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Agindo como Trouxa 2 Sobre Symon Hill Especialista em Comunicação e Neurolinguística pela Universidade de Viçosa, MG e Graduando em Psicologia pela PUC MG. É o nº 1 do Brasil em Inteligência Social Aplicada. Symon é uma dessas raras pessoas que pode se dizer palestrante e autor, e sustentar isso. Suas palestras atraíram empresas como ALCOA Alumínio S/A, FURNAS Eletrobrás, M&G Fibras Brasil S/A, SEBRAE, SENAC SP, Editora GLOBO, Souza Cruz S/A e mais de 100 outras empresas do setor público e privado. É palestrante credenciado do SEBRAE Minas. Como autor, tem 19 livros publicados nos gêneros de negócios e carreira, passando por temas como comunicação humana, relacionamentos, vendas, gestão de equipes e inteligência social aplicada – seu campo de estudo há 8 anos. Contato com o autor: +55 35 3713-7499 | 8886-2679 www.apalestra.com www.symonhill.com.br E-mail: contrate@apalestra.com Blog: www.palestrantesymonhill.wordpress.com Youtube: www.youtube.com/MrSymonHill Este e-book é para comercialização exclusiva em www.clubedeautores.com.br ©2014. Symon Hill http://www.apalestra.com/ http://www.symonhill.com.br/ mailto:contrate@apalestra.com http://www.palestrantesymonhill.wordpress.com/ http://www.youtube.com/MrSymonHill http://www.clubedeautores.com.br/ Symon Hill 3 PREFÁCIO Era uma vez um indivíduo chamado Você. Você muitas vezes sentiu que poderia ser mais feliz, conquistar os clientes que os colegas conquistaram ou ainda, liderar a equipe de uma forma bem melhor que seu chefe. No entanto, Você não consegue entender como ou porque as coisas aparentemente não dão certo quando se envolve. É como se na hora em que está para arrebentar a ‘boca do balão’, algo errado acontece e Você acaba voltando à estaca zero. Assim, Você acaba por acreditar que a vida que têm levado é tudo o que há para ser vivido. Você aceita viver abaixo de seu potencial, se iludindo e justificando-se por esta escolha. Todos os dias, Você acorda com a sensação de que pode fazer as coisas de um modo diferente, de que colocará um ‘ponto final’ na relação com aquela pessoa chata que implica com seu jeito de falar, vestir e pensar ou então naquele supervisor arrogante e mentiroso. Talvez consiga colocar um fim na situação tóxica de abuso moral – uma espécie de bullying profissional, incentivado pela coragem maquiavélica daqueles que acreditam ter o direito de enganar a Você e seus pares. Você está cansado de ver como as pessoas a seu redor mentem descaradamente. Roubam as ideias que Você compartilhou nas últimas reuniões da equipe e falam de ‘suas’ conquistas para os outros. E quanto ao trabalho? (Ah, o trabalho!). Sempre promovem os outros para os melhores cargos. Na sua vez, sobram as tarefas mais penosas ou o setor mais problemático. Enganam Você até na hora de promovê-lo: dizem que apenas Você é capaz de desarmar aquelas ‘bombas’. Ora, por isso mesmo é que Você foi escolhido. Sem falar naquele emprego do qual foi demitido e até hoje não sabe exatamente por que (pois ninguém lhe fala a verdade há muito tempo). Esta situação contínua tem levado Você a perder a motivação para trabalhar, conviver com os demais e produzir resultados satisfatórios. Como consequência natural, Você vai se fechando cada vez mais em seu mundo, conversando apenas consigo mesmo, se expondo muito pouco, seja por medo ou raiva, frustração ou vergonha. Agindo como Trouxa 4 No íntimo, Você sabe que não foi feito para viver no anonimato, mas não sabe como reverter a situação para ver seus talentos e ideias valorizados. Com o tempo, Você percebe que as pessoas a sua volta também estão sofrendo com sua maneira de agir e, mesmo assim, parece não conseguir mudar. Você não se comunica bem quando necessário, visto que seus poros exalam a vergonha que sentem dos outros e medo de não agradar a todos. Não se sente autoconfiante e seguro para expor suas emoções e opiniões, além de viver estressado e com pressa. Nas reuniões de família, prefere ficar num canto, isolado. Ou então vai brincar com as crianças para fugir das perguntas dos cunhados... Com o tempo, Você se isola cada vez mais e desaprende a arte da convivência. Perde o ‘jeito’ para se relacionar com os outros. Neste estágio descobre que não sabe como lidar com os próprios pensamentos e a consequência é não se posicionar corretamente nas situações sociais. Fica à mercê de pensamentos desanimadores e toda vez que precisa falar, prefere calar. Provavelmente, assim como este indivíduo, você talvez já tenha se sentido inseguro, envergonhado, com medo e até mesmo se enganou sabotando seus próprios planos. Pode ser que nos últimos anos esta tenha sido sua realidade. Às vezes, até sentiu que seus relacionamentos não são tão satisfatórios como poderiam ser, mas não sabe o que está faltando – nem mesmo consegue responder à altura quando os outros o provocam. Se pararmos para pensar, todas estas situações já aconteceram com cada um de nós, já que a qualidade dos nossos relacionamentos depende do modo como nos posicionamos em cada um deles. Se isso já aconteceu com você, saiba que sei como se sente, porque eu mesmo já fui feito de trouxa e agi como trouxa no passado. Aos poucos fui me distanciando cada vez mais de meus ideais de vida, de trabalho, e na família. Por que? Porque cedi à tendência de me isolar. Vou lhe contar como descobri que este era o meu desafio pessoal. Há alguns anos participei de uma palestra durante uma feira de literatura, essas chamadas feiras do livro. O palestrante de renome internacional estava lançando um livro sobre como usufruir o melhor da vida e, vi em sua palestra, algo realmente autêntico. Ele parecia ser Symon Hill 5 diferente de todos os palestrantes que havia assistido, mesmo antes de me interessar por este segmento. Naquela época, eu mal tinha dinheiro para comprar um livro dele na feira (R$ 29,90), pois estava deprimido e frustrado com minha forma de agir e trabalhar. Assim, depois que ele terminou sua palestra, arrumei um jeito de falar com ele. Muito simpático e solícito, ele se sentou comigo do lado de fora do auditório e ouviu pacientemente minha história por mais de uma hora e meia. Entre outras coisas, lhe disse que estava descontente com meu trabalho de instrutor de cursos livres e que havia pensado em seguir a carreira de palestrante profissional, mas não sabia sobre que assunto devia falar. Queria um assunto que fizesse com que as pessoas se lembrassem de mim todas as vezes que ouvissem aquela palavra. Pensei em muitos temas: vendas, marketing, liderança, equipes, motivação. Mas nenhum destes temas tinha nada a ver comigo. Não conseguia falar sobre isso com propriedade. Como sua palestra havia dito para nos esforçarmos a fazer o melhor com nossas vidas a partir de nossa autenticidade, perguntei a ele como poderia ser autêntico e ainda assim, tornar-me um palestrante que envolve e inspira as pessoas. Olhando nos meus olhos, ele disse assim: “Symon, qual é seu pior problema? Qual é o maior desafio que você tem enfrentado na sua vida neste exato momento, ou que tem permanecido por algum tempo? Quando você encontrar a resposta para estas perguntas e solucionar este problema, você estará habilitado a falar sobre este assunto para outras pessoas e ajuda-las a resolver estes mesmos problemas. Com certeza, há muitas pessoas que devem estar passando pelos mesmos problemas que você está passando agora. Este será seu público”. Aquelas palavras ficaram gravadas em minha mente. Comecei a analisar minha vida, aquilo que queria e gostava de fazer. Mas ainda assim, não era esse o caso. Por mais que procurasse, não encontrava algo errado em minha maneira de agir que poderia ser corrigido e servir de exemplo para os outros. Assim, continuei procurando, até que um dia, conversando com minha esposa, disse a ela que escreveriaalgo sobre como se relacionar melhor com as pessoas. Lembro que na época, falava-se muito sobre marketing pessoal, networking. Acreditava que este poderia ser o meu assunto, embora no fundo pensasse que ainda assim era preciso algo mais visceral para que eu construísse uma Agindo como Trouxa 6 carreira acima disso. Sempre tive um bom marketing pessoal, mas depois de algumas decisões erradas que tomei, percebi que o que havia sobrado de minha imagem pessoal foi uma postura do tipo “gente fina”. Chamamos de gente fina aquela pessoa que é boa praça, bem relacionado, simpático, de que todos gostam. Isso sempre foi um aspecto de minha personalidade. Sou socialmente inteligente. Com esta ideia em mente, pensei em escrever um livro para ajudar as pessoas a se comportarem melhor e tratarem melhor umas às outras. A priori, a obra se chamaria “Trabalhando com a Inteligência Social”. Assim, comecei a escrever o tal livro (este livro). Como somos seres sociais e na mesma medida que modificamos os outros, também somos modificados, quando o livro estava quase pronto, decidi testar o conteúdo em mim mesmo. Assim, compartilhei alguns destes pensamentos com um cliente que estava atendendo. Quando ouviu o tema, disse abertamente que o havia “achado sem expressão, fraco”. Publicitário experiente, meu cliente sugeriu que o melhor não seria incentivar as pessoas com base num ideal estereotipado, e sim, chamar a atenção delas para o que realmente é o problema que a inteligência social ajuda a resolver. Meu queixo caiu. Confesso que fiquei decepcionado comigo mesmo, visto que não consegui defender meu ponto de vista diante dele em defesa à minha ideia. E o pior: meu ‘projeto’ de livro tratava justamente de sair ‘vitorioso’ deste tipo de situações sociais. Aí me lembrei da conversa que tive com aquele palestrante. Era isso que ele queria me dizer. Não se tratava de estudar um tema, mas