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PONTA GROSSA - PARANÁ 2010 LICENCIATURA EM Denise Puglia Zanon Maiza Taques Margraf Althaus EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Pedagogia DIDÁTICA 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR Tel.: (42) 3220-3163 www.nutead.org 2010 Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos Ariangelo Hauer Dias - Pró-Reitor Pró-Reitoria de Graduação Graciete Tozetto Góes - Pró-Reitor Divisão de Educação a Distância e de Programas Especiais Maria Etelvina Madalozzo Ramos - Chefe Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância Leide Mara Schmidt - Coordenadora Geral Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica Sistema Universidade Aberta do Brasil Hermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Adjunta Elenice Parise Foltran - Coordenadora de Curso Clícia Bührer Martins - Coordenadora de Tutoria Colaborador Financeiro Luiz Antonio Martins Wosiak Colaboradora de Planejamento Silviane Buss Tupich Colaboradores de Informática Carlos Alberto Volpi Carmen Silvia Simão Carneiro Adilson de Oliveira Pimenta Júnior Projeto Gráfico Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior Colaboradores em EAD Dênia Falcão de Bittencourt Jucimara Roesler Colaboradores de Publicação Anna Helena Van Wilpe Teixeira - Revisão Antônio João Teixeira - Revisão Eloise Guenther - Diagramação Paulo Henrique de Ramos - Ilustração Colaboradores Operacionais Carlos Alex Cavalcante Edson Luis Marchinski Thiago Barboza Taques CRÉDITOS João Carlos Gomes Reitor Carlos Luciano Sant’ana Vargas Vice-Reitor Ficha catalográfica elaborada pelo Setor Tratamento da Informação BICEN/UEPG. Todos direitos reservados ao Ministério da Educação Sistema Universidade Aberta do Brasil Zanon, Puglia Denise Z33d Didática 2 / Denise Puglia Zanon e Maiza Taques Margraf Althaus. Ponta Grossa : UEPG/NUTEAD,2010. 105p. il. Licenciatura em Pedagogia - Educação a distância. 1. Processo didático. 2. Processo ensino-aprendizagem - avaliação. I. Althaus, Maiza Taques Margraf. II. T. CDD : 370.1 APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL A Universidade Estadual de Ponta Grossa é uma instituição de ensino superior estadual, democrática, pública e gratuita, que tem por missão responder aos desafios contemporâneos, articulando o global com o local, a qualidade científica e tecnológica com a qualidade social e cumprindo, assim, o seu compromisso com a produção e difusão do conhecimento, com a educação dos cidadãos e com o progresso da coletividade. No contexto do ensino superior brasileiro, a UEPG se destaca tanto nas atividades de ensino, como na pesquisa e na extensão Seus cursos de graduação presenciais primam pela qualidade, como comprovam os resultados do ENADE, exame nacional que avalia o desempenho dos acadêmicos e a situa entre as melhores instituições do país. A trajetória de sucesso, iniciada há mais de 40 anos, permitiu que a UEPG se aventurasse também na educação a distância, modalidade implantada na instituição no ano de 2000 e que, crescendo rapidamente, vem conquistando uma posição de destaque no cenário nacional. Atualmente, a UEPG é parceira do MEC/CAPES/FNED na execução do programas Pró-Licenciatura e do Sistema Universidade Aberta do Brasil e atua em 38 polos de apoio presencial, ofertando, diversos cursos de graduação, extensão e pós-graduação a distância nos estados do Paraná, Santa Cantarina e São Paulo. Desse modo, a UEPG se coloca numa posição de vanguarda, assumindo uma proposta educacional democratizante e qualitativamente diferenciada e se afirmando definitivamente no domínio e disseminação das tecnologias da informação e da comunicação. Os nossos cursos e programas a distância apresentam a mesma carga horária e o mesmo currículo dos cursos presenciais, mas se utilizam de metodologias, mídias e materiais próprios da EaD que, além de serem mais flexíveis e facilitarem o aprendizado, permitem constante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação. Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para promover a sua aprendizagem e que tenha muito sucesso no curso que está realizando. A Coordenação ■ PALAVRAS DAS PROFESSORAS 7 ■ OBJETIVOS E EMENTA 9 O PROCESSO DIDÁTICO 11 ■ SEÇÃO 1- PLANEJAMENTO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM 13 ■ SEÇÃO 2- OBJETIVOS: SUA IMPORTÂNCIA E AS PROPOSIÇÕES PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO ESCOLAR 18 ■ SEÇÃO 3- NÍVEIS DE PLANEJAMENTO, PLANOS DE ENSINO E O TRABALHO COM PROJETOS: POSSIBILIDADES DIDÁTICAS DE ORGANIZAÇÃO 29 ■ SEÇÃO 4- MOTIVAÇÃO E INCENTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM 47 ■ SEÇÃO 5- A RELAÇÃO PEDAGÓGICA NA SALA DE AULA: DISCIPLINA E INDISCIPLINA 53 AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM 63 ■ SEÇÃO 1- AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM: CONCEITOS E MODALIDADES 64 ■ SEÇÃO 2- O PEDAGOGO E A ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA DE INSTRUMENTOS AVALIATIVOS PARA DIFERENTES NÍVEIS DE ENSINO 69 ■ PALAVRAS FINAIS 91 ■ REFERÊNCIAS 93 ■ NOTAS SOBRE AS AUTORAS 105 SUMÁRIO PALAVRAS DAS PROFESSORAS “ [...] A [aula] é dança e dança é alegria. Dança, pois, teu desespero, dança. Tua miséria, teus arrebatamentos, Teus júbilos E, Mesmo que temas imensamente a Deus, Dança como David diante da Arca da Aliança; Mesmo que temas imensamente a morte Dança diante da tua cova. Tece coroas de [palavras] Enquanto a [aula] não termina A [palavra] é como uma esperança Que eternamente se renova. [...]” Mario Quintana (Poesia Aula Inaugural) É uma satisfação apresentar a você este livro de Didática II. Suas páginas contemplam a experiência que colhemos ao longo da organização e publicação das obras anteriores para a Educação a Distância (ALTHAUS; ZANON, 2009). Didática II é muito mais que uma obra inserida na formação do pedagogo no ensino a distância, pois reveste-se de dupla importância: em primeiro lugar, trata-se de um trabalho profícuo realizado por nós, autoras, no intuito de rever e aprimorar também a prática docente que desenvolvemos no ensino presencial ao longo dos anos. Além disso, este livro constitui-se em tentativa de garantir a unidade entre as concepções e conhecimentos desenvolvidos na obra anterior, além de lhe agregar novos saberes. As fontes deste trabalho provêm de estudos e pesquisas desenvolvidas envolvendo a educação básica e o ensino superior. Assim compreendido, este livro tem por principal objetivo tornar-se um instrumento de trabalho, visando contribuir em sua formação pedagógica e tem como imperativo que ensinar é um “-métier-” e requer aprendizagens constantes, as quais possibilitam a compreensão de que o domínio de conteúdos específicos a serem trabalhados com os alunos é condição indispensável, porém não suficiente para essas aprendizagens. Em outras palavras, destacamos aqui as questões de ensino, ou seja, levamos em conta “[...] um conjunto de temas e questões que aparecem em todas as ocasiões de ensino, em especial nas situações escolares, e cujas respostas não dependem apenas dos conteúdos do ensino” (CORDEIRO, 2007, p.34). Enquanto teoria geral do ensino (VEIGA, 2010, p. 54) a Didática generaliza o que é comum e fundamental para a prática pedagógica no processo de formação docente. Mais adiante, você terá no seu curso as disciplinas que discutirão as metodologias específicas para o ensino dos conteúdos nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O trabalho proposto neste livro tem como objetivo, já na primeira unidade, oferecer a você referenciais que possibilitem a percepção e a compreensão do processo didático e de seus elementos na prática pedagógica escolar. Na segunda unidade, intitulada “Avaliação do processo ensino- aprendizagem”, discutiremos as concepções e modalidades da avaliação, bem como seus instrumentos.Bom estudo! Professora Denise Zanon Professora Maiza Althaus ObjetivOs Apresentamos os seguintes objetivos para os estudos que você desenvolverá neste livro: 1) Inferir do conhecimento didático desenvolvido na disciplina, possibilidades para a ação docente no espaço escolar. 2) Compreender as dimensões do processo didático na ação docente, considerando o planejamento e a avaliação como elementos indispensáveis para a gestão do trabalho pedagógico. 3) Desenvolver o raciocínio didático a partir dos conceitos e concepções teórico-práticas sobre planejamento didático, visando a organização da ação docente no cotidiano escolar. ementa Organização do trabalho docente no cotidiano escolar: objetivos educacionais, planejamento educacional e planos de ensino, motivação e incentivação. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. OBJETIVOS E EMENTA U N ID A D E IO processo didático ObjetivOs De aPRenDiZaGem Inferir que o planejamento, como estudo e prática didática, expressa a concepção dos professores a respeito do processo didático desenvolvido no cotidiano escolar. Discutir as características e as possibilidades didáticas de organização de diferentes planos de ensino, visando o desenvolvimento do raciocínio didático para a organização da ação docente no contexto escolar. Compreender a concepção de professor mediador no que respeita à relação pedagógica construída em sala de aula, contemplando as questões de motivação, disciplina e indisciplina. ROteiRO De estUDOs SEÇÃO 1 – Planejamento do processo ensino-aprendizagem. SEÇÃO 2 – Objetivos: sua importância e as proposições para o trabalho pedagógico escolar. SEÇÃO 3 – Níveis de planejamento, planos de ensino e o trabalho com projetos: possibilidades didáticas de organização. SEÇÃO 4 – Motivação e incentivação para a aprendizagem. SEÇÃO 5 – A relação pedagógica na sala de aula: disciplina e indisciplina. