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1 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 SINDROMES ICTÉRICAS Bilirrubina > 2,5 a 3mg/dl (alterando primeiro a esclera → língua → pele METABOLISMO DA BILIRRUBINA Heme → protoporfirina → biliverdina → bilirrubina indireta (insolúvel) → bilirrubina direta (solúvel). Transformação de BI em BD 1. Captação da BI pelos hepatócitos 2. Conjugação da BI em BD pela glicoroniltransferase 3. Excreção da BD Dos 3 processos, o que o hepatócito gasta mais energia é o terceiro → excreção. CLASSIFICAÇÃO • Aumento da BI Aumento da produção é o principal fator, advinda, principalmente da HEMÓLISE! Paciente com ↑ BI = hemólise ate que se prove o contrário. Se não for por hemólise é algum distúrbio do metabolismo. • Aumento da BD Acolia fecal + coluria + prurido → características que não surgem no quadro de ↑ de BI. Temos que lembrar SEMPRE das hepatites, que são problemas no fígado. Ou então pensar em colestase se o problema for nas vias biliares. PRURIDO → COLESTASE!!!!! Além de hepatites e colestase, pode ser um problema no metabolismo. CONCEITOS • AUMENTO DE BI o HEMÓLISE → anemia, reticulocitose, ↑LDH, ↓ haptoglobina o METBOLISMO → não tem anemia • AUMENTO DE BD o HEPATITES → AST e ALT > 10x o LSN + FA e GGT são apenas tocadas. ▪ AST / ALT > 1000 = hepatite viral ▪ ALT aumenta mais na maioria dos casos, exceto na hepatite alcoólica em que a AST > ALT 2x. o COLESTASE → FA e GGT > 3x LSN. Com AST e ALT apenas tocadas. o METABOLISMO → enzimas normais DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DA BILIRRUBINA • AUMENTO DA BI o Síndrome de GILBERT ▪ Deficiência parcial leve da glicuroniltransferase (preguiçosa). ▪ Paciente não tem sintomas. ▪ Tem Bilirrubina total < 4 ▪ Gatilhos: estresse, jejum, álcool ▪ Melhora: fenobarbital, dieta hipercalórica o Síndrome de crigler-najjar ▪ Deficiência de GT (3 dias de vida já manifesta) • Tipo 1 → def total → 2 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 KERNICTERUS – indicação de transplante. • Tipo 2 → def parcial → fenobarbital • AUMENTO DA BD o Dubin – johnson ▪ Problema na excreção ▪ Benignas o Rotor ▪ Problema na excreção ▪ Benignas HEPATITES VIRAIS • Agudas < 6 meses • Crônicas > 6 meses • Fulminante → encefalopatia hepática < 8 semanas → além de depender do tipo de infecção, ou seja, do tipo do vírus, também depende da resposta imune do individuo → É QUANDO A RESPOSTA IMUNE PASSA DO ADEQUADO. CRONOLOGIA Vírus • A e → transmissão fecal / oral (alguns casos de sexual). • B, C e D → transmissão parenteral Incubação • Fecal oral → período mais curto o A: 4 sem o E: 5 e 6 sem • Parenteral → período mais longo o C: 7 sem o B: 8 sem o D: 12 sem Período prodrômico, período ictérico → dura de dias a semanas, não sendo muito bem pré- estabelecido. Durante a fase clínica, podem surgir complicações, como por exemplo: • Hepatite A → colestase • Hepatite B → fulminante (é a que mais fulmina) • Hepatites B e C → formas crônicas, recorrentes e autoimunes. HEPATITE A Contato com o vírus por meio de sangue e fezes (fecal-oral) → incubação por 4 semanas (período de viremia). Difícil controle pois a transmissão é já na fase de viremia, onde os pacientes não apresentam sintomas. Recomendação brasileira → ISOLAMENTO DE 7 A 14 DIAS APÓS O DIAGNÓSTICO. Entre incubação e fase prodrômica → anti HAV IgM positiva → dá o diagnóstico!!! IgG é uma cicatriz sorológica, portanto, não dá diagnóstico. Tratamento → SUPORTE PROFILAXIA • PRÉ → viajante / calendário vacinal → VACINAÇÃO • PÓS EXPOSIÇAO → IMUNOGLOBULINA devendo ser feita até 2 semanas. Porem no caso da hepatite A podemos usar a vacina também pode ser feita pós exposição. VACINA DA HEPATITE A APENAS APÓS 1 ANO DE IDADE! Anotações: 3 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 HEPATITE E Não tem no nosso país, é similar a hepatite A., porém a mesma tem um risco MAIOR DE