de viver um tema. Algo que realmente tivesse aprendido por ter vivenciado a solução a ponto de ter resolvido um problema pessoal. Em meu conceito, a inteligência social era o nome ‘chique’ para quem era gente fina. No entanto, eu havia sido gente fina (pelo menos achava isso) nos últimos anos, mas na realidade, isso não havia me ajudado em nada. Tanto em sentido pessoal como profissional. Cansei de perder vendas por ser gente fina com os clientes mais cruéis. Perdi a conta de quantas vezes desperdicei a oportunidade de me aproximar de familiares e de fazer novas amizades por não estar 100% presente diante deles. Acredite: houve um tempo em que eu não desfrutava dos benefícios de um relacionamento interpessoal. Com ninguém. Symon Hill 7 Em meio a estas reflexões, entendi que o modo como havia me comportado nos últimos anos em diversos ambientes (contextos de comunicação), havia gerado os resultados que estava obtendo naquela época. Nem sempre as pessoas precisam de alguém gente fina, mas que seja enrolado, sem foco. Na ilusão de que era ‘gente fina’, eu agia como trouxa. Foi aí que entendi que o modo como você se posiciona define a qualidade de seus relacionamentos. Com isso em mente recomecei minha pesquisa. Descobri o que atrapalha as pessoas de usufruir os benefícios de um relacionamento interpessoal satisfatório. Parar de agir como trouxa é posicionar-se de uma forma mais adequada diante da vida, tanto de si mesmo (aceitando-se e desenvolvendo sua autoestima, melhorando seu autoconceito) e diante dos outros (por conviver com eles aceitando-os como eles são). Você verá que ser autentico com você mesmo só é possível se soubermos como nos relacionar corretamente com os outros, visto que, como seres sociais, precisamos interagir, moldando e sendo moldados uns pelos outros. Quem não entende isso será presa fácil para o isolamento, pois quando não temos um conceito equilibrado para moldar nosso caráter ele será moldado pelos padrões dos outros, alheios à nossa vontade. Quando entendi que meu problema era ceder ao desejo de me isolar – afastar-me dos outros por não saber comportar-me diante deles com autoconfiança – compreendi que muitas pessoas estavam na mesma situação e as consequências eram devastadoras. Por isso estruturei este assunto de uma forma bastante didática, a partir do problema de se agir como trouxa. Você verá que às vezes é preciso agir como trouxa para ajudar aqueles que agem assim (inclusive àqueles que já perderam a autenticidade), mas sempre preservando sua identidade, seus valores. A meta para todos aqueles que agem como trouxas, e que deveria ser a meta de todos nós, é buscar viver com autenticidade. É impossível desenvolver relacionamentos salutares sem ser autêntico. A estrutura do livro, o ajudará a descobrir como ser mais autêntico em seus relacionamentos interpessoais. Você pode começar a ler este livro como quiser. Como sugestão, concentre-se no capítulo 1 e o leia com carinho, pois nele, está a definição do problema de se agir como trouxa. Logo em seguida, vem a causa, a deficiência de comunicação interpessoal. Na sequencia você Agindo como Trouxa 8 aprenderá mais sobre a inteligência social e como ela se manifesta. Por último, falaremos sobre como desenvolver sua autenticidade. Alguém questionou porque o uso o termo ‘Trouxa’, que na língua portuguesa tem uma conotação pejorativa. A ressalva se devia à possibilidade de ser mal interpretado pelas pessoas visto que muitos não admitiriam estar agindo de forma tola ou inconsequente. Além de a primeira impressão causada pela capa afastar alguns compradores. A aparente falta de polidez no tema desta obra é legítima quando nos relacionamos com pessoas que perderam a percepção prática daquilo que até conseguem definir verbalmente. É comum (e cada vez mais comum) observarmos no dia-a-dia, pessoas que sabem o que é correto por definição, mas não sabem reconhecer quando se deve fazer o que é correto. Polidez burguesa não funciona quando é preciso chamar à atenção para ignomínia comportamental. Há tantos absurdos sociais, que referir-me à eles com termos como “tolo”, “bobo”, “ingênuo”, “narciso” – e muitos outros termos amenos, politicamente corretos – seria o mesmo que dar um tapa de luva de pelica em quem está precisando ser nocauteado. O termo trouxa (e os derivados que criei ao longo do livro) deve ser encarado como uma espécie de gárgula, aqueles monstros esculpidos nas fachadas das catedrais medievais. O objetivo destas esculturas era causar uma primeira impressão chocante para os mal-intencionados que passassem pela porta da catedral. No entanto, dentro da catedral a decoração era bonita e encantadora, mas era acessível apenas para aqueles que vencessem a barreira da ‘fachada’ e se despissem da própria vergonha em admitir sua necessidade de orientação. De maneira similar, o ponto em questão aqui está distante da ideia de vender livros em aeroportos. Acredito que agir como trouxa pode acabar com a natureza humana. O tipo de leitor que lê meus livros é aquele que realmente se despiu das ilusões sociais e está buscando conhecimento prático para viver melhor. A capa deste livro, desenvolvida por mim, visa afastar aqueles insinceros que não possuem a humildade mental necessária para aprender sobre qualquer assunto, de quem quer que seja. O uso da palavra trouxa aqui é uma técnica. Quem vencer a barreira da capa (implícita na palavra ‘trouxa’) e ler este livro Symon Hill 9 até o final crescerá muito como ser social além de aprender a extrair o melhor das relações humanas. Conteúdo e Localização Do que trata? O que o texto explica? Plano Geral do livro e sua relação com os tempos atuais As pessoas estão cada vez mais conectadas, porém, distantes do ponto de vista relacional. Há uma forte tendência para se isolar. Elas sabem conversar pelo toque na tela e na tecla, mas não pessoalmente. Nos dias dehoje, quando o assunto é comunicação, a boca perdeu lugar para os dedos. O Problema de se agir como trouxa As pessoas desaprenderam a arte da comunicação. A cada dia que passa, é mais raro o talento de saber como se comportar e se relacionar diante de outro ser humano. Assim, se tornam tóxicas, ou como chamamos popularmente, trouxas. Com o tempo, podem perder a autenticidade. O que você tem a ver com isso? Sua relação com o problema Provavelmente você conhece alguém que, de tão ingênuo, é facilmente enganado, ou alguém que engana os outros crendo estar correto ou ainda, aquele que se autoengana. Estes são os três tipos de trouxa com quem nos relacionamos diariamente. Causa: o que leva as pessoas a agir trouxamente A causa da trouxice está na falta de habilidade relacional - a dificuldade de se comunicar bem consigo mesmo e com os outros - levando à pessoa a não saber se posicionar nos ambientes em que se encontra (entenda-se, contextos comunicativos). Solução Apresentada Melhorar a comunicação interpessoal para ser socialmente inteligente. Isso o ajudará a se posicionar corretamente em cada ambiente e interação social. Porque e como parar de agir como trouxa na empresa Veja qual a relação entre a educação profissional e o comportamento de que agem como trouxa, bem como os problemas que líderes, colaboradores, equipes inteiras e vendedores enfrentam por agir como trouxas. Com este livro você terá o poder de se posicionar melhor nestas situações e ambientes. Conclusão Parar de agir como trouxa é a base para ser autêntico consigo mesmo e com os outros. É assim que os relacionamentos se fortalecem. Tabela 1. Meu plano para deixar de agir como trouxa. Uma confissão: queria ter escrito este livro há dez anos. Como não foi possível, pretendo viver os próximos dez com base no que está documentado aqui. A clareza mental que este livro me trouxe ao Agindo como Trouxa 10 escrevê-lo proporcionou um prazer enorme, além do autoconhecimento e o desejo de compartilhar este conteúdo. Aproveite o que está aqui, aplique o método e veja a diferença no seu dia a dia, tanto com os colegas de trabalho, como com a família e com seus clientes. Lembre- se: Você merece ter relacionamentos salutares. Merece viver e trabalhar livre dos problemas de comunicação. Symon Hill 11 1. O Paradoxo Symoniano Qual o problema em agir como trouxa? Talvez o leitor esteja se perguntando desde o momento em que viu o tema central deste livro, quais são os comportamentos característicos de quem age como trouxa e qual o problema em se agir assim. Os comportamentos que o senso comum classifica como ‘coisa de trouxa’, aquela atitude de gente ignorante, babaca, idiota ou o popular ‘bobo’, referem-se a seis diferentes transtornos de personalidade, combinados por mim em três tipos clássicos de trouxa, que didaticamente classifiquei como ingênuo (T1), idiota (T2) e autoenganador (T3). Isso significa que, quando menciono a palavra ‘trouxa’ me refiro ao comportamento do indivíduo e não à sua identidade. Embora pareça desnecessário, este esclarecimento é oportuno, visto que muitos confundem aquilo que são, o seu senso de identidade, com aquilo fazem, seus comportamentos (Senge, 1996). Deste modo, mesmo que o uso do termo trouxa possa parecer agressivo, que o leitor saiba que ao usar esta terminologia refiro-me às ações do sujeito que o colocam na condição socialmente penalizante para si mesmo e ao mesmo tempo penosa para os demais. De um lado o indivíduo vê suas relações minarem e perderem cada vez mais a força (quando não são superficiais desde o início), e por dentro, sente uma insatisfação profunda em relação a própria companhia sem saber que em si mesmo reside a causa de seu infortúnio. É como se o sujeito vivesse preso às armadilhas de sua mente simplesmente repetindo os comportamentos danosos como se estivesse no