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 12 UNIDADE I PARA INÍCIO DE CONVERSA Prezado aluno! Nesta unidade, você estudará o processo de ensino na escola, aqui conceituado como processo didático, e entenderá a reciprocidade nas ações de ensinar e aprender – que envolvem professores e alunos, caracterizando esse processo. Retomando os conceitos desenvolvidos no livro de Didática I, salientamos que: Enquanto o professor dirige o processo didático, também compartilha com seus educandos, a responsabilidade da boa aula, negociando coletivamente, estabelecendo critérios definidos para as atividades e avaliações previstas.[...] A gestão da sala de aula, tendo na figura do professor um mediador, contempla um conjunto de atividades que, planificadas, organizadas, possibilitam consolidar o espaço da sala de aula com atividades educativas, desencadeadoras de interesse coletivo. (ALTHAUS, ZANON, 2009, p.67-68). Com o intuito de contribuir para que você aprenda a dinamicidade que envolve a relação professor, aluno e conhecimento, trataremos aqui do processo didático concebido como um conjunto coordenado de ações docentes, que requer estruturação de vários aspectos relacionados aos momentos da aula: - Na seção 1, apresentamos as concepções teóricas iniciais sobre o planejamento do processo ensino-aprendizagem, com diferentes abordagens. - Na seção 2, abordamos aspectos relacionados aos objetivos educacionais, pois o ato de planejar exige a descrição dos objetivos, os quais facilitam o desenvolvimento do processo de ensino. - Na seção 3, discutimos os níveis de planejamento e as possibilidades didáticas para sua organização. D id á tic a 2 13 UNIDADE I - Na seção 4, você verá indicativos sobre as questões que envolvem a motivação e seus significados. - Na seção 5, tratamos da compreensão das questões de disciplina e indisciplina na sala de aula, as quais perpassam a relação pedagógica. Sugerimos que você realize uma leitura atenta sobre dos conteúdos aqui apresentados, analisando-os criticamente, apoiado nos subsídios teóricos da disciplina. Também solicitamos que você resgate a seção intitulada “As dimensões do processo didático na ação docente”, contemplada na unidade 2 do seu livro de Didática I. Desejamos que o estudo realizado neste livro e as referências indicadas sejam de proveito. Sucesso! SEÇÃO 1 PLANEJAMENTO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM O ensino pode ser concebido como uma atividade e uma profissão de planejar, situada entre o conhecer e o atuar. J. Gimeno Sacristán Caro aluno, nesta seção você compreenderá que o planejamento se constitui num processo evolutivo, caracterizado pela dinamicidade e sequência de etapas, as quais estruturam a ação docente. O planejamento escolar constitui-se numa tarefa docente que contempla a previsão das atividades didáticas para a organização do trabalho pedagógico, frente aos objetivos delineados. Importa saber também que o planejamento é um espaço-tempo para a programação das ações docentes, que se concretizam através da pesquisa e da reflexão sobre o que, como e para que ensinar. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 14 UNIDADE I Sabemos que o planejamento não deve referenciar apenas a lógica daquilo que desejamos ensinar, ou do conteúdo que deve ser ensinado. Isso porque, numa perspectiva didática, o planejamento só tem ressonância quando aqueles a quem se dirige abrem um espaço de oportunidades para aprender. (RUÉ, 2003). Ao planejar a ação docente, é imprescindível reconhecer as funções apresentadas por Zabala (1998), dentre as quais se destacam: - flexibilizar o planejamento, de maneira que permita a adaptação às necessidades expressas pelos alunos; - considerar os conhecimentos prévios dos alunos no desenvolvimento da aula, os quais podem subsidiar o planejamento das demais aulas; - definir metas que estejam ao alcance dos alunos, para que possam ser superadas através da mediação docente. Você conhece o posicionamento teórico de alguns autores que se dedicam a pesquisar o planejamento? Observe, a seguir, algumas contribuições. D id á tic a 2 15 UNIDADE I Na obra A prática educativa, como ensinar, Zabala discute as variáveis que configuram a prática educativa. Segundo o autor, A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem as peças substanciais em toda prática educacional. O planejamento e a avaliação dos processos educacionais são uma parte inseparável da atuação docente, já que o que acontece nas aulas, a própria intervenção pedagógica, nunca pode ser entendida sem uma análise que leve em conta as intenções, as previsões, as expectativas e a avaliação dos resultados. (1998, p. 17). Saint-Onge (2001) aproxima-se do raciocínio de Zabala, ao apresentar o ensino como um conjunto de atividades que contempla as seguintes fases: pré-ativa, interativa e pós-ativa. Confira: [...] durante a fase pré-ativa, a professora ou o professor deve planejar sua ação e preparar os instrumentos de que terá necessidade para realizá- la. Logicamente, essa fase é prévia às outras, e a qualidade das outras fases dela dependerá. [...] A fase pré-ativa exige um trabalho considerável. Dificilmente se pode considerar que uma professora ou um professor desenvolva sozinho todas as habilidades requeridas pela concepção de métodos, pelo planejamento e pela criação de material de ensino. (SAINT-ONGE, 2001, p.221). Conceber o planejamento como um processo de decisão é um princípio presente nas contribuições dos autores que seguem abaixo. Para Libâneo (1996, p. 226): “[...] o planejamento escolar é uma atividade que orienta a tomada de decisões da escola e dos professores em relação às situações docentes de ensino e aprendizagem, tendo em vista alcançar os melhores resultados possíveis.” Assim, podemos compreender que a “[...] construção do planejamento docente constitui-se num trabalho conjunto, que inclui a tomada de decisões, a reflexão sobre as melhores formasde desenvolvimento do processo pedagógico junto aos alunos”. (ZANON, 2004, p.96). Considerar o ensino como um processo de tomada de decisões, multidimensional, dinâmico, mutável e complexo exige atualizações rápidas e contextualizadas, podendo-se fazer uso de rotinas planejadas antecipadamente. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 16 UNIDADE I Para Pérez Gómez (1983), tais exigências ocorrem ao longo do comportamento pré-ativo do professor (planejamento de ensino) e também ao longo do comportamento interativo (no próprio processo de ensino e aprendizagem). Apesar de serem processos vinculados, o autor destaca que há maneiras distintas de processar a informação e de tomar decisões, além da necessidade de dominar estratégias e habilidades específicas. Desse modo, o planejamento reflete a capacidade dos professores de antever e delinear situações didáticas. Para tal, os professores recorrem a fontes de informação, especialmente no que se refere aos conhecimentos que eles deverão ter sobre: os processos de ensino e aprendizagem; os conteúdos que ensinam aos alunos; o contexto em que a dinâmica do ensino ocorre. Com base nessas afirmações, imperativo se faz compreender que o planejamento é bastante complexo, pois envolve o trabalho do professor enquanto uma atividade instrumentada e direcionada. O professor é, concomitantemente, um profissional que prescreve tarefas dirigidas aos alunos e a ele mesmo, e um organizador do trabalho dos alunos, que ele deve regular ao mesmo tempo em que os mobiliza coletivamente para a própria sistematização da tarefa. Lembre-se de que o professor é um planejador, que reconhece as situações futuras em função da ação conjunta conduzida por ele mesmo e também por seus alunos, com base nos avanços realizados e nas prescrições (AMIGUES, 2004, p. 49). Considerar o planejamento de ensino como um “[...] espaço de oportunidades para o desenvolvimento da aprendizagem por parte do aluno” (RUÉ, 2003, p.105) talvez seja o nosso desafio como educadores. Planejar aulas, planejar projetos... No cotidiano escolar, com quais práticas de planejamento os professores se defrontam? O que caracteriza um planejamento ou um plano? Existem diferenças conceituais? D id á tic a 2 17 UNIDADE I Veja agora o posicionamento trazido por Fusari (1989, p.10): Enquanto o planejamento do ensino é o processo que envolve “a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tempo todo, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educandos” [...] o plano de ensino é um momento de documentação do processo educacional escolar como um todo. Plano de ensino é, pois, um documento elaborado pelo(s) docente(s), contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, numa área e/ou disciplina específica (Grifo nosso). Dessa forma, compreendemos o planejamento como uma reflexão e estudo que fazemos na prática pedagógica escolar. Sua concretização se dá através dos diferentes planos (plano anual, semestral, de aulas, projetos), que, sendo documentos, registram as decisões e estudos feitos na ação do planejamento. “O plano corresponde a um certo momento de amadurecimento e de clareza no processo de planejamento” (VASCONCELLOS, 2006, p. 80). Em outras palavras, enquanto o planejamento é uma ação sempre presente, os planos são provisórios. Para continuar aprendendo sobre o planejamento, é fundamental a compreensão de que a definição das finalidades e dos objetivos da educação constituem-se ponto de partida para análise e organização das práticas pedagógicas. Nas palavras de Zabala (1998, p. 29), “é impossível avaliar o que acontece na sala de aula se não conhecemos o sentido último do que ali se faz”. Desse modo, na próxima seção, você conhecerá os estudos realizados sobre os objetivos educacionais e de ensino. