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DIVISÃO DO ABDOME INSPEÇÃO Alterações simétricas: Abdome retraído: muito achatado no diâmetro anteroposterior, com visibilidade dos bordos costocondrais, cristas ilíacas e sínfise púbica. Ocorre em indivíduos com caquexia, especialmente naqueles com desidratação importante. Abdome globoso: apresentando distensão uniforme e regular; encontrado em indivíduos obesos, portadores de ascites, em pacientes com grande meteorismo intestinal (obstrução intestinal) e em portadores de grandes tumores abdominais. Abdome de batráquio: caracterizada por dilatação exagerada de flanco, com aumento de diâmetro lateral, ocorrendo em indivíduos com ascite e obesos com diminuição da tonicidade da musculatura de parede abdominal. Abdome em avental: caracterizado pela queda do hipogástrio sobre a sínfise púbica, ocorre em grandes obesos, associada à fraqueza da parede muscular. Alterações assimétricas: Peristalse visível: obstrução do trânsito intestinal. A peristalse sempre se processa no sentido do isoperistaltismo, servindo para identificar o segmento intestinal sede das contrações, indicando assim, a localização do obstáculo, ponto onde morrem as ondas peristálticas. O peristaltismo visível em estômago indica a existência de obstáculo em piloro ou em 1ª porção do duodeno; o sinal acústico é a patinhação e o sintoma associado é o vômito de estase. A causa mais comum de obstrução de antro gástrico são o câncer gástrico e úlceras pépticas estenosantes. A presença de contração em estômago e peristalse visível em duodeno permitem a identificação de obstáculo em ângulo duodeno-jejunal. A presença de ondas peristálticas visíveis em intestino delgado, denominada de agitação peristáltica de Kussmaul, são caracterizadas por movimentos rotatórios, acompanhados de fortes ruídos intestinais, denominados de borborigmos. Pode ocorrer um segundo tipo de ondas de peristalse, denominada de peristalse em degrau, as alças se contraem como em degraus de uma escada. O peristaltismo de intestino delgado é caracterizado por: sede em região central de abdome; grande intensidade e vivacidade das ondas; fenômenos acústicos intensos, com aspecto metálico, audível sem utilização do estetoscópio; associação de fortes dores que acompanham os movimentos peristálticos. As causas mais comuns são tumores, compressões extrínsecas, aderência, hérnias encarceradas, doença de Chron. O peristaltismo do intestino grosso, quando visível, é constituído por ondas lentas, sendo mais evidente o peristaltismo do cólon transverso, os sintomas associados são parada de eliminação de fezes e gases, ocorrendo na presença de megacólon e câncer de cólon. Retrações: As retrações generalizadas ocorrem em indivíduos caquéticos, como nos casos de pacientes com estenose de esôfago ou piloro ou em desidratados graves. Importante apontar a retração generalizada que pode ocorrer na cólica saturnina, no tétano, meningite e nas crises tabéticas. Edema de Parede O edema quando restrito à região abdominal indica a existência de processo inflamatório intracavitário. Sistema Venoso A presença de vascularização visível em parede abdominal indica obstáculo na circulação venosa profunda. As veias que conduzem um caudal aumentado são caracterizadas pela sua tortuosidade e dilatação; deve-se definir o sentido da corrente sanguínea para identificar qual dos sistemas venosos está obstruído. Para isto utiliza-se a manobra de esvaziamento de um segmento venoso dilatado Tipos de circulação colateral: - Circulação colateral tipo portal: ocorre quando há obstáculo ao fluxo venoso proveniente do tubo digestivo e baço em direção ao fígado. É o tipo de circulação colateral mais frequente, caracterizada por manter o sentido normal da circulação, sempre centrífuga em relação ao umbigo. Geralmente melhor percebidas acima da cicatriz umbilical, quando exuberantes em torno do umbigo confere o aspecto denominado cabeça de medusa. - Circulação colateral tipo cava inferior: observa-se ectasia venosa em andar inferior de abdome e regiões laterais, sentido da corrente é ascendente. Ocorre quando há trombose de cava inferior. - Circulação colateral tipo cava superior- observam-se ectasias de vasos em andar superior de abdome, sendo o sentido da corrente, descendente. - Circulação colateral do tipo misto - associa-se a circulação colateral tipo portal e de cava inferior, com sentido da corrente, ascendente. Outras alterações de parede abdominal Ainda na inspeção do abdome observar: presença de cicatrizes cirúrgicas, estrias, herniações. Em pacientes com hemorragias peritoniais, pode surgir, na região periumbilical, uma coloração azulada que é denominada