FULMINAR NA GESTANTE. HEPATITE B Conhecendo o vírus • HBsAg → antígeno da superfície viral → SE TEM INFECÇÃO ATIVA = POSITIVO o ANTI-HBs → marca a imunidade / proteção contra essa infecção viral • HBcAg → escondido dentro da estrutura viral, não conseguimos detectar, mas criamos anticorpos contra essa estrutura. o ANTI-HBc • HBeAg → antígeno secretado durante a replicação viral, indica presença e PROLIFERAÇÃO VIRAL o ANTI-HBe OBS: o vírus B é o único vírus DNA. EVOLUÇÃO Contato com o vírus → SURGIMENTO DO HBsAg. Entre a fase de incubação e a fase prodrômica teremos o surgimento do → ANTI-HBc IgM positivo → É O MARCADOR DE CONTATO COM O VIRUS Entre o período de icterícia e o de convalescência teremos o surgimento do ANTI- HBs, que leva a imunidade celular. Todo esse período deve durar 6 meses, se passar disso teremos uma hepatite B crônica. É o vírus que mais fulmina, porem fulmina pouco, cerca de menos de 1% fulmina. Quanto mais intensa for a briga contra o vírus, maior a chance de fulminar. E quem mais fulmina são os pacientes que tem um sistema imune deficiente. ADULTOS CRONIFICAM MENOS DO QUE CRIANCAS, além disso RN FULMINA MUITO MUITO MUITO, CHEGA A SER QUASE 90% DE CHANCE DE FULMINAR. No caso da evolução para a hepatite B crônica, temos que pensar nas possíveis complicações, que seria: CIRROSE / HEPATOCARCINOMA. Tratamento → suporte na maior parte das vezes. Apenas casos graves com coagulopatia é que recebem tratamento com antivirais, nesse caso temos os pacientes com forma fulminante e forma crônica. ROTINA LABORATORIAL E DIAGNÓSTICO SOROLOGICO 1. Primeiro passo → ELE TA COM A INFECÇÃO? a. HBsAg POSITIVO → tem hepatite B (aguda OU crônica) b. HBsAg NEGATIVO → pode ser e pode não ser 2. Segundo passo → TEVE CONTATO OU NÃO? a. ANTI-HBc total NEGATIVO → nunca teve hepatite B b. ANTI-HBc total POSITIVO → teve contato, e, se teve contato devemos avaliar a sorologia. i. IgM + → HEPATITE B AGUDA ii. IgM - → HEPATITE B ANTIGA (CURADA OU NÃO) 3. Terceiro passo: ESTA CURADO OU NÃO ESTÁ CURADO? a. ANTI-HBs POSITIVO → curou! b. ANTI-HBs NEGATIVO → HEPATITE B CRONICA (EM CURSO). Cuidado → quando o paciente recebeu vacina, TODOS OS MARCADORES SÃO NEGATIVOS, COM EXCEÇÃO DO ANTI-HBs. 4 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 MANIFESTAÇÕES EXTRA-HEPÁTICAS • PAN • GN membranosa • GIANOTTI-CROST → pápulas eritematosas não pruriginosas PROFILAXIA Pré-exposição • Vacinação com 3 doses (0-1-6m) • Imunodeprimido OU renal crônico → 4 doses (0-1-2-6m) + dose dobrada em todas. • SE O ANTI-HBs NÃO POSITIVOU APÓS AS 3 DOSES: o < 2 meses → novo esquema o > 2 meses → 1 dose para dar uma pancada no sistema imune, se não positivar → completaremos o esquema vacinal. O esquema só pode ser feito 2x Pós exposição • Se não foi vacinada → vacinação! • Se não pode ter vacinados → devemos fazer imunoglobulina em até 7 dias (14 dias podem ser usados como referência se a vítima for sexual) • No imunodeprimido vamos fazer IG mesmo se ele for vacinado. • Infecção perinatal o RN sempre vacina e faz IG < 12h de nascido. o Mae → tenofovir no 3° trimestre o Não tem indicação de cesárea eletiva o Aleitamento é permitido HEPATITE D Só vive se for junto com o vírus da hepatite B, sendo que só existe no mediterrâneo e nas regiões amazônicas. Coinfecção → D e B agudas. O paciente pegou as duas hepatites juntas. Não aumenta o risco de cronificação. Superinfecção → temos uma hepatite B primeiro, ela cronifica e depois pegamos a hepatite D. Nesse caso, temos um aumento do risco de fulminar em cerca de 20% dos casos, além disso tem maior chance de evoluir para cirrose.HEPATITE C Via de acesso → parenteral na maioria dos casos. É a hepatite que mais cronifica (80 a 90%) dos casos. ANTI-HCV POSITIVO NÃO CONFIRMA DIAGNÓSTICO. Quando o mesmo está positivo temos que solicitar a carga viral desse paciente, ou seja: HCV-RNA. Outro ponto importante é lembrar