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Universidade Estadual do Ceará - UECE
Faculdade de Veterinária - FAVET
Semiologia Veterinária
Discente: Israel Levi Nascimento Silva
Revisão de literatura
Pododermatite em Coelhos
A pododermatite é uma afecção dermatológica com características de
processo inflamatório nas regiões distais dos membros dos animais
(GUIMARÃES et al., 2020). Esta doença abrange uma variedade de
apresentações clínicas, que incluem edema, alopecia, eritema,
hiperqueratose, ulcerações superficiais ou profundas que podem
desencadear infecções secundárias graves. (GUIMARÃES et al., 2020;
BLAIR, 2013).
Rumph et al. (1995) demonstraram em seus estudos que membros
locomotores torácicos estão mais predispostos a sofrerem de injúrias
mecânicas devido aos recorrentes impactos com o solo. Já Harkness e
Wagner (1993) afirmaram que a dermatite ulcerativa afeta mais comumente a
porção plantar das áreas caudais do metatarso e do tarso, havendo também
a afecção de membros dianteiros, porém, nestes supõe-se que ocorra de
forma secundária, devido a tentativa do animal de aliviar a dor nas patas
traseiras (MANCINELLI et al., 2014).
A pododermatite afeta diretamente a qualidade de vida dos animais,
causando desconforto, dor e porta de entrada para outras doenças de
carácter clínico mais graves (RUCHTI et al., 2018). Esta doença é comum em
lagomorfos (coelhos), roedores (ratos), muitas espécies de aves e ainda pode
acometer suínos, caprinos, além de cães e gatos (BLAIR, 2013).
Em coelhos, a pododermatite é comumente chamada de jarretes
doloridos, doença dos jarretes ou ferida dos jarretes e se manifesta como
dermatite crônica granulomatosa e ulcerativa (GUIMARÃES et al., 2020).
Afeta principalmente coelhos adultos e de grande porte devido a pressão
contínua sobre os membros. A etiologia da doença é multifatorial e está
associada com fatores anatômicos, fisiológicos e ambientais na criação de
coelhos domésticos.
Em relação aos fatores anatômicos, esta doença é comumente
encontrada em coelhos devido a ausência de coxins plantares, vistos em
outros mamíferos. Ao contrário, os coelhos possuem uma camada de pelos
mais espessa que fica por cima dos dígitos das extremidades anteriores e
posteriores. Assim, quando estes animais estão em repouso, suas superfícies
plantares ficam diretamente em contato com o chão (GUIMARÃES et al.,
2020). Como aspectos fisiológicos, são fatores de risco animais com excesso
de peso, sedentarismo, idade avançada, fêmeas gestantes e algumas raças.
Os fatores ambientais tem relação com o piso do alojamento, seja de grade
ou maciço, umidade e temperatura elevadas, excretas acumuladas e sujeiras
(OTONI e ORTIZ, 2021).
Outros problemas associados ao não tratamento e remissão dos
sintomas da pododermatite são infecções secundárias ocasionadas pela
presença de abcessos e úlceras que sangram. O agravamento destas lesões
pode chegar a tecidos mais internos, como tendões e ossos (GUIMARÃES et
al., 2020). Nestes casos, a patogenia é descrita como necrose avascular,
devido ao estabelecimento de isquemia e necrose de tecidos moles
comprometidos pelas constantes injúrias nas regiões feridas. Infecções
bacterianas secundárias são comuns nestes casos, e podem acometer áreas
superficiais, subcutâneo, ou se extender para tecidos mais profundos, o que
inclui o osso e as estruturas sinoviais, causando ostemielite e septicemia, que
podem levar o animal a óbito (BLAIR, 2013; OTONI e ORTIZ, 2021). As
principais bactérias que causam infecções secundárias associadas com a
pododermatite em coelhos são: Staphylococcus aureus e Pasteurella
multocida. Outros agentes invasivos incluem fungos (raros) e larvas de
moscas, que causam miíase.
De acordo com Blair (2013), a pododermatite em coelhos pode ser
classificada em 3 diferentes tipos a partir de quais tecidos estão envolvidos e
na gravidade da infecção:
1. Lesão leve localizada superficialmente, pele inflamada, necrosada mas
sem ulceração. O prognóstico é favorável a bom.
2. Lesão extensa com inflamação e infecção já estabelecidos, causando
dor no animal. Há presença de necrose na pele e ulceras que sangram. A
infecção pode se estender aos tendões. Nestes casos, o prognóstico é
moderado a reservado.
3. Cronicidade da lesão associada com o agravamento das lesões do tipo
2. Pode haver infecção de tendões, articulações e ossos, formação de
abcessos. O paciente sente dor e há perda da função do membro. O
prognóstico é grave.
O diagnóstico da pododermatite pode ser feito se baseando nos sinais
clínicos, citologia das lesões, cultura bacteriana e também solicitando um
exame radiográfico dos membros a fim de verificar se houve
comprometimento dos ossos (GUIMARÃES et al., 2020).
É importante realizar um histórico médico completo do animal, buscando
durante a anamnese abranger perguntas sobre a dieta, o tipo de alojamento
onde esse animal vive, as condições da cama, o manejo higiênico e se o
animal pratica exercícios. Além disso, é importante um exame físico
minucioso a fim de descobrir doenças concomitantes associadas aos fatores
de risco da pododermatite. Observar a condição corporal do animal, presença
de manchas ou feridas, claudicação, comportamento em repouso e em
movimento (BLAIR, 2013).
Já o tratamento da doença é feito através da limpeza e proteção das
lesões, redução da inflamação e consequente alívio da pressão e inchaço
nas patas, administração de antibioticoterapia para tratamento de infecções
secundárias e cuidados ambientais e de manejo, para impedir a reincindiva
da doença(GUIMARÃES et al., 2020). Também é importante estar atento a
outros fatores como doenças concomitantes, deficiências nutricionais e
estresse (BLAIR, 2013).
Referecias
BLAIR, Jennifer. Bumblefoot: a comparison of clinical presentation and
treatment of pododermatitis in rabbits, rodents, and birds. Veterinary Clinics
Of North America: Exotic Animal Practice, Roseville, v. 16, n. 3, p. 715-735,
set. 2013.
MANCINELLI, E; KEEBLE, E; RICHARDSON, J.; HEDLEY, J.. Husbandry
risk factors associated with hock pododermatitis in UK pet rabbits
(Oryctolagus cuniculus). Veterinary Record, [S. L.], v. 174, n. 17, p. 429-429,
fev. 2014.
RUCHTI, Sabrina et al. Pododermatitis in group housed rabbit does in
Switzerland: prevalence, severity and risk factors. Preventive Veterinary
Medicine, [Suíça], v. 158, n. 1, p. 114-121, nov. 2018.
GUIMARÃES, Claudio Douglas Oliveira et al. Pododermatite associada
àpiometra em coelho doméstico (Oryctolagus cuniculus):: relato de caso.
Medicina Veterinária (Ufrpe): Clínica e cirurgia de pequenos animais.
Amazônia, p. 107-112. 25 ago. 2020. Disponível em:
http://www.journals.ufrpe.br/index.php/medicinaveterinaria/article/view/3764/4
82483725. Acesso em: 21 jan. 2021.
RUMPH, P.F. et al. Redistribution of vertical ground reaction force in dogs
with experimentally induced chronic hindlimbs lameness. Veterinary Surgery.
24, 384-389, 1995.
HARKNESS, J.E.; WAGNER, J.E. Biologia e clínica de coelhos e roedores.
3.ed. São Paulo: Rocca, 238p. 1993.

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