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Prévia do material em texto

Agindo como Trouxa 
2 
Sobre Symon Hill 
 
 
Especialista em Comunicação e Neurolinguística pela 
Universidade de Viçosa, MG e Graduando em Psicologia pela 
PUC MG. É o nº 1 do Brasil em Inteligência Social Aplicada. 
Symon é uma dessas raras pessoas que pode se dizer 
palestrante e autor, e sustentar isso. Suas palestras atraíram 
empresas como ALCOA Alumínio S/A, FURNAS Eletrobrás, M&G 
Fibras Brasil S/A, SEBRAE, SENAC SP, Editora GLOBO, Souza 
Cruz S/A e mais de 100 outras empresas do setor público e 
privado. É palestrante credenciado do SEBRAE Minas. Como 
autor, tem 19 livros publicados nos gêneros de negócios e 
carreira, passando por temas como comunicação humana, 
relacionamentos, vendas, gestão de equipes e inteligência social 
aplicada – seu campo de estudo há 8 anos. 
Contato com o autor: 
+55 35 3713-7499 | 8886-2679 
www.apalestra.com 
www.symonhill.com.br 
E-mail: contrate@apalestra.com 
Blog: www.palestrantesymonhill.wordpress.com 
Youtube: www.youtube.com/MrSymonHill 
 
Este e-book é para comercialização exclusiva em 
www.clubedeautores.com.br 
 
 
©2014. Symon Hill 
http://www.apalestra.com/
http://www.symonhill.com.br/
mailto:contrate@apalestra.com
http://www.palestrantesymonhill.wordpress.com/
http://www.youtube.com/MrSymonHill
http://www.clubedeautores.com.br/
Symon Hill 
3 
PREFÁCIO 
 
Era uma vez um indivíduo chamado Você. 
Você muitas vezes sentiu que poderia ser mais feliz, conquistar 
os clientes que os colegas conquistaram ou ainda, liderar a equipe de 
uma forma bem melhor que seu chefe. No entanto, Você não consegue 
entender como ou porque as coisas aparentemente não dão certo quando 
se envolve. É como se na hora em que está para arrebentar a ‘boca do 
balão’, algo errado acontece e Você acaba voltando à estaca zero. 
Assim, Você acaba por acreditar que a vida que têm levado é tudo o que 
há para ser vivido. Você aceita viver abaixo de seu potencial, se 
iludindo e justificando-se por esta escolha. Todos os dias, Você acorda 
com a sensação de que pode fazer as coisas de um modo diferente, de 
que colocará um ‘ponto final’ na relação com aquela pessoa chata que 
implica com seu jeito de falar, vestir e pensar ou então naquele 
supervisor arrogante e mentiroso. Talvez consiga colocar um fim na 
situação tóxica de abuso moral – uma espécie de bullying profissional, 
incentivado pela coragem maquiavélica daqueles que acreditam ter o 
direito de enganar a Você e seus pares. 
Você está cansado de ver como as pessoas a seu redor mentem 
descaradamente. Roubam as ideias que Você compartilhou nas últimas 
reuniões da equipe e falam de ‘suas’ conquistas para os outros. E quanto 
ao trabalho? (Ah, o trabalho!). Sempre promovem os outros para os 
melhores cargos. Na sua vez, sobram as tarefas mais penosas ou o setor 
mais problemático. Enganam Você até na hora de promovê-lo: dizem 
que apenas Você é capaz de desarmar aquelas ‘bombas’. Ora, por isso 
mesmo é que Você foi escolhido. Sem falar naquele emprego do qual 
foi demitido e até hoje não sabe exatamente por que (pois ninguém lhe 
fala a verdade há muito tempo). Esta situação contínua tem levado Você 
a perder a motivação para trabalhar, conviver com os demais e produzir 
resultados satisfatórios. Como consequência natural, Você vai se 
fechando cada vez mais em seu mundo, conversando apenas consigo 
mesmo, se expondo muito pouco, seja por medo ou raiva, frustração ou 
vergonha. 
Agindo como Trouxa 
4 
No íntimo, Você sabe que não foi feito para viver no 
anonimato, mas não sabe como reverter a situação para ver seus talentos 
e ideias valorizados. Com o tempo, Você percebe que as pessoas a sua 
volta também estão sofrendo com sua maneira de agir e, mesmo assim, 
parece não conseguir mudar. Você não se comunica bem quando 
necessário, visto que seus poros exalam a vergonha que sentem dos 
outros e medo de não agradar a todos. Não se sente autoconfiante e 
seguro para expor suas emoções e opiniões, além de viver estressado e 
com pressa. Nas reuniões de família, prefere ficar num canto, isolado. 
Ou então vai brincar com as crianças para fugir das perguntas dos 
cunhados... Com o tempo, Você se isola cada vez mais e desaprende a 
arte da convivência. Perde o ‘jeito’ para se relacionar com os outros. 
Neste estágio descobre que não sabe como lidar com os próprios 
pensamentos e a consequência é não se posicionar corretamente nas 
situações sociais. Fica à mercê de pensamentos desanimadores e toda 
vez que precisa falar, prefere calar. 
Provavelmente, assim como este indivíduo, você talvez já 
tenha se sentido inseguro, envergonhado, com medo e até mesmo se 
enganou sabotando seus próprios planos. Pode ser que nos últimos anos 
esta tenha sido sua realidade. Às vezes, até sentiu que seus 
relacionamentos não são tão satisfatórios como poderiam ser, mas não 
sabe o que está faltando – nem mesmo consegue responder à altura 
quando os outros o provocam. Se pararmos para pensar, todas estas 
situações já aconteceram com cada um de nós, já que a qualidade dos 
nossos relacionamentos depende do modo como nos posicionamos em 
cada um deles. Se isso já aconteceu com você, saiba que sei como se 
sente, porque eu mesmo já fui feito de trouxa e agi como trouxa no 
passado. Aos poucos fui me distanciando cada vez mais de meus ideais 
de vida, de trabalho, e na família. Por que? Porque cedi à tendência de 
me isolar. Vou lhe contar como descobri que este era o meu desafio 
pessoal. 
Há alguns anos participei de uma palestra durante uma feira de 
literatura, essas chamadas feiras do livro. O palestrante de renome 
internacional estava lançando um livro sobre como usufruir o melhor da 
vida e, vi em sua palestra, algo realmente autêntico. Ele parecia ser 
Symon Hill 
5 
diferente de todos os palestrantes que havia assistido, mesmo antes de 
me interessar por este segmento. Naquela época, eu mal tinha dinheiro 
para comprar um livro dele na feira (R$ 29,90), pois estava deprimido e 
frustrado com minha forma de agir e trabalhar. Assim, depois que ele 
terminou sua palestra, arrumei um jeito de falar com ele. 
Muito simpático e solícito, ele se sentou comigo do lado de 
fora do auditório e ouviu pacientemente minha história por mais de uma 
hora e meia. Entre outras coisas, lhe disse que estava descontente com 
meu trabalho de instrutor de cursos livres e que havia pensado em 
seguir a carreira de palestrante profissional, mas não sabia sobre que 
assunto devia falar. Queria um assunto que fizesse com que as pessoas 
se lembrassem de mim todas as vezes que ouvissem aquela palavra. 
Pensei em muitos temas: vendas, marketing, liderança, equipes, 
motivação. Mas nenhum destes temas tinha nada a ver comigo. Não 
conseguia falar sobre isso com propriedade. Como sua palestra havia 
dito para nos esforçarmos a fazer o melhor com nossas vidas a partir de 
nossa autenticidade, perguntei a ele como poderia ser autêntico e ainda 
assim, tornar-me um palestrante que envolve e inspira as pessoas. 
Olhando nos meus olhos, ele disse assim: “Symon, qual é seu pior 
problema? Qual é o maior desafio que você tem enfrentado na sua vida 
neste exato momento, ou que tem permanecido por algum tempo? 
Quando você encontrar a resposta para estas perguntas e solucionar este 
problema, você estará habilitado a falar sobre este assunto para outras 
pessoas e ajuda-las a resolver estes mesmos problemas. Com certeza, há 
muitas pessoas que devem estar passando pelos mesmos problemas que 
você está passando agora. Este será seu público”. 
Aquelas palavras ficaram gravadas em minha mente. Comecei 
a analisar minha vida, aquilo que queria e gostava de fazer. Mas ainda 
assim, não era esse o caso. Por mais que procurasse, não encontrava 
algo errado em minha maneira de agir que poderia ser corrigido e servir 
de exemplo para os outros. Assim, continuei procurando, até que um 
dia, conversando com minha esposa, disse a ela que escreveriaalgo 
sobre como se relacionar melhor com as pessoas. Lembro que na época, 
falava-se muito sobre marketing pessoal, networking. Acreditava que 
este poderia ser o meu assunto, embora no fundo pensasse que ainda 
assim era preciso algo mais visceral para que eu construísse uma 
Agindo como Trouxa 
6 
carreira acima disso. Sempre tive um bom marketing pessoal, mas 
depois de algumas decisões erradas que tomei, percebi que o que havia 
sobrado de minha imagem pessoal foi uma postura do tipo “gente fina”. 
Chamamos de gente fina aquela pessoa que é boa praça, bem 
relacionado, simpático, de que todos gostam. Isso sempre foi um 
aspecto de minha personalidade. Sou socialmente inteligente. Com esta 
ideia em mente, pensei em escrever um livro para ajudar as pessoas a se 
comportarem melhor e tratarem melhor umas às outras. A priori, a obra 
se chamaria “Trabalhando com a Inteligência Social”. Assim, comecei a 
escrever o tal livro (este livro). 
Como somos seres sociais e na mesma medida que 
modificamos os outros, também somos modificados, quando o livro 
estava quase pronto, decidi testar o conteúdo em mim mesmo. Assim, 
compartilhei alguns destes pensamentos com um cliente que estava 
atendendo. Quando ouviu o tema, disse abertamente que o havia 
“achado sem expressão, fraco”. Publicitário experiente, meu cliente 
sugeriu que o melhor não seria incentivar as pessoas com base num 
ideal estereotipado, e sim, chamar a atenção delas para o que realmente 
é o problema que a inteligência social ajuda a resolver. Meu queixo 
caiu. Confesso que fiquei decepcionado comigo mesmo, visto que não 
consegui defender meu ponto de vista diante dele em defesa à minha 
ideia. E o pior: meu ‘projeto’ de livro tratava justamente de sair 
‘vitorioso’ deste tipo de situações sociais. 
Aí me lembrei da conversa que tive com aquele palestrante. 
Era isso que ele queria me dizer. Não se tratava de estudar um tema, 
mas de viver um tema. Algo que realmente tivesse aprendido por ter 
vivenciado a solução a ponto de ter resolvido um problema pessoal. Em 
meu conceito, a inteligência social era o nome ‘chique’ para quem era 
gente fina. No entanto, eu havia sido gente fina (pelo menos achava 
isso) nos últimos anos, mas na realidade, isso não havia me ajudado em 
nada. Tanto em sentido pessoal como profissional. Cansei de perder 
vendas por ser gente fina com os clientes mais cruéis. Perdi a conta de 
quantas vezes desperdicei a oportunidade de me aproximar de 
familiares e de fazer novas amizades por não estar 100% presente diante 
deles. Acredite: houve um tempo em que eu não desfrutava dos 
benefícios de um relacionamento interpessoal. Com ninguém. 
Symon Hill 
7 
Em meio a estas reflexões, entendi que o modo como havia me 
comportado nos últimos anos em diversos ambientes (contextos de 
comunicação), havia gerado os resultados que estava obtendo naquela 
época. Nem sempre as pessoas precisam de alguém gente fina, mas que 
seja enrolado, sem foco. Na ilusão de que era ‘gente fina’, eu agia como 
trouxa. Foi aí que entendi que o modo como você se posiciona define a 
qualidade de seus relacionamentos. Com isso em mente recomecei 
minha pesquisa. Descobri o que atrapalha as pessoas de usufruir os 
benefícios de um relacionamento interpessoal satisfatório. Parar de agir 
como trouxa é posicionar-se de uma forma mais adequada diante da 
vida, tanto de si mesmo (aceitando-se e desenvolvendo sua autoestima, 
melhorando seu autoconceito) e diante dos outros (por conviver com 
eles aceitando-os como eles são). Você verá que ser autentico com você 
mesmo só é possível se soubermos como nos relacionar corretamente 
com os outros, visto que, como seres sociais, precisamos interagir, 
moldando e sendo moldados uns pelos outros. Quem não entende isso 
será presa fácil para o isolamento, pois quando não temos um conceito 
equilibrado para moldar nosso caráter ele será moldado pelos padrões 
dos outros, alheios à nossa vontade. 
Quando entendi que meu problema era ceder ao desejo de me 
isolar – afastar-me dos outros por não saber comportar-me diante deles 
com autoconfiança – compreendi que muitas pessoas estavam na 
mesma situação e as consequências eram devastadoras. Por isso 
estruturei este assunto de uma forma bastante didática, a partir do 
problema de se agir como trouxa. Você verá que às vezes é preciso agir 
como trouxa para ajudar aqueles que agem assim (inclusive àqueles que 
já perderam a autenticidade), mas sempre preservando sua identidade, 
seus valores. A meta para todos aqueles que agem como trouxas, e que 
deveria ser a meta de todos nós, é buscar viver com autenticidade. É 
impossível desenvolver relacionamentos salutares sem ser autêntico. A 
estrutura do livro, o ajudará a descobrir como ser mais autêntico em 
seus relacionamentos interpessoais. 
Você pode começar a ler este livro como quiser. Como 
sugestão, concentre-se no capítulo 1 e o leia com carinho, pois nele, está 
a definição do problema de se agir como trouxa. Logo em seguida, vem 
a causa, a deficiência de comunicação interpessoal. Na sequencia você 
Agindo como Trouxa 
8 
aprenderá mais sobre a inteligência social e como ela se manifesta. Por 
último, falaremos sobre como desenvolver sua autenticidade. 
Alguém questionou porque o uso o termo ‘Trouxa’, que na 
língua portuguesa tem uma conotação pejorativa. A ressalva se devia à 
possibilidade de ser mal interpretado pelas pessoas visto que muitos não 
admitiriam estar agindo de forma tola ou inconsequente. Além de a 
primeira impressão causada pela capa afastar alguns compradores. 
A aparente falta de polidez no tema desta obra é legítima 
quando nos relacionamos com pessoas que perderam a percepção 
prática daquilo que até conseguem definir verbalmente. É comum (e 
cada vez mais comum) observarmos no dia-a-dia, pessoas que sabem o 
que é correto por definição, mas não sabem reconhecer quando se deve 
fazer o que é correto. Polidez burguesa não funciona quando é preciso 
chamar à atenção para ignomínia comportamental. Há tantos absurdos 
sociais, que referir-me à eles com termos como “tolo”, “bobo”, 
“ingênuo”, “narciso” – e muitos outros termos amenos, politicamente 
corretos – seria o mesmo que dar um tapa de luva de pelica em quem 
está precisando ser nocauteado. O termo trouxa (e os derivados que criei 
ao longo do livro) deve ser encarado como uma espécie de gárgula, 
aqueles monstros esculpidos nas fachadas das catedrais medievais. O 
objetivo destas esculturas era causar uma primeira impressão chocante 
para os mal-intencionados que passassem pela porta da catedral. No 
entanto, dentro da catedral a decoração era bonita e encantadora, mas 
era acessível apenas para aqueles que vencessem a barreira da ‘fachada’ 
e se despissem da própria vergonha em admitir sua necessidade de 
orientação. 
De maneira similar, o ponto em questão aqui está distante da 
ideia de vender livros em aeroportos. Acredito que agir como trouxa 
pode acabar com a natureza humana. O tipo de leitor que lê meus livros 
é aquele que realmente se despiu das ilusões sociais e está buscando 
conhecimento prático para viver melhor. A capa deste livro, 
desenvolvida por mim, visa afastar aqueles insinceros que não possuem 
a humildade mental necessária para aprender sobre qualquer assunto, de 
quem quer que seja. O uso da palavra trouxa aqui é uma técnica. Quem 
vencer a barreira da capa (implícita na palavra ‘trouxa’) e ler este livro 
Symon Hill 
9 
até o final crescerá muito como ser social além de aprender a extrair o 
melhor das relações humanas. 
 