das manifestações extra-hepáticas • Crioglobulinemia • GN mesangiocapilar (membranoproliferativa) • Associação com o anti-LKM1 Tratamento → TRATAMOS TODOS POIS AS DROGAS SÃO MUITO BOAS E O PROGNOSTICO É MUITO BOM! Anotações: 5 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 HEPATITE AUTOIMUNE Agressão autoimune aos hepatócitos. Nesse caso: • Vírus, álcool e drogas negativos • Hipergamaglobulinemia ↑ IgG • Doenças imunes (vitiligo, DM1, tireoidite...) Tipo 1 → mulher jovem, idade fértil, podendo abrir o quadro com artrite, FAN +, etc. → HEPATITE LUPOIDE, com Anticorpo anti- musculo liso (AML) Tipo 2 → meninas e homens. Nesse caso temos a manifestação do anticorpo anti-LKM1 e anticitosol hepático 1. Tratamento → imunossupressores (corticoide + azatioprina) Nesse caso podemos acompanhar o paciente antes de entrar com imunossupressão, pois talvez o prejuízo supere o benefício. COLESTASE COLANGITE BILIAR PRIMARIA Agressão autoimune aos ductos biliares dos espaços – porta. Mulher de 30 – 60 anos, sendo que tem duas doenças mais associadas: Sjogren e Hashimoto. Colestase → icterícia, prurido, hiperpigmentação, xantelasma. Disabsorção → esteatorreia, ↓ vitamina ADEK (D e K → são as mais deficientes). Isso acontece pois o paciente vai ter dificuldade de absorção da gordura devido a deficiência da bile. LABORATÓRIO • ↑ FA e GGT • USG + CPRE negativos • Anticorpo antimitocondria TRATAMENTO • UDCA • Transplante AULA BONUS HEPATITE FULMINANTE Lesão ao fígado induzida por drogas (DILI). Padrões de lesão: 1. Padrão hepatocelular → ↑ TGO / TGP (↑ 3x LSN) 2. Colestática → ↑ FA 2x > LSN 3. Esteatose → amiodarona, por exemplo. Existe duas formas de o paciente sofrer de uma hepatite medicamentosa: • Dose – dependente ➔ paracetamol • Idiossincrásica ➔ mecanismo imune por trás. EPIDEMIOLOGIA • Principais etiologias o Paracetamol o Antibióticos → clavulin o Antivconvulsivantes → fenitoina / ácido vaproico • Não esquecer dos chás e suplementos MANIFESTAÇÕES CLINICAS • Assintomáticos OU manifestações inespecíficas, como febre, mal-estar, dor abdominal, prurido, icterícia e anorexia. DIAGNÓSTICO • Relação temporal com a droga • Laboratório → lesão hepatocelular ou colestática • Descartar → hepatites virais, autoimune, doença de Wilson • Biopsia hepática → apenas se duvida 6 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 TRATAMENTO 1. Suspensão da droga 2. Sintomáticos 3. Antídoto, caso exista CASOS ESPECIAIS Paracetamol ou acetaminofeno • Principal causa de hepatite medicamentosa no mundo, principalmente em países desenvolvidos. • Dose-dependente > 10/15g (dose recomendada é de 4g por dia) o Muito relacionada a tentativa de suicídio • Sintomas inespecíficos nas primeiras 24h. • ≥ 24h temos a lesão hepatocelular (ASL e ALT > 3000) / necrose centrolobular / pode evoluir para insuficiência hepática aguda • Tratamento → N-ACETILCISTEINA Esquema RIP • Causam hepatotoxicidade as 3 drogas • Suspender SE: ALT OU AST ≥ 5x LSN sem sintomas OU ≥ 3x LSN com sintomas. • Reintroduzir uma droga de cada vez após a normalização para descobrir a causadora INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA Lesão hepática grave: INR ≥ 1,5 + encefalopatia em pacientes sem hepatopatia prévia → até 8 semanas ETIOLOGIA • Vírus A, B, D e E • Hepatite medicamentosa (paracetamol) • Hepatite autoimune • Metabólicas → doença de Wilson,esteatose da gravidez • Vasculares → Budd-Chiari, isquêmica MANIFESTAÇÕES CLINICAS E LABORATORIAIS • Encefalopatia hepática → de alterações no comportamento a coma (HIC) • Coagulopatia → tendencia hemorrágica → principal HDA • Elevação acentuada de ASL / ALT e bilirrubinas • Insuficiência renal • Hipoglicemia • Acidose metabólica • Predisposição a infecções • Choque circulatório TRATAMENTO • Correção da causa base em UTI • Contactar o centro de transplante hepático • Suporte nutricional → glicemia > 65mg/dl • Controle da