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3 Curso EAD Estomatologia Introdução Lesões fundamentaissão o conjunto de termos que devem ser utilizados na descrição das lesões para destacar a sua principal característica. Dominar o uso desses termos é essencial para a correta descrição de uma lesão e auxilia bastante no processo diagnóstico. No momento em que definimos qual é a lesão fundamental, direcionamos o nosso raciocínio e temos condições de descartar algumas hipóteses de diagnóstico. De forma geral, os dentistas têm dificuldade no uso desses termos e acabam utilizando o termo “lesão” para descrever qualquer alteração patológica. Embora realmente se trate de uma lesão, não classificar o tipo de lesão a partir do emprego do termo que a melhor define deixa o interlocutor sem uma noção mais precisa do que está sendo visto. Tipos de lesão Podemos classificar inicialmente as lesões em 3 grandes grupos: Lesões planas ou elevadas: grupo que compreende lesões que têm como característica principal a alteração de cor e/ou que representam crescimentos sólidos. • Mácula/Mancha • Placa • Pápula/Nódulo Aumentos de volume que contém líquido • Vesícula • Bolha Lesões envolvendo perda de substância: lesões causadas pela perda de substância ou mais especificamente de tecido. • Erosão • Úlcera A partir de agora, serão detalhadas as características de cada grupo. Figura 1. Descrever as lesões ilustradas acima apenas como “lesões brancas” não dá uma boa noção do que está sendo visto e dificulta o direcionamento do diagnóstico. O correto é dizer que se trata de uma pápula (A) e uma placa (B). Aproveitando as imagens para exercitar o procedimento de descrever as lesões, podemos esmiuçar outras características destas lesões. Neste sentido, é importante dizer que a pápula observada em A tem a superfície papilomatosa ou verrucosa, que o diâmetro da sua base corresponde ao maior diâmetro da lesão (base séssil) e que ela está localizada no centro do dorso da língua. Com relação à placa branca observada em B, deve-se informar que ela mistura áreas avermelhadas e que está localizada na mucosa jugal. Fonte: Estomatologia- HCPA 4 Curso EAD Estomatologia Mácula/mancha Alteração de cor SEM alteração de superfície, ou seja, trata-se de lesões planas, que não apresentam elevação em relação aos tecidos adjacentes. As lesões correspondentes a este grupo serão abordadas no módulo de lesões brancas e no módulo de lesões pigmentadas. Podem representar depósito de melanina produzida pelas células normais, pigmentos relacionados à implantação de corpos estranhos de forma intencional ou não, lesões tumorais, entre outras. As lesões vermelhas costumam ser causadas por perda de algumas camadas do epitélio, situação que será detalhada mais à frente, mas que não se encaixa no critério para mácula/mancha, pois essa perda de camadas de células leva a modificação da superfície, ficando um “degrau negativo” na área da lesão (situação chamada “erosão”). Te ci do E pi te lia l Te ci do C on ju nt iv o Considerações sobre a descrição das lesões Neste tipo de lesão, algumas características merecem mais ênfase no momento da avaliação clínica e descrição: • Simetria • Borda: regular (em linha reta) ou irregular • Cor: homogênea (cor única) ou heterogênea (mais de uma cor ou diferentes intensidades) • Diâmetro • Localização Principais hipóteses • Leucoplasia • Cicatriz • Mácula melanótica • Névus • Pigmentação induzida por medicamentos • Tatuagem por amálgama • Melanoma • Hematoma Figura 3. Mancha acastanhada, mostrando simetria, borda regular, cor homogênea, medindo 3 mm de diâmetro localizada na mucosa de transição do lábio inferior. Este caso é um exemplo de mácula melanótica. Fonte: Neville et al. (2009) Figura 2. Desenho esquemático da relação de uma mácula/mancha com os tecidos vizinhos. 