piloto automático. Com o tempo, de tanto agir como trouxa acaba preso a esta camisa de força social na qual ele mesmo se colocou. Conhecemos estas pessoas por sua atitude tóxica e altamente repulsiva, evidente na forma como ela se posiciona diante dos demais, ou seja, o comportamento trouxa, só se torna manifesto no trato com os outros, daí a ligação inversa entre agir como trouxa e ser socialmente inteligente. Na busca por uma Agindo como Trouxa 12 abordagem prática do que é ser socialmente inteligente me tornei um expert em seu oposto: agir como trouxa. Em um ambiente empresarial, pode se encontrar pelo menos três tipos de trouxa: a) aquele que de tão ingênuo é facilmente enganado pelos outros e levado a agir contra os próprios interesses, sem que ao menos perceba, o que em muitos casos, é uma estratégia viável para sobreviver no manicômio social em que nos encontramos; b) aquele que tenta enganar os outros pensando não ser trouxa, sobrepujando os outros em benefício próprio e, c) aquele que se auto engana, agindo contra seus próprios interesses num ciclo de auto sabotagem que leva o indivíduo a ser exatamente o que ele despreza. Estes três tipos de trouxa alimentam a questão paradoxal na qual nos encontramos, mas para que possamos abordá-la, precisamos primeiramente identificar como se manifesta em ações as três categorias de trouxa supracitadas e suas causas, bem como a relação existente com o paradoxo social presente neste século. Aquele que é facilmente enganado. Este tipo de trouxa é o mais facilmente identificável por gostar de aparecer. Como tudo que é em excesso passa a ser prejudicial com a auto exposição não é diferente. A necessidade de ser o centro das atenções é o principal motivo pelo qual este tipo de trouxa acaba sendo enganado. Por agir e se expressar de modo exagerado, exibicionista e dramático – mal orientado pela necessidade de ser considerado o dono da situação – este trouxa é adepto do flerte e do uso de indiretas, agindo de forma sedutoramente irresponsável em suas interações sociais, bem como em sua aparência física e modo de vestir. É o tipo de pessoa exibida que age para chamar a atenção. É o sujeito que fala muito de si e expõe-se em demasia diante de pessoas estranhas. Teatral, conquista a atenção das pessoas à sua volta. Esta característica última é seu tendão de Aquiles, pois na ânsia de ser o centro das atenções, acaba sendo usado por pessoas inescrupulosas, sendo facilmente enganado por revelar-se demais. Como consequência, torna-se dependente de quem lhe dá atenção, cedendo a seus desejos e solicitações por colocar no outro a figura de liderança de que precisa para se esquivar da responsabilidade. Por ter dificuldade em fazer um julgamento abalizado dos outros, acaba tendo opiniões distorcidas sobre os demais, revelando sua inclinação para ver Symon Hill 13 os outros como gostaria que fossem e não como eles realmente são. Não se define como capaz de funcionar de forma independente, estando sempre em relações de apoio para administrar sua vida, tamanha sua necessidade de proteção e cuidados vinda de seu sentimento de incompetência, fragilidade e inadequação. Estes indivíduos mantêm ideias simples e pontos de vista infantis em relação às pessoas a quem permanecem num total estado de submissão. Em geral, agem de uma forma idealizada e crédula, crentes de que vai dar tudo certo, desde que a figura forte da qual dependem, esteja acessível. É o típico comportamento de uma pessoa espalhafatosa que tenta a todo custo aparecer em busca de aprovação, mas que não possui segurança em si mesma e quase nenhuma independência para tomar decisões. Por colocar muito valor na opinião dos outros, acaba sendo feita de trouxa, por aqueles que lhe dão a atenção de que tanto precisam. Isso não tem nada a ver com QI. Um gênio pode muito bem ser tão ingênuo quanto qualquer outro. Por simplificar demais suapercepção dos outros acaba por não ver fatores críticos que poderiam influenciar os resultados no final. Aquele que engana os outros. “Usar o outro” é o lema deste tipo de trouxa, que também poderia ser representado por seu sinônimo na Língua Portuguesa, o idiota, do grego idios, que significa “o mesmo” e idiotes que se refere a “aquele que não vê nada além de si mesmo” sobrepujando os outros em benefício próprio. Em suas ações cotidianas nota-se um padrão de violação e desrespeito pelos direitos alheios e uma acentuada falta de empatia. São pessoas insensíveis e superficiais que tendem a explorar os outros, não se importando se para isso terão que recorrer ao engano por mentir repetidamente, usar nomes falsos e ludibriar os outros para levar vantagens pessoais ou obter prazer, agindo muitas vezes por impulso, o que demonstra uma irresponsabilidade consistente, muitas vezes indicada por um fracasso em manter um comportamento consistente, como por exemplo, a dificuldade em honrar com suas obrigações. Este tipo de trouxa, precisa sentir-se invejado por acreditar ser muito importante e digno de admiração excessiva, o que alimenta sua dificuldade em sentir remorso, o que fica evidente na atitude de indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou prejudicado Agindo como Trouxa 14 alguém. Popularmente, referimo-nos a este tipo de trouxa como Narciso, em referência à personagem da mitologia grega que ao ver-se no espelho, apaixonou-se por si mesmo e desconsiderou a importância dos outros em sua vida. Este sentimento grandioso acerca de si mesmo leva a pessoa a exagerar suas realizações e talentos e esperar ser reconhecido como um indivíduo ‘superior’, sem que suas realizações estejam à altura de seu discurso. Procura as altas rodas da sociedade ou a companhia de pessoas de condição elevada por julgar estar no mesmo nível social que elas, fantasiando ser o que não é. Presunçoso, tem uma expectativa irracional de obediência automática e imediata a seus pedidos, devido à ilusão de que merece ser tratado de modo especial, o que o leva a explorar os outros. Avessos ou ignorantes à exortação paulina, não consideram os outros como superiores à si mesmos, e sim, como seres invejosos de menor importância a serem usados como “isso”, ou seja, meros objetos sociais para chegar a um fim, assim como explicou Buber (1974). Para o senso comum, esta arrogância e insolência, é o que dão ao dono deste tipo de comportamento o status de trouxa. O pior de todos: aquele que se autoengana. Quem se autoengana, agindo contra seus próprios interesses num ciclo de auto sabotagem, que o leva a ser exatamente o que despreza, representa o terceiro tipo de trouxa de que este livro trata. Marcado pela instabilidade nos relacionamentos interpessoais e pelas incertezas em sua autoimagem, este trouxa oscila entre sentimentos de idealização e desvalorização, ora se elogiando e agindo com uma impulsividade potencialmente prejudicial, ora se menosprezando e manifestando o medo imaginário de ser abandonado. Para associar este tipo de atitude a um exemplo conhecido, pense em um indivíduo extremamente competente e capaz de realizar coisas grandiosas (as quais ele mesmo se preparou durante anos através de estudos e atividades correlatas), mas que no momento em que irá colher os frutos de seus esforços, desiste. Sempre que está perto de realizar uma meta, regride. Parece que sua vida é um eterno recomeço, questionando-se e culpando-se por ter “feito algo que desagradou aos demais” e atribuindo a esta ilusão a causa da perda de mais uma oportunidade. Symon Hill 15 Apesar de desejar participar de atividades sociais, teme se abrir com os outros, orientado por dúvidas quanto a sua competência social e atrativos pessoais. Por não se sentir seguro de suas opiniões, mesmo que elas estejam certas, evita falar, justificando o silêncio com a desculpa de que os outros poderiam considera-lo uma pessoa excêntrica ou até mesmo, trouxa. Considera-se inferior e inadequado, relutando a assumir riscos ou se envolver em atividades diferentes de sua rotina, porque estas poderiam ser embaraçosas. Veem perigo onde não há, chegando a desmarcar compromissos em cima da hora pelo medo de ficar envergonhado diante das pessoas que lá estarão, muitas vezes, por não estar adequadamente vestido para a ocasião. Associando isso à sensação de insegurança e inibição social, acompanhadas da hipersensibilidade à avaliação negativa, temos o perfil clássico de quem age como o pior tipo de trouxa. A dificuldade de falar de si mesmo e não expressar sentimentos para não se expor perante os demais, por receio de ser envergonhado ou ridicularizado, leva este trouxa a ficar extremamente magoado com qualquer crítica ou desaprovação que receba, por mais leve que seja. Assim, prefere não ser alertado quanto ao que precisa melhorar a receber um feedback efetivo. O indivíduo que se auto engana tem um padrão de boicote a si mesmo, como por exemplo, abandonar a escola justo antes da formatura, retrocesso após uma discussão com o terapeuta, rompimento de um relacionamento quando este dá sinais de que pode ser duradouro e muitas outras maneiras. Quem nunca teve um colega de escola que tirava as melhores notas, mas que na idade adulta o sujeito patina? Cercada por dilemas existenciais e incertezas, a pessoa toma decisões que, frequentemente lhe causam ansiedade e conflitos, seja na vida amorosa ou profissional. Muitos encontram mais satisfação em objetos inanimados do que em relacionamentos interpessoais. Preferem manter- se isolados e distantes das situações sociais que os coloquem em atividades que exija o contato com os demais, para não serem criticados. É o popular ‘batalhador’, que nunca tem tempo para nada, mas que na realidade rejeita o contato social para ficar atoa em casa ao invés de ir trabalhar. Ou