Conteúdo e 
Localização 
Do que trata? 
O que o texto explica? 
Plano Geral do livro e 
sua relação com os 
tempos atuais 
 
As pessoas estão cada vez mais conectadas, porém, distantes do 
ponto de vista relacional. Há uma forte tendência para se isolar. 
Elas sabem conversar pelo toque na tela e na tecla, mas não 
pessoalmente. Nos dias dehoje, quando o assunto é 
comunicação, a boca perdeu lugar para os dedos. 
O Problema de se agir 
como trouxa 
 
As pessoas desaprenderam a arte da comunicação. A cada dia 
que passa, é mais raro o talento de saber como se comportar e se 
relacionar diante de outro ser humano. Assim, se tornam 
tóxicas, ou como chamamos popularmente, trouxas. Com o 
tempo, podem perder a autenticidade. 
O que você tem a ver 
com isso? Sua relação 
com o problema 
 
Provavelmente você conhece alguém que, de tão ingênuo, é 
facilmente enganado, ou alguém que engana os outros crendo 
estar correto ou ainda, aquele que se autoengana. Estes são os 
três tipos de trouxa com quem nos relacionamos diariamente. 
Causa: o que leva as 
pessoas a agir 
trouxamente 
 
A causa da trouxice está na falta de habilidade relacional - a 
dificuldade de se comunicar bem consigo mesmo e com os 
outros - levando à pessoa a não saber se posicionar nos 
ambientes em que se encontra (entenda-se, contextos 
comunicativos). 
Solução Apresentada 
 
Melhorar a comunicação interpessoal para ser socialmente 
inteligente. Isso o ajudará a se posicionar corretamente em cada 
ambiente e interação social. 
Porque e como parar de 
agir como trouxa na 
empresa 
 
Veja qual a relação entre a educação profissional e o 
comportamento de que agem como trouxa, bem como os 
problemas que líderes, colaboradores, equipes inteiras e 
vendedores enfrentam por agir como trouxas. Com este livro 
você terá o poder de se posicionar melhor nestas situações e 
ambientes. 
Conclusão 
 
Parar de agir como trouxa é a base para ser autêntico consigo 
mesmo e com os outros. É assim que os relacionamentos se 
fortalecem. 
 
Tabela 1. Meu plano para deixar de agir como trouxa. 
 
Uma confissão: queria ter escrito este livro há dez anos. Como 
não foi possível, pretendo viver os próximos dez com base no que está 
documentado aqui. A clareza mental que este livro me trouxe ao 
Agindo como Trouxa 
10 
escrevê-lo proporcionou um prazer enorme, além do autoconhecimento 
e o desejo de compartilhar este conteúdo. Aproveite o que está aqui, 
aplique o método e veja a diferença no seu dia a dia, tanto com os 
colegas de trabalho, como com a família e com seus clientes. Lembre-
se: Você merece ter relacionamentos salutares. Merece viver e trabalhar 
livre dos problemas de comunicação. 
 
Symon Hill 
11 
1. 
O Paradoxo Symoniano 
Qual o problema em agir como trouxa? 
 