5 Curso EAD Estomatologia Placa Alteração de cor com alteração de superfície, ou seja, trata-se de lesões discretamente elevadas em relação aos tecidos adjacentes, mas mais amplas em largura do que em altura. A maioria das lesões correspondentes a este grupo serão abordadas no módulo de lesões brancas. Neste grupo, podemos observar lesões benignas, desordens potencialmente malignas ou lesões malignas. Considerações sobre a descrição das lesões Algumas características merecem mais ênfase no momento da avaliação clínica e descrição, dentre elas: • Número: únicas ou múltiplas • Cor: branca, vermelha • Superfície: lisa ou irregular • Localização Principais hipóteses • Candidíase pseudomembranosa • Ceratose friccional • Líquen plano • Sífilis secundária • Leucoplasia • Mordiscamento crônico Figura 5. Placa, única, coloração branca associada a áreas avermelha- das, superfície rugosa irregular, formato irregular, localizada na muco- sa jugal esquerda. Fonte: HCPA Figura 4. Desenho esquemático da relação de uma placa com os tecidos vizinhos. 6 Curso EAD Estomatologia Pápula/nódulo Representam crescimentos sólidos com menos do que 5 mm de diâmetro (pápula) ou mais do que 5 mm de diâmetro (nódulo). Podem ser solitários (únicos) ou múltiplos, estar associados a algum fator irritativo (biofilme bacteriano ou trauma) ou ter surgimento espontâneo. Neste grupo, estão incluídas as lesões que se caracterizam pelo crescimento tecidual, incluindo lesões de natureza reacional/inflamatória e neoplasias, em particular as de natureza benigna. Na maioria dos casos indicam lesão benigna, mas em alguns casos, trata-se de tumor maligno. Figura 6. Desenho ilustrando aspecto das pápulas e nódulos. A direita, desenho esquemático imostrando os diferentes tipos de inserção (base) que podem ser observados nestas lesões. Pápula Diâmetro < 5mm Nódulo Diâmetro > 5mm CONSIDERAÇÕES SOBRE A DESCRIÇÃO DAS LESÕES Alguns detalhes são fundamentais para a descrição apropriada destas lesões e a boa condução do diagnóstico: • Consistência: mole, firme/ fibroelástica/ borrachóide ou dura • Base da lesão: pediculada (estreita) ou séssil (ampla) • Cor • Presença de áreas avermelhadas ou ulceradas na sua superfície: sim ou não Séssil Pediculado Principais hipóteses: • Hiperplasia inflamatória, granuloma piogênico, fibroma ossificante periférico, lesão periférica de células gigantes, papiloma, lipoma, fibroma, carcinoma espinocelular. Figura 7. Nódulo de base séssil, superfície integra, coloração semelhante a da mucosa adjacente, localizada na mucosa jugal, lado esquerdo, próxima a linha de oclusão. Diferentes hipóteses podem ser consideradas, como hiperplasia inflamatória, fibroma e lipoma. Como será visto mais a frente, casos como este só tem o diagnóstico definido após biópsia e exame histopatológico. Fonte: HCPA. Diâmetro < 5mm Diâmetro> 5mm 7 Curso EAD Estomatologia Figura 8. Desenho ilustrativo do aspecto de vesículas e bolhas. Vesícula/Bolhas Crescimentos que contém líquido medindo menos do que 3 mm de diâmetro (vesícula) ou mais do que 3 mm de diâmetro (bolha). Podem ser solitárias (únicas) ou múltiplas, estar associadas a algum fator irritativo (algum alimento ou trauma) ou surgir espontaneamente. Alguns casos mostram alterações sistêmicas associadas (febre, mal-estar, linfadenopatia) ou lesões semelhantes em outras partes do corpo, principalmente pele ou outras mucosas. Esse grupo de lesões não inclui nenhum exemplo de desordem potencialmente maligna ou maligna. Vesícula Diâmetro < 3mm CONSIDERAÇÕES SOBRE A DESCRIÇÃO DAS LESÕES Quando