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 18 UNIDADE I SEÇÃO 2 OBJETIVOS: SUA IMPORTÂNCIA E AS PROPOSIÇÕES PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO ESCOLAR Você já parou para pensar sobre como o curso de Pedagogia a Distância entrou em seu projeto de vida? Já se questionou sobre o objetivo que pretende alcançar ao longo do processo de formação? Para Zabala (1998), a determinação das finalidades ou objetivos da educação é o ponto de partida para a análise da prática educativa. O que pretendemos quando ensinamos? Esse questionamento permite-nos refletir que, nas escolas, professores vêm se dedicando cada vez mais no preparo sobre o que será feito no cotidiano com os alunos (atividades propostas, materiais e recursos a serem utilizados). É sabido também que, às vezes, sobra pouco tempo para pensar sobre as finalidades educativas que se procura atingir. Parece ser mais fácil, para alguns professores, apresentar atividades interessantes aos alunos do que refletir a respeito das finalidades e objetivos que devem estar por trás dessas atividades. (BASSEDAS, 1999). Definir objetivos para o trabalho pedagógico escolar parece ser muito simples, mas de fato não é nada fácil, pois muitas vezes percebemos que algumas atividades desenvolvidas com nossos alunos não se revelam pertinentes aos objetivos traçados. Como num processo didático, os objetivos são planejados e também avaliados. Na obra Didática, a aula como centro, Masetto (1997, p. 88) afirma que o estabelecimento de objetivos orienta os professores quanto à seleção dos conteúdos. Ao considerar a relação entre objetivos e conteúdos, Zabala (1998, p. 30) esclarece que o termo conteúdo deve ser entendido como: “[...] tudo quanto se tem de aprender para alcançar determinados objetivos [...]”. D id á tic a 2 19 UNIDADE I Ao responder à pergunta “o que se deve aprender”?, Zabala considera que: [...] deveremos falar de conteúdos de natureza muito variada: dados, habilidades, técnicas, atitudes, conceitos. Das diferentes formas de classificar essa diversidade de conteúdos, Coll (1986) propõe uma que, como veremos, tem uma grande potencialidade explicativa dos fenômenos educativos. Este autor agrupa os conteúdos segundo sejam conceituais, procedimentais ou atitudinais. Esta classificação corresponde respectivamente às perguntas: ‘o que se deve fazer?’, ‘o que se deve saber fazer?’, e ‘como se deve ser?’, com o fim de alcançar as capacidades propostas nas finalidades educacionais. Ainda segundo Zabala (1998, p. 30), tal classificação não pretende compartimentar conteúdos, pois estes são organizados com a intenção de auxiliar a compreensão dos processos de cognição, sem perder de vista o conhecimento em sua totalidade. Observe, a seguir, os conceitos relativos a cada conteúdo: Por conteúdos factuais se entende o conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares [...] Consideramos que o aluno ou a aluna aprendeu um conteúdo factual quando é capaz de reproduzi- lo. Os conceitos se referem a um conjunto de fatos, objetos ou símbolos que têm características comuns. [...] Uma das características dos conteúdos conceituais é que a aprendizagem nunca pode ser considerada acabada, já que sempre existe a possibilidade de ampliar ou aprofundar seus conhecimentos, de fazê-la mais significativa. Um conteúdo procedimental – [...] é um conjunto de ações, ordenadas e com um fim, quer dizer, dirigidas para a realização de um objetivo. [...] em termos muito gerais, podemos dizer que se aprendem os conteúdos procedimentais a partir de modelos especializados. O termo conteúdos atitudinais engloba uma série de conteúdos que por sua vez, podemos agrupar em valores, atitudes e normas. (ZABALA, 1998, p. 41-47. grifo nosso) U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 20 UNIDADE I Depois de compreendida a relação entre conteúdos e objetivos, quais seriam os aspectos favoráveis ao trabalho comobjetivos na prática pedagógica escolar? Ao discutir sobre as vantagens e limitações na formulação de objetivos, Gil (2008, p.123 - 124) afirma que existem alguns argumentos favoráveis com relação à proposição de objetivos: apresentá-los no início do curso permite aos alunos o conhecimento prévio do que será tratado ao longo do período escolar. Além disso, a formulação didática dos objetivos permite a seleção dos conteúdos, auxiliando também na escolha das estratégias e recursos de ensino. Agora que você conheceu algumas posturas com relação aos objetivos de ensino, é importante saber a diversidade de pontos de vista sobre o assunto. Diferentes pesquisadores (Mager, Bloom, Gagné) estabeleceram categorias para a elaboração de objetivos, que adotamos até os dias atuais em nossas práticas. Principalmente na década de 70, observamos a presença de trabalhos como os de Mager – Medindo objetivos de ensino (1977) e, de Bloom – Taxionomia dos objetivos educacionais (PENTEADO, 2002; GIL, 2008). Benjamin Bloom é certamente o autor mais citado nos trabalhos referentes à formulação de objetivos educacionais. Sua principal contribuição (ao estudo desse tema) é a Taxionomia dos objetivos educacionais, obra iniciada em 1948, durante a convenção da Associação Americana de Psicologia, em que se discutiu a conveniência do estabelecimento de um quadro teórico de referência que facilitasse a comunicação entre examinadores. Os planos originais previam uma taxionomia completa em três grandes partes: cognitiva, afetiva e psicomotora. Os objetivos do domínio cognitivo envolvem a resolução de alguma atividade intelectual. Os objetivos afetivos enfatizam o sentimento, emoção ou grau de aceitação ou rejeição. São expressos como interesses, atitudes ou valores. Por fim, os objetivos do domínio psicomotor enfatizam alguma habilidade muscular ou motora. Outra contribuição foi trazida por Gagné (apud COLL, 1996, p. 54- D id á tic a 2 21 UNIDADE I 55) por meio da sua experiência ao tentar ensinar um grupo de crianças a encontrar fórmulas para somar números naturais. Gagné formulou a hipótese de que essa destreza não podia ser obtida se não adquirissem previamente outras destrezas, identificadas ao responder à pergunta: “O que o aluno deve ser capaz de fazer, para realizar adequadamente a tarefa?” Segundo Penteado (2002, p. 66), os pioneiros nos estudos dos objetivos tiveram a “objetividade” como marca das metas pretendidas com a ação educativa. A citação abaixo merece atenção especial: A possibilidade de verificação, de constatação do grau de atingimento do comportamento pretendido para o aluno seria o aferidor mais preciso e sensível das propriedades e/ou impropriedades da ação educativa sistemática desenvolvida pelo professor e, ao mesmo tempo, um indicador de reformulações desta ação. Por esta perspectiva passaram a ser inadmissíveis objetivos muito frequentes na época, do tipo: * desenvolver a personalidade do aluno de maneira integral; * despertar o gosto do aluno pela literatura, pelas artes ou pelo que quer que fosse; * estimular o interesse do aluno pela história. A essas proposições questionava-se imediatamente: o que é desenvolvimento integral da personalidade? O que faz o aluno que tem a sua personalidade sendo de maneira integral? De que literatura o aluno deve gostar? [...] O esforço de atendimento a tais exigências contribuiu para uma qualificação da ação educativa a ser desenvolvida no sentido de permitir um planejamento e uma organização da ação docente melhor direcionados para os alvos desejados e uma avaliação mais apurada do alcance dessa ação. [...] O que concluir de tudo isso? Que a explicitação e a transparência das metas da ação docente traduzidas em objetivos comportamentais são desnecessárias? Que o ato educativo é um ato aleatório de mera inspiração e dom, e, portanto, pessoal e intransferível? Que o fenômeno educativo não é passível de tratamento científico? E a autora extrai algumas sábias lições das constatações antagônicas acima mencionadas: como perceber o que acontece internamente com o educando, no que respeita às metas de ensino propostas? E quando os comportamentos esperados em resposta a determinada ação educativa não ocorrem de maneira explícita, como se certificar da dimensão subjetiva em que se encontram? (Idem, p. 70). U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 22 UNIDADE I Em outras palavras, a racionalidade e a objetividade diante dos fenômenos do comportamento humano exigem a admissão da subjetividade como um fato que antecede, acompanha e sucede os próprios comportamentos exteriorizados. Essa é a nossa primeira lição. Ignorar a subjetividade significa perder objetividade e lucidez diante do objeto que nos ocupa. Criar formas de avançar no conhecimento dessa dimensão humana é o nosso desafio. Sendo a prática pedagógica escolar uma atividade que responde a algumas intenções, seu desenvolvimento requer um planejamento que concretize tais intenções em propostas realizáveis. Assim compreendida, ela exige a definição de objetivos. Será que INTENÇÕES têm o mesmo significado que OBJETIVOS? “As intenções educativas são enunciados abrangentes e gerais sobre o que se deseja com o processo educativo como um todo” (RAYS, 2000, p. 37). Desse modo, as intenções são conhecidas como