 
Talvez o leitor esteja se perguntando desde o momento em que 
viu o tema central deste livro, quais são os comportamentos 
característicos de quem age como trouxa e qual o problema em se agir 
assim. Os comportamentos que o senso comum classifica como ‘coisa 
de trouxa’, aquela atitude de gente ignorante, babaca, idiota ou o 
popular ‘bobo’, referem-se a seis diferentes transtornos de 
personalidade, combinados por mim em três tipos clássicos de trouxa, 
que didaticamente classifiquei como ingênuo (T1), idiota (T2) e 
autoenganador (T3). Isso significa que, quando menciono a palavra 
‘trouxa’ me refiro ao comportamento do indivíduo e não à sua 
identidade. Embora pareça desnecessário, este esclarecimento é 
oportuno, visto que muitos confundem aquilo que são, o seu senso de 
identidade, com aquilo fazem, seus comportamentos (Senge, 1996). 
Deste modo, mesmo que o uso do termo trouxa possa parecer 
agressivo, que o leitor saiba que ao usar esta terminologia refiro-me às 
ações do sujeito que o colocam na condição socialmente penalizante 
para si mesmo e ao mesmo tempo penosa para os demais. De um lado o 
indivíduo vê suas relações minarem e perderem cada vez mais a força 
(quando não são superficiais desde o início), e por dentro, sente uma 
insatisfação profunda em relação a própria companhia sem saber que 
em si mesmo reside a causa de seu infortúnio. É como se o sujeito 
vivesse preso às armadilhas de sua mente simplesmente repetindo os 
comportamentos danosos como se estivesse no piloto automático. Com 
o tempo, de tanto agir como trouxa acaba preso a esta camisa de força 
social na qual ele mesmo se colocou. Conhecemos estas pessoas por sua 
atitude tóxica e altamente repulsiva, evidente na forma como ela se 
posiciona diante dos demais, ou seja, o comportamento trouxa, só se 
torna manifesto no trato com os outros, daí a ligação inversa entre agir 
como trouxa e ser socialmente inteligente. Na busca por uma 
Agindo como Trouxa 
12 
abordagem prática do que é ser socialmente inteligente me tornei um 
expert em seu oposto: agir como trouxa. 
Em um ambiente empresarial, pode se encontrar pelo menos 
três tipos de trouxa: a) aquele que de tão ingênuo é facilmente enganado 
pelos outros e levado a agir contra os próprios interesses, sem que ao 
menos perceba, o que em muitos casos, é uma estratégia viável para 
sobreviver no manicômio social em que nos encontramos; b) aquele que 
tenta enganar os outros pensando não ser trouxa, sobrepujando os outros 
em benefício próprio e, c) aquele que se auto engana, agindo contra seus 
próprios interesses num ciclo de auto sabotagem que leva o indivíduo a 
ser exatamente o que ele despreza. Estes três tipos de trouxa alimentam 
a questão paradoxal na qual nos encontramos, mas para que possamos 
abordá-la, precisamos primeiramente identificar como se manifesta em 
ações as três categorias de trouxa supracitadas e suas causas, bem como 
a relação existente com o paradoxo social presente neste século. 
 
Aquele que é facilmente enganado. Este tipo de trouxa é o 
mais facilmente identificável por gostar de aparecer. Como tudo que é 
em excesso passa a ser prejudicial com a auto exposição não é diferente. 
A necessidade de ser o centro das atenções é o principal motivo pelo 
qual este tipo de trouxa acaba sendo enganado. Por agir e se expressar 
de modo exagerado, exibicionista e dramático – mal orientado pela 
necessidade de ser considerado o dono da situação – este trouxa é 
adepto do flerte e do uso de indiretas, agindo de forma sedutoramente 
irresponsável em suas interações sociais, bem como em sua aparência 
física e modo de vestir. É o tipo de pessoa exibida que age para chamar 
a atenção. É o sujeito que fala muito de si e expõe-se em demasia diante 
de pessoas estranhas. Teatral, conquista a atenção das pessoas à sua 
volta. Esta característica última é seu tendão de Aquiles, pois na ânsia 
de ser o centro das atenções, acaba sendo usado por pessoas 
inescrupulosas, sendo facilmente enganado por revelar-se demais. 
Como consequência, torna-se dependente de quem lhe dá atenção, 
cedendo a seus desejos e solicitações por colocar no outro a figura de 
liderança de que precisa para se esquivar da responsabilidade. Por ter 
dificuldade em fazer um julgamento abalizado dos outros, acaba tendo 
opiniões distorcidas sobre os demais, revelando sua inclinação para ver 
Symon Hill 
13 
os outros como gostaria que fossem e não como eles realmente são. Não 
se define como capaz de funcionar de forma independente, estando 
sempre em relações de apoio para administrar sua vida, tamanha sua 
necessidade de proteção e cuidados vinda de seu sentimento de 
incompetência, fragilidade e inadequação. 
Estes indivíduos mantêm ideias simples e pontos de vista 
infantis em relação às pessoas a quem permanecem num total estado de 
submissão. Em geral, agem de uma forma idealizada e crédula, crentes 
de que vai dar tudo certo, desde que a figura forte da qual dependem, 
esteja acessível. É o típico comportamento de uma pessoa espalhafatosa 
que tenta a todo custo aparecer em busca de aprovação, mas que não 
possui segurança em si mesma e quase nenhuma independência para 
tomar decisões. Por colocar muito valor na opinião dos outros, acaba 
sendo feita de trouxa, por aqueles que lhe dão a atenção de que tanto 
precisam. Isso não tem nada a ver com QI. Um gênio pode muito bem 
ser tão ingênuo quanto qualquer outro. Por simplificar demais suapercepção dos outros acaba por não ver fatores críticos que poderiam 
influenciar os resultados no final. 
Aquele que engana os outros. “Usar o outro” é o lema deste 
tipo de trouxa, que também poderia ser representado por seu sinônimo 
na Língua Portuguesa, o idiota, do grego idios, que significa “o mesmo” 
e idiotes que se refere a “aquele que não vê nada além de si mesmo” 
sobrepujando os outros em benefício próprio. Em suas ações cotidianas 
nota-se um padrão de violação e desrespeito pelos direitos alheios e 
uma acentuada falta de empatia. São pessoas insensíveis e superficiais 
que tendem a explorar os outros, não se importando se para isso terão 
que recorrer ao engano por mentir repetidamente, usar nomes falsos e 
ludibriar os outros para levar vantagens pessoais ou obter prazer, agindo 
muitas vezes por impulso, o que demonstra uma irresponsabilidade 
consistente, muitas vezes indicada por um fracasso em manter um 
comportamento consistente, como por exemplo, a dificuldade em honrar 
com suas obrigações. 
Este tipo de trouxa, precisa sentir-se invejado por acreditar ser 
muito importante e digno de admiração excessiva, o que alimenta sua 
dificuldade em sentir remorso, o que fica evidente na atitude de 
indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou prejudicado 
Agindo como Trouxa 
14 
alguém. Popularmente, referimo-nos a este tipo de trouxa como 
Narciso, em referência à personagem da mitologia grega que ao ver-se 
no espelho, apaixonou-se por si mesmo e desconsiderou a importância 
dos outros em sua vida. Este sentimento grandioso acerca de si mesmo 
leva a pessoa a exagerar suas realizações e talentos e esperar ser 
reconhecido como um indivíduo ‘superior’, sem que suas realizações 
estejam à altura de seu discurso. Procura as altas rodas da sociedade ou 
a companhia de pessoas de condição elevada por julgar estar no mesmo 
nível social que elas, fantasiando ser o que não é. Presunçoso, tem uma 
expectativa irracional de obediência automática e imediata a seus 
pedidos, devido à ilusão de que merece ser tratado de modo especial, o 
que o leva a explorar os outros. Avessos ou ignorantes à exortação 
paulina, não consideram os outros como superiores à si mesmos, e sim, 
como seres invejosos de menor importância a serem usados como 
“isso”, ou seja, meros objetos sociais para chegar a um fim, assim como 
explicou Buber (1974). Para o senso comum, esta arrogância e 
insolência, é o que dão ao dono deste tipo de comportamento o status de 
trouxa. 
O pior de todos: aquele que se autoengana. Quem se 
autoengana, agindo contra seus próprios interesses num ciclo de auto 
sabotagem, que o leva a ser exatamente o que despreza, representa o 
terceiro tipo de trouxa de que este livro trata. Marcado pela 
instabilidade nos relacionamentos interpessoais e pelas incertezas em 
sua autoimagem, este trouxa oscila entre sentimentos de idealização e 
desvalorização, ora se elogiando e agindo com uma impulsividade 
potencialmente prejudicial, ora se menosprezando e manifestando o 
medo imaginário de ser abandonado. Para associar este tipo de atitude a 
um exemplo conhecido, pense em um indivíduo extremamente 
