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Medcurso 2021 DOENÇA HIPERTENSIVA GESTACIONAL Pré-eclâmpsia Definição PA ≥ 140x90 mmHg + proteinúria (≥ 300 mg/dia ou ≥ 1+ na fita ou proteína/creatinina urinária ≥ 0,3) após 20 semanas. OBS: em Doença Trofoblástica Gestacional pode haver pré-eclâmpsia antes de 20 semanas. Fisiologia Ondas de invasão trofoblástica (trofoblasto invadindo a camada muscular das artérias que levam o sangue para o endométrio), promovendo redução da PA na gestante (redução da RVP, aumento do volume para a placenta). Na paciente não grávida, há uma artéria espiralada e de calibre pequeno que evita excesso de sangramento na descamação uterina. Na gestação, é necessário haver invasões trofoblásticas. • 1ª invasão: 1º trimestre. • 2ª invasão: até 20ª semana. Assim, ocorre um aumento do calibre, redução da resistência vascular periférica e melhora do fluxo para placenta. Patologia Algumas mulheres apresentam ausência da 2ª onda de invasão trofoblástica, mantendo RVP alta e falhando na redução da PA materna. Outras consequências são: • Lesão endotelial: aumento de tromboxano (vasoconstritor), redução de prostaciclina (vasodilatador). Gera agregação plaquetária (plaquetopenia). • Lesão renal: endoteliose capilar glomerular (proteinúria ≥ 300 mg/dia). Pré-eclâmpsia sem proteinúria Fatores de risco Possível se: hipertensão > 20 semanas + • Plaquetopenia (< 100.000) • Creatinina > 1,1 • Edema agudo de pulmão • Aumento 2x das transaminases • Sintomas cerebrais ou visuais. • Pré-eclâmpsia anterior (pessoal ou familiar) • Exposição à “placenta” pela 1ª vez (primigesta, troca de parceiro) ou excessiva (gemelar, doença trofoblástica gestacional - MOLA) • Vasculopatia (HAS, DM, nefropata, LES) Prevenção AAS (100-150 mg 1x/dia) + carbonato de cálcio (1,5g/dia) a partir de 12 (a 16) semanas até 36 semanas. Rastreamento combinado (1º trimestre): fatores maternos + pressão arterial média + dopplerfluxometria das artérias uterinas no primeiro trimestre + dosagem de marcador bioquímico (PlGF). Antioxidantes e vitamina E não possuem evidência. Classificação • Leve: sem sinais de gravidade. • Grave: com sinais de gravidade. o PAS ≥ 160 OU PAD ≥ 110 (maior alerta) o Edema agudo de pulmão, oligúria o Síndrome HELLP: tríade: - LDH > 600; esquizócito, BT ≥ 1,2 (indireta), - AST ≥ 70, - Plaquetas < 100.000. o Iminência de eclâmpsia: cefaleia, escotomas, epigastralgia, aumento do reflexo. OBS: proteinúria e creatinina como gravidade é controverso. Algumas referências a utilizam PTN se > 5g/dia. Tratamento Toda pré-eclâmpsia grave será internada. Nem toda pré-eclâmpsia será medicada com anti-hipertensivo para não ocorrer hipoperfusão placentária. 1. Anti-hipertensivos: não fazer caso PA < 160x110 mmHg. O objetivo é manter PAS 140-155 e PAD 90- 100. • Crise: Hidralazina IV / Labetalol IV / Nifedipina VO (receio em pré-eclâmpsia grave por sinergia com Sulfato de Magnésio). • Manutenção: apenas após a crise! Metildopa VO, Hidralazina VO, Pindolol VO. • Dificilmente uma hipertensa crônica que gestou irá suspender as medicações. Em alguns casos pode ocorrer por hipotensão em paciente com HAS leve tratada com monoterapia. • Alcançar dose máxima antes de associar anti-hipertensivos. • Evitar diurético (reduz ainda mais o volume intravascular), IECA (alteração renal fetal) e propranolol (risco de restrição de crescimento intrauterino). 2. Em eclâmpsia ou pré-eclâmpsia grave: prevenção e/ou tratamento de crise convulsiva. • Sulfato de Mg: ataque + manutenção! Melhor droga tanto para prevenção quanto tratamento. o Pritchard (sem bomba infusora): A: 4g IV + 10g IM / M: 5g IM 4/4h – devagar. o Zuspan (com bomba infusora): A: 4g IV / M: 1g/h IV BIC – acompanhar intoxicação. o Sibai: A: 6g IV / M: 2-3g/h IV BIC. • Não colocar em conta-gotas! • Acompanhar para evitar PCR, sem necessidade de dosagem sérica. • Sinais de intoxicação: o Reflexo patelar presente (pode estar diminuído) o Frequência respiratória < 16 irpm (=< 14 irpm em algumas referências) o Diurese presente (> 25 ml/h) OBS: oligúria (=< 25 ml/h não é sinal de intoxicação, apenas risco. Basta ajustar a dose do Sulfato de Mg). • Estabilização na convulsão: decúbito lateral esquerdo, uso de Guedel, entre outros. 3. Intoxicação por Sulfato de Mg: interromper infusão do magnésio + aplicar Gluconato de cálcio. Deixar já prescrito para uso se necessário. 4. Interrupção da gestação: depende da gravidade do quadro. • Leve: expectante até o termo, conforme condições maternas e fetais. Algumas referências recomendam até 34 semanas. • Grave: tratamento definitivo é o PARTO. o ≥ 34 semanas: estabilização e PARTO! o < 34 semanas: se estável, avaliar bem estar para corticoide (perfil biofísico fetal sem problemas). Se piorar em qualquer momento, PARTO! • Via de parto: depende das condições maternas (gravidade, BISHOP...) e fetais (sofrimento). o Se boas condições maternas e fetais: pode ser vaginal. o Se não: parto cesariano (não imediato!). o O parto somente pode ser feito APÓS a estabilização! OBS: existe eclâmpsia puerperal! Diagnósticos diferenciais Pré-eclâmpsia Eclâmpsia PA ≥ 140x90 mmHg + proteinúria após 20 semanas Pré-eclâmpsia + convulsão HAS crônica Pré-eclâmpsia sobreposta Hipertensão gestacional (transitória) PA ≥ 140x90 mmHg antes de 20 semanas HAS + pré-eclâmpsia (observar PTN no 1º trimestre da hipertensa) PA ≥ 140x90 mmHg após 20 semanas sem pré-eclâmpsia e que melhora no puerpério
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