fins educativos, são amplas (gerais) e relacionam-se com o nível mais amplo do planejamento (dimensão do planejamento educacional). A expressão “objetivos” é comumente reservada para as intenções educativas que são formuladas com um certo grau de concretização (COLL, 1996), daí a complexidade do trabalho docente quando da definição de objetivos para os alunos sem perder de vista os objetivos mais amplos – ou gerais – estabelecidos pela escola, em seus projetos pedagógicos. Libâneo (1996, p. 121) também contribui, afirmando: “Os objetivos são o ponto de partida, as premissas gerais do processo pedagógico (...) são uma exigência indispensável para o trabalho docente, requerendo um posicionamento ativo do professor em sua explicitação, seja no planejamento escolar, seja no desenvolvimento de suas aulas”. Conforme você já viu anteriormente, o planejamento é sempre uma atividade intencional, que se reveste de suas concepções políticas, sociais, pedagógicas e, também, técnicas (apesar de não se esgotar nelas). O envolvimento dos alunos constitui-se uma característica fundamental do trabalho pedagógico, através de projetos, planos de D id á tic a 2 23 UNIDADE I aula semanais, etc. Envolver-se com os alunos, visando à construção de conhecimentos, implica a definição de objetivos, que dão unidade às várias atividades propostas. Como você já estudou no início deste livro, o ensino é concebido como uma atividade compartilhada, como relação, então, cabe questionar: qual é o significado dessa relação para as pessoas que a vivem? “A pergunta encaminha diretamente aos objetivos educacionais, que, nesta perspectiva, não mais se esgotam nos objetivos postos pelo professor para essa relação; há que se considerar os objetivos dos alunos”. (PENTEADO, 2002, p. 71-72). A autora ainda problematiza: de quem são os objetivos, do professor, do aluno ou de ambos? (Idem, p. 80). A definição de objetivos em parceria com os alunos nas ações planejadas pode ser evidenciada no relato a seguir, extraído da obra Ensinando crianças de três a oito anos: A vinda de um visitante pode ser um evento especial. Embora o professor fique encarregado de fazer os contatos e as combinações necessárias, as crianças podem se envolver no planejamento da visita, na redação do convite e nos agradecimentos. Ao planejarem com as crianças, os professores devem falar sobre os objetivos da visita e sobre como elas podem aproveitar ao máximo os recursos que ela vai lhes propiciar. (SPODEK; SARACHO, 1998, p. 156 – grifo nosso). Saint-Onge(2001, p. 224) contribui nesse aspecto, ao dizer: Para aprender, é preciso ter um projeto [...] Uma das funções da professora e do professor é fazer os alunos tomarem consciência de certas necessidades, pô-los em situação de querer aprender, permitir-lhes fixar objetivos cujo atingimento será avaliado quando dos exames. Não basta aqui enunciar objetivos pré- fabricados. É necessário colocar os alunos diante de um desempenho desejável e sugerir-lhes esse desempenho como projeto de aprendizagem. Para que os alunos possam dar sentido ao que irão aprender, é importante que os objetivos sejam construídos e compartilhados com eles. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 24 UNIDADE I Por que estabelecer objetivos? • Para prever, para planejar; • para tomar iniciativas; • para antever, para intervir; À medida que se desenvolve o trabalho com os alunos, os planos elaborados vão se ajustando... vão sendo avaliados, reavaliados, e novos objetivos vão sendo estabelecidos. Qual é a relação da dimensão política do planejamento com os objetivos? Quando professores planejam atividades para seus alunos (RAYS, 2000, p. 14), já é possível perceber a dimensão política do ato educativo a partir do momento em que se faz a previsão: • dos objetivos; • dos conteúdos programáticos; • das metodologias de ensino; • dos processos de avaliação de aprendizagem, que serão desenvolvidos num conjunto de atividades didáticas. Penteado (2002, p. 74) apresenta as implicações práticas referentes aos objetivos de ensino, que não são exclusividade de quem ensina. Compreendemos que a proposta da autora, numa perspectiva de uma metodologia da comunicação escolar, reveste-se de uma postura político- pedagógica de propor objetivos, ou seja, a situação de ensino escolar assume a perspectiva da educação enquanto relação sociopedagógica. A autora propõe então, de forma prática, que os professores: • conversem com os alunos sobre a disciplina com que trabalham, para levantar os significados que ela tem para eles (questões como: “Vocês já tinham esta disciplina anteriormente? Gostam? Não? Por quê?”), além de levantar o significado que a disciplina tem para eles, professores; • apresentem aos alunos, no início do ano letivo e ao início de D id á tic a 2 25 UNIDADE I cada novo tema, os objetivos pretendidos (com o curso, com cada tema), além de considerar o que os alunos sentem em relação a tais objetivos, recolhendo sugestões. Objetivos definidos implicam certas decisões relativas à sua implementação. Como já mencionamos anteriormente, compartilhá-los implica envolver os alunos no que respeita aos objetivos definidos, pois, se o aluno é sujeito de sua aprendizagem, deve estar ciente do que precisa percorrer. Além disso, percorrer um objetivo pressupõe compreender que a prática pedagógica não é linear. Ao contrário, é complexa e sujeita a múltiplas situações não previstas, o que requer do professor e dos alunos opções constantes. Isso significa que há momentos que, mesmo com objetivos definidos, exigem constantes tomadas de decisões dos sujeitos envolvidos, reavaliações do que se vive, do que se percorre. Você também deve ter notado que os objetivos indicam como as intenções educativas (que você já estudou anteriormente) podem ser desenvolvidas em situações específicas que orientam decisões pedagógicas. Os objetivos podem ser descritos de várias formas: palavras que indicam ações, como conceituar, escolher, compreender, compor, expressar, debater, cooperar, resolver, são úteis na descrição dos objetivos. Esses devem ser claros para ajudar o professor a desenvolver estratégias, procedimentos de ensino e avaliações. Descritos como ações que potencialmente serão desencadeadas nas situações didáticas no trabalho escolar, os objetivos se fazem presentes enfocando múltiplas possibilidades: desenvolvimento de habilidades cognitivas, afetivas ou atitudinais, psicomotoras, procedimentais, etc. Diferentes autores apontam, em obras de Didática e de Metodologia de Ensino, alguns indicativos para a organização/redação de objetivos. Em sua prática como professora de Didática, Althaus (2009) organizou e disponibilizou na Internet material didático sobre a organização e definição dos objetivos. Em síntese, ela aponta que há princípios básicos e comuns quanto à formulação didática de objetivos. Ela diz, por exemplo, que cumpre observar a redação, pois um objetivo traz uma intencionalidade (ações descritas como as mencionadas acima). U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 26 UNIDADE I É igualmente importante observar a diferença entre uma atividade e um objetivo. Por exemplo: - diferenciar, utilizando cores diferentes, as capitais da região sul do Brasil. “Diferenciar”, neste caso, é um objetivo, pois a utilização das cores é condição para atingir a meta de aprendizagem, ou seja, diferenciar as capitais da região sul. Porém, afirma Althaus, utilizar as cores diferentes pode ser um objetivo em outra área do conhecimento – no ensino de Artes Visuais, por exemplo. Gasparin (2002, p. 117) contribui também, para essa discussão, ao dizer que os alunos realizam atividades mentais durante a aula, tais como: memorizar (recordar, repetir), compreender (dizer com as próprias palavras o que ouviu e leu, interpretar), aplicar (exemplificar, demonstrar), analisar (distinguir, debater), sintetizar (criar, planejar, construir) e avaliar (julgar, criticar, comparar). Compreendemos assim que tais ações voltam-se aos objetivos propostos para as aprendizagens dos alunos, diferentemente das atividades de ordem física, que são também fundamentais, tais como: ler um texto, ouvir a exposição do professor ou dos colegas, fazer anotações, trabalhar em grupo ou individualmente, fazer visitas, etc. Também é importante saber que o objetivo (de aprendizagem) é direcionado aos alunos, e não ao professor. Evitar, por exemplo, enunciados como: “Explicar as diferenças entre animais vertebrados e invertebrados”. Questiona-se: quem explicará? Se é o professor, então este objetivo está voltado para o professor; ou então, “Levar o aluno a participar de discussões abertas sobre o desmatamento”. Quem levará? Como você deve ter percebido, professores comumente pensam em metas a longo e também a curto prazo. Veremos agora as possibilidades da definição didática de objetivos para o trabalho pedagógico. Objetivos gerais [...] são explicitados em três níveis de abrangência, do mais amplo para o mais específico: a) pelo sistema escolar (...); b) pela escola (...) através do projeto pedagógico; c) pelo professor, que concretiza no ensino da matéria a sua própria visão de educação e de sociedade”. (LIBÂNEO, 1996, p. 123) D id á tic a 2 27 UNIDADE I Os objetivos gerais pretendidos para os alunos através de uma atividade poderiam responder à pergunta: para que a faremos? Ou ainda: quais são as grandes finalidades dessa proposta? Assim compreendidos, os objetivos que conhecemos como gerais explicam as razões de uma decisão, bem como a importância dos argumentos de aprendizagem