o ‘sonhador’ que vive de expectativas em meio a dificuldades financeiras causadas pelos rompantes impulsivos. Agindo como Trouxa 16 Talvez você tenha se perguntado o que os três tipos de trouxa têm em comum. Algo perceptível em todos estes perfis, o que aparentemente estabelece um padrão entre eles, é uma deficiência de habilidades sociais que os levaria a compreender melhor o seu papel em determinados contextos, bem como respeitar o papel dos outros, ou seja, daqueles com quem se relacionam. A principal destas deficiências está a incompetência comunicativa: uma total ausência de entendimento sobre o que é a comunicação humana e de sua importância para a vida em sociedade. Este problema, que coloca todos os seres humanos em pé de igualdade, têm se agravado cada vez mais visto que a comunicação eficaz é um desafio para a maioria das pessoas no planeta. Compreender seus aspectos transacionais, ouvir os outros com perspicácia para perceber além do óbvio, expressar-se com clareza e tato, certificar-se de que entendeu corretamente o que o foi dito e que o outro o entendeu realmente, aprender a pedir o que quer de forma objetiva, dar e receber feedback com maturidade, procurar compreender e harmonizar-se com o outro para conviver melhor – são habilidades comunicativas que os três tipos de trouxa desconhecem ou desvalorizam. Por isso é tão comum encontrarmos pessoas de diversas classes e grupos que se comportam como trouxas: médicos, advogados, engenheiros, terapeutas, líderes empresariais, políticos, professores, bancários, pastores, padres, pais, cônjuges, filhos, adolescentes e idosos, milionários e pedintes, graduados e analfabetos, ricos e pobres (de espírito). Agir como trouxa é um comportamento que nada tem a ver com condições culturais, educacionais ou com o tamanho da conta bancária. Existem trouxas em todos os níveis da sociedade. Tem a ver com saber relacionar-se com os demais, respeitando sua dignidade e inteligência. Agir como trouxaé uma atitude vinculada ao caráter. É da natureza humana se comunicar e relacionar-se por meio da linguagem. Por isso uma árvore ou um gato não agem como trouxas. Só o homem consegue agir assim, aceitando viver e conviver abaixo do que poderia ser. Desta maneira, não seria equivocado crer que todos os tipos de trouxa são, em algum ponto, autoenganadores, embora no caso deste terceiro tipo de trouxa, haja certa ignorância inconsciente em relação ao seu hábito de se iludir. É esta ingenuidade autoenganadora que difere o trouxa do hipócrita, levando-o a pensar somente em si, pois quando uma Symon Hill 17 pessoa age com hipocrisia, ela não é ingênua, tampouco não percebe o quanto é idiota e muito menos, vítima do autoengano. Uma pessoa hipócrita decide deliberadamente ser trouxa, ou melhor dizendo, fingida. Assim, se fossemos substituir a terminologia dos três tipos de trouxa para tipos sociais de hipócritas, o trouxa número um, o ingênuo, encontraria seu equivalente hipócrita no fingido, o número dois de idiota passaria a ser sarcástico e o terceiro tipo de trouxa, deixaria de ser autoenganador para ser canalha. A diferença entre o comportamento do trouxa e o do hipócrita está no fato de que para o último, suas ações não são desconhecidas, mas pensadas. Propositais. Agora que o leitor já notou algumas das características de personalidade expressas em comportamentos observáveis destes três tipos de trouxa (e provavelmente, se lembrou de alguém enquanto lia), podemos concentrar nossa atenção em responder à questão levantada ainda no tema deste capítulo: “Qual é o problema de se agir como trouxa?”. O que há de errado nisso? A começar, nada, desde que a pessoa viva no meio do mato ou em isolamento total como um náufrago, o que tornaria a vida do indivíduo insuportável. Como o caso não é este, agir como trouxa é, de imediato, um problema social. Lembrando que uma das definições de trouxa é tolo, falto de inteligência, o indivíduo que age como trouxa deixa de agir com inteligência justamente nas relações sociais, campo que pelo uso da linguagem para se socializar, o caracteriza como humano. Ora, uma vez que a conduta do indivíduo se torna um padrão persistente de comportamento, que se desvia das expectativas da cultura a que ele pertence, de forma generalizada e inflexível e, ao longo do tempo provoca sofrimento ou prejuízo, isto se torna um problema. Agir como trouxa é prejudicial porque fomenta os problemas de relacionamento e afasta as pessoas da natureza humana, que é ser sociável. Salvo engano, ninguém gosta de conviver com alguém que age como trouxa. Não raro, pessoas que agem como trouxas demonstram um comportamento tóxico no trabalho, causando sofrimento aos demais, seja por adotar uma postura passivo-agressiva e desconfiada (T1); por humilhar ou desqualificar os demais, inclusive os colegas para obter resultados individuais (T2); ou por sabotar a equipe, sonegar informação e outras irresponsabilidades que, em longo prazo, sabota a si mesmo (T3). Estes Agindo como Trouxa 18 comportamentos tóxicos prejudicam a convivência (Kusy, 2010). Estes são os efeitos nos outros. No próprio indivíduo, agir como trouxa lhe custa o alto preço de perder a autenticidade, arriscando-se a ‘ser’ trouxa indefinidamente incorporando em sua identidade sua deficiência social. A falta de autenticidade individual levará à descaracterização da natureza social do homem. Privar-se da satisfação desta necessidade natural, seja de modo conscientemente ou não, ocasionará isolamento, segregação, divisões. Longe de ser uma convenção social, ser socialmente inteligente (o oposto de agir como trouxa) é a melhor forma de usar sua inteligência consciente para viver de acordo com a natureza humana. Mas, afinal, se isso é tão elementar, porque as pessoas agem como trouxas? Qual ou quais são as causas deste tipo de comportamento? Porque as pessoas agem como trouxas Vejamos por exemplo, o primeiro tipo de trouxa, aquele que é ingênuo. Alguns especialistas apontam o argumento da autoridade como uma justificativa para o convencimento quase involuntário a que este tipo de trouxa se submete por acreditar piamente nas credenciais ou status dos objetos de sua admiração, crença que influencia diretamente o julgamento que fazem em relação aos seres admirados. Na sua busca por atenção, é como se olhassem para os outros como tendo um poder inalcançável a eles ou sendo possuidores de algo especial que eles em si mesmos não possuem. Daí a necessidade constante de aprovação. É como se vissem nestas pessoas aquilo que gostariam de ver em si mesmas. Sentem-se impotentes diante das pessoas que lhes oferecem a atenção de que precisam, em geral, por conhecerem pouco daquilo que julgam que o outro conhece. Por serem ignorantes em assuntos que pensam que os outros dominam, acabam aceitando o que os outros dizem como sendo verdade, não se importando em checar as fontes por si mesmo, talvez temendo o desafeto ou a perda de seu vínculo social com o outro. Isso acaba sendo reforçado por outro engano: justificar a autoridade do outro com sua própria ignorância. Quando a pessoa ignora um fato que não lhe foi apresentado por alguém em quem confia Symon Hill 19 (normalmente quem lhe dedica atenção) e que, por sua impotência emocional não descobriu por si mesma, a tendência deste tipo de trouxa é negar a existência do fato. Assim, se a pessoa é ignorante em relação ao que o outro domina, automaticamente reforça sua autoridade e se dá por satisfeita, sem questionar. O oposto também acontece. Com frequência, percebe-se que as pessoas com pensamento relativista e cético, tendem a levar todo novo entendimento para o terreno da dúvida, valendo-se do que a retórica chamava de argumentum ad ignorantiam, ou seja, o argumento da ignorância: como não sei e aquele em quem confio também não sabe, é falso ou não existe (Abreu, 2009). Esta atitude mental de crer cegamente no outro e valer-se do argumento da ignorância para justificar-se, quando somada à ilusão de que o alvo de sua reverência lhe é totalmente transparente, faz com que a pessoa acredite ser capaz de observar a experiência subjetiva da mente alheia, acertando absolutamente em quem pode confiar, dissociando as intenções e ações presentes, da reputação do sujeito, o que explica o ponto de vista imaturo em relação às pessoas. Quem nunca presenciou a paixão de um amigo por uma pessoa que, notada e publicamente não ‘valia nada’? Mesmo crendo que as pessoas mudam o tempo todo, o mínimo de estabilidade é necessário para alimentar a confiança, e este tipo de trouxa se torna dependente daqueles que lhe dão a atenção de que tanto necessita para que ele se sinta vivo. Deste modo, a fé cega na suposta autoridade e a ilusão da transparência, somadas ao argumento da ignorância são as bases mentais usadas pelo primeiro tipo de trouxa para racionalizar e justificar para si mesmo suas ações. Suas expectativas são constantemente alteradas por estratégias comunicativas manipuladoras, presentes em um bom marketing pessoal, nas conversas durante os minutos de café, no bate-papo online. Qualquer um que seja carente de atenção e inseguro em relação a suas capacidades cederá ao peso de uma autoridade ainda que fictícia, racionalizará a favor dele com base no argumento da ignorância e ainda assim, será capaz de afirmar que pode confiar naquela pessoa porque ‘sente’ isso, sem perceber que as falas do sujeito foram elaboradas com cuidado para manter a pessoa ingenuamente trouxa, cada vez mais dependente. Agindo como Trouxa 20 Considere, por exemplo, o caso de um indivíduo que socialmente usa da capacidade dos outros para obter vantagens pessoais, nosso segundo tipo de trouxa. O que faz esta pessoa pensar que pode enganar os outros ou que os demais lhe devem explicações sobre porquevivem como vivem? O que o leva a acreditar que é capaz de usar os outros? Em alguns casos, o próprio contato com pessoas ingênuas. Quando um trouxa número dois encontra um trouxa tipo 1 é um prato cheio. Infelizmente, nem sempre cada panela encontra sua tampa. É mais comum um trouxa que engana os outros conviver com pessoas que não são ingênuas, mas com aquelas que percebem claramente o quanto ele ‘se acha’. Porque? Porque a mente de um trouxa tipo 2 lhe prega peças que até mesmo o mais ingênuo dos humanos é capaz de perceber e se afastar. Por exemplo, a mente de uma pessoa que se julga no direito de enganar os outros, cede à armadilha da confabulação, ou seja, a prática de criar narrativas fictícias sem que ela perceba, para explicar suas decisões, emoções e feitos. Quem já não foi surpreendido ao contar uma história para um grupo de amigos e de repente, alguém o interrompe e diz: “Não, não, não. Não foi assim que aconteceu...”