competente e capaz de realizar coisas grandiosas (as quais ele mesmo se 
preparou durante anos através de estudos e atividades correlatas), mas 
que no momento em que irá colher os frutos de seus esforços, desiste. 
Sempre que está perto de realizar uma meta, regride. Parece que sua 
vida é um eterno recomeço, questionando-se e culpando-se por ter 
“feito algo que desagradou aos demais” e atribuindo a esta ilusão a 
causa da perda de mais uma oportunidade. 
Symon Hill 
15 
Apesar de desejar participar de atividades sociais, teme se abrir 
com os outros, orientado por dúvidas quanto a sua competência social e 
atrativos pessoais. Por não se sentir seguro de suas opiniões, mesmo que 
elas estejam certas, evita falar, justificando o silêncio com a desculpa de 
que os outros poderiam considera-lo uma pessoa excêntrica ou até 
mesmo, trouxa. Considera-se inferior e inadequado, relutando a assumir 
riscos ou se envolver em atividades diferentes de sua rotina, porque 
estas poderiam ser embaraçosas. Veem perigo onde não há, chegando a 
desmarcar compromissos em cima da hora pelo medo de ficar 
envergonhado diante das pessoas que lá estarão, muitas vezes, por não 
estar adequadamente vestido para a ocasião. Associando isso à sensação 
de insegurança e inibição social, acompanhadas da hipersensibilidade à 
avaliação negativa, temos o perfil clássico de quem age como o pior 
tipo de trouxa. A dificuldade de falar de si mesmo e não expressar 
sentimentos para não se expor perante os demais, por receio de ser 
envergonhado ou ridicularizado, leva este trouxa a ficar extremamente 
magoado com qualquer crítica ou desaprovação que receba, por mais 
leve que seja. Assim, prefere não ser alertado quanto ao que precisa 
melhorar a receber um feedback efetivo. 
O indivíduo que se auto engana tem um padrão de boicote a si 
mesmo, como por exemplo, abandonar a escola justo antes da 
formatura, retrocesso após uma discussão com o terapeuta, rompimento 
de um relacionamento quando este dá sinais de que pode ser duradouro 
e muitas outras maneiras. Quem nunca teve um colega de escola que 
tirava as melhores notas, mas que na idade adulta o sujeito patina? 
Cercada por dilemas existenciais e incertezas, a pessoa toma decisões 
que, frequentemente lhe causam ansiedade e conflitos, seja na vida 
amorosa ou profissional. Muitos encontram mais satisfação em objetos 
inanimados do que em relacionamentos interpessoais. Preferem manter-
se isolados e distantes das situações sociais que os coloquem em 
atividades que exija o contato com os demais, para não serem 
criticados. É o popular ‘batalhador’, que nunca tem tempo para nada, 
mas que na realidade rejeita o contato social para ficar atoa em casa ao 
invés de ir trabalhar. Ou o ‘sonhador’ que vive de expectativas em meio 
a dificuldades financeiras causadas pelos rompantes impulsivos. 
Agindo como Trouxa 
16 
Talvez você tenha se perguntado o que os três tipos de trouxa 
têm em comum. Algo perceptível em todos estes perfis, o que 
aparentemente estabelece um padrão entre eles, é uma deficiência de 
habilidades sociais que os levaria a compreender melhor o seu papel em 
determinados contextos, bem como respeitar o papel dos outros, ou seja, 
daqueles com quem se relacionam. A principal destas deficiências está a 
incompetência comunicativa: uma total ausência de entendimento 
sobre o que é a comunicação humana e de sua importância para a vida 
em sociedade. Este problema, que coloca todos os seres humanos em pé 
de igualdade, têm se agravado cada vez mais visto que a comunicação 
eficaz é um desafio para a maioria das pessoas no planeta. Compreender 
seus aspectos transacionais, ouvir os outros com perspicácia para 
perceber além do óbvio, expressar-se com clareza e tato, certificar-se de 
que entendeu corretamente o que o foi dito e que o outro o entendeu 
realmente, aprender a pedir o que quer de forma objetiva, dar e receber 
feedback com maturidade, procurar compreender e harmonizar-se com 
o outro para conviver melhor – são habilidades comunicativas que os 
três tipos de trouxa desconhecem ou desvalorizam. Por isso é tão 
comum encontrarmos pessoas de diversas classes e grupos que se 
comportam como trouxas: médicos, advogados, engenheiros, terapeutas, 
líderes empresariais, políticos, professores, bancários, pastores, padres, 
pais, cônjuges, filhos, adolescentes e idosos, milionários e pedintes, 
graduados e analfabetos, ricos e pobres (de espírito). Agir como trouxa 
é um comportamento que nada tem a ver com condições culturais, 
educacionais ou com o tamanho da conta bancária. Existem trouxas em 
todos os níveis da sociedade. Tem a ver com saber relacionar-se com os 
demais, respeitando sua dignidade e inteligência. Agir como trouxaé 
uma atitude vinculada ao caráter. É da natureza humana se comunicar e 
relacionar-se por meio da linguagem. Por isso uma árvore ou um gato 
não agem como trouxas. Só o homem consegue agir assim, aceitando 
viver e conviver abaixo do que poderia ser. 
Desta maneira, não seria equivocado crer que todos os tipos de 
trouxa são, em algum ponto, autoenganadores, embora no caso deste 
terceiro tipo de trouxa, haja certa ignorância inconsciente em relação ao 
seu hábito de se iludir. É esta ingenuidade autoenganadora que difere o 
trouxa do hipócrita, levando-o a pensar somente em si, pois quando uma 
Symon Hill 
17 
pessoa age com hipocrisia, ela não é ingênua, tampouco não percebe o 
quanto é idiota e muito menos, vítima do autoengano. Uma pessoa 
hipócrita decide deliberadamente ser trouxa, ou melhor dizendo, 
fingida. Assim, se fossemos substituir a terminologia dos três tipos de 
trouxa para tipos sociais de hipócritas, o trouxa número um, o ingênuo, 
encontraria seu equivalente hipócrita no fingido, o número dois de 
idiota passaria a ser sarcástico e o terceiro tipo de trouxa, deixaria de ser 
autoenganador para ser canalha. A diferença entre o comportamento do 
trouxa e o do hipócrita está no fato de que para o último, suas ações não 
são desconhecidas, mas pensadas. Propositais. 
Agora que o leitor já notou algumas das características de 
personalidade expressas em comportamentos observáveis destes três 
tipos de trouxa (e provavelmente, se lembrou de alguém enquanto lia), 
podemos concentrar nossa atenção em responder à questão levantada 
ainda no tema deste capítulo: “Qual é o problema de se agir como 
trouxa?”. O que há de errado nisso? A começar, nada, desde que a 
pessoa viva no meio do mato ou em isolamento total como um 
náufrago, o que tornaria a vida do indivíduo insuportável. Como o caso 
não é este, agir como trouxa é, de imediato, um problema social. 
Lembrando que uma das definições de trouxa é tolo, falto de 
inteligência, o indivíduo que age como trouxa deixa de agir com 
inteligência justamente nas relações sociais, campo que pelo uso da 
linguagem para se socializar, o caracteriza como humano. Ora, uma vez 
que a conduta do indivíduo se torna um padrão persistente de 
comportamento, que se desvia das expectativas da cultura a que ele 
pertence, de forma generalizada e inflexível e, ao longo do tempo 
provoca sofrimento ou prejuízo, isto se torna um problema. Agir como 
trouxa é prejudicial porque fomenta os problemas de relacionamento e 
afasta as pessoas da natureza humana, que é ser sociável. Salvo engano, 
ninguém gosta de conviver com alguém que age como trouxa. Não raro, 
pessoas que agem como trouxas demonstram um comportamento tóxico 
no trabalho, causando sofrimento aos demais, seja por adotar uma 
postura passivo-agressiva e desconfiada (T1); por humilhar ou 
desqualificar os demais, inclusive os colegas para obter resultados 
individuais (T2); ou por sabotar a equipe, sonegar informação e outras 
irresponsabilidades que, em longo prazo, sabota a si mesmo (T3). Estes 
Agindo como Trouxa 
18 
comportamentos tóxicos prejudicam a convivência (Kusy, 2010). Estes 
são os efeitos nos outros. No próprio indivíduo, agir como trouxa lhe 
custa o alto preço de perder a autenticidade, arriscando-se a ‘ser’ 
trouxa indefinidamente incorporando em sua identidade sua deficiência 
social. A falta de autenticidade individual levará à descaracterização da 
natureza social do homem. Privar-se da satisfação desta necessidade 
natural, seja de modo conscientemente ou não, ocasionará isolamento, 
segregação, divisões. Longe de ser uma convenção social, ser 
socialmente inteligente (o oposto de agir como trouxa) é a melhor forma 
de usar sua inteligência consciente para viver de acordo com a natureza 
humana. Mas, afinal, se isso é tão elementar, porque as pessoas agem 
como trouxas? Qual ou quais são as causas deste tipo de 
comportamento? 
 