para um período de tempo mais abrangente. Desse modo, os objetivos gerais possuem uma dimensão ampla. Já quando pensamos na situação do planejamento didático de uma aula, por exemplo, os objetivos mais específicos indicam o que os alunos poderão aprender com a aula proposta, assumindo, portanto, uma dimensão mais restrita, ou seja, uma temporalidade mais imediata – a curto prazo. Vale dizer que os objetivos específicos delimitam as ações complementares para percorrer o objetivo geral. Objetivos específicos É preciso compreender a necessidade do desdobramento dos objetivos gerais em objetivos mais específicos. Na obra A prática educativa: como ensinar, Zabala (1998, p.29) afirma “[...] os grandes propósitos estabelecidos nos objetivos educacionais sãoimprescindíveis e também úteis para realizar a análise global do processo educacional ao longo de toda uma série, e sem dúvida, durante todo um ciclo ou uma etapa”. Porém, quando enfocamos a dimensão mais próxima das atividades em sala de aula, por exemplo, temos que buscar instrumentos mais definidos, que são expressos por meio dos objetivos mais imediatos, os quais [...] particularizam a compreensão entre escola e sociedade e especialmente do papel da matéria de ensino. Expressam as expectativas do professor sobre o que deseja obter dos alunos no decorrer do processo de ensino (...) Deve-se dosar o grau de dificuldades, de modo que expressem desafios, problemas, questões estimulantes (LIBÂNEO, 1994, p.12). Você também conhecerá outras categorias de objetivos, que serão apresentadas nas atividades do livro na plataforma de trabalho de seu curso, a saber: U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 28 UNIDADE I • Objetivos abertos ou expressivos (Elliot Eisner) • Objetivos provocativos (Elliot Eisner) • Objetivos cognitivos (Bloom) • Objetivos afetivos (Bloom) • Objetivos psicomotores (Bloom) Eisner foi pioneiro da proposta dos objetivos expressivos, ou abertos. O autor criticava os objetivos de instrução, que fixam rigorosamente o processo de ensino, excluindo possibilidades de introduzir mudanças no ensino, pois não levam em conta as características individuais dos alunos. Já os expressivos são abertos quanto aos resultados potenciais da aprendizagem. Exemplo: interpretar o significado de uma música. ALGUMAS IDEIAS IMPORTANTES PARA GUARDAR ANTES DE INICIAR A PRÓXIMA SEÇÃO: • Planejar a ação educativa, definindo objetivos, implica fazê-la mais reflexiva e fundamentada, passível de análise permanente. • Muitas escolas adotam diferentes classificações de objetivos para acompanhar o processo ensino-aprendizagem. • Diferentes possibilidades de roteiros de registro dos objetivos são propostas pelas equipes pedagógicas das escolas, visando articular o processo ensino-aprendizagem ao processo de planejamento e avaliação. • “É papel específico do professor convencer os seus alunos da importância dos objetivos propostos, posto que é ele quem conhece a matéria [...] Porém, convencer significa adesão e não imposição”. (PENTEADO, 2002, p. 73). • Nas atividades da Plataforma, você terá acesso a uma relação de verbos que auxiliam na prática da redação dos objetivos. Trata-se de um material de apoio, classicamente adotado por professores nas escolas, que poderá subsidiar seu trabalho na organização de planos didáticos. D id á tic a 2 29 UNIDADE I SEÇÃO 3 NÍVEIS DE PLANEJAMENTO, PLANOS DE ENSINO E O TRABALHO COM PROJETOS: POSSIBILIDADES DIDÁTICAS DE ORGANIZAÇÃO Com o planejamento, esperamos prever ações e condições; racionalizar tempo e meios; fugir do improviso e da rotina; assegurar unidade, coerência, continuidade e sentido ao nosso trabalho (FARIAS et al, 2009, p. 107). O ato de planejar, organizar as ações docentes e discentes, exige o domínio de conhecimentos sobre os níveis que compõem o processo de planejamento. Para elaborar um plano de aula, por exemplo, os professores também recorrem a outros planos organizados numa perspectiva mais ampla, em dimensões maiores, tais como: o plano curricular das disciplinas, o projeto político-pedagógico, e outros. Muitas vezes ouvimos perguntas como: - Será o planejamento do processo ensino-aprendizagem uma exigência ou uma opção para o professor? - Deve o professor participar do planejamento escolar, por meio da organização do projeto político-pedagógico? - Há necessidade do professor em participar dos períodos dedicados ao planejamento? (tais como as reuniões pedagógicas, horários específicos para planejar). Para poder responder a essas perguntas, utilizaremos inicialmente os referenciais legais, que nos permitem compreender nossas atribuições U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 30 UNIDADE I frente ao trabalho de planejar. Esse é o ponto de partida para esta seção: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, que determina: Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola. Diante dos indicativos dispostos em Lei, os questionamentos anteriores tornam-se agora mais claros, pois sendo incumbência dos professores o ato de planejar, não se trata de opção pessoal. Compete aos professores, portanto, a participação na elaboração do projeto político-pedagógico da escola em que atua, conforme os termos acima explícitos nos artigos 13 e 14 da nossa LDB. Por fim, é atribuição dos professores a organização do seu plano de trabalho, articulado com a proposta da escola, além de ser necessária sua inserção nos períodos atribuídos ao planejamento. Ao pensar em propor seu plano de trabalho, ou seja, o plano de ensino mais imediato à sua ação didática (compreendido como o plano anual da disciplina em que atua, por exemplo), de acordo com a Lei é preciso elaborar e também cumprir o plano de trabalho segundo a proposta da escola (Artigo 13, inciso II). Tal raciocínio permite-nos inferir que o trabalho docente por meio do planejamento requer o conhecimento D id á tic a 2 31 UNIDADE I das diferentes dimensões ou níveis de abrangência do planejamento na educação escolar. Ao ensinar, professores não utilizam somente planos ou roteiros específicos de uma aula. Há outros níveis mais amplos que também são objeto de planejamento e estudo dos professores. Veja, agora, a explicação abaixo. O planejamento ocorre em dimensões interligadas. Na imagem abaixo, é possível visualizar as frequentes propostas e compromissos dos professores com relação ao planejamento. Segundo Farias et al (2009, p. 104): Via de regra, em todo início de um período letivo – seja ano, semestre, bimestre ou qualquer outra fração de tempo – os professores são convocados para o planejamento de suas atividades. As Semanas Pedagógicas, como vêm sendo chamados os períodos de planejamento nas escolas, se multiplicam, assim como cresce o número de professores resistentes a esta tarefa. Na sua opinião, por que as escolas insistem na organização do planejamento e por que há uma resistência dos professores para a realização desse trabalho? Qual é a relevância do planejamento no cotidiano escolar? No esquema abaixo, você conhecerá o posicionamento de autores que enfatizam a relação entre os diferentes níveis ou dimensões do planejamento, que subsidiam a compreensão da relevância e os objetivos de cada nível de planejamento. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 32 UNIDADE I Planejamento de um Sistema Educacional Planejamento Escolar Planejamento Curricular Planejamento Didático ou de Ensino • Abrange as esferas Nacional, Estadual e Municipal • Expressa as Políticas Educacionais adotadas • Exemplos: Plano Nacional de Educação do Ministério da Educação; LDB 9394/96; Diretrizes Curriculares Nacionais, Estaduais e Municipais • Abrange o processo de tomada de decisão quanto aosobjetivos e ações pedagógicas e administrativas para o funcionamento escolar. “O contexto da escola é matéria- prima do PPP” (ZANON, 2004, p. 140) • O Projeto Politico Pedagógico (PPP) é o plano norteador do trabalho escolar, expressando a Filosofia da Escola e os objetivos que pretende atingir • Pressupõe envolvimento e participação de toda a comunidade escolar para ser organizado (Pais, Professores, Funcionários, Alunos, Equipe Pedagógica) • É construído coletivamente na Escola e pressupõe o conhecimento das Diretrizes fixadas pelos Conselhos Federal, Estadual e Municipal de Educação • É a previsão dos diversos componentes curriculares que serão desenvolvidos ao longo do curso, com a definição dos objetivos gerais e dos conteúdos programáticos de cada componente (HAYDT, 2006, p. 97) • Caracteriza-se pela previsão das ações e procedimentos que o professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades discentes e das experiências de aprendizagem, visando atingir os objetivos educacionais. Tem como referência as relações com as dimensões anteriores. • O Planejamento Didático ou de Ensino é a especificação e a operacionalização do Planejamento Curricular e abrange os seguintes tipos de Planos: • ANUAL OU SEMESTRAL (também conhecido como Plano de Curso, para cada disciplina prevista no Currículo); • PLANOS DE UNIDADE; • PLANOS DE AULA; • PROJETOS. Pensar em planejamento como processo implica discutir várias dimensões, que vão desde o projeto político-pedagógico até a proposta de docência. Esse processo é chamado por Minguili & Daibem (s.d, p.9) de Planejamento de ensino-aprendizagem: É o processo contínuo de pensar-querer-fazer a educação em dado momento e contexto humano- social. Processo que envolve a ação-reflexão-ação sobre o ensinar-e-aprender. Inicia com discussões para se ter clareza do que a Instituição pretende. A