? Nestas situações, a mente mantém um quadro geral e descarta os detalhes. Mas mesmo o quadro geral é uma mentira, uma fábula criada pela mente para passar uma imagem idealizada de quem você é, porque é e como é. Já percebeu como um pescador sempre aumenta um pouquinho o tamanho do peixe que ele fisgou na última pescaria? O homem é um ser confabulador por natureza e usa a imaginação para criar histórias que expliquem a si mesmo suas motivações e causas para ser como é. Com o tempo, estas fábulas se tornam sua versão da realidade e a pessoa acaba acreditando que transou com 500 pessoas diferentes na mesma noite ou que pescou um filhote de baleia com vara de bambu. Este tipo de trouxa, não faz por mal. Apenas quer ser bem visto pelos demais para receber um elogio ou uma massagem no ego. Isso também revela outra razão para que o trouxa tipo 2 aja deste modo: a tendência de prestar atenção apenas àquilo que confirme o que ele acredita, enquanto ignora o que desafia suas ideias preconcebidas. Esta confirmação se abriga no fato de que todos querem estar certos de que sua maneira de ver o mundo é a correta, então, a mente procura informações que Symon Hill 21 confirmam estas crenças e evita provas contraditórias (Adler & Towne, 1999). Consequentemente, a pessoa se mantem fechada em sua visão de mundo, não vendo nada além do próprio umbigo, limitando ainda mais suas oportunidades de conviver com os demais, pois, sem a aproximação social e a aceitação de pontos de vista contrários, a pessoa aprende pouco. Aproximamo-nos mais da verdade quando procuramos evidências contrárias as que já temos. Esta classe de trouxa, também alimenta a ideia de que pode enganar os outros por julgar controla-los, o que em alguns casos, realmente acontece, não por méritos seus, mas por fragilidade dos outros. Pense por exemplo, na relação patrão e empregado. Quem tem o controle é aquele que define as regras que regem a relação trabalhista naquele caso. Logo, o patrão. Mas, ao sair daquele ambiente, o controle do patrão sobre o empregado é reduzido. No entanto, ainda há muitos empregadores que agem como trouxas por não ‘aceitar’ atividades extras dos colaboradores depois do horário de trabalho. Essa ilusão de controle sobre a vida dos demais é o que dá a pessoa a sensação de que suas ações interferem tanto na vida dos outros que tudo o que as pessoas fazem é ou foi em função de algo que eles lhes fizeram anteriormente. Sua capacidade de superestimar suas habilidades e talentos o leva a usar sua visualização criativa para imaginar coisas que nunca ocorreram, inventando histórias e envolvendo as pessoas nelas. Isso acontece porque a mente não consegue discernir se uma coisa realmente aconteceu ou se foi apenas fruto de imaginação. Assim, quando a pessoa cria na mente uma imagem vívida de uma determinada situação (confabulação) e confirma aquilo para si mesma (pelo viés da confirmação) ela passa a acreditar na mentira que conta, pois assim ela faz sua própria história e crê estar no controle, seja nos relacionamentos afetivos, trabalhistas ou sociais. Quem nunca viu um colega de trabalho se gabar perante os de seu círculo, de ter ficado com duas colegas de trabalho no fim de semana, mas quando está na presença das referidas moças, desconversa, desvia o olhar ou as trata mal? É bem evidente que este tipo de trouxa acha que engana os outros, por isso, é idiota. Finalmente, vejamos as causas do comportamento daqueles que se autoenganam. Surpreendentemente, pensamos que o termo procrastinação se refere apenas ao mau uso do tempo. No entanto, Agindo como Trouxa 22 indica também uma falha de critério no que diz respeito à escolher o que é melhor em longo prazo em detrimento da vantagem imediata. A mente deste tipo de trouxa o faz adiar escolhas importantes sob a desculpa de que, o “EU” do presente, aquele que toma a decisão, é diferente do “EU” do futuro, aquele que arcará com as consequências. Um experimento conduzido na Universidade de Stanford, por Walter Mischel no começo da década de 70 do século passado, conhecido como o Teste do Marshmallow. Basicamente, ofereciam-se as crianças a oportunidade de comer o doce imediatamente ou esperar alguns minutos e ganhar dois doces. Ao sair da sala, o pesquisador acompanhava a criança por um vídeo. Dos participantes do estudo, um terço não resistiu e comeu imediatamente o doce. Mischel acompanhou a vida destes sujeitos durante a vida escolar, faculdade, formação de família e criação de filhos, hipotecas e empregos. Ele descobriu que, aquelas pessoas que ainda na infância conseguiram se controlar diante da necessidade imediata de comer o doce, usaram este mesmo autodomínio para extrair o melhor de suas vidas. Quem não controla seus pensamentos acaba agindo como trouxa, por trocar o benefício em longo prazo por vantagens imediatas, adotando uma postura do tipo ‘deixa a vida me levar...’ ou ‘deixando acontecer naturalmente...’. Desconhecem que seus esforços são melhor aproveitados superando-se do que fazendo promessas vazias. Outra estratégia autoenganadora é o instinto de sobrevivência expresso no conformismo. O desejo de agradar a todos, a vontade de parecer coerente com as normas sociais vigentes e o sentimento de culpa por estar vivo, em muitos casos faz a pessoa conformar-se ao padrão. Acomodar-se. Com o tempo a pessoa passa a agir contra seus próprios interesses, fazendo uma coisa quando queria fazer outra, mesmo quando isso obviamente a levará a prejudicar-se. Quando uma pessoa se conforma com o que os outros propõem, cede à pressão social e abdica do direito de escolher ser como é, entra num ciclo de autossabotagem, trabalhando contra si mesma. Assim, passa a questionar sua capacidade de ser bem sucedida e tende a colocar a culpa de seus fracassos em forças externas. O psicólogo Philip Zimbardo, escreveu certa vez no The New York Times que “algumas pessoas baseiam toda a sua identidade em seus atos. Elas assumem a atitude de que, ‘se você critica algo que eu faço, está me criticando’. O Symon Hill 23 egocentrismo delas significa que não podem arriscar um fracasso porque isso seria um golpe devastador para o ego”. (McRaney, 2012). Por não saber que podem ser vítimas da possibilidade real do fracasso, o pior tipo de trouxa, aquele que se autoengana, acaba se conformando com a opinião social, sabotando a si mesmo por procrastinar – deixando de escolher o melhor, porém incerto, para aceitar o pior, que pode ser visto. Assim como Sísifo da mitologia grega, agem como se estivessem condenadas a tudo começar e nada terminar. Os engodos psicológicos do argumento da autoridade e da ignorância, a ilusão da transparência e do controle, o viés da confirmação e da confabulação, a procrastinação, a autossabotagem e o conformismo parecem ser as causas que levam as pessoas a agir como trouxas, explicando os motivos por trás das ações.Mas há uma causa comum a todos os tipos. Trata-se da dificuldade de se relacionar bem com os outros. As pessoas nos últimos vinte anos desaprenderam a arte da convivência, o que nos mostra qual é o paradigma vigente. As pessoas acreditam que estar conectado é importante. Até mais importante do que o ser humano com quem supostamente estamos conectados. Note por exemplo, a importância que as máquinas têm em nosso dia a dia. Passamos mais tempo vinculados e interagindo com elas do que outras pessoas. Dá-se mais atenção ao aparelho celular do que à pessoa com quem se está falando através dele. Pela primeira vez na História, estamos mais conectados do que nunca, porém isolados do ponto de vista relacional. Este é o paradigma em que vivemos: sabemos nos comunicar através do toque nas teclas e telas, mas não através do toque epitelial, do olhar, do gesto. A convivência é uma arte perdida. As pessoas passam tanto tempo na frente de máquinas que quando estão perto de outro ser humano, agem como trouxas. No ano 2000, entramos na era da conectividade com pessoas que não sabem se relacionar. Entender como este paradigma se consolidou pode nos mostrar como resolver este paradoxo. Como agir feito trouxa virou a regra Na década de 80 do século passado, pesquisadores do Centro de Pesquisas da Universidade Michigan, descobriram que os pais que Agindo como Trouxa 24 trabalhavam fora, gastavam em média 3h03min por semana de tempo de qualidade com os filhos. Entenda-se por tempo de qualidade as horas gastas para brincar e conversar com os filhos. Isso sem levar em conta o hábito de fazer da TV a babá dos filhos. Miriam Bar-on, professora da Escola de Medicina Stritch, da Universidade Loyola, em Maywood, Illinois, falando sobre os perigos disso, explicou que “crianças e adolescentes são especialmente vulneráveis às mensagens comunicadas através da