Porque as pessoas agem como trouxas 
 
Vejamos por exemplo, o primeiro tipo de trouxa, aquele que é 
ingênuo. Alguns especialistas apontam o argumento da autoridade 
como uma justificativa para o convencimento quase involuntário a que 
este tipo de trouxa se submete por acreditar piamente nas credenciais ou 
status dos objetos de sua admiração, crença que influencia diretamente 
o julgamento que fazem em relação aos seres admirados. Na sua busca 
por atenção, é como se olhassem para os outros como tendo um poder 
inalcançável a eles ou sendo possuidores de algo especial que eles em si 
mesmos não possuem. Daí a necessidade constante de aprovação. É 
como se vissem nestas pessoas aquilo que gostariam de ver em si 
mesmas. Sentem-se impotentes diante das pessoas que lhes oferecem a 
atenção de que precisam, em geral, por conhecerem pouco daquilo que 
julgam que o outro conhece. Por serem ignorantes em assuntos que 
pensam que os outros dominam, acabam aceitando o que os outros 
dizem como sendo verdade, não se importando em checar as fontes por 
si mesmo, talvez temendo o desafeto ou a perda de seu vínculo social 
com o outro. Isso acaba sendo reforçado por outro engano: justificar a 
autoridade do outro com sua própria ignorância. Quando a pessoa 
ignora um fato que não lhe foi apresentado por alguém em quem confia 
Symon Hill 
19 
(normalmente quem lhe dedica atenção) e que, por sua impotência 
emocional não descobriu por si mesma, a tendência deste tipo de trouxa 
é negar a existência do fato. Assim, se a pessoa é ignorante em relação 
ao que o outro domina, automaticamente reforça sua autoridade e se dá 
por satisfeita, sem questionar. O oposto também acontece. Com 
frequência, percebe-se que as pessoas com pensamento relativista e 
cético, tendem a levar todo novo entendimento para o terreno da dúvida, 
valendo-se do que a retórica chamava de argumentum ad ignorantiam, 
ou seja, o argumento da ignorância: como não sei e aquele em quem 
confio também não sabe, é falso ou não existe (Abreu, 2009). 
Esta atitude mental de crer cegamente no outro e valer-se do 
argumento da ignorância para justificar-se, quando somada à ilusão de 
que o alvo de sua reverência lhe é totalmente transparente, faz com que 
a pessoa acredite ser capaz de observar a experiência subjetiva da mente 
alheia, acertando absolutamente em quem pode confiar, dissociando as 
intenções e ações presentes, da reputação do sujeito, o que explica o 
ponto de vista imaturo em relação às pessoas. Quem nunca presenciou a 
paixão de um amigo por uma pessoa que, notada e publicamente não 
‘valia nada’? Mesmo crendo que as pessoas mudam o tempo todo, o 
mínimo de estabilidade é necessário para alimentar a confiança, e este 
tipo de trouxa se torna dependente daqueles que lhe dão a atenção de 
que tanto necessita para que ele se sinta vivo. Deste modo, a fé cega na 
suposta autoridade e a ilusão da transparência, somadas ao argumento 
da ignorância são as bases mentais usadas pelo primeiro tipo de trouxa 
para racionalizar e justificar para si mesmo suas ações. Suas 
expectativas são constantemente alteradas por estratégias 
comunicativas manipuladoras, presentes em um bom marketing pessoal, 
nas conversas durante os minutos de café, no bate-papo online. 
Qualquer um que seja carente de atenção e inseguro em relação a suas 
capacidades cederá ao peso de uma autoridade ainda que fictícia, 
racionalizará a favor dele com base no argumento da ignorância e ainda 
assim, será capaz de afirmar que pode confiar naquela pessoa porque 
‘sente’ isso, sem perceber que as falas do sujeito foram elaboradas com 
cuidado para manter a pessoa ingenuamente trouxa, cada vez mais 
dependente. 
Agindo como Trouxa 
20 
Considere, por exemplo, o caso de um indivíduo que 
socialmente usa da capacidade dos outros para obter vantagens pessoais, 
nosso segundo tipo de trouxa. O que faz esta pessoa pensar que pode 
enganar os outros ou que os demais lhe devem explicações sobre porquevivem como vivem? O que o leva a acreditar que é capaz de usar os 
outros? Em alguns casos, o próprio contato com pessoas ingênuas. 
Quando um trouxa número dois encontra um trouxa tipo 1 é um prato 
cheio. Infelizmente, nem sempre cada panela encontra sua tampa. É 
mais comum um trouxa que engana os outros conviver com pessoas que 
não são ingênuas, mas com aquelas que percebem claramente o quanto 
ele ‘se acha’. Porque? Porque a mente de um trouxa tipo 2 lhe prega 
peças que até mesmo o mais ingênuo dos humanos é capaz de perceber 
e se afastar. 
Por exemplo, a mente de uma pessoa que se julga no direito de 
enganar os outros, cede à armadilha da confabulação, ou seja, a prática 
de criar narrativas fictícias sem que ela perceba, para explicar suas 
decisões, emoções e feitos. Quem já não foi surpreendido ao contar uma 
história para um grupo de amigos e de repente, alguém o interrompe e 
diz: “Não, não, não. Não foi assim que aconteceu...”? Nestas situações, 
a mente mantém um quadro geral e descarta os detalhes. Mas mesmo o 
quadro geral é uma mentira, uma fábula criada pela mente para passar 
uma imagem idealizada de quem você é, porque é e como é. Já 
percebeu como um pescador sempre aumenta um pouquinho o tamanho 
do peixe que ele fisgou na última pescaria? O homem é um ser 
confabulador por natureza e usa a imaginação para criar histórias que 
expliquem a si mesmo suas motivações e causas para ser como é. Com 
o tempo, estas fábulas se tornam sua versão da realidade e a pessoa 
acaba acreditando que transou com 500 pessoas diferentes na mesma 
noite ou que pescou um filhote de baleia com vara de bambu. Este tipo 
de trouxa, não faz por mal. Apenas quer ser bem visto pelos demais 
para receber um elogio ou uma massagem no ego. Isso também revela 
outra razão para que o trouxa tipo 2 aja deste modo: a tendência de 
prestar atenção apenas àquilo que confirme o que ele acredita, enquanto 
ignora o que desafia suas ideias preconcebidas. Esta confirmação se 
abriga no fato de que todos querem estar certos de que sua maneira de 
ver o mundo é a correta, então, a mente procura informações que 
Symon Hill 
21 
confirmam estas crenças e evita provas contraditórias (Adler & Towne, 
1999). Consequentemente, a pessoa se mantem fechada em sua visão de 
mundo, não vendo nada além do próprio umbigo, limitando ainda mais 
suas oportunidades de conviver com os demais, pois, sem a 
aproximação social e a aceitação de pontos de vista contrários, a pessoa 
aprende pouco. Aproximamo-nos mais da verdade quando procuramos 
evidências contrárias as que já temos. Esta classe de trouxa, também 
alimenta a ideia de que pode enganar os outros por julgar controla-los, o 
que em alguns casos, realmente acontece, não por méritos seus, mas por 
fragilidade dos outros. Pense por exemplo, na relação patrão e 
empregado. Quem tem o controle é aquele que define as regras que 
regem a relação trabalhista naquele caso. Logo, o patrão. Mas, ao sair 
daquele ambiente, o controle do patrão sobre o empregado é reduzido. 
No entanto, ainda há muitos empregadores que agem como trouxas por 
não ‘aceitar’ atividades extras dos colaboradores depois do horário de 
trabalho. Essa ilusão de controle sobre a vida dos demais é o que dá a 
pessoa a sensação de que suas ações interferem tanto na vida dos outros 
que tudo o que as pessoas fazem é ou foi em função de algo que eles 
lhes fizeram anteriormente. Sua capacidade de superestimar suas 
habilidades e talentos o leva a usar sua visualização criativa para 
imaginar coisas que nunca ocorreram, inventando histórias e 
envolvendo as pessoas nelas. Isso acontece porque a mente não 
consegue discernir se uma coisa realmente aconteceu ou se foi apenas 
fruto de imaginação. Assim, quando a pessoa cria na mente uma 
imagem vívida de uma determinada situação (confabulação) e confirma 
aquilo para si mesma (pelo viés da confirmação) ela passa a acreditar na 
mentira que conta, pois assim ela faz sua própria história e crê estar no 
controle, seja nos relacionamentos afetivos, trabalhistas ou sociais. 
Quem nunca viu um colega de trabalho se gabar perante os de seu 
círculo, de ter ficado com duas colegas de trabalho no fim de semana, 
mas quando está na presença das referidas moças, desconversa, desvia o 
olhar ou as trata mal? É bem evidente que este tipo de trouxa acha que 
engana os outros, por isso, é idiota. 
Finalmente, vejamos as causas do comportamento daqueles 
que se autoenganam. Surpreendentemente, pensamos que o termo 
procrastinação se refere apenas ao mau uso do tempo. No entanto, 
Agindo como Trouxa 
22 
indica também uma falha de critério no que diz respeito à escolher o 
que é melhor em longo prazo em detrimento da vantagem imediata. A 
mente deste tipo de trouxa o faz adiar escolhas importantes sob a 
desculpa de que, o “EU” do presente, aquele que toma a decisão, é 
diferente do “EU” do futuro, aquele que arcará com as consequências. 
Um experimento conduzido na Universidade de Stanford, por Walter 
Mischel no começo da década de 70 do século passado, conhecido 
como o Teste do Marshmallow. Basicamente, ofereciam-se as crianças 
a oportunidade de comer o doce imediatamente ou esperar alguns 
minutos e ganhar dois doces. Ao sair da sala, o pesquisador 
acompanhava a criança por um vídeo. Dos participantes do estudo, um 
terço não resistiu e comeu imediatamente o doce. Mischel acompanhou 
a vida destes sujeitos durante a vida escolar, faculdade, formação de 
família e criação de filhos, hipotecas e empregos. Ele descobriu que, 
aquelas pessoas que ainda na infância conseguiram se controlar diante 
da necessidade imediata de comer o doce, usaram este mesmo 
autodomínio para extrair o melhor de suas vidas. Quem não controla 
seus pensamentos acaba agindo como trouxa, por trocar o benefício em 
longo prazo por vantagens imediatas, adotando uma postura do tipo 
‘deixa a vida me levar...’ ou ‘deixando acontecer naturalmente...’. 
Desconhecem que seus esforços são melhor aproveitados superando-se 
do que fazendo promessas vazias. Outra estratégia autoenganadora é o 
instinto de sobrevivência expresso no conformismo. O desejo de 
agradar a todos, a vontade de parecer coerente com as normas sociais 
vigentes e o sentimento de culpa por estar vivo, em muitos casos faz a 
pessoa conformar-se ao padrão. Acomodar-se. Com o tempo a pessoa 
passa a agir contra seus próprios interesses, fazendo uma coisa quando 
queria fazer outra, mesmo quando isso obviamente a levará a 
prejudicar-se. Quando uma pessoa se conforma com o que os outros 
propõem, cede à pressão social e abdica do direito de escolher ser como 
é, entra num ciclo de autossabotagem, trabalhando contra si mesma. 
Assim, passa a questionar sua capacidade de ser bem sucedida e tende a 
colocar a culpa de seus fracassos em forças externas. O psicólogo Philip 
Zimbardo, escreveu certa vez no The New York Times que “algumas 
pessoas baseiam toda a sua identidade em seus atos. Elas assumem a 
atitude de que, ‘se você critica algo que eu faço, está me criticando’. O 
Symon Hill 
23 
egocentrismo delas significa que não podem arriscar um fracasso 
porque isso seria um golpe devastador para o ego”. (McRaney, 2012). 
Por não saber que podem ser vítimas da possibilidade real do fracasso, o 
pior tipo de trouxa, aquele que se autoengana, acaba se conformando 
com a opinião social, sabotando a si mesmo por procrastinar – deixando 
de escolher o melhor, porém incerto, para aceitar o pior, que pode ser 
visto. Assim como Sísifo da mitologia grega, agem como se estivessem 
condenadas a tudo começar e nada terminar. 
Os engodos psicológicos do argumento da autoridade e da 
ignorância, a ilusão da transparência e do controle, o viés da 
confirmação e da confabulação, a procrastinação, a autossabotagem e o 
conformismo parecem ser as causas que levam as pessoas a agir como 
trouxas, explicando os motivos por trás das ações.Mas há uma causa 
comum a todos os tipos. Trata-se da dificuldade de se relacionar bem 
com os outros. As pessoas nos últimos vinte anos desaprenderam a arte 
da convivência, o que nos mostra qual é o paradigma vigente. As 
pessoas acreditam que estar conectado é importante. Até mais 
importante do que o ser humano com quem supostamente estamos 
conectados. Note por exemplo, a importância que as máquinas têm em 
nosso dia a dia. Passamos mais tempo vinculados e interagindo com 
elas do que outras pessoas. Dá-se mais atenção ao aparelho celular do 
que à pessoa com quem se está falando através dele. Pela primeira vez 
na História, estamos mais conectados do que nunca, porém isolados do 
ponto de vista relacional. Este é o paradigma em que vivemos: sabemos 
nos comunicar através do toque nas teclas e telas, mas não através do 
toque epitelial, do olhar, do gesto. A convivência é uma arte perdida. As 
pessoas passam tanto tempo na frente de máquinas que quando estão 
perto de outro ser humano, agem como trouxas. No ano 2000, entramos 
na era da conectividade com pessoas que não sabem se relacionar. 
Entender como este paradigma se consolidou pode nos mostrar como 
resolver este paradoxo. 
Como agir feito trouxa virou a regra 
 
