito disponível que, por sua importância e/ou extensão, tenha repercussão social natureza do dano; número de lesados; sistema jurídico, social ou econômico. Legitimidade ativa Ministério Público: Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público. STJ. Corte Especial. Aprovada em 07/02/2018, DJe 14/02/2018. Legitimidade ativa Ministério Público: Direitos DIFUSOS Direitos COLETIVOS (stricto sensu) Direitos INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS SIM O MP está sempre legitimado a defender qualquer direito difuso. (o MP sempre possui representatividade adequada). SIM O MP está sempre legitimado a defender qualquer direito coletivo. (o MP sempre possui representatividade adequada). Se esses direitos forem indisponíveis: SIM (ex: saúde de um menor) Se esses direitos forem disponíveis: DEPENDE O MP só terá legitimidade para ACP envolvendo direitos individuais homogêneos disponíveis se estes forem de interesse social (se houver relevância social). Legitimidade ativa Ministério Público: Interesse Social MP pode questionar edital de concurso público para diversas categorias profissionais de determinada Prefeitura, em que se previa que a pontuação adotada privilegiaria candidatos que já integrariam o quadro da Administração Pública municipal (STF RE 216443); o Ministério Público tem legitimidade para propor ACP com o objetivo de anular Termo de Acordo de Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal e empresas beneficiárias de redução fiscal. O referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada e garantir-lhe o regime especial de apuração do ICMS, poderia, em tese, implicar lesão ao patrimônio público, fato que legitima a atuação do parquet na defesa do erário e da higidez da arrecadação tributária (STF RE 576155/DF); o MP tem legitimação para, por meio de ACP, pretender que o Poder Público forneça medicação de uso contínuo, de alto custo, não disponibilizada pelo SUS, mas indispensável e comprovadamente necessária e eficiente para a sobrevivênciade um único cidadão desprovido de recursos financeiros; Legitimidade ativa Ministério Público: sem Interesse Social o MP não pode ajuizar ACP para veicular pretensões que envolvam tributos (impostos, taxas etc.), contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados (art. 1º, parágrafo único, da LACP). Ex: o MP não pode propor ACP questionando a cobrança excessiva de uma determinada taxa, ainda que envolva um expressivo número de contribuintes; “O Ministério Público não tem legitimidade ativa para propor ação civil pública na qual busca a suposta defesa de um pequeno grupo de pessoas - no caso, dos associados de um clube, numa óptica predominantemente individual.” (STJ REsp 1109335/SE); o MP não pode buscar a defesa de condôminos de edifício de apartamentos contra o síndico, objetivando o ressarcimento de parcelas de financiamento pagas para reformas afinal não efetivadas. Legitimidade ativa Defensoria Pública: art. 5º, II, §6º, e art. 8º, §1º da Lei 7.347/85; É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei n.° 7.347/85, prevendo a Defensoria Pública como um dos legitimados para propor ação civil pública. Vale ressaltar que, segundo o STF, a Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6 e 7/5/2015 (Info 784). Direitos Difusos Direitos Coletivos Direitos individuais homogêneos A legitimidade da Defensoria Pública é ampla. Assim, a DP poderá propor a ação coletiva tutelando direitos difusos, considerando que isso beneficiará também as pessoas necessitadas. No caso de ACP para a tutela de direitos coletivos e individuais homogêneos, a legitimidade da DP é mais restrita e, para que seja possível o ajuizamento, é indispensável que, dentre os beneficiados com a decisão, também haja pessoas necessitadas. Legitimidade ativa Defensoria Pública: Segundo decidiu o STJ, a Defensoria Pública não tem legitimidade para ajuizar ACP em favor de consumidores de plano de saúde particular. Para a Corte, ao optar por contratar plano particular de saúde, parece intuitivo que não se está diante de um consumidor que possa ser considerado necessitado, a ponto de ser patrocinado, de forma coletiva, pela Defensoria Pública. Ao revés, trata-se de grupo que, ao demonstrar capacidade para arcar com assistência de saúde privada, presume-se em condições de arcar com as despesas inerentes aos serviços jurídicos de que necessita, sem prejuízo de sua subsistência, não havendo que se falar em hipossuficiência. Assim, o grupo em questão não é apto a conferir legitimidade ativa adequada à Defensoria Pública, para fins de ajuizamento de ação civil. STJ. 4ª Turma. REsp 1.192.577-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2014 (Info 541). Legitimidade ativa Associação: art. 5º, V, da Lei 7.347/85, e art. 82, IV, do CDC; Constituição nos termos da lei; Existência jurídica a pelo menos um ano, art. 493, do CPC; Art. 82, §1º, do CDC: Dimensão do dano – número de sujeitos; Características do dano – gradação; Relevância do Bem Jurídico Pertinência temática: finalidade da instituição e espécie do bem jurídico OAB não precisa demonstrar pertinência temática. Legitimidade ativa Associação: Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade para o ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro DPVAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista, faltando, portanto, pertinência temática. STJ. 2ª Seção. REsp 1.091.756-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/12/2017 (Info 618). Legitimidade ativa Associação: RE 573.232/SC, STF: a representatividade de seus filiados será considerada autorizada expressamente quando chancelada por ata de assembleia ou autorização individual. Cabe refletir, entretanto, sobre a forma de exigência de tais documentos, o momento de apresentação e a vinculação da lista de filiados rotineiramente apresentada quando do ajuizamento de ações coletivas.
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