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CONVULSÕES EM PEDIATRIAOBS.: essa aula da ênfase à conduta no pronto-socorro Aryane dos Reis Aula 1 Medcel – 25/01/2021 Professor Geovan da Cruz Barbosa Araújo Caso clínico: GSA, 10 anos, natural e procedente de Campina Grande PB, católico. Chega ao pronto socorro apresentando movimentos tônico-clônicos, em todo o corpo, iniciado há mais ou menos 15 minutos, com perda de consciência, salivação e diurese espontânea. Nega febre associada. Estava jogando vídeo game com o irmão. Tais episódios se repetem desde os 6 anos de idade. Vem fazendo uso de medicação para tal, mas frequentemente esquece de usar. Foi introduzido primeiro esquema de mediação, mas não houve resposta, e o quadro total já perdura há 40 min.Perguntas: 1- O que são movimentos tônico clínicos? Movimentos em que a característica é a rigidez muscular e repetição do movimento 2- Que tipo de convulsão apresenta a criança? Generalizada 3- Qual a medicação de escolha para o início? Midazolam ou diazepam (até repetir 3 doses) 4- Qual a segunda e terceira opção? 2ª: fenitonia. 3ª: fenobarbital. 4ª: midazolam (UTI) 5- Como se caracteriza o quadro após o tempo de evolução? Estado de mal epiléptico Definição de convulsão: “Disfunção transitória de todo o cérebro, ou parte dele, decorrente da descarga excessiva de uma população de neurônios hiperexcitáveis. ” Crise convulsiva: manifestação clínica resultante das descargas neuronais excessivas, paroxíticas e síncronas, de um grupo de neurônios. 4 a 10% das crianças - 1 crise até 16 anos 2 a 5% - crise febril ETIOLOGIA · Febre, epilepsia, doença neurológica prévia (paralisia cerebral), trauma, distúrbios hidroeletrolíticos (desidratação), dist. metabólicos (acidose), AVC, tumores, infecções do SNC (meningoencefalites) · Causas menos frequentes: distúrbios do sono, reações medicamentosas, enxaqueca, distúrbios psicológicos, stress, intoxicações (medicamentosas, plantas, venenos), erros inatos do metabolismo FISIOPATOLOGIA · início: hiperglicemia e hipertensão · consumo maior de oxigênio e glicose · aumento da produção de lactato e CO2 · dificuldade de sustentar via aérea · Prolongamento da crise: hipoxemia, hipotensão, acidose respiratória, hiperpotassemia, hipertermia, hipoglicemia · Fase pós ictal: confusão mental, irritabilidade, fadiga CLASSIFICAÇÃO · Crise generalizada · Focal · Ausência Crise generalizada: · Movimentos tônicos (contração involuntária da musc. periférica)/ clônicas (movimentos de repetição involuntários)/ tônico-clônicos → mais frequentes · Fase tônica: grito epileptico, olhos viram, corpo contrai, há cianose (não há risco de morte) · Perda da consciência · Pode ter aurea · Movimento anômalo dos olhos · Perda de controle esfincteriano, principalmente vesical · Extremidades arroxeadas (hipoxia) · Crise atônicas - quedas (menos frequentes Crises de ausência: · Mais comum em meninas em idade escolar · Perda de contato com o meio · Olhar fixo e vago · Piscamento automático · Automatismos orais/ manuais · Curta duração (< 30 seg) · Difícil diagnóstico · Não tem aura e não tem estado pós-ictal (a pessoa não percebe sua ausência) · Hiperventilação (3 a 4 min) provoca a convulsão da ausência · Tratamento com etossuximida ou ácido valproico Crise focal: · Movimentos clônicos ou tônicos de uma região do corpo · Alterações de sensibilidade: parestesia/ dor · Rotação da cabeça e olhos para um lado · Criança alerta com movimentos de forma automática · Crises focais simples: consciência preservada (pode até falar durante a crise) · Crises focais complexas/discognitiva: alteração da consciência, automatismos são comuns (mandar beijos, dar tchau). Dura 1-2 min. Pode ter relação com anormalidades no lobo temporal anterior, investigar com neuroimagem · Epilepsia rolândica: sinais motores e sensoriais em hemiface com movimentos clônicos da extremidade ipsilateral. Sintomas orofaríngeops. Ocorrem geralmente o sono. Tratar com carbamazepina. Bom prognóstico com remissão espontânea entre 14 e 16 anos. · Encefalite de Rasmussen: associado