Na década de 80 do século passado, pesquisadores do Centro 
de Pesquisas da Universidade Michigan, descobriram que os pais que 
Agindo como Trouxa 
24 
trabalhavam fora, gastavam em média 3h03min por semana de tempo 
de qualidade com os filhos. Entenda-se por tempo de qualidade as horas 
gastas para brincar e conversar com os filhos. Isso sem levar em conta o 
hábito de fazer da TV a babá dos filhos. Miriam Bar-on, professora da 
Escola de Medicina Stritch, da Universidade Loyola, em Maywood, 
Illinois, falando sobre os perigos disso, explicou que “crianças e 
adolescentes são especialmente vulneráveis às mensagens comunicadas 
através da televisão, o que influencia suas percepções e seus 
comportamentos... Muitas crianças menores não conseguem discernir 
entre o que elas veem e o que é real”. 
Em outubro de 2003, foi publicada pelo Jornal Folha de São 
Paulo, uma pesquisa realizada pelo Ibope/NetRatings, mostrando que 
naquela época o jovem brasileiro, em idade entre 12 e 24 anos, gastava 
em média 14h25 minutos por mês na internet. Este público, em grande 
parte adolescente, é justamente o público que tem menores condições de 
avaliar objetivamente a informação, ora por não ter sido alfabetizado 
corretamente, lendo e não sabendo interpretar o que lê, ou gastando 
tempo distraindo a mente com ideologias e pessoas que reafirmarão o 
que eles mesmos pensam tornando-se assim cada vez mais céticos e 
debatedores bobos. Levantam questões sobre tudo, mas nunca chegam a 
conclusão nenhuma. Outra pesquisa, publicada em outubro de 2010, no 
Oxford Journal of Social Cognitive and Affective Neuroscience, 
especialistas estadunidenses comprovaram que os jovens que assistem 
frequentemente a vídeos violentos se tornam insensíveis aos 
sentimentos alheios, e alertaram aos pais em relação à necessidade de 
supervisão quanto ao conteúdo do que os filhos assistem ou jogam. A 
autoexposição a muita informação, sem ter os filtros intelectuais 
necessários para escolher o que absorver, apenas confunde o 
aprendizado prejudicando as mentes ainda em formação. 
O avanço tecnológico proporcionou acesso à muita 
informação, até mais do que o cidadão comum é capaz de suportar. Se 
toda a informação gerada no planeta entre os anos de 1986 e 2007 fosse 
armazenada em DVDs e estes fossem empilhados, seria possível formar 
uma torre que chegaria à Lua. Neste período, a informação disponível 
no mundo dobrava a cada dois anos. Estima-se que em 2020, o volume 
de informação disponível no mundo dobrará a cada 83 dias. Quando o 
Symon Hill 
25 
rádio foi inventado, passaram 30 anos até que ele atingisse 50 milhões 
de pessoas. A televisão levou 13 anos para alcançar o mesmo número 
de telespectadores. Mas, apenas em 2010, o Facebook cadastrou mais 
de 200 milhões de usuários, chegando à marca de mais de 1 bilhão de 
usuários em janeiro de 2013. Neste mesmo ano, uma pesquisa de 
mercado feita pela empresa norte americana International Data 
Corporation (IDC), a pedido do Facebook, descobriu que usuários de 
smartphones – entre 18 e 44 anos de idade – acessam as redes sociais 
logo ao acordar. Do total de entrevistados, 62% afirma que a primeira 
coisa que faz ao acordar é pegar o smartphone, enquanto 79% usa o 
aparelho celular 15 minutos após acordar. 63% dos entrevistados 
disseram que realizavam o login e o logoff várias vezes ao dia no 
Facebook, e 25% afirmaram que passam parte do dia online, jogando. O 
tempo de uso diário do aparelho geralmente se divide em: 16 minutos 
(em média), para ver o feed de notícias, 10 minutos para verificar as 
mensagens na caixa de entrada e pouco mais de 5 minutos para atualizar 
o status ou postar uma foto. Concluindo, o tempo médio de 1 acesso ao 
Facebook, via celular, chega a mais de meia hora. Esta meia hora 
poderia ser utilizada para manter uma conversa ao vivo, pessoalmente, 
com alguém que está ao lado. 
Ora, passando tão pouco tempo com os pais desde a infância e 
ficando tanto tempo expostos a conteúdos de fontes questionáveis, jogos 
e filmes violentos, não é de admirar que atualmente, o indivíduo 
apresente dificuldade de se relacionar com outros seres humanos. Se 
metade destas 14 horas mensais gastas diante do computador tivesse 
sido investida na conquista de habilidades relacionais e no melhor uso 
da língua, talvez as pessoas hoje não fossem tão isoladas dos demais e 
soubessem usar melhor seu potencial comunicativo. Estamos cada vez 
mais conectados, porém isolados do ponto de vista relacional. Sem a 
habilidade de se relacionar bem com pessoas alheias as do contato 
corriqueiro, compromete-se a base da estrutura social humana, partindo 
do princípio que viver em sociedade é uma estratégia de sobrevivência. 
Assim, o tempo máximo que o sujeito tolera as diferenças de idade e 
ideologia é de três meses. Logo ele troca de emprego por mais três 
meses e assim vai indo de empresa em empresa, até achar uma em que 
possa formar uma panelinha com os colegas do Face. Isso não deveria 
Agindo como Trouxa 
26 
causar espanto, já que desde o começo deste século as crianças e 
adolescentes gastavam mais tempo na presença de máquinas do que na 
presença de outros humanos, fossem eles pais ou colegas. Só resta 
concluir que ao se isolar atrás de um monitor, gradativamente a pessoa 
se distancia do que ela é em sua essência: um ser social. O desejo 
constante da aprovação alheia faz com que o sujeito deseje a todo custo 
(neste caso, o preço de sua autenticidade) ser como os demais, estar 
onde os outros estão e fazer o que eles fazem. 
Os relacionamentos das pessoas são cada vez mais superficiais. 
Não se namora mais, fica-se. Não se vende mais para o mesmo cliente, 
busca-se um novo todos os dias. Não se mantém mais o compromisso 
com a vida, deixa-se o filho na caçamba. Isolar-se e isolar os outros é 
desrespeitar a natureza da espécie humana, pois somos seres sociais que 
precisam conviver. Provavelmente, você já notou como as pessoas estão 
cada vez mais egocêntricas ao passo que a necessidade das empresas e 
dos demais grupos sociais exige das pessoas a habilidade em fazer e 
conquistar juntos. Espera-se sinergia, não competição. Coletividade, 
não egoísmo. Tentar relacionar-se com outras pessoas através de um 
aparelho eletrônico, como no caso, pelas redes sociais através de 
smartphones, é uma forma de se autoenganar ou enganar o outro, 
principalmente, pela oportunidade que temos de comunicar apenas o 
que há de bom. Escolhemos a foto em que estamos bem e esta é a que 
publicamos. Em uma mensagem, escolhemos melhor as palavras ou as 
abreviamos. Se errarmos no conteúdo ou no tom, corrigimos a 
mensagem antes de envia-la. Bastadar um “Ctrl+Z”. As redes sociais 
favorecem a publicação apenas daquilo que podemos (ou falsamente 
acreditamos poder) controlar. Diferentemente da conversa ao vivo, que 
acontece em tempo real e expõe muito mais nossas fraquezas. 
Estes fatores reforçam o paradigma de que estar conectado é a 
coisa mais importante. Estes exemplos mostram como as pessoas vão se 
fechando em seus mundos sem perceber que estão trocando o contato 
real com outros seres humanos pelo contato virtual com seres que talvez 
nem existam realmente. O fato de se isolarem traz como consequência, 
agir como trouxa, pois sem uma noção clara do que é amizade, 
tendemos a perder o real valor do outro. Criamos expectativas 
infundadas em relação aos outros e a nós mesmos. Veja por exemplo, 
Symon Hill 
27 
uma pesquisa feita pelo laboratório de Estudos da Emoção e 
Autocontrole da Escola de Psciologia da Universidade de Michigan, 
comandado pelo professor Ethan Kross em parceria com Phillipe 
Verduyn, da Universidade de Leuven, na Bélgica. Segundo os 
pesquisadores, quanto mais tempo os jovens abaixo de 30 anos passam 
no Facebook, mais infelizes e solitários se tornam. Um em cada três 
usuários que participaram da pesquisa manifestaram inveja, tristeza e 
solidão por ver que os ‘amigos’ estavam felizes com seus 
relacionamentos e curtindo férias com a família. Amigos verdadeiros se 
sentiriam felizes de ver os amigos felizes. No entanto, usar o Facebook 
tem se tornado uma forma de comparação social – elemento essencial 
para a formação do autoconceito. A amizade é uma necessidade humana 
que vai além da comunicação chegando ao terreno da cumplicidade com 
o outro, não da inveja de suas conquistas. As redes sociais deturparam o 
conceito de amizade. Aceitamos como amigos pessoas que nunca 
chamaríamos para tomar um lanche pessoalmente em nossa casa. Sem 
companheiros sérios e variados, uma pessoa torna-se presa fácil do 
autoengano. Com o passar do tempo, de tanto se isolar, o sujeito não 
sabe se comportar na frente de outros humanos, pois passou pouco 
tempo na companhia dos pais, conversa mais com os dedos do que com 
a boca, e se acostumou com a violência ficando insensível ao 
sentimento alheio, desprovido de empatia. Daí o sucesso dos cursos de 
etiqueta empresarial, posturas profissionais, ética e valores humanos 
que se vê por aí. 
 