HIC → cabeceira elevada a 30° / evitar agitação / manitol IV / hiperventilação transitória (PaCO2 25- 30mmHg) • Encefalopatia hepática → lactulose e metronidazol • Repor fatores de coagulação → se sangramento ativo ou procedimento invasivo – PFC ou fator VII • Insuficiência renal → hemodiálise Quando indicar o transplante hepático? CRITERIOS DE KING’S COLLEGE • Por paracetamol o pH < 7,3 o INR > 6,5 (TP > 100s) e CR > 3,4 • Outras etiologias o INR > 6,5 (TP > 100s) OU 3 dos seguintes: ▪ Idade < 10 ou > 40 anos 7 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 ▪ Icterícia antes da encefalopatia > 7 dias ▪ Etiologia desfavorável • Vírus não clássicos de fulminante • Hepatite por drogas idiossincrásica • Hepatite medicamentosa por doença de Wilson ▪ INR > 3,5 ▪ BT > 18 AULAS BONUS VIDEOLAPAROSCOPIA Para prova → devemos manter a pressão intra- abdominal de 10 a 15mmHg durante a cirurgia. Além disso, devemos JOGAR ar na cavidade idealmente em torno de 1 a 3L/min. CONTRAINDICAÇÕES: 1. Instabilidade hemodinâmica (doença cardiovascular grave) GÁS IDEAL O melhor gás é o CO2, pois, além de ser muito solúvel, é barato. Além disso ele não é inflamável como o oxigênio. Repercussões → ARRITMIA DO TIPO BRADICARDIA. • Respiratória - ↓ da complacência dos gases (↓ O2 e ↑ CO2) • Cardíaca - ↑ resistência vascular periférica + ↓ retorno venoso = ↑ FC (taquicardico) COMO TRATAR A BRADICARDIA? → diminui a quantidade de infusão dos gases para 1 a 3L/min (desinsuflar). Se não resolver → ATROPINA. • Urinaria - ↓ TGF / oliguria • SNC - ↑ fluxo / ↓ retorno venoso = ↑ PIC POLIPO DE VESICULA E CANCER DE VESÍCULA PÓLIPO DE VESÍCULA É um achado de uma cirurgia, normalmente definimos o que vamos fazer depois do histopatológico. Quando ele é encontrado antes da cirurgia, vamos indicar a cirurgia quando: • Pólipo + calculo → maior o risco de inflamar • Idade > 50 anos • Maiores do que 1cm Vamos sempre acompanhar se esse pólipo vai crescer ou não por meio da USG. Se ele crescer, aí podemos indicar a cirurgia. Cirurgia → colecistectomia laparoscópica x convencional • Pode ser feita das duas formas hoje em dia. Antigamente era convencional CÂNCER DE VESÍCULA É quando não fazemos um diagnóstico precoce e o pólipo evolui para câncer. O que é importante? • Fatores de risco → litíase, vesícula em porcelana (processo inflamatório cronificado), colangite esclerosante (condição autoimune que aumenta muito o risco de câncer), além dos cistos de vias biliares. • Clinica → assintomático e incidental pós colecistectomia. • Estadiamento → T1: tumor que invadiu apenas a muscular, tratando com cirurgia convencional (colecistectomia). 8 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 Se passar da muscular (depois de T1), teremos que fazer uma nova cirurgia, tendo que tirar todos os segmentos IVB e V (colecistectomia estendida). Se o tumor perfurou a serosa (T3 e T4), vamos fazer a colecistectomia radical, do IV ao VIII. No último caso, quando pegamos a veia porta, aí não temos o que fazer. OBS: doença menos comum em homens. No estadiamento, para diferenciar T3 e T4, ambas perfuram a serosa, porem o T4 tem que invadir duas estruturas vitais adjacentes. CISTOS DE VIA BILIAR Os cistos se formam no decorrer da vida. Tudo acontece porque o paciente tem uma junçãopancreatobiliar anomalamente LONGA (> 2cm), o que propicia a formação de cistos de vias biliares. Isso faz com que a secreção pancreática reflui pelas vias biliares e acaba destruindo as mesmas. Clinica → icterícia + dor no QSD + massa palpável Classificação ➔ ALONSO-LEJ → TODANI Existem 5 tipos que são diferenciados pela localização e pelo formato. DO TIPO I AO TIPO IV TEREMOS ACOMETIMENTO EXTRA HEPATICO. • TIPO I → extra-hepático fusiforme • Tipo II → extra-hepático diverticular • Tipo III → intraduodenal ou coledococele • Tipo IV B → múltiplos extra • Tipo IV A → intra hepático • Tipo V → múltiplos