partir daí, vai abordando várias dimensões: a formação do profissional e ser humano que deseja (Projeto-Político-Pedagógico do Curso); a do D id á tic a 2 33 UNIDADE I conhecimento produzido em construção coletiva e socializado (plano de ensino) e a concretização das dimensões anteriores em sala de aula, na relação professor-aluno (plano de aula); entre essas dimensões, a articulação garante a “mão dupla” de planejar, realizar, avaliar e replanejar. A partir da citação acima, organizamos o seguinte diagrama para apresentar a rede de ações em que estamos envolvidos no contexto escolar. Planejamos quando: Participamos de reuniões pedagógicas Estudamos e pesquisamos Ensinamos nossos alunos e aprendemos com eles Avaliamos os processos de ensino e aprendizagem O que significa “planejar” na prática dos que ensinam? U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 34 UNIDADE I Na tentativa de responder a essa pergunta, apresentaremos relatos extraídos de pesquisas desenvolvidas (ALTHAUS, 2004; ZANON, 2004) com professores atuantes em escola pública. O trabalho docente deve estar vinculado ao PPP, caso contrário, não há razão para o mesmo existir, levando-se em consideração que o professor também é construtor do projeto [...] A supervisão deve dar suporte ao planejamento e ação, com reuniões, propostas de trabalho e de projetos. (ZANON, 2004, p. 115; 141) Planejo em casa e também na hora da aula. (ALTHAUS, 2004, p. 5) Por que elaborar planos? [...] os professores elaboram planos porque desejam escrever, porque desejam se posicionar, porque desejam participar desse movimento que implica construção de saberes, dessa forma que permite ver e dizer a educação e as infâncias e juventudes. Porque ao praticarem a escrita constroem a própria docência. Porque desejam compor uma outra maquinaria, um outro dispositivo, pelos quais seja possível ver e dizer outras coisas, outros saberes. (CHIQUITO, 2007, p. 123- Grifo nosso). Conforme você já estudou no início deste texto, o ensino contempla fases (pré-ativa, interativa e pós-ativa) que, embora relacionadas, possuem funções distintas. As atividades e tarefas planejadas na fase pré-ativa atuam como roteiros, planos ou rotinas para a ação didática do professor, conduzindo o ensino (na fase interativa). No cotidiano escolar, professores consultam, utilizam as rotinas e planos como apoio e constante possibilidade de registro e avaliação das práticas desenvolvidas. Ao ensinar seus alunos (SHAVELSON; STERN, 1981), os professores buscam, então, indicadores sobre os planos elaborados, pois a interação docente-discente, por ser não linear, requer constantes tomadas de decisões. Exemplificando: D id á tic a 2 35 UNIDADE I Reveja o quadro apresentado anteriormente, que trata das dimensões do planejamento, especialmente no que se refere ao planejamento didático ou de ensino. Como você percebeu através das atividades já desenvolvidas, o planejamento didático ou de ensino é organizado nas escolas, contemplando, comumente, as seguintes modalidades: a) Plano de curso b) Plano de unidade c) Plano de aula d) Projetos “Planejar supõe coisas diferentes para diferentes professores e equipes. Em lugar de pretender a homogeneização nos instrumentos que se utilizam, convém progredir no caráter inteligente do planejamento, como uma previsão que permite identificar as intenções educativas e os meios para alcançá-las”. (BASSEDAS, 1999, p.127) Quando o professor percebe que há alunos que não compreenderam o que foi proposto, é preciso tomar decisões: Continuar com o plano previsto? Replanejar a situação didática? Utilizar recursos que oportunizaram um resultado positivo em situações similares? U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 36 UNIDADE I PLANEJAMENTO DIDÁTICO OU DE ENSINO: QUAL É O PONTO DE PARTIDA? Para a proposição dos diferentes planos de ensino que se fazem necessários para o processo ensino-aprendizagem, o ponto inicial para fundamentar o trabalho com os conteúdos escolares advém do plano curricular da escola, elaborado e articulado ao projeto político-pedagógico. Este, por sua vez, tem como orientação as diretrizes curriculares expressas por meio das Secretarias Estaduais e/ou Municipais de Educação e também pelo Ministério da Educação (ou seja, pelo nível mais abrangente do planejamento: o sistema educacional). a) Plano de curso Leia atentamente os questionamentos abaixo, que expressam as indagações comumente presentes na prática pedagógica escolar, quando os professores objetivam organizar o trabalho com uma disciplina específica, para um período letivo: - Quais as expectativas de aprendizagem que tenho para esta turma durante este ano letivo? - Quais os objetivos finais, no ensino desta disciplina, que a minha escola tem para o trabalho pedagógico com esta série (ou ciclo)? - Que conteúdos serão trabalhados por meio do ensino desta disciplina? - O que acredito que os alunos responderão frente a esta proposta de ensino neste ano? - Quais os encaminhamentos metodológicos que privilegiarei no trabalho pedagógico com os alunos? - Considerando o sistema de avaliação da escola, previsto no projeto político-pedagógico, como organizarei a proposta de avaliação da aprendizagem dos alunos? Essas interrogações constituem-se o ponto de partida para a proposição do ensino de uma disciplina curricular, por meio da organização do plano de curso. Para Haydt (1999, p. 100), o plano de curso é a “[...] previsão do trabalho docente e discente para o ano ou semestre letivo”. Para tal, D id á tic a 2 37 UNIDADE I requer o conhecimento prévio da proposta pedagógica curricular. Assim compreendido, o plano de curso (também denominado como plano ou programa de disciplina) antecipa as ações didáticas do professor, que organiza os conteúdos em unidades, prevendo, de forma geral, a metodologia, os materiais e o tempo previsto para o trabalho com os conteúdos para o período letivo. Enquantoroteiro organizado das unidades didáticas para o trabalho pedagógico de uma disciplina (para um ano ou semestre), o plano de curso tem como premissa os objetivos para a aprendizagem dos alunos em relação aos conteúdos que precisam ser trabalhados. Para Haydt, “[...] é papel específico do professor convencer os seus alunos da importância dos objetivos propostos, posto que é ele quem conhece a matéria [...] Porém, convencer significa adesão e não imposição” (Idem, p. 73). As escolas organizam-se de diferentes maneiras, através da elaboração de roteiros próprios, imprimindo assim as características que são peculiares a cada instituição. Via de regra, os aspectos presentes na organização de um plano de curso, resguardando-se as particularidades de cada instituição de ensino, são: U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 38 UNIDADE I NOME DA ESCOLA/INSTITUIÇÃO DE ENSINO PLANO DE CURSO CURSO: DISCIPLINA: PROFESSOR RESPONSÁVEL: SÉRIE / CICLO / TURMA: CARGA HORÁRIA ANUAL/ SEMESTRAL: ANO: OBJETIVOS GERAIS Nesse campo, o professor expõe os objetivos que são definidos em função da natureza e peculiaridades da disciplina. Ao elaborar os objetivos, o professor leva em conta as orientações curriculares presentes em outros níveis de planejamento, ou seja: nas Diretrizes Curriculares do Estado ou Município e em outros documentos oficiais elaborados pelo Ministério da Educação. Nesse momento, os objetivos são definidos para serem atingidos no decorrer do ano ou semestre. ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS EM UNIDADES DIDÁTICAS Previsão de horas-aula para cada unidade Nesse item, a seleção dos conteúdos deve privilegiar a sequência lógica, o grau de dificuldade e o aprofundamento dos conceitos. A organização dos conteúdos em unidades didáticas deve considerar os objetivos propostos, pois eles serão o foco do trabalho do professor. Algumas escolas optam por detalhar os objetivos gerais em objetivos específicos para cada unidade didática, articulando assim o conteúdo da unidade com as expectativas de aprendizagem. Comumente, os planos de curso utilizam mais de uma página para descrever as unidades e conteúdos previstos. Exemplo: Unidade I – Título 12 horas previstas 1. Conteúdos 2. 3. 3.1 3.2 Unidade II – Título 20 horas previstas 1. 2. 2.1 Unidade III – Título 30 horas previstas 1. 1.1 1.2 2. 2.1 D id á tic a 2 39 UNIDADE I PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS Quanto aos procedimentos didáticos, o professor expõe os encaminhamentos metodológicos, considerando as unidades e conteúdos definidos no campo anterior. Nesse item, são apresentadas técnicas de ensino individuais ou coletivas, as quais são selecionadas e organizadas pelo professor, com o objetivo de garantir a aprendizagem dos conteúdos. RECURSOS Os recursos são previstos no Plano de curso, e possibilitam ao professor organizar-se previamente, para verificar a disponibilidade dos materiais na escola ou a necessidade de sua confecção. AVALIAÇÃO Para avaliar a proposta em ação, o professor definirá, tendo como referência o Projeto Político- Pedagógico da escola, o sistema de avaliação. Deverão também constar ali os instrumentos avaliativos e respectivos critérios de correção, além do caráter somativo que a escola adota (composição das médias). BIBLIOGRAFIA Devem ser listadas nesse campo todas as indicações bibliográficas consultadas para o planejamento, incluindo-se o livro didático adotado pela escola (revistas, endereços eletrônicos, jornais, etc.). No roteiro anterior, apresentamos os itens a serem contemplados no plano de curso. Porém, alguns ajustes ou inclusões são realizados pelas equipes pedagógicas, considerando as especificidades de cada nível de ensino. É o caso dos planejamentos anuais (planos de curso) para os anos iniciais do Ensino Fundamental e da Educação Infantil. Na Plataforma Moodle, você acessará páginas das Secretarias Municipais de Educação, para visualizar diferentes possibilidades de roteiros e organização dos planos. Quanto às redes estaduais de ensino, também percebemos múltiplas formas para proposição dos planos de ensino das disciplinas, diferenciando inclusive as nomenclaturas. No Estado do Paraná, por exemplo, a rede pública estadual de ensino adota a denominação Plano de Trabalho Docente. Nas atividades propostas ao final da unidade 2 deste livro, você encontrará um roteiro com maiores detalhes. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 40 UNIDADE I b) Plano de unidade Consiste na organização curricular dos conteúdos em unidades didáticas (para o ano letivo, semestre, ou período em que se pretende trabalhar com a disciplina). Para tal, é imprescindível o estudo do planejamento curricular da escola, além da articulação com o plano de curso (já explicado acima) e os planos de aulas (pois uma unidade contempla um número específico de aulas). Uma unidade didática caracteriza-se por ser uma organização dos conteúdos por temas afins, com objetivos que se relacionam e que são mais específicos do que os objetivos previstos no plano de curso. c) Plano de aula Considero que um projeto de organização didática da aula significativa, que ultrapasse a concepção mecanicista de planejamento de ensino, é resultante de um processo integrador entre a instituição educativa e o contexto social, efetivado de forma colaborativa pelos professores e seus alunos. A aula, lugar privilegiado da vida pedagógica, refere-se às dimensões do processo didático – ensinar, aprender, pesquisar e avaliar – preparado e organizado pelo professor e seus alunos. (VEIGA, 2008, p. 267). Antes de discutirmos a organização didática da aula, leia atentamente o que Araújo (2008, p. 60-62) estabelece sobre a aula: Ela é feita de prévias e planejadas escolhas de caminhos, que são diversos do ponto de vista dos métodos e técnicas de ensino; também se constrói, em sua operacionalização, por percalços, que implicam correções de rota na ordem didática, bem como mudanças de rumo; está sujeita a improvisos, porque não foram previstos, mas não pode constituir-se por improvisações. D id á tic a 2 41 UNIDADE I Como você deve ter percebido, a aula, mesmo sendo planejada antecipadamente, é replanejada, feita e refeita com alunos (FERNANDES, 2008, p. 161), sempre em movimento, com recuos, contradições e recomeços. Ao mesmo tempo em que o professor dirige o processo didático, também compartilha com seus alunos a responsabilidade da boa aula, negociando coletivamente, estabelecendo critérios definidos para as atividades e avaliações previstas. Segundo Vasconcellos (2006, p.148) o plano de aula adquire maior consistência quando está articulado com o Projeto do Curso em que a aula está afeta (Ensino Fundamental, Ensino Médio, por exemplo). O plano de aula também expressa maior organicidade, segundo o autor, quando estiver articulado ao Projeto Político-Pedagógico da escola. Percebemos, portanto, os conceitos que abordamos inicialmente nesta seção, quanto aos níveis de planejamento. Veja agora o que Araújo (2008) também aponta sobre o planejamento das aulas e sua relação com outros níveis/dimensões de planejamento de ensino: A aula exprime a operacionalização de um curso, que se traduz em disciplinas escolares, que se desenham por um conjunto de aulas, que não podem ser compreendidascomo se fossem ilhas à margem do currículo ou dele isoladas. E para isso tudo, o planejamento é inerente. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 42 UNIDADE I Veiga (2006) apresenta os elementos estruturantes da organização didática da aula, os quais envolvem alguns questionamentos entre professores e alunos: PARA QUÊ? Intenção QUEM? ProfessorO QUÊ? Conteúdo cultural COMO? Metodologia COM QUÊ? Recursos didáticos O QUÊ? COMO? QUEM? Avaliação PARA QUEM? Aluno QUANDO? Tempo ONDE? Espaço Assim compreendido, o esboço ou o roteiro de um plano de aula poderia contemplar, em sua organização, a seguinte visualização didática (FARIAS, 2009, p. 126): D id á tic a 2 43 UNIDADE I Dados de identificação do plano de aula Instituição Disciplina Professor - (a) Série/Ano/Ciclo Tempo de duração Data Objetivos Conteúdo programático e seu detalhamento em tema central e subtemas Desenvolvimento metodológico da aula com explicitação das estratégias adequadas aos momentos de iniciação, aprofundamento e síntese/culminância Recursos didáticos Critérios e instrumentos de avaliação da aprendizagem Referências bibliográficas Também é importante observar, segundo a autora, a redação do plano de aula: objetividade (texto sucinto e preciso), clareza das ideias e correção do texto. Nas atividades da Plataforma, você terá acesso a orientações sobre outros roteiros didáticos de organização de Planos de Aula, referenciados por autores da Didática. U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 44 UNIDADE I d) Projetos O tema “projetos” tem levantado inúmeros questionamentos entre os professores. Muitas escolas adotam, em suas propostas pedagógicas: Pedagogia de projetos, Projetos didáticos, Metodologia de projetos. O que será que caracteriza o trabalho didático-pedagógico desenvolvido através de projetos? Projetos: de onde vem esta expressão? Muitos são os teóricos que desencadearam as concepções que hoje conhecemos por projetos, no contexto escolar. Pesquisadores identificam desde clássicos da educação até pesquisadores que hoje se dedicam a esse estudo. Leia atentamente as citações abaixo: Segundo Michel HUBER (1999), a pedagogia de projetos dos alunos começa a se delinear na obra de Jean-Jacques Rousseau, quando ele deseja que seu personagem Emile aprenda não através dos livros, mas através das coisas, tudo aquilo que é preciso saber, sugerindo que uma hora de trabalho valha mais que um dia de explicações. Ainda segundo HUBER, a estruturação do conceito de projeto passa também por Karl Marx e a importância da praxis sublinhada por este autor, pelos mentores da escola ativa alemã, como Kerchensteiner, pelo filósofo e psicólogo americano John Dewey, pelo educador francês Celestin Freinet, pelos pesquisadores Henri Wallon e Jean Piaget, até chegar ao educador brasileiro Paulo Freire que deu uma dimensão de emancipação social ao aprendizado. (VENTURA, 2002, p.1). Ao desenvolver uma pesquisa sobre a Pedagogia de Projetos com professores e alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental, Girotto (2005, p. 02), professora do Departamento de Didática da Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP – Campus de Marília), explicita que: A expressão Pedagogia de Projetos pertence ao conjunto de elaborações teóricas difundidas, principalmente, pela francesa Josette Jolibert e seus colaboradores, engajados ao Instituto Nacional de Pesquisas Pedagógicas da França (INRP), e por D id á tic a 2 45 UNIDADE I Fernando Hernández, pesquisador espanhol da Universidade de Barcelona, ambos referenciados constantemente pelos pesquisadores da área da prática de ensino do Ensino Fundamental [...] A hipótese básica, norteadora da pesquisa, é a de que o processo ensino-aprendizagem, a partir dessa via metodológica alternativa, poderia corroborar e superar o processo de ensinar e aprender fragmentado, disciplinar, descontextualizado, unilateral, direcionador que se constata na maioria das escolas. Defendemos a tese de que a apropriação dessa perspectiva dos projetos, nas reformas educacionais dos governos neoliberais, como também a propagação indevida dessa via metodológica, por secretários da educação, dirigentes da educação, diretores de escola, supervisores, coordenadores pedagógicos, professores, estagiários, enfim, por todos os envolvidos no processo, tem transformado o seu conceito em um mero termo, “expressão de moda”, à medida que o despe de sua potencial dimensão político-pedagógica. A argumentação apresentada por Hernández a respeito da organização do Currículo por projetos de trabalho fundamenta-se [...] em algumas das concepções atuais sobre o aprender, sobretudo aquelas que tendem a favorecer a criação de contextos de ensino que, partindo dos níveis de desenvolvimento dos alunos, lhes apresentem situações de aprendizagem caracterizadas por sua significatividade e funcionalidade, de maneira que cada estudante possa “aprender a aprender”. Nadal e Ribas (2005, p. 66) apresentam o quadro de cognição, que contempla o estabelecimento das seguintes questões, que devem ser respondidas por professores e alunos, ao planejarem o projeto: U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 46 UNIDADE I o que queremos saber? como vamos saber? o que vamos saber? o que sabemos? quando vamos saber? Esses questionamentos compõem a organização didática do projeto, que é planejado cooperativamente, envolvendo os alunos nas decisões e atividades propostas. Os projetos, enquanto unidades de trabalho, ou conjuntos de situações didáticas que permitem aos educandos a aproximação aos conteúdos curriculares - podem ter duração diferenciada, ou seja, podem durar dias, semanas, meses, bimestres, etc. Tudo depende da situação em que o projeto é desencadeado. A definição do tema do projeto é essencial para que ele se torne significativo, além de garantir a atuação dos alunos como sujeitos e responsáveis pelas suas