O paradigma esconde o paradoxo 
 
Talvez o leitor conheça a analogia feita por Platão, em que ele 
compara o homem a uma carruagem. A carruagem, composta por 
cavalos, rédeas e um cocheiro é assim comparável ao homem que é 
composto de emoções, pensamentos e percepção. Desta forma, assim 
como o cocheiro controla as rédeas para comandar os cavalos, a 
percepção do homem dita seus pensamentos e controla suas emoções. 
Por não perceber corretamente as coisas que acontecem a sua volta, 
muitos não pensam direito e acabam cedendo a emoções negativas 
Agindo como Trouxa 
28 
traduzidas em sentimentos como vergonha, inadequação, insegurança, 
medo, inveja, ego inflado, orgulho e sentimento de culpa. Assim, 
fingem estar contentes, quando não estão. Fantasiam sucessos, quando 
não lidam bem os fracassos. Preferem confiar incondicionalmente nos 
outros, ao invés de em si mesmas. Não controlar as emoções é o que faz 
com que as pessoas queiram uma coisa e façam outra. Todos desejam 
ser e parecer inteligentes e coerentes, mas acabam agindo como trouxas 
que, no íntimo, desejam se livrar do manicômio social em que foram 
lançados. É neste paradigma em que vivemos, onde a única regra é 
professar crer em alguma coisa e fazer outra que está a 180°. 
Em muitos casos, o indivíduo é levado a agir paradoxalmente 
por não pensar coerentemente ou por não compreender seu papel dentro 
do sistema no qual está inserido. Assim, a falta de coerência (no 
domínio do pensamento) o leva a não entender como ele deve 
comportar-se (domínio da ação) para atingir seus próprios objetivos. 
Num impulso de autoengano, buscando ainda manter-se em uma 
posição confortável, a pessoa apega-se a ideologias e outras pessoas que 
confirmem a noção que ela tem de si mesma, reafirmando o que já 
acredita racionalizado sobre as coisas e abdicando do direito de pensar, 
avaliar e escolher por si mesma, sobre o que considera ser melhor em 
longo prazo. Prefere abarrotar a cabeça com os pensamentos dos outros, 
do que avaliar a própria vida e voltar atrás quando necessário. 
Expectativas exageradas em relação a si mesmo e ao que se espera da 
sociedade atual, geram a dissonância entre pensamento e ação. Todos 
estes aspectos revelam uma autoimagem distorcida e uma pessoa que 
não se aceita como é, que não se vê como merecedora de suas 
conquistas ou sente inveja das conquistas dos outros, inevitavelmente, 
terá dificuldades relacionais. A consequência? Isolar-se. Daí a relação 
entre agir como trouxa e o Paradoxo Symoniano, que se refere à 
tendência isolacionista escondida pelo paradigma social da atualidade, 
causado por engodos psicológicos e uma autoimagem distorcida, 
evidente na constante desvalorização de si mesmo e do outro. Ao se 
isolar o individuo age como trouxa indo contra sua necessidade humana 
básica de conviver, prejudicando suas relações sociais, se comportando 
como (a) ingênuo (maximizando o valor do outro), (b) como idiota 
(menosprezando o outro) ou (c) como autoenganador (minimizando ou 
Symon Hill 
29 
maximizando a si mesmo). Como que num processo de 
retroalimentação, ao agir como trouxa, a pessoa reforça o paradigma de 
diminuição da autenticidade que, em ultima instância, mascara ainda 
mais o paradoxo, visto que, a própria pessoa se isola ou é isolada pelos 
demais. 
Sendo assim, como viver e conviver razoavelmente bem num 
mundo de contradições amplamente apoiadas pela convenção social? 
Como agir de um modo mais autêntico, mais cauteloso e menos 
pretencioso? Como ser socialmente inteligente e parar de agir como 
trouxa? 
 
Reposicionar-se para vencer o paradoxo 
 
Imagine, por exemplo, que você está ouvindo um barulho que 
lhe incomoda, mas que você não sabe identificar o que é. Parece que ele 
vem de trás do muro de sua casa. Com o tempo, o barulho se torna 
insuportável. Mas, sem saber o que é, fica difícil resolve-lo. No entanto, 
se você olhasse por cima do muro poderia descobrir a origem do 
barulho e encontrar uma solução. Uma mudança no seu ponto de vista é 
fundamental para resolver esta situação incômoda. Da mesma forma, o 
desconforto social de agir ou conviver com quem age como trouxa é um 
barulho incômodo que até então, você não sabia de onde vinha. O 
paradigma social atual de que estar conectado é o mais importante é 
como um muro que impede sua visão real do problema, que é a 
tendência isolacionista, um paradoxo para nós que vivemos na era da 
conectividade. Assim como é preciso ‘olhar por cima do muro’ para 
descobrirmos uma solução a partir de um novo ponto de vista, para se 
vencer um paradoxo é preciso mudar de paradigma. Mudar sua posição 
para obter um novo ponto de vista. 
Heráclito, filósofo grego que viveu quatrocentos anos antes de 
Cristo, dizia que tudo o que é oposto quando em união causa perfeita 
harmonia. Equilibrar forças contrárias não significa eliminá-las, mas 
combiná-las. Percebo que a saída para combinar ao máximo possível a 
práxis e o logos é aprender a viver e conviver neste cenário social de 
contradições. E a inteligência social, é de longe, a melhor das 
Agindo como Trouxa 
30 
alternativas para conseguir isso. Poucos assuntos são tão eficazes em 
combinar pensamento e ação. Ela pode manter as expectativas pessoais 
dentro de limites razoáveis e determinar ações específicas e alcançáveis 
para quem, por vezes, talvez tenha se sentido ‘miserável’ por dentro, 
por viver como se estivesse sem nenhum domínio sobre o que realmente 
vivencia. A meta é ser autêntico. O método é aprender a ser socialmente 
inteligente. 
A InteligênciaSocial Aplicada o ajudará a sair do ‘modo 
automático’ em que fomos socialmente colocados agindo como trouxa 
sem perceber. Ser socialmente inteligente é, portanto, um estilo de vida 
capaz de melhorar sua existência enquanto humano e como 
consequência, melhorar seus resultados. Quem deseja combater esta 
tendência deve começar por mudar a si mesmo harmonizando 
pensamento e ação e, num segundo momento, por aprender a lidar de 
forma eficaz com aqueles que agem como trouxas. Se o leitor estiver 
desejoso de repensar seus modelos para melhorar seu estilo de vida este 
livro é um bom começo. 
Crendo na plasticidade da mente humana e em sua capacidade 
de se adaptar, uma defesa que ficará evidente ao longo desta obra, é a de 
que a melhor maneira de resolver e reduzir os problemas de 
relacionamentos interpessoais, visando ser socialmente inteligente, é 
por melhorar a si mesmo através de um fortalecimento de sua 
personalidade associado a uma mudança de ponto de vista sobre o modo 
como você se comporta diante dos outros. Apenas através de um novo 
olhar (nova percepção) sobre si mesmo e sobre sua interação com o 
mundo que o cerca, modificando o seu paradigma sobre seu próprio 
valor e o valor dos outros, é que se poderá reduzir o efeito do paradoxo 
que permeia o mundo atual. O modo como você se posiciona em um 
determinado ambiente, determina a qualidade de seus 
relacionamentos naquele ambiente. 
 
Conta-se uma fábula em que duas pulgas estavam conversando 
sobre as dificuldades de seu mercado, que envolvia sugar um cachorro 
muito rápido. Assim, uma comentou com a outra: “Sabe qual é o nosso 
problema? Nós não estudamos o suficiente por isso não aprendemos a 
voar, só sabemos saltar; daí nossa chance de sobreviver quando somos 
Symon Hill 
31 
percebidas pelo cachorro é zero! É por isso que as moscas vivem por 
mais tempo que as pulgas. Elas voam”. E elas se matricularam num 
curso profissionalizante ministrado pela mosca, que lhes mostrou como 
aprender a voar e, depois de um tempo saíram voando. 
Passado algumas semanas, a primeira pulga disse para outra: 
“Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas no 
corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a 
velocidade da coçada da pata dele. Temos de aprender a fazer como as 
abelhas que sugam o néctar e levantam voo rapidamente”. Desta vez, 
elas contrataram o treinamento da abelha, que lhes ensinou a técnica do 
‘chega-suga-voa’. Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga 
chegou e explicou o porquê: “Nossa bolsa para armazenar sangue é 
pequena, por isso temos que ficar muito tempo sugando. Escapar, a 
gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de 
aprender com os pernilongos o que eles fazem para se alimentar com 
aquela rapidez”. 
E um pernilongo lhe prestou assessoria para expandir o 
tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos. Como 
tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida 
pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar nele. Foi 
aí que encontraram uma pulguinha feliz, que surpresa ao revê-las, disse: 
“Uai, vocês estão enormes! Fizeram plástica?”. A que as outras duas 
responderam: “Não, fizemos uma reestruturação. Agora somos pulgas 
preparadas para os desafios do século XXI. Voamos, picamos e 
podemos armazenar mais alimento”. Curiosa, a pulguinha perguntou: 
“E porque vocês estão com cara de famintas?”. Num rompante de 
autoengano, as pulgonas argumentaram: “Isso é temporário. Já estamos 
pensando em fazer um trabalho de mentoria com um morcego que nos 
ensinará a técnica do radar. E você?”. 
“Ah! Eu vou bem obrigada. Forte e sadia!”. E era verdade. A 
pulguinha estava viçosa e bem alimentada, mas as pulgonas não 
quiseram dar a pata a torcer e perguntaram: “Mas você não está 
preocupada com o futuro? Não pensou em uma reestruturação, uma 
remodelagem?”. 
“Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora”, 
disse a pulguinha. “Hã? O que as lesmas têm a ver com pulgas?”. 
Agindo como Trouxa 
32 
“Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas, mas em vez de 
dizer para lesma o que queria, deixei que ela avaliasse a situação e me 
sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias lá no canto dela, 
parada observando o cachorro e, então me deu o diagnóstico”. “E o que 
ela sugeriu?”, perguntaram as pulgas. “Que eu não mudasse nada em 
minha natureza. Apenas me sentasse no cocuruto do cachorro. É o único 
lugar que a pata dele não alcança...”. 
 
