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Bibliografia: MURRAY, Patrick R.; ROSENTHAL, Ken S.; PFALLER, Michael A. Microbiologia médica - 8. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. Atividade - Vírus respiratórios (google.com) VÍRUS INFLUENZA Família Orthomyxoviridae Gêneros Influenza vírus A: aves, suínos, equinos e humanos Influenza vírus B: humanos Influenza vírus C: humanos e suínos - Apenas A e B circulam no Brasil - Influenza tipo A é o mais virulento: A/H1N1, A/H2N2, H3N2 Genoma RNA de fita simples, segmentado (8 moléculas), de sentido negativo (transcrever um RNA molde que aí é positivo, para assim começar a tradução) Características - Envelope: · Proteína hemaglutinina viral (HA): ligação ao ácido siálico (receptor celular) H1, H2, H3 (3 hemaglutininas) · Proteína neuraminidase (NA): cliva o ácido neuramínico (presente no muco) e facilita a entrada e liberação dos novos vírions N1, N2 (2 neuraminidases) Observação: há a rinorreia bem líquida no início da infecção Apenas h1n1, h2n2 circulam no Brasil - Pode haver o rearranjo genético comum entre os membros do mesmo gênero - Carregam a sua própria RNA polimerase viral: transcrever a fita de RNA negativo em positivo No entanto, a replicação viral ocorre no núcleo (algo incomum, pois deveria ocorrer no citoplasma) - Provoca viremia Tropismo Tropismo por células do sistema respiratório (causa lesão primária no epitélio ciliado e consequentemente, descamação da mucosa superficial) Transmissão Vírus é sazonal: 2 dias até 5 dias após o início dos sintomas Direta: pessoa para pessoa por gotículas e/ou aerossóis (permanece viáveis por várias horas) Indireta: por meio da mão (permanece viável por 2 a 4 horas) Sinais e sintomas - Febre (39°), calafrios, tremores - Rinorreia, espirros, tosse, rouquidão - Dor de cabeça, dor na garganta, dor muscular, mal-estar, cansaço Duração: 1 a 4 dias Caso mais grave: Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) - Febre acima de 38° - Tosse - Dispneia, acompanhada ou não de: · Aumento da frequência respiratória · Hipotensão · Batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação (em crianças) Observação: alta taxa de mortalidade em crianças menores de 10 anos e em idosos maiores de 60 anos - Alterações laboratoriais: leucocitose, linfocitose - Raio X: infiltrado intersticial localizado ou difuso Grupo de risco Imunodepressão, doenças respiratórias crônicas, neurológicas e cardiovasculares - Idade inferior a 2 anos e superior a 60 anos - Gestante Complicações - Pneumonia viral primária - Pneumonia bacteriana associada (3x mais comum) - Pneumonias bacterianas após infecções por influenza - Otite média, sinusite, exacerbação de asma Resposta imune Resposta citotóxica: - Apresentação de antígenos por LT T CD8 por via MHC I - Síntese de: Interferon, IL-1, IL-6 - Chama NK e CD8 para matar a célula e também CD4 para a liberação de citocinas Diagnóstico laboratorial Amostra de secreção de nasofaringe, colhido de preferência nos três primeiros dias do aparecimento de sintomas - Teste rápido de detecção de antígenos: Observação: o C é controle e é obrigatório a ascender - PCR em tempo real - Imunofluorescência Tratamento - Oseltamivir (tamiflu): tipo A e B É um inibidor de neuraminidase Vacinação Vírus inativado contra influenza A e B - É preparada em ovos - Purificadas: tem muita hemaglutinina - Trivalente: A: H3N2 e H1N1 B: Victória - Tetravalente (privada): A: H3N2 e H1N1 B: Victória e Yagamata Anualmente as vacinas são revisadas Casos clínicos Homem, 35 anos de idade, professor, procura AMA em outubro relatando que estava a vários dias com tosse, febre alta, mal-estar e mialgias. Declara que os sintomas apareceram a três dias, com cefaleia e fadiga, e que vários alunos e professores na escola onde trabalha foram recentemente diagnosticados com “gripe”. Diante da suspeita de infecção viral aguda foram colhidos exames para a pesquisa do vírus H1N1. A confirmação diagnóstica com PCR foi positiva da secreção nasofaríngea. Uma mulher de 50 anos de idade apresentou febre de início rápido acompanhada de cefaleia, mialgia, dor de garganta e tosse não produtiva. Diante da suspeita de infecção viral aguda foram colhidos exames para a pesquisa do vírus H1N1 – Influenza tipo A, com resultado positivo. VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO Doença Bronquiolite viral aguda (BVA) Família Paramyxoviridae Gênero Pneumovírus – VSR – Vírus Sincicial Respiratório Genoma Vírus RNA fita simples, não segmentado, de sentido negativo Características - Envelopado com subtipos A e B · Proteína G: adsorção do vírus na célula hospedeira · Proteína S: proteína de fusão de células ao redor para que o vírus possa se transmitido, forma-se sincício (células fusionadas – multinucleadas) – isso o faz demorar causar sintomas - Não gera resposta imunológica (não tem como gerar vacina) - Se replica no citoplasma - Não gera viremia Tropismo Células do sistema respiratório – compromete vias aéreas de pequeno calibre por meio de um processo inflamatório agudo levando a um quadro obstrutivo Etiopatogênese 1) Partícula viral infectante funde-se com a membrana plasmática e libera nucleocapsideo viral no citoplasma 2) Transcrição e replicação no genoma 3) Transporte das proteínas virais sintetizadas para a membrana plasmática 4) Vírions são liberados por brotamento Transmissão Gotículas e aerossóis Sinais e sintomas Período de incubação: 2 a 8 dias Duração da BVA: 7 a 12 dias Início inespecífico (2 a 4 dias) - Febre - Coriza - Perda de apetite - Irritabilidade - Tosse Piora progressiva: 3 a 7 dias – sibilos, dispneia e taquipneia Grupo de risco Prematuros, crianças cardiopatas e portadoras de doença pulmonar crônica Porque? - As vias aéreas dos bebes são mais estreitas, logo são facilmente estreitadas - O anticorpo materno é insuficiente para proteger o bebe - A infecção natural não previne uma possível reinfecção Em adultos o quadro se assemelha a um resfriado Diagnóstico Imunofluorescência da secreção demonstrando o VSR - PCR - ELISA Tratamento Utilização de oxigênio (oxigenioterapia) - Em casos graves de bebes ate 30 semanas: anticorpo monoclonal (Palivizumabe) Caso clínico Um lactente de 2 meses de idade foi internado para investigação de taquipneia, tosse e dessaturação (SatO2=88%). O Raio X de tórax evidenciou atelectasia parcial do pulmão direito. Uma coleta de amostra nasofaríngea apresentou positividade para vírus sincicial respiratório, confirmando-se o diagnóstico de bronquiolite viral aguda. VÍRUS SARS-COV-2 Doença Covid-19 Família Coronoviridae Gênero Alphacoronavirus Betacoronavirus – SARS-COV-2 Deltacoronavirus Gammacoronavirus Cada gênero inclui muitos vírus que causam doença no homem ou animais Genoma RNA fita simples, não segmentados, sentido positivo (+ssRNA) - Possui RNA polimerase (replicação no citoplasma) - O genoma está associado a proteína N para formar o nucleocapsideo Características Peculiaridade: o capsídeo está envolvendo o genoma do vírus - Proteína Spike (S): fusão do vírus - Proteína M: fusão do vírus - Proteína E: montagem do vírus - Proteína N: auxilia na estrutura helicoidal do vírus