intra hepático Como identificar no exame de imagem (CPRE / ressonância) → adicionar imagem de todos os tipos. OBS → se tem endoscópio, é CPRE (lembrar sempre) TRATAMENTO O tipo III como foge do padrão e não tem risco para câncer, não tratamos I, II e IV → ressecção da via biliar + colecistectomia → RECONSTRUÇÃO COM BILIODIGESTIVA. Tipo III → baixo risco → esfincterotomia endoscópica CPRE Tipo V → hepatectomia parcial. Se a extensão dos cistos for completa, vamos pensar em um transplante hepático LESAO IATROGENICA DA VIA BILIAR É muito comum na vida do cirurgião. Prevenção → visão critica de segurança. • Identificar a fissura de ROUVIER • Trígono de calot totalmente dissecado, ou seja, sem gordura. • Infundíbulo da vesícula totalmente livre / dissecado da placa hilar • 2 estruturas finas entrando na vesícula biliar CLASSIFICAÇÃO DE STRASBERG A. Fistula da via biliar → ducto menos (cístico ou no luschkas) B. Estenose → ducto hepático D aberrante C. Fistula → ducto hepático D aberrante D. Fistula → ducto principal (lateral) E. Estenose → ducto principal 9 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 TRATAMENTO Intraoperatório Ducto principal • < 30% da circunferência da via biliar principal, vamos dar um pontinho e colocaremos um tubo para garantir a viabilidade da via. O dreno de KEHR. • > 30% biliodigestiva Ducto secundário • < 3mm → ligadura • > 3mm → biliodigestiva Pós operatório Fistula ducto cístico → drenagem percutânea + CPRE Ducto principal → drenagem trans hepática → biliodigestaiva Estenose cicatricial → CPRE com prótese ou biliodigestiva SINDROMES COLESTATICAS Obstrução do trato biliar, com predomínio de alteração nas enzimas canaliculares. Relembrando → as enzimas canaliculares são FA e GGT e as enzimas transaminases são TGO e TGP. Principais etiologias: 1. Doença calculosa biliar 2. Neoplasia maligna 3. Doença autoimune de via biliar ANATOMIA BILIAR • Hepático direito • Hepático esquerdo • Hepático comum • Ducto cístico • Colédoco O local da parede do duodeno em que o colédoco se insere se chama: PAPILA DUODENAL OU AMPOLA DE VATER. Sempre que temos um paciente com alteração de FA e GGT e estamos diante de um quadro de colestase, o primeiro exame que pedimos é um USG, no intuito de localizar, mesmo que grosseiramente, o sitio da obstrução. TIPOS DE CÁLCULOS BILIARES Cálculos amarelos Mais comum de todos (80%) Colesterol → radio transparente Risco: sexo feminino, obesidade, doença ileal (crohn, ressecção, etc) Cálculos pretos Composição: bilirrubinadto de cálcio Risco: hemólise e cirrose Cálculos castanhos Menos frequente dos três Origem: via biliar (colédoco por exemplo) Risco: colonização bacteriana por obstrução (cisto/tumor) ou 10 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 parasita (clonorchis sinensis) Quando a via biliar fica obstruída, a bile fica parada, sendo a mesma um meio de cultura para bactérias auxiliarem na formação do calculo castanho. Clonorchis sinensis → parasita específico do duodeno que pode subir pela papila, chegando na via biliar. Como ele veio do intestino, ele carrega com ele bactérias que colonizam a via biliar. DOENÇAS CALCULOSAS BILIARES COLELITÍASE Presença de cálculos na vesícula biliar. CLÍNICA Na maioria das vezes o paciente é assintomático, o calculo fica parado e o diagnóstico é feito aleatoriamente. A minoria dos casos que tem sintomas vai apresentar como manifestações: • Dor abdominal em hipocôndrio direito por obstrução temporária da vesícula biliar (< 6h de obstrução), normalmente vem após um quadro de libação alimentar mais gordurosa. • NÃO TEM ICTERICIA DIAGNÓSTICO • USG abdominal, com: (primeira imag) o Sombra acústica posterior dentro da vesícula biliar o Imagem hiperecogênica Cuidado → pólipo de vesícula tem imagem hiperecogenica, mas não tem sombra acústica posterior (segunda imagem) TRATAMENTO Se o paciente tiver sintomático → colecistectomia