A grande mudança que muitas pessoas buscam para lidar com 
pessoas tóxicas (aquelas que agem como trouxas no ambiente 
profissional) não vem de educação formal, cultural ou de uma mudança 
radical na personalidade. Vem de se aprender a agir de uma forma que 
os outros não conseguem. No caso de quem age como trouxa, agir com 
inteligência social é quase impossível. Reposicionar a si mesmo tem o 
poder de reposicionar os outros. Este é um segredo que o marketing 
conhece há muito tempo. O modo como você se posiciona em um 
determinado ambiente determina a qualidade de seus 
relacionamentos naquele ambiente, independente de os outros agirem 
como trouxas ou não. O ponto é que, não é o outro que está no comando 
do seu comportamento. É você. Não reconhecer isso, você já sabe que é 
agir como... 
Este livro o ajudará nesta tarefa de reposicionamento social. 
Ao final da leitura e da aplicação destes conceitos, você estará blindado 
para resistir a pessoas que se comportam como trouxas. Esta obra o 
ensinará a identificar nos seus relacionamentos pelo menos três pontos-
chave: (1) o comportamento nocivo de quem age como trouxa; (2) o 
comportamento ‘ideal’ para a manutenção da cultura empresarial e do 
clima socialmente inteligente e; (3) aprender a se posicionar melhor 
(entenda-se também, relacionar) com aqueles que agem como trouxa, 
neutralizando-os. 
Como apenas a leitura sobre inteligência social não basta, é 
preciso aplica-la, este assunto não se limita aos ditames do pensamento, 
ou seja, para desenvolver suas competências sociais é preciso ampliar 
seu círculo de relações. Assim, não há como o leitor perceber o real 
valor deste tema se, em suas conclusões, decidir isolar-se ou manter-se 
distante da convivência. Se assim o fizer agirá como trouxa. Há duas 
Symon Hill 
33 
passagens no livro dos Provérbios que explicam claramente a 
necessidade que temos de conviver para crescer. Uma, adverte contra a 
tendência isolacionista, destacando o perigo de se manter apartado dos 
demais e acabar “estourando contra a sabedoria prática”. A outra 
destaca a importância da convivência como fator de crescimento 
pessoal quando afirma que “assim como o ferro afia o próprio ferro” o 
homem também “afia”, ou seja, aprimora o outro. Desta forma, somente 
através da aplicação dos princípios sugeridos em sua realidade – em 
cada uma de suas interações sociais – o leitor conseguirá vivenciar os 
benefícios da inteligência social em sua vida. É durante as situações de 
contradição entre pensamento e ação que esta proposta encontrará seu 
lugar de aplicação. 
Ao ler este livro, preocupe-se em entender as ideias e descobrir 
o que realmente significam. A pergunta que deve permanecer em sua 
mente o tempo todo é “E daí, o que faço com isso?”. Com esta 
perspectiva, haverá um melhor aproveitamento das ideias contidas em 
cada um dos textos e nas aplicações da inteligência social no cotidiano 
do trabalho. Por exemplo, saber que vivemos em uma constante 
dissonância entre o que dizemos e fazemos e que isso pode e tem nos 
afastado de nossos objetivos mais íntimos (e até da causa de nossa 
existência), deve servir para despertá-lo quanto a necessidade de prestar 
mais atenção aos anseios que manifesta e, também, se aquilo que está 
fazendo realmente o aproxima mais e mais destes anseios. Desta 
maneira, para iniciar este processo de expansão da inteligência social,será preciso dominar primeiramente aquilo que se pensa e depois 
esforçar-se em viver de acordo com estes pensamentos. 
Imagine os benefícios de viver em harmonia com colegas de 
trabalho, familiares e, principalmente com você mesmo. Pense em como 
seria proveitoso participar de uma reunião onde você tem maior poder 
de influência. Tente descrever a sensação agradável de estar em um 
determinado ambiente livre de anseios ou dúvidas quanto a sua postura 
em relação aos demais. Quem não gostaria de saber como responder 
adequadamente a cada pessoa com que se relaciona? Estas 
possibilidades se tornarão reais a você por utilizar mais plenamente sua 
inteligência social. 
Agindo como Trouxa 
34 
2. 
Comunicação deficiente: 
O ponto em comum em quem age como trouxa 
 
 
A boa comunicação é a base das boas relações interpessoais. 
Ficar sem contato com os outros é um castigo cruel desde a infância. As 
crianças tem o costume de brincar com os coleguinhas mais 
interessantes e não se importam em “dar um gelo” em quem é chato ou 
“metidinho”. Faz parte do Código de Ética Infantil: quem é ‘bacana’ 
recebe o direito de brincar com a turma. Quem é mala ganha o 
passaporte para a ilha deserta. Talvez você mesmo já tenha passado por 
isso. Intuitivamente, as crianças sabem que a falta de companheirismo – 
a falta de comunicação – é uma maneira dolorosa de punir alguém. Na 
realidade, a falta de comunicação é um caso de vida ou morte. O 
primeiro a pensar nisso, provavelmente foi Frederico II, imperador 
alemão de 1196 a 1250. De acordo com um historiador medieval, ele 
promoveu um teste onde mães adotivas e amas de leite de recém-
nascidos podiam cuidar apenas das necessidades físicas dos bebês, 
como amamentar, dar banho e trocar – mas, eram proibidas de 
conversar com eles. Como resultado, após quatro meses de rejeição, as 
crianças morreram. Não conseguiram viver sem o carinho, as palavras 
afetuosas e as expressões faciais das mães. Em nossos dias, 
pesquisadores estudaram a importância da comunicação, num estudo de 
isolamento, onde convidaram cinco homens a ficarem trancados em um 
quarto escuro. O primeiro aguentou oito dias. Outros três suportaram 
dois dias, sendo que um deles ao sair do quarto exclamou: “Nunca 
mais!” O quinto homem suportou o teste por apenas duas horas. Mesmo 
no caso de quem gosta de ficar sozinho, a solidão pode ser excruciante. 
Veja o caso do navegador Carl Jackson que passou 51 dias velejando 
pela costa do Oceano Pacífico. Ao voltar à terra firme, ele disse que 
“sempre se julgara autossuficiente”, mas, descobriu em alto mar que, “a 
Symon Hill 
35 
vida sem as pessoas não faz sentido” e concluiu: “A solidão no segundo 
mês foi martirizante...”. 
A comunicação está associada à satisfação de quatro 
necessidades humanas principais. Em sentido físico, a falta de 
comunicação e relacionamentos satisfatórios tem o mesmo impacto 
negativo sobre a saúde que a pressão alta, o fumo, a obesidade e a falta 
de atividade física. Pessoas que ficam sozinhas têm quatro vezes mais 
chances de pegarem um resfriado do que aquelas socialmente ativas. 
Homens divorciados (antes dos 70) morrem de doenças cardíacas, 
câncer e derrame, duas vezes mais que homens casados. Morrem de 
hipertensão três vezes mais e cometem suicídios cinco vezes mais. 
Morrem de cirrose sete vezes mais e de tuberculose dez vezes mais. 
(Adler, 1999). 
A comunicação nos supre ainda de outra necessidade 
emocional: a necessidade de identidade. Quem define se somos 
inteligentes ou idiotas, espertos ou lerdos, bonitos ou feios não é a 
imagem no espelho, e sim, o modo como outras pessoas reagem a nossa 
interação com elas. Decidimos quem somos baseados no modo como as 
pessoas reagem a nós. Como no caso do Menino Selvagem de Aveyron, 
encontrado sozinho cavando uma horta em busca de alimento numa 
aldeia francesa no início do século XIX. Ele havia passado os primeiros 
anos da infância sem contato com outros humanos, e não havia nele 
nenhum traço que se podia esperar de um ser social. Apenas com a 
influência de uma mãe amorosa é que o menino começou a agir e a 
pensar em si mesmo como sendo um humano. Isso por que nascemos 
sem nenhum senso de identidade e vamos criando nossa identidade a 
partir do modo como os outros nos definem. As mensagens que 
recebemos até os 7 anos de idade são as mais fortes, mas, a influência 
dos outros permanecem presentes em nós pelo resto da vida. Pense em 
si mesmo e no modo como se veste ou como fala. Quando você 
começou a agir deste modo e por quê? Ao meditar nisso, você perceberá 
que sofreu algum tipo de influência de alguém em algum momento da 
sua vida, como um estilo de música que marca uma geração. Essa 
influência foi moldando sua maneira de ser. Ao longo da vida somos 
atraídos a pessoas que confirmam nossa identidade. Esta confirmação 
depende, é claro, de sua autoimagem. Por exemplo, se você tem uma 
Agindo como Trouxa 
36 
autoestima elevada, a tendência é se aproximar de pessoas que lhe 
tratem bem e evitar a todo custo pessoas que lhe tratem mal. No 
entanto, se você se considera uma pessoa sem valor, tende a se 
relacionar com pessoas que lhe desprezem para confirmar a si mesmo o 
que já pensa sobre si. Esta é uma explicação do porque muitos 
permanecem em um relacionamento desamoroso, pernicioso e 
frustrante. Se você se considera um perdedor, se associará com pessoas 
que confirmem sua auto-percepção negativa. É claro que estes 
relacionamentos de apoio, podem tanto confirmar quanto transformar 
sentimentos de inadequação em auto-respeito, da mesma forma que os 
relacionamentos prejudiciais reduzem a autoestima. 
Pense ainda em como a comunicação satisfaz sua necessidade 
de convívio social. Alguns cientistas afirmam que a comunicação é o 
principal meio pelo qual os relacionamentos se iniciam. Através da 
comunicação, muitas necessidades humanas são satisfeitas. Sentimos 
prazer quando conversamos com alguém que é divertido e nos alegra 
com sua conversa. Demonstramos afeto quando visitamos uma pessoa 
querida após um período de luto (nem que seja apenas para mostrar a 
ela que nos importamos). Sentimo-nos incluídos quando entramos em 
uma roda de amigos para não ficarmos sozinhos. Quando queremos 
evitar uma tarefa desagradável, experimentamos a sensação de fuga, por 
conversar com o colega da mesa ao lado ou matar o tempo até o relógio 
de ponto marcar o fim do período. Relaxamos quando simplesmente 
jogamos conversa fora em um bate-papo descontraído. Sentimos o 
controle da situação quando fazemos solicitações a outras pessoas, ou 
reivindicamos algum direito. Pense em como a sua vida seria vazia sem 
que estas necessidades fossem satisfeitas. 
Sem contar a importância da comunicação para a realização 
dos objetivos práticos de nossa existência. Você se comunica para dizer 
ao cabeleireiro para cortar seu cabelo um pouco mais dos lados do que 
em cima. Fala ao arquiteto como quer o acabamento do seu banheiro. 
Negocia as tarefas domésticas e argumenta com seu filho na hora de 
escovar os dentes ou ir dormir. Sem poder se comunicar, como seria o 
exercício de viver em sociedade? Além de um trunfo social, a 
comunicação é a chave que abre a porta do sucesso ou do fracasso 
profissional. 
Symon Hill 
37 
Segundo a professora Rosabeth Moss Kanter, da Escola de 
Administração de Harvard, após concluir sua graduação, as principais 
habilidades são as sociais, ou seja, saber se comunicar, ouvir e 
compreender, trabalhar em equipe e liderar. Até mesmo a Pirâmide das 
Necessidades Humanas, de Abraham Maslow, reafirma a importância 
de se comunicar para viver e atingir a auto realização. Pense em como 
seria difícil conseguir água potável, comida, roupa e abrigo sem ir até o 
departamento de água de sua cidade e solicitar ao atendente água tratada 
em sua casa. Ou sem ir ao supermercado fazer suas compras do mês e 
passar pelo caixa. Sem

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