de sinal de Cullen (exemplo: prenhez tubária rota). Em pacientes com pancreatite hemorrágica pode ocorrer sangramento retroperitoneal, conferindo uma coloração azulada em regiões lombares, sinal de Grey Turner. O umbigo geralmente é plano, quando apresenta-se com protusão, pensar na possibilidade de ascite ou hérnia umbilical. Observar a presença de herniações, que podem ser umbilical, inguinal, crural ou em áreas onde houver debilidade de parede, por diástase de musculatura do reto abdominal ou cicatrizes cirúrgicas. AUSCULTA Em condições patológicas os ruídos hidroaéreos podem estar com intensidade aumentada (exemplo: diarreias, hemorragias digestivas, suboclusão intestinal ou obstrução intestinal) ou diminuída ou ausente (exemplo: íleo paralítico). Os ruídos hidroaéreos podem assumir o tom metálico, nos casos de obstrução de intestino delgado. Os ruídos vasculares incluem os sopros que podem ser sistólicos ou contínuos: Os sopros sistólicos de maior frequência são os produzidos no aneurisma de aorta, podem ser audíveis, em linha mediana do abdome. Pode ocorrer o sopro hepático em área de projeção do fígado, na presença de aneurisma de artéria hepática, cirrose e carcinoma hepatocelular. Sopros esplênicos podem ser audíveis em hipocôndrio esquerdo, entre as linhas hemiclavicular e axilar, anterior esquerdas, ocorrendo em pacientes com malária, leucemia ou tumores esplênicos. Auscultar artérias renais (paramediana supraumbilical, bilateralmente), ilíacas (paramediana infraumbilical, bilateralmente), femorais (região inguinal). Sopros contínuos são venosos, ocorrendo quando houver hipertensão portal, audível sobre a circulação colateral em região periumbilical, podendo gerar um frêmito no local, Sinal de Cruveillier-Baumgarten. PALPAÇÃO Localização: Limita o número de estruturas a considerar (exemplo: massa em quadrante superior esquerdo, considerar afecções de baço do ângulo esplênico do colón e rim esquerdo), tendo em mente a projeção dos diferentes órgãos na cavidade abdominal e pélvica e do retro peritônio nas áreas das divisões topográficas do abdômen. - Sensibilidade: A dor provocada pela palpação de uma massa abdominal ocorre devido a um processo inflamatório (exemplo: plastrão de epiplon, como ocorre na apendicite aguda, massa inflamatória na doença de Crohn) ou a distensão da cápsula do órgão (exemplo: fígado ou baço agudamente distendido). - Dimensão: Informa o tamanho da estrutura patológica encontrada. - Forma: Cisto, pseudocisto pancreático, tumores sólidos, são, geralmente esféricos. - Consistência: É verificada pela resistência da massa à palpação, variando de acordo com o processo patológico (exemplo: o carcinoma de fígado pode ser pétreo, o baço aumentado devido a infecção oferece pouca resistência à compressão). - Superfície: pode ser lisa (exemplo: cistos ou pseudocistos, hepatite, esteatose hepática) ou nodular (exemplo: tumor, cirrose hepática). - Mobilidade: A massa que se move com movimentos respiratórios, está relacionada a uma das vísceras móveis ou ao mesentério, portanto, dentro da cavidade peritoneal. A massa fixa deve estar localizada em retroperitônio ou corresponder à neoplasia infiltrativa de estruturas fixas. - Pulsação: Massa que apresenta pulso corresponde a uma dilatação da artéria, apresenta aumento intermitente de volume da massa a cada sístole cardíaca. Massas sólidas encostadas na aorta podem transmitir a pulsaçãoarterial, porém não apresenta variação de tamanho de acordo com o pulso sistólico. PERCUSSÃO Pode-se identificar quatro tipos de sons: timpânico, hipertimpânico, submaciço e maciço. A percussão sobre uma área sólida revela o som maciço; é o típico som obtido ao se percutir a região hepática. O som timpânico pode ser melhor identificado em área gástrica, na posição supina, devido ao conteúdo gasoso do estômago (bolha gástrica) e no espaço de Traube. Através da percussão pode-se realizar ainda a hepatimetria. Importante apontar que não é um método seguro para se afirmar que existe hepatomegalia, pois o órgão pode estar rebaixado, como ocorre em pacientes com enfisema pulmonar. A fim de determinar se há hepatomegalia, é necessário estabelecer dois pontos de referência: o primeiro, na parte mais alta do órgão, na altura do sexto espaço intercostal, determinado pela percussão; o segundo, a parte inferior do órgão. Normalmente o tamanho do fígado na linha mediana é de 5 cm, na linha médio-clavicular é de 10 cm e na linha axilar anterior, 13 cm. Ao se percutir a região correspondente ao baço, obtém-se som timpânico. A área de nítido timpanismo é denominada de espaço de Traube. SINAIS SEMIOLÓGICOS
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