televisão, o que influencia suas percepções e seus comportamentos... Muitas crianças menores não conseguem discernir entre o que elas veem e o que é real”. Em outubro de 2003, foi publicada pelo Jornal Folha de São Paulo, uma pesquisa realizada pelo Ibope/NetRatings, mostrando que naquela época o jovem brasileiro, em idade entre 12 e 24 anos, gastava em média 14h25 minutos por mês na internet. Este público, em grande parte adolescente, é justamente o público que tem menores condições de avaliar objetivamente a informação, ora por não ter sido alfabetizado corretamente, lendo e não sabendo interpretar o que lê, ou gastando tempo distraindo a mente com ideologias e pessoas que reafirmarão o que eles mesmos pensam tornando-se assim cada vez mais céticos e debatedores bobos. Levantam questões sobre tudo, mas nunca chegam a conclusão nenhuma. Outra pesquisa, publicada em outubro de 2010, no Oxford Journal of Social Cognitive and Affective Neuroscience, especialistas estadunidenses comprovaram que os jovens que assistem frequentemente a vídeos violentos se tornam insensíveis aos sentimentos alheios, e alertaram aos pais em relação à necessidade de supervisão quanto ao conteúdo do que os filhos assistem ou jogam. A autoexposição a muita informação, sem ter os filtros intelectuais necessários para escolher o que absorver, apenas confunde o aprendizado prejudicando as mentes ainda em formação. O avanço tecnológico proporcionou acesso à muita informação, até mais do que o cidadão comum é capaz de suportar. Se toda a informação gerada no planeta entre os anos de 1986 e 2007 fosse armazenada em DVDs e estes fossem empilhados, seria possível formar uma torre que chegaria à Lua. Neste período, a informação disponível no mundo dobrava a cada dois anos. Estima-se que em 2020, o volume de informação disponível no mundo dobrará a cada 83 dias. Quando o Symon Hill 25 rádio foi inventado, passaram 30 anos até que ele atingisse 50 milhões de pessoas. A televisão levou 13 anos para alcançar o mesmo número de telespectadores. Mas, apenas em 2010, o Facebook cadastrou mais de 200 milhões de usuários, chegando à marca de mais de 1 bilhão de usuários em janeiro de 2013. Neste mesmo ano, uma pesquisa de mercado feita pela empresa norte americana International Data Corporation (IDC), a pedido do Facebook, descobriu que usuários de smartphones – entre 18 e 44 anos de idade – acessam as redes sociais logo ao acordar. Do total de entrevistados, 62% afirma que a primeira coisa que faz ao acordar é pegar o smartphone, enquanto 79% usa o aparelho celular 15 minutos após acordar. 63% dos entrevistados disseram que realizavam o login e o logoff várias vezes ao dia no Facebook, e 25% afirmaram que passam parte do dia online, jogando. O tempo de uso diário do aparelho geralmente se divide em: 16 minutos (em média), para ver o feed de notícias, 10 minutos para verificar as mensagens na caixa de entrada e pouco mais de 5 minutos para atualizar o status ou postar uma foto. Concluindo, o tempo médio de 1 acesso ao Facebook, via celular, chega a mais de meia hora. Esta meia hora poderia ser utilizada para manter uma conversa ao vivo, pessoalmente, com alguém que está ao lado. Ora, passando tão pouco tempo com os pais desde a infância e ficando tanto tempo expostos a conteúdos de fontes questionáveis, jogos e filmes violentos, não é de admirar que atualmente, o indivíduo apresente dificuldade de se relacionar com outros seres humanos. Se metade destas 14 horas mensais gastas diante do computador tivesse sido investida na conquista de habilidades relacionais e no melhor uso da língua, talvez as pessoas hoje não fossem tão isoladas dos demais e soubessem usar melhor seu potencial comunicativo. Estamos cada vez mais conectados, porém isolados do ponto de vista relacional. Sem a habilidade de se relacionar bem com pessoas alheias as do contato corriqueiro, compromete-se a base da estrutura social humana, partindo do princípio que viver em sociedade é uma estratégia de sobrevivência. Assim, o tempo máximo que o sujeito tolera as diferenças de idade e ideologia é de três meses. Logo ele troca de emprego por mais três meses e assim vai indo de empresa em empresa, até achar uma em que possa formar uma panelinha com os colegas do Face. Isso não deveria Agindo como Trouxa 26 causar espanto, já que desde o começo deste século as crianças e adolescentes gastavam mais tempo na presença de máquinas do que na presença de outros humanos, fossem eles pais ou colegas. Só resta concluir que ao se isolar atrás de um monitor, gradativamente a pessoa se distancia do que ela é em sua essência: um ser social. O desejo constante da aprovação alheia faz com que o sujeito deseje a todo custo (neste caso, o preço de sua autenticidade) ser como os demais, estar onde os outros estão e fazer o que eles fazem. Os relacionamentos das pessoas são cada vez mais superficiais. Não se namora mais, fica-se. Não se vende mais para o mesmo cliente, busca-se um novo todos os dias. Não se mantém mais o compromisso com a vida, deixa-se o filho na caçamba. Isolar-se e isolar os outros é desrespeitar a natureza da espécie humana, pois somos seres sociais que precisam conviver. Provavelmente, você já notou como as pessoas estão cada vez mais egocêntricas ao passo que a necessidade das empresas e dos demais grupos sociais exige das pessoas a habilidade em fazer e conquistar juntos. Espera-se sinergia, não competição. Coletividade, não egoísmo. Tentar relacionar-se com outras pessoas através de um aparelho eletrônico, como no caso, pelas redes sociais através de smartphones, é uma forma de se autoenganar ou enganar o outro, principalmente, pela oportunidade que temos de comunicar apenas o que há de bom. Escolhemos a foto em que estamos bem e esta é a que publicamos. Em uma mensagem, escolhemos melhor as palavras ou as abreviamos. Se errarmos no conteúdo ou no tom, corrigimos a mensagem antes de envia-la. Bastadar um “Ctrl+Z”. As redes sociais favorecem a publicação apenas daquilo que podemos (ou falsamente acreditamos poder) controlar. Diferentemente da conversa ao vivo, que acontece em tempo real e expõe muito mais nossas fraquezas. Estes fatores reforçam o paradigma de que estar conectado é a coisa mais importante. Estes exemplos mostram como as pessoas vão se fechando em seus mundos sem perceber que estão trocando o contato real com outros seres humanos pelo contato virtual com seres que talvez nem existam realmente. O fato de se isolarem traz como consequência, agir como trouxa, pois sem uma noção clara do que é amizade, tendemos a perder o real valor do outro. Criamos expectativas infundadas em relação aos outros e a nós mesmos. Veja por exemplo, Symon Hill 27 uma pesquisa feita pelo laboratório de Estudos da Emoção e Autocontrole da Escola de Psciologia da Universidade de Michigan, comandado pelo professor Ethan Kross em parceria com Phillipe Verduyn, da Universidade de Leuven, na Bélgica. Segundo os pesquisadores, quanto mais tempo os jovens abaixo de 30 anos passam no Facebook, mais infelizes e solitários se tornam. Um em cada três usuários que participaram da pesquisa manifestaram inveja, tristeza e solidão por ver que os ‘amigos’ estavam felizes com seus relacionamentos e curtindo férias com a família. Amigos verdadeiros se sentiriam felizes de ver os amigos felizes. No entanto, usar o Facebook tem se tornado uma forma de comparação social – elemento essencial para a formação do autoconceito. A amizade é uma necessidade humana que vai além da comunicação chegando ao terreno da cumplicidade com o outro, não da inveja de suas conquistas. As redes sociais deturparam o conceito de amizade. Aceitamos como amigos pessoas que nunca chamaríamos para tomar um lanche pessoalmente em nossa casa. Sem companheiros sérios e variados, uma pessoa torna-se presa fácil do autoengano. Com o passar do tempo, de tanto se isolar, o sujeito não sabe se comportar na frente de outros humanos, pois passou pouco tempo na companhia dos pais, conversa mais com os dedos do que com a boca, e se acostumou com a violência ficando insensível ao sentimento alheio, desprovido de empatia. Daí o sucesso dos cursos de etiqueta empresarial, posturas profissionais, ética e valores humanos que se vê por aí. O paradigma esconde o paradoxo Talvez o leitor conheça a analogia feita por Platão, em que ele compara o homem a uma carruagem. A carruagem, composta por cavalos, rédeas e um cocheiro é assim comparável ao homem que é composto de emoções, pensamentos e percepção. Desta forma, assim como o cocheiro controla as rédeas para comandar os cavalos, a percepção do homem dita seus pensamentos e controla suas emoções. Por não perceber corretamente as coisas que acontecem a sua volta, muitos não pensam direito e acabam cedendo a emoções negativas Agindo como Trouxa 28 traduzidas em sentimentos como vergonha, inadequação, insegurança, medo, inveja, ego inflado, orgulho e sentimento de culpa. Assim, fingem estar contentes, quando não estão. Fantasiam sucessos, quando não lidam bem os fracassos. Preferem confiar incondicionalmente nos outros, ao invés de em si mesmas. Não controlar as emoções é o que faz com que as pessoas queiram uma coisa e façam outra. Todos desejam ser e parecer inteligentes e coerentes, mas acabam agindo como trouxas que, no íntimo, desejam se livrar do manicômio social em que foram lançados. É neste paradigma em que vivemos, onde a única regra é professar crer em alguma coisa e fazer outra que está a 180°. Em muitos casos, o indivíduo é levado a agir paradoxalmente por não pensar coerentemente ou por não compreender seu papel dentro do sistema no qual está inserido. Assim, a falta de coerência (no domínio do pensamento) o leva a não entender