laparoscópica Se o paciente for assintomático, indicaremos cirurgia apenas se: • Vesícula em porcelana → ↑ risco de câncer • associação com pólipo → ↑ risco de câncer • Calculo > 2,5 a 3cm → ↑ risco de câncer 11 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 • Anemia hemolítica → ↑ risco de complicações calculosas A anemia hemolítica predispõe a pessoa a ter cálculo de vesícula pois ela está constantemente liberando pigmentos na corrente sanguínea, gerando milhares de cálculos durante a vida, aumentando o risco de complicações. COLECISTÍTE AGUDA Inflamação da vesícula biliar que ficou obstruída por muito tempo. CLINICA • Dor abdominal por > 6h • NÃO TEM ICTERICIA pois o tobogã está livre • MURPHY POSITIVO → interrupção súbita da inspiração profunda, durante a palpação do hipocôndrio direito. Sintomas sistêmicos: FEBRE + LEUCOCITOSE + ↑ PCR. Segundo a diretriz de Tokyo guideline, mesmo se o paciente tem clinica local e sistêmica, não podemos fechar o diagnóstico de colecistite, precisamos, obrigatoriamente, ter uma imagem que confirme o diagnóstico. Imagem: • USG abdominal → o que mais faz • CPRE (padrão ouro) • ColangioRM • TC TRATAMENTO Antibioticoterapia deve ser feita, pois ocorre estase biliar e com isso, maior chance de infecção. Além disso devemos indicar COLECISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA PRECOCE (em até 72h), isso previne mais complicações. Se o paciente não tem condições de cirurgia, o que fazemos é uma COLECISTOSTOMIA PERCUTANEA, a qual alivia a vesícula biliar até o paciente ter condições de cirurgia. COMPLICAÇÕES • Gangrena → perfuração da vesícula biliar (livre, fistula...) Quando temos perfuração de vesícula para a cavidade intestinal, o quadro é muito grave. Mas na prova o que eles mais cobram é a fistula para um outro órgão, o qual normalmente é o duodeno. A fistula pode evoluir para íleo biliar, sendo a mesma um tipo de obstrução intestinal. O cálculo, que estava obstruindo a vesícula, consegue passar pela fistula, percorre o trato gastrointestinal e se impacta na válvula ileocecal. • Colecistite enfisematosa → mais comum em homem com diabetes. Sendo causada por clostridium. O diagnóstico é quando encontramos ar no interior e na parede da vesícula. Anotações: 12 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 COLEDOCOLITÍASE Calculo dentro do colédoco. Temos 2 tipos: • Primaria → calculo que surge dentro do colédoco (cálculos marrons) • Secundaria → é o mais comum, foi formado na vesícula biliar e migrou para o colédoco CLINICA • ICTERICIA INTERMITENTE → essa manifestação flutua de acordo com a mobilização do calculo dentro do colédoco. Ora ele pode estar obstruindo o colédoco e ora ele pode deixar a bile escoar. • A vesícula biliar não fica palpável, pois como a obstrução do colédoco é flutuante, não dá tempo da mesma se distender. DIAGNÓSTICO • USG abdominal → lembrando que esse não é o melhor exame, por mais que seja o primeiro que solicitamos. • Melhores: o Colancioressonancia → nãoé nada invasivo, não precisa de contraste (pois a própria bile funciona como meio de contraste). o USG endoscópico → um pouco mais invasivo, por isso uma desvantagem o CPRE → é o exame mais invasivo que temos. Injeta-se contrate por meio da papila duodenal, conseguindo iluminar toda a via do final para o início. Pode complicar com pancreatite, hemorragia, etc. porem tem a vantagem de poder extrair o calculo que estava obstruindo a via biliar, sendo um exame diagnóstico e terapêutico. TRATAMENTO Idealmente é por meio da CPRE. • Esfincterotomia • Dilatação papilar com balão • Terapia intraductal Devemos realizar também: COLECISTECTOMIA pois a vesícula também esta doente. Normalmente é ela que gerou o calculo que foi para o colédoco. IMPORTANTE: temos que fazer uma investigação de presença de cálculo no colédoco (coledocolitiase) em todos os pacientes que vão ser submetidos a uma