com infecção por CMV Curiosidade:Os milagres de Santo Ignácio de Loyola Pieter pawel Rubens – 1618 Kunsthistorisches museum - Viena CRISE CONVULSIVA FEBRIL Crise epiléptica ocasional – frequente em pronto atendimentoSimples: < 15 minutos (geralmente é rápida, dura poucos seg), não recorre em 24h, generalizada tônico-clônica, exame normal, temperatura corporal aumenta rapidamente 6 meses a 60 meses (5 anos) Primeiras 24h do processo infeccioso: IVAS, ITU, gastroenterite, vacinação Quanto mais jovem no 1º episódio, maior chance de recorrer Herança familiarComplexa: > 15 min, recorre em menos de 24h, exame alterado · Fatores de risco para recorrência: < 12 meses, padrão complexo da crise, história familiar positiva, temp axilar que não se eleva demais antes da crise. · Fatores associados a maior risco de epilepsia: convulsões complexas, história familiar de epilepsia, início em < 12 meses, atraso dos marcos do desenvolvimento, doença neurológica preexistente. · Principais doenças associadas: IVAS, roséola (exantema súbito), otite média aguda Prevenção (uso diário de anticonvulsivantes para profilaxia): · Fenitoína e carbamazepina não funcionam · Fenobarbital previne, porém está relacionado a diminuição da cognição · Ácido valproico previne, porem há risco de hepatoxicidade (principalmente em < 2 anos) · Então, em caso de pais ansiosos: diazepam VO ao longo da doença febril EPILEPSIA Presença de crises convulsivas recorrentes 2 ou mais episódios – não provocadas, intervalo superior a 24h entre elas Não relacionadas com doença neurológica prévia Visitas de repetição ao PA Diagnóstico ambulatorial Eletroencefalograma – exame importante para epilepsia ESTADO DE MAL EPILÉPTICO (EME) Crise convulsiva prolongada – dura mais de 30 min. Se for associada a febre, a causa provável é meningite. Vence mecanismo de homeostase Emergência clínica com risco de morte Maior risco: lesões neurológicas, complicações sistêmicas: broncoaspiração, arritmias cardíacas, hipoxemia, morte EME refratário INVESTIGAÇÃO INICIAL Características da crise atual: tempo, consciência, atividade, o que fazia a criança Pesquisar: crises anteriores, doença neurológica previa, trauma (TCE), ingesta de medicamentos/ tóxicos, vacinação recente, presença de doença crônica Exame físico: Sinais vitais, sinais de infecção do SNC (meningites), sinais de traumatismo, exame neurológico (sonolência, ataxia, irritabilidade, confusão) Exames complementares: - Inicialmente não é necessário fazer exames complementares, mas pode-se fazer, pensando individualmente: Glicemia, hemograma, ionograma, gasometria, triagem toxicológica, bioquímica do líquor (se suspeita de meningite, se convulsão febril em menores de um ano), exame de imagem TRATAMENTO DA CRISE Chegada no PA – ainda há crise?? 80% chegam ainda em crise Objetivo: evitar lesão neuronal e complicações sistêmicas 1º passo: garantir condições gerais: · Posicionamento seguro do paciente · Posição neutra da cabeça · Assegurar vias aéreas · Acesso venoso – 2 de preferência · Oxigênio · Monitorização de sinais vitais · Glicemia (soro glicosado) 2º passo: MEDICAMENTOS para cessar a convulsão 1ª ESCOLHA: BENZODIAZEPÍNICOS – repetir dose até 3x · Lorazepan – EV/ IM – ação rápida e meia vida longa – não tem no Brasil · DIAZEPAM – EV/ retal ou MIDAZOLAM – EM/IM/ Nasal/ oral 2ª ESCOLHA: fenitoína 3ª ESCOLHA: fenobarbital (EM RN É PRIMEIRA ESCOLHA)/ ácido valproico 4ª ESCOLHA: em EME refratário – UTI · Midazolan EV contínuo · Tiopental/ propofol ORIENTAÇÕES A FAMÍLIA Informar possibilidade de recorrência Em caso de crise: · Decúbito lateral · Apoiar cabeça- proteção · Afrouxar roupas – maior aeração · Não dar banho gelado · Levar ao serviço de emergência após 5 min se não cessar · Orientar para tratamento profilático Comentários sobre o caso clínico: paciente tem 10 anos, então se descarta convulsão febril. Jogo e vídeo game desencadeou? Episódios se repetem: provável epilepsia. Referências: Complementei com:aula da medcel “Convulsões em pediatria”
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