como ele deve comportar-se (domínio da ação) para atingir seus próprios objetivos. Num impulso de autoengano, buscando ainda manter-se em uma posição confortável, a pessoa apega-se a ideologias e outras pessoas que confirmem a noção que ela tem de si mesma, reafirmando o que já acredita racionalizado sobre as coisas e abdicando do direito de pensar, avaliar e escolher por si mesma, sobre o que considera ser melhor em longo prazo. Prefere abarrotar a cabeça com os pensamentos dos outros, do que avaliar a própria vida e voltar atrás quando necessário. Expectativas exageradas em relação a si mesmo e ao que se espera da sociedade atual, geram a dissonância entre pensamento e ação. Todos estes aspectos revelam uma autoimagem distorcida e uma pessoa que não se aceita como é, que não se vê como merecedora de suas conquistas ou sente inveja das conquistas dos outros, inevitavelmente, terá dificuldades relacionais. A consequência? Isolar-se. Daí a relação entre agir como trouxa e o Paradoxo Symoniano, que se refere à tendência isolacionista escondida pelo paradigma social da atualidade, causado por engodos psicológicos e uma autoimagem distorcida, evidente na constante desvalorização de si mesmo e do outro. Ao se isolar o individuo age como trouxa indo contra sua necessidade humana básica de conviver, prejudicando suas relações sociais, se comportando como (a) ingênuo (maximizando o valor do outro), (b) como idiota (menosprezando o outro) ou (c) como autoenganador (minimizando ou Symon Hill 29 maximizando a si mesmo). Como que num processo de retroalimentação, ao agir como trouxa, a pessoa reforça o paradigma de diminuição da autenticidade que, em ultima instância, mascara ainda mais o paradoxo, visto que, a própria pessoa se isola ou é isolada pelos demais. Sendo assim, como viver e conviver razoavelmente bem num mundo de contradições amplamente apoiadas pela convenção social? Como agir de um modo mais autêntico, mais cauteloso e menos pretencioso? Como ser socialmente inteligente e parar de agir como trouxa? Reposicionar-se para vencer o paradoxo Imagine, por exemplo, que você está ouvindo um barulho que lhe incomoda, mas que você não sabe identificar o que é. Parece que ele vem de trás do muro de sua casa. Com o tempo, o barulho se torna insuportável. Mas, sem saber o que é, fica difícil resolve-lo. No entanto, se você olhasse por cima do muro poderia descobrir a origem do barulho e encontrar uma solução. Uma mudança no seu ponto de vista é fundamental para resolver esta situação incômoda. Da mesma forma, o desconforto social de agir ou conviver com quem age como trouxa é um barulho incômodo que até então, você não sabia de onde vinha. O paradigma social atual de que estar conectado é o mais importante é como um muro que impede sua visão real do problema, que é a tendência isolacionista, um paradoxo para nós que vivemos na era da conectividade. Assim como é preciso ‘olhar por cima do muro’ para descobrirmos uma solução a partir de um novo ponto de vista, para se vencer um paradoxo é preciso mudar de paradigma. Mudar sua posição para obter um novo ponto de vista. Heráclito, filósofo grego que viveu quatrocentos anos antes de Cristo, dizia que tudo o que é oposto quando em união causa perfeita harmonia. Equilibrar forças contrárias não significa eliminá-las, mas combiná-las. Percebo que a saída para combinar ao máximo possível a práxis e o logos é aprender a viver e conviver neste cenário social de contradições. E a inteligência social, é de longe, a melhor das Agindo como Trouxa 30 alternativas para conseguir isso. Poucos assuntos são tão eficazes em combinar pensamento e ação. Ela pode manter as expectativas pessoais dentro de limites razoáveis e determinar ações específicas e alcançáveis para quem, por vezes, talvez tenha se sentido ‘miserável’ por dentro, por viver como se estivesse sem nenhum domínio sobre o que realmente vivencia. A meta é ser autêntico. O método é aprender a ser socialmente inteligente. A InteligênciaSocial Aplicada o ajudará a sair do ‘modo automático’ em que fomos socialmente colocados agindo como trouxa sem perceber. Ser socialmente inteligente é, portanto, um estilo de vida capaz de melhorar sua existência enquanto humano e como consequência, melhorar seus resultados. Quem deseja combater esta tendência deve começar por mudar a si mesmo harmonizando pensamento e ação e, num segundo momento, por aprender a lidar de forma eficaz com aqueles que agem como trouxas. Se o leitor estiver desejoso de repensar seus modelos para melhorar seu estilo de vida este livro é um bom começo. Crendo na plasticidade da mente humana e em sua capacidade de se adaptar, uma defesa que ficará evidente ao longo desta obra, é a de que a melhor maneira de resolver e reduzir os problemas de relacionamentos interpessoais, visando ser socialmente inteligente, é por melhorar a si mesmo através de um fortalecimento de sua personalidade associado a uma mudança de ponto de vista sobre o modo como você se comporta diante dos outros. Apenas através de um novo olhar (nova percepção) sobre si mesmo e sobre sua interação com o mundo que o cerca, modificando o seu paradigma sobre seu próprio valor e o valor dos outros, é que se poderá reduzir o efeito do paradoxo que permeia o mundo atual. O modo como você se posiciona em um determinado ambiente, determina a qualidade de seus relacionamentos naquele ambiente. Conta-se uma fábula em que duas pulgas estavam conversando sobre as dificuldades de seu mercado, que envolvia sugar um cachorro muito rápido. Assim, uma comentou com a outra: “Sabe qual é o nosso problema? Nós não estudamos o suficiente por isso não aprendemos a voar, só sabemos saltar; daí nossa chance de sobreviver quando somos Symon Hill 31 percebidas pelo cachorro é zero! É por isso que as moscas vivem por mais tempo que as pulgas. Elas voam”. E elas se matricularam num curso profissionalizante ministrado pela mosca, que lhes mostrou como aprender a voar e, depois de um tempo saíram voando. Passado algumas semanas, a primeira pulga disse para outra: “Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas no corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada da pata dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas que sugam o néctar e levantam voo rapidamente”. Desta vez, elas contrataram o treinamento da abelha, que lhes ensinou a técnica do ‘chega-suga-voa’. Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga chegou e explicou o porquê: “Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos que ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender com os pernilongos o que eles fazem para se alimentar com aquela rapidez”. E um pernilongo lhe prestou assessoria para expandir o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos. Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar nele. Foi aí que encontraram uma pulguinha feliz, que surpresa ao revê-las, disse: “Uai, vocês estão enormes! Fizeram plástica?”. A que as outras duas responderam: “Não, fizemos uma reestruturação. Agora somos pulgas preparadas para os desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento”. Curiosa, a pulguinha perguntou: “E porque vocês estão com cara de famintas?”. Num rompante de autoengano, as pulgonas argumentaram: “Isso é temporário. Já estamos pensando em fazer um trabalho de mentoria com um morcego que nos ensinará a técnica do radar. E você?”. “Ah! Eu vou bem obrigada. Forte e sadia!”. E era verdade. A pulguinha estava viçosa e bem alimentada, mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer e perguntaram: “Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em uma reestruturação, uma remodelagem?”. “Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora”, disse a pulguinha. “Hã? O que as lesmas têm a ver com pulgas?”. Agindo como Trouxa 32 “Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas, mas em vez de dizer para lesma o que queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias lá no canto dela, parada observando o cachorro e, então me deu o diagnóstico”. “E o que ela sugeriu?”, perguntaram as pulgas. “Que eu não mudasse nada em minha natureza. Apenas me sentasse no cocuruto do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança...”. A grande mudança que muitas pessoas buscam para lidar com pessoas tóxicas (aquelas que agem como trouxas no ambiente profissional) não vem de educação formal, cultural ou de uma mudança radical na personalidade. Vem de se aprender a agir de uma forma que os outros não conseguem. No caso de quem age como trouxa, agir com inteligência social é quase impossível. Reposicionar a si mesmo tem o poder de reposicionar os outros. Este é um segredo que o marketing conhece há muito tempo. O modo como você se posiciona em um determinado ambiente determina a qualidade de seus relacionamentos naquele ambiente, independente de os outros agirem como trouxas ou não. O ponto é que, não é o outro que está no comando do seu comportamento. É você. Não reconhecer isso, você já sabe que é agir como... Este livro o ajudará nesta tarefa de reposicionamento social. Ao final da leitura e da aplicação destes conceitos, você estará blindado para resistir a pessoas que se comportam como trouxas. Esta obra o ensinará a identificar nos seus relacionamentos pelo menos três pontos- chave: (1) o comportamento nocivo de quem age como trouxa; (2) o comportamento ‘ideal’ para a manutenção da cultura empresarial e do clima socialmente inteligente e; (3) aprender a se posicionar melhor (entenda-se também, relacionar) com aqueles que agem como trouxa, neutralizando-os. Como apenas a leitura sobre inteligência social não basta, é preciso aplica-la, este assunto não se limita aos ditames do pensamento, ou seja, para desenvolver suas competências sociais é preciso ampliar seu círculo de relações. Assim, não há como o leitor perceber o real valor deste tema se, em suas conclusões, decidir isolar-se ou manter-se distante da convivência. Se assim o fizer agirá como trouxa. Há duas Symon Hill 33 passagens no livro dos Provérbios que explicam claramente a necessidade que temos de conviver para crescer. Uma, adverte contra a tendência isolacionista, destacando o perigo de se manter apartado dos demais e acabar “estourando contra a sabedoria prática”. A outra destaca a importância da convivência como fator de crescimento pessoal quando afirma que “assim como o ferro afia o próprio ferro” o homem também “afia”, ou seja, aprimora o outro. Desta forma, somente através da aplicação dos princípios sugeridos em sua realidade – em cada uma de suas interações sociais – o leitor conseguirá vivenciar os benefícios da inteligência social em sua vida. É durante as situações de contradição entre pensamento e ação que esta proposta encontrará seu lugar de aplicação. Ao ler este livro, preocupe-se em entender as ideias e descobrir o que realmente significam. A pergunta que deve permanecer em sua mente o tempo todo é “E daí, o que faço com isso?”