colecistectomia por colelitíase. Por meio da investigação, vamos classificar os pacientes em 3 tipos: • Risco alto → TEM CALCULO NO COLEDOCO, ENTAO, INDICA-SE A CPRE ANTES DA CIRURGIA. o USG com calculo no colédoco o Colangite aguda (icterícia + febre) o Bilirrubina total > 4 + colédoco dilatado • Risco moderado → É UMA DUVIDA DIAGNÓSTICA, ENTÃO NÃO VAMOS FAZER O EXAME MAIS INVASIVO, VAMOS FAZER AS OUTRAS OPÇÕES (colangioRM ou USG endoscópico), podemos fazer também uma colangiografia intraoperatória (injetar contraste no meio da cirurgia) o Paciente > 50 anos o Colédoco dilatado e mais nada o Bioquímica hepática alterada • Baixo risco → CERTEZA DE NÃO TER CALCULO NO COLEDOCO, ENTAO NÃO TEM NECESSIDADE DE INVESTIGAR A VIA BILIAR. o Nenhum preditor citado acima 13 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 COLANGITE AGUDA Obstrução que complica com infecção CLINICA Não grave → não supurativa • TRIADE DE CHARCOT o Icterícia o Febre o Dor abdominal Grave → supurativa / ocorre translocação bacteriana (sepse de origem biliar) • PENTADE DE REYNOLDS o Icterícia o Febre o Dor abdominal o Hipotensão o ↓ sensório DIANGÓSTICO • USG, colagioRM, CPRE → detecta a etiologia ou dilatação biliar TRATAMENTO • Antibioticoterapia • Drenagem biliar, como por exemplo: CPRE Quando a condição do paciente é grave, a drenagem deve ser feita imediatamente, e no caso do paciente não grave, devemos iniciar antibiótico para depois fazer a drenagem! COLESTASE COM VEÍCULA PALPAVEL TUMORES PERIAMPULARES 1. CA de cabeça de pâncreas → é o mais comum! 2. CA de ampola de vater 3. Colangiocarcinoma 4. CA de duodeno CLINICA • Como é câncer, devemos já esperar algum grau de síndrome consumptiva • Icterícia progressiva e permanente, cada vez mais acentuada • Bile não desce → se acumula dentro da vesícula → atinge dimensões importantes sendo indolor, pois a mesma cresce lentamente e não rápido como na colecistite aguda. É como se fosse uma forma de adaptação → VESÍCULA DE COURVOISIER (vesícula palpável e indolor → sinal patognomonico de tumor periampular) DIAGNÓSTICO • USG é o primeiro a ser solicitado, mas o padrão ouro é a TC de abdome. TRATAMENTO • Na maioria das vezes é tratamento paliativo • Quando podemos curar, indicamos a CIRURGIA DE WHIPPLE (duodenopancreatectomia) Detalhes importantes • CA de cabeça de pâncreas o CA 19.9 → marcador o Principal subtipo histológico → adenocarcinoma ductal • CA da ampola de vater o Pode ocorrer uma icterícia que flutua, esporadicamente, simulando a coledocolitiase (nesse caso para diferenciar as duas condições, o câncer tem a vesícula de couvoisier que na coledocolitiase não tem) o O alivio da icterícia é acompanhado de melena. 14 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 TUMOR DE KLATSKIN Colangiocarcinoma perihilar → é o colangiocarcinoma mais comum. É quando temos obstrução acima do ducto cístico. Como é um câncer, tem algum grau de síndrome consuptiva. A única diferença desse tumor para os outros canceres é que nesse caso não temos a VESÍCULA DE COURVOISIER. USG é o primeiro exame, nesse caso veremos uma vesícula mais murcha, com dilatação de via biliar intra-hepatica. Melhores exames → colangioRM e TC de abdome. Classificação de BISMUTH • Tipo I → restrito ao hepático comum • Tipo II → junção dos hepáticos • Tipo IIIa → hepático direito • Tipo IIIb → hepático esquerdo • Tipo IV → ambos os hepáticos Quanto mais avançado o tumor, mais grave ele é, pior o prognostico, mais perto do fígado o tumor está chegando. Lembrando que na maioria das vezes o tumor é irressecável, sendo um prognostico muito sombrio, não chegando a 1 ano de sobrevida. DOENÇA HEPÁTICA PELO ALCOOLICA Faz icterícia, febre e dor abdominal. Existem 3 condições que causam essa condição: 1. Esteatose alcoólica → qualquer libação alcoólica pode levar ao quadro de esteatose 2. Hepatite alcoólica → libação no bebedor crônico 3. Cirrose alcoólica → uso crônico de álcool HEPATITE ALCOOLICA Conceito → existe uma enzima no estomago que se chama álcool desidrogenase (ADH), a mesma tem como função metabolizar o álcool. As pessoas possuem diferentes quantidade de enzimas em seu organismo, por conta isso é que alguns são mais sensíveis ou não ao álcool. Saindo do estomago, o álcool vai para o fígado (etanol) → a enzima P450 e o ADH vão metabolizar o etanol e transforma-lo em ACETALDEIDO. O acetaldeído é transformado em acetato pela enzima ALDH (aldeidodesidrogenase → livra o organismo da substancia toxica). O bebedor crônico, vai preparando as enzimas hepáticas, deixando-as totalmente eficazes com o tempo. Alguns remédios deixam as pessoas mais sensíveis ao álcool, inibindo, por exemplo, o efeito da ADH. Exemplo: RANITIDINA. Metronidazol → fabricação de acetaldeído após beber que não pode ser eliminada, pois a droga inibe a ADHL que elimina essa substancia no organismo. Na verdade, o que acontece é que a pessoa não consegue eliminar essa substancia no organismo, gerando sintomas. FISIOPATOLOGIA Bebedor crônico → libação → acetaldeído (agressão hepática muito intensa). CLINICA • Hepatite com todos os comemorativos o Febre o Icterícia o Dor abdominal o TGO > TGP o Transaminases até 400. Cuidado, na hepatite alcoólica também tempos a tríade de charcot, porem devemos lembrar que nesse caso a icterícia não é colestática. 15 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 • Leucocitoses intensas → reações leucemoides (lembra quadro leucêmico, mas não é) TRATAMENTO • Se for grave → temos que entrar com o melhor antiinflamatório que existe → CORTICOIDE. O score de MADDREY ≥ 32 = corticoide (28 dias) Alternativa → pentoxifilina Detalhe → nesse caso, não vamos indicar a prednisona e sim a prednisolona direto, pois para a primeira fazer efeito, deve ser convertida na segunda, e quem faz isso é o fígado, se ele esta doente ... Prognostico → se for grave, mata muito! SINDROME DE MIRIZZI É quando temos um cálculo no ducto cístico que obstrui o canal principal. É uma colecistite de exceção, em que o paciente se manifesta com icterícia. Pois nesse caso o cálculo está obstruindo o ducto comum. Quando temos mirizzi, temos um risco maior de iatrogenia cirúrgica. É uma colecistite com icterícia!!!! TRATAMENTO • Antibioticoterapia • Cirurgia → colecistectomia, lembrando que em alguns casos as pessoas indicam colecistectomia aberta se a mirizzi for diagnosticada antes da cirurgia, pelo risco de maior iatrogenia / complicação. Classificação de CSENDES • Tipo I → apenas obstrução • Tipo II, III e IV → ocorre uma obstrução e fistula, a depender do tamanho, respectivamente (< 1/3, 1/3 a 2/3 e > 2/3) OBS: ocorre↑ identificação de câncer de vesícula nesses pacientes por meio da análise das peças anatômicas retiradas. DOENÇA AUTOIMUNE DAS VIAS BILIARES 1. Colangite biliar primaria 2. Colangite esclerosante primaria Ambas são caracterizadas por icterícia colestática + prurido. Ambas podem evoluir para cirrose hepática (por conta da presença dos sais biliares, que são tóxicos para o hepatócito). Diferença entre as duas doenças: Colangite biliar primaria • Ocorre lesão nos ductos do espaço porta • CPRE não vê a alteração • Mulher • AR, Sjogren, Hashimoto • Anticorpo antimitocondria Colangite esclerosante primaria • Acomete grandes vias biliares • CPRE vê a alteração • Homem • Reto colite ulcerativa!! • Anticorpo p-ANCA Retocolite com colestase → colangite esclerosante primaria TRATAMENTO Retardar a evolução → ácido ursodesozicólico (CBP x CEP), tratamos mais no primeiro caso do que no segundo. Caso avançado → transplante hepático 16 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT 2022 Na CPRE verificamos as vias biliares extra- hepáticas em conta de rosário. O marcador sorológico é o p-ANCA, mesmo da RU. Anotações:
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