aprendizagens. Assim sendo, é importante que o projeto responda às necessidades, interesses e possibilidades dos professores e alunos. Lembre-se: quando os alunos respondem por suas escolhas, tornam- se responsáveis! D id á tic a 2 47 UNIDADE I SEÇÃO 4 MOTIVAÇÃO E INCENTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM [...] imagine-se um adolescente que se defronta com as exigências de uma certa disciplina. Sem levar em conta qualquer componente afetivo, mas considerados apenas os pensamentos ligados à motivação, é preciso que se levem em conta questões como estas: por acaso tem interesse intrínseco por aquele assunto? Em quanto ele valoriza aquela tarefa ou a disciplina, ou seja, que importância pessoal tem para ele? Que expectativa ele alimenta em relação aos objetivos daquela tarefa: a de aprender com ela, ou simplesmente de concluí-la e entregar? Estará mesmo orientado para aprender, ou para aparecer, ou simplesmente para ter algum sucesso com o mínimo de esforço? [...] Ele vê a tarefa desafiadora, porém ao seu alcance? Todas essas questões revelam alguns entre os múltiplos aspectos da motivação e que podem alterar-se em função do tipo da tarefa, da influência dos colegas, [...] e assim por diante. (BZUNECK , 2005, p.127) Estudar as questões que envolvem a motivação, seus significados, o papel do professor ao motivar seus alunos, remete a um olhar sobre a escola, sendo que as inquietações presentes no trabalho docente com relação à motivação estão diretamente associadas às percepções que o aluno tem com relação à aula, ao ensino, ao conhecimento, e certamente perpassam as relações estabelecidas entre professores e alunos. Tapia e Fita esclarecem: A motivação escolar é algo complexo, processual e contextual, mas alguma coisa se pode fazer para que os alunos recuperem ou mantenham seu interesse em aprender. [...] (TAPIA E FITA, 2006, p. 9). U niv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 48 UNIDADE I O que um professor pode fazer para que seus alunos se interessem por sua matéria? Como poderia conseguir que o interesse que determinado aluno tem por outra matéria o tivesse também pela minha? (TAPIA E FITA, 2006, p. 65). O algo a fazer que os autores mencionam envolve diretamente a ação do professor, pois caso o aluno não tenha interesse em aprender, o ato de ensinar, ou seja, a relação pedagógica não se faz presente no contexto da aula. Ao tentar responder as questões propostas por Tapia e Fita, um outro questionamento surge: Qual a ideia que tenho sobre motivação? Como entendo a motivação na sala de aula? Vejamos as contribuições de estudiosos sobre o tema: [...] a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que a põe em ação ou a faz mudar de curso. (BZUNECK, 2000, p. 9). A motivação pode ser entendida como um processo e, como tal, é aquilo que suscita ou incita uma conduta, que sustenta uma atividade progressiva, que canaliza essa atividade para um dado sentido. (BALANCHO e COELHO, 1996). A motivação é energia para a aprendizagem, o convívio social, os afetos, o exercício das capacidades gerais do cérebro, da superação, da participação, da conquista, da defesa, entre outros. (MORAES e VARELA, 2007, p. 9). A motivação é um conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em determinado sentido para poder alcançar um objetivo. (FITA, 2007, p. 77). Dentro dos conceitos apresentados, algumas palavras e expressões chamam a atenção quando se trata de motivação: D id á tic a 2 49 UNIDADE I mobilização objetivos aprendizagem Estabelecer a relação entre a mobilização, os objetivos e a aprendizagem, considerando que esta se dá num contexto que envolve professores e alunos, constitui-se numa difícil tarefa, e, para Burochovitch & Bzuneck (2004, p. 13), a motivação passa a ser pensada como “problema” em educação, quando: “em paridade de outras condições, sua ausência representa queda de investimento pessoal de qualidade nas tarefas de aprendizagem”. E eles afirmam ainda que, “à medida que as crianças sobem de série, cai o interesse e facilmente se instalam dúvidas quanto à capacidade de aprender certas matérias”. Como nós, professores, podemos manter a motivação em sala de aula? É importante reconhecer que, ao motivar os alunos, é possível recorrer à motivação intrínseca ou extrínseca. Analise os conceitos que seguem: Por motivação extrínseca, deve-se entender o emprego, pelos professores, de um sistema de recompensas e de sanções com o fim de obter dos alunos um conjunto de comportamentos esperados ou, pelo menos, aceitáveis. Por motivação intrínseca, entende-se o resultado de um processo de interiorização que leve os alunos a se envolverem nas atividades por prazer, por curiosidade e por interesse pelo trabalho escolar. (DURAND, 1996). U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 50 UNIDADE I [...] a motivação intrínseca refere-se à escolha e realização de determinada atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora de satisfação, com o apoio da motivação extrínseca ou externa (avaliação dos adultos, informações a respeito, elogios verdadeiros, etc.). A motivação extrínseca tem sido definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para a obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências ou habilidades [...] diversos autores consideram as experiências de aprendizagem propiciadas pela escola como sendo extrinsecamente motivadas, levando alguns alunos que evadem ou concluem seus cursos a se sentirem aliviados por estarem livres da manipulação dos professores e livros. (BUROCHOVITCH & BZUNECK, 2004, p. 45-46). Quando entendemos o caráter intrínseco e o caráter extrínseco da motivação, observamos que ela está associada às ações individuais, a interesses que o aluno revela com relação a determinados conceitos e às atividades que realiza. Dessa forma, é importante a inclusão do conceito de incentivação, um termo amplamente discutido na prática docente, para que seja possível perceber as diferenças entre motivação e incentivação, pois os termos podem, de forma equivocada, assumir sentidos semelhantes. Carvalho (1973, p. 104) esclarece: [...] a motivação é um fator interior, enquanto a incentivação provém de forças ambientais, entre as quais situa-se a atuação do professor, quando este tem plena consciência do valor da incentivação, e realiza esforços deliberados para bem estimular seus alunos [...] A incentivação só é operante se se transformar em motivação. Isto é: os estímulos externos (incentivos) precisam sintonizar-se com os motivos preexistentes (estímulos internos) para conseguir algum resultado. Muitos incentivos chegam até nós e nada conseguem, porque não encontram ressonância em nosso interior. D id á tic a 2 51 UNIDADE I De acordo com Haydt (2006), ao incentivar os alunos a estudar e aprender, o professor utiliza recursos que são motivadores, e chama a atenção para que o motivo e o incentivo estejam presentes em todos os momentos da aula, e não somente no início da atividade. A autora também afirma que incentivar os alunos para a aprendizagem, despertar a curiosidade e o interesse de forma momentânea, não significa que eles estarão motivados para aprender; é necessário manter a atenção e o interesse no decorrer da aula, propondo atividades que sejam instigantes, articulando os conhecimentos com a realidade, apresentando os conteúdos através de situações-problema. Atrair o interesse dos alunos, despertar a curiosidade, são condições essenciais para a aprendizagem. Observe, então, os conceitos abaixo: A curiosidade é uma atitude, manifesta na conduta exploratória, ativada pelas características da informação, tais como sua novidade, complexidade, caráter inesperado, ambiguidade e variabilidade, as quais o professor pode utilizar para atrair a atenção dos alunos. Com o termo interesse se faz referência ao fato de manter a atenção centrada em algo – neste caso – o desenvolvimento de uma explicação ou de uma tarefa, na medida em que a informação que se recebe pode relacionar-se com o que já se sabe. Trata-se, pois, de um processo diferente da curiosidade, a qual implica dirigir a atenção para um fenômeno novo, incerto, surpreendente ou incongruente, seguido de uma atividade orientada para a exploração dele que facilite seu conhecimento e compreensão. (TAPIA, In: TAPIA e FITA, 2007, p. 39-40). Cabe, aqui, fazer uma diferenciação entre interesse e motivação. As coisas que interessam, e por isso prendem a atenção, podem ser várias, mas talvez nenhuma possua a força suficiente para conduzir à ação, a qual exige esforço de um motivo determinante da nossa vontade. O interesse mantém a atenção, no sentido de um valor que se deseja. O motivo, porém, se tem energia suficiente, vence as resistências que dificultam a execução do ato. (MORAES e VARELA, 2007, p. 6). Percebemos a complexidade da motivação e da incentivação em sala de aula, mas será que existem diferenças entre as motivações de nossos alunos para a aprendizagem? U n iv e rs id a d e A b e rt a d o B ra si l 52 UNIDADE I Em resposta a essa questão, Tapia e Fita (2007, p. 78-79) apresentam as classes de motivação, que estão diretamente vinculadas à aprendizagem, ao estudo. Os autores apresentam quatro classes, dentre as quais se destacam: a motivação relacionada com a tarefa, a motivação relacionada com a auto-estima, a motivação centrada na valorização pessoal e a motivação que solicita recompensas externas. Leia atentamente: Motivação interna: o próprio conteúdo de estudo desperta no aluno uma atração que o
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