. Com esta perspectiva, haverá um melhor aproveitamento das ideias contidas em cada um dos textos e nas aplicações da inteligência social no cotidiano do trabalho. Por exemplo, saber que vivemos em uma constante dissonância entre o que dizemos e fazemos e que isso pode e tem nos afastado de nossos objetivos mais íntimos (e até da causa de nossa existência), deve servir para despertá-lo quanto a necessidade de prestar mais atenção aos anseios que manifesta e, também, se aquilo que está fazendo realmente o aproxima mais e mais destes anseios. Desta maneira, para iniciar este processo de expansão da inteligência social,será preciso dominar primeiramente aquilo que se pensa e depois esforçar-se em viver de acordo com estes pensamentos. Imagine os benefícios de viver em harmonia com colegas de trabalho, familiares e, principalmente com você mesmo. Pense em como seria proveitoso participar de uma reunião onde você tem maior poder de influência. Tente descrever a sensação agradável de estar em um determinado ambiente livre de anseios ou dúvidas quanto a sua postura em relação aos demais. Quem não gostaria de saber como responder adequadamente a cada pessoa com que se relaciona? Estas possibilidades se tornarão reais a você por utilizar mais plenamente sua inteligência social. Agindo como Trouxa 34 2. Comunicação deficiente: O ponto em comum em quem age como trouxa A boa comunicação é a base das boas relações interpessoais. Ficar sem contato com os outros é um castigo cruel desde a infância. As crianças tem o costume de brincar com os coleguinhas mais interessantes e não se importam em “dar um gelo” em quem é chato ou “metidinho”. Faz parte do Código de Ética Infantil: quem é ‘bacana’ recebe o direito de brincar com a turma. Quem é mala ganha o passaporte para a ilha deserta. Talvez você mesmo já tenha passado por isso. Intuitivamente, as crianças sabem que a falta de companheirismo – a falta de comunicação – é uma maneira dolorosa de punir alguém. Na realidade, a falta de comunicação é um caso de vida ou morte. O primeiro a pensar nisso, provavelmente foi Frederico II, imperador alemão de 1196 a 1250. De acordo com um historiador medieval, ele promoveu um teste onde mães adotivas e amas de leite de recém- nascidos podiam cuidar apenas das necessidades físicas dos bebês, como amamentar, dar banho e trocar – mas, eram proibidas de conversar com eles. Como resultado, após quatro meses de rejeição, as crianças morreram. Não conseguiram viver sem o carinho, as palavras afetuosas e as expressões faciais das mães. Em nossos dias, pesquisadores estudaram a importância da comunicação, num estudo de isolamento, onde convidaram cinco homens a ficarem trancados em um quarto escuro. O primeiro aguentou oito dias. Outros três suportaram dois dias, sendo que um deles ao sair do quarto exclamou: “Nunca mais!” O quinto homem suportou o teste por apenas duas horas. Mesmo no caso de quem gosta de ficar sozinho, a solidão pode ser excruciante. Veja o caso do navegador Carl Jackson que passou 51 dias velejando pela costa do Oceano Pacífico. Ao voltar à terra firme, ele disse que “sempre se julgara autossuficiente”, mas, descobriu em alto mar que, “a Symon Hill 35 vida sem as pessoas não faz sentido” e concluiu: “A solidão no segundo mês foi martirizante...”. A comunicação está associada à satisfação de quatro necessidades humanas principais. Em sentido físico, a falta de comunicação e relacionamentos satisfatórios tem o mesmo impacto negativo sobre a saúde que a pressão alta, o fumo, a obesidade e a falta de atividade física. Pessoas que ficam sozinhas têm quatro vezes mais chances de pegarem um resfriado do que aquelas socialmente ativas. Homens divorciados (antes dos 70) morrem de doenças cardíacas, câncer e derrame, duas vezes mais que homens casados. Morrem de hipertensão três vezes mais e cometem suicídios cinco vezes mais. Morrem de cirrose sete vezes mais e de tuberculose dez vezes mais. (Adler, 1999). A comunicação nos supre ainda de outra necessidade emocional: a necessidade de identidade. Quem define se somos inteligentes ou idiotas, espertos ou lerdos, bonitos ou feios não é a imagem no espelho, e sim, o modo como outras pessoas reagem a nossa interação com elas. Decidimos quem somos baseados no modo como as pessoas reagem a nós. Como no caso do Menino Selvagem de Aveyron, encontrado sozinho cavando uma horta em busca de alimento numa aldeia francesa no início do século XIX. Ele havia passado os primeiros anos da infância sem contato com outros humanos, e não havia nele nenhum traço que se podia esperar de um ser social. Apenas com a influência de uma mãe amorosa é que o menino começou a agir e a pensar em si mesmo como sendo um humano. Isso por que nascemos sem nenhum senso de identidade e vamos criando nossa identidade a partir do modo como os outros nos definem. As mensagens que recebemos até os 7 anos de idade são as mais fortes, mas, a influência dos outros permanecem presentes em nós pelo resto da vida. Pense em si mesmo e no modo como se veste ou como fala. Quando você começou a agir deste modo e por quê? Ao meditar nisso, você perceberá que sofreu algum tipo de influência de alguém em algum momento da sua vida, como um estilo de música que marca uma geração. Essa influência foi moldando sua maneira de ser. Ao longo da vida somos atraídos a pessoas que confirmam nossa identidade. Esta confirmação depende, é claro, de sua autoimagem. Por exemplo, se você tem uma Agindo como Trouxa 36 autoestima elevada, a tendência é se aproximar de pessoas que lhe tratem bem e evitar a todo custo pessoas que lhe tratem mal. No entanto, se você se considera uma pessoa sem valor, tende a se relacionar com pessoas que lhe desprezem para confirmar a si mesmo o que já pensa sobre si. Esta é uma explicação do porque muitos permanecem em um relacionamento desamoroso, pernicioso e frustrante. Se você se considera um perdedor, se associará com pessoas que confirmem sua auto-percepção negativa. É claro que estes relacionamentos de apoio, podem tanto confirmar quanto transformar sentimentos de inadequação em auto-respeito, da mesma forma que os relacionamentos prejudiciais reduzem a autoestima. Pense ainda em como a comunicação satisfaz sua necessidade de convívio social. Alguns cientistas afirmam que a comunicação é o principal meio pelo qual os relacionamentos se iniciam. Através da comunicação, muitas necessidades humanas são satisfeitas. Sentimos prazer quando conversamos com alguém que é divertido e nos alegra com sua conversa. Demonstramos afeto quando visitamos uma pessoa querida após um período de luto (nem que seja apenas para mostrar a ela que nos importamos). Sentimo-nos incluídos quando entramos em uma roda de amigos para não ficarmos sozinhos. Quando queremos evitar uma tarefa desagradável, experimentamos a sensação de fuga, por conversar com o colega da mesa ao lado ou matar o tempo até o relógio de ponto marcar o fim do período. Relaxamos quando simplesmente jogamos conversa fora em um bate-papo descontraído. Sentimos o controle da situação quando fazemos solicitações a outras pessoas, ou reivindicamos algum direito. Pense em como a sua vida seria vazia sem que estas necessidades fossem satisfeitas. Sem contar a importância da comunicação para a realização dos objetivos práticos de nossa existência. Você se comunica para dizer ao cabeleireiro para cortar seu cabelo um pouco mais dos lados do que em cima. Fala ao arquiteto como quer o acabamento do seu banheiro. Negocia as tarefas domésticas e argumenta com seu filho na hora de escovar os dentes ou ir dormir. Sem poder se comunicar, como seria o exercício de viver em sociedade? Além de um trunfo social, a comunicação é a chave que abre a porta do sucesso ou do fracasso profissional. Symon Hill 37 Segundo a professora Rosabeth Moss Kanter, da Escola de Administração de Harvard, após concluir sua graduação, as principais habilidades são as sociais, ou seja, saber se comunicar, ouvir e compreender, trabalhar em equipe e liderar. Até mesmo a Pirâmide das Necessidades Humanas, de Abraham Maslow, reafirma a importância de se comunicar para viver e atingir a auto realização. Pense em como seria difícil conseguir água potável, comida, roupa e abrigo sem ir até o departamento de água de sua cidade e solicitar ao atendente água tratada em sua casa. Ou sem ir ao supermercado fazer suas compras do mês e passar pelo caixa. Sem
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