visualizar lesões deste tipo, observe: Lesões associadas a trauma • Mucocele • Rânula PRINCIPAIS HIPÓTESES: Doenças virais • Herpes Doenças autoimunes • Pênfigo vulgar • Penfigóide benigno de mucosas Figura 9. Nota-se presença de múltiplas vesículas (lado direito da foto) e de crostas (lado esquerdo da foto) na região peribucal. Paciente referiu que não tem lesões em outras partes do corpo, que elas aparecem 3 vezes por ano e que costuma perceber coceira antes de as lesões aparecerem. Todas essas característicasfavorecem o diagnóstico de herpes labial. Fonte: FOUFRGS. • Número: única ou múltiplas lesões • Localização • Ocorrência prévia de lesões semelhantes na boca • Presença de lesões semelhantes em outras partes do corpo • Episódio de trauma prévio Bolha Diâmetro > 3mm 8 Curso EAD Estomatologia Erosão Úlcera Erosões/Úlceras São lesões em que o tecido epitelial foi parcial (EROSÕES) ou totalmente (ÚLCERAS) perdido. Podem ser solitárias (únicas) ou múltiplas, estar associadas a algum fator irritativo (trauma) ou ser a manifestação de doença autoimune, infecciosa ou, ainda, uma neoplasia maligna. CONSIDERAÇÕES SOBRE A DESCRIÇÃO DAS LESÕES Alguns detalhes são fundamentais para a descrição apropriada destas lesões e a boa condução do diagnóstico: • Número: única ou múltiplas • Localização • Ocorrência prévia de lesões semelhantes: sim ou não • Presença de lesões em outras partes do corpo • Episódio de trauma prévio: sim ou não PRINCIPAIS HIPÓTESES: Lesões traumáticas • Úlcera traumática Doenças infecciosas • Candidíase • Herpes • Micoses profundas Figura 11. Úlcera dolorosa única contornada por mucosa avermelhada localizada em mucosa labial. Paciente relata que já teve lesões semelhantes no lábio anteriormente, que não há lesões em outras partes do corpo e que não houve trauma na região. No módulo 4, você entenderá porque este é um caso típico de ulceração aftosa recorrente (AFTA). Fonte: FOUFRGS. Figura 10. Desenho esquemático mostrando a diferença entre erosão e úlcera. Doenças imunologicamente mediadas • Líquen plano • Lupus eritematoso • Penfigóide benigno de mucosas • Pênfigo vulgar Tumores malignos • Carcinoma espinocelular 9 Curso EAD Estomatologia Referências COLEMAN, C. C.; NELSON, J. F. Princípios de diagnóstico bucal. Rio de Janeiro: Editora Guanaba- ra Koogan, 1996. MARCUCCI, G. Fundamentos de odontologia: estomatologia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2005. TelessaúdeRS-UFRGS Coordenação Geral Marcelo Rodrigues Gonçalves Roberto Nunes Umpierre Coordenação do curso Vinicius Coelho Carrard Coordenação da Teleducação Ana Paula Borngräber Corrêa Conteudistas Manoela Domingues Martins Marco Antonio Trevizani Martins Vinícius Coelho Carrard Vivian Petersen Wagner Revisores Bianca Dutra Guzenski Fernanda Friedrich Otávio Pereira D’Avila Michelle Roxo Gonçalves Thiago Tomazetti Casotti Projeto Gráfico Iasmine Paim Nique da Silva Lorenzo Costa Kupstaitis A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes. Diagramação Angélica Dias Pinheiro Iasmine Paim Nique da Silva Lorenzo Costa Kupstaitis Ilustração Carolyne Vasques Cabral Luiz Felipe Telles Edição/Filmagem/Animação Diego Santos Madia Rafael Martins Alves Divulgação Camila Hofstetter Camini Guilherme Fonseca Ribeiro Vitória de Oliveira Pacheco Equipe de Teleducação Andreza de Oliveira Vasconcelos Angélica Dias Pinheiro Cynthia Goulart Molina Bastos Francine de Souza Borba Luís Gustavo Ruwer Rosely de Andrade Vargas Ylana Elias Rodrigues Equipe Responsável: Dúvidas e informações sobre o curso Site: www.telessauders.ufrgs.br E-mail: ead@telessauders.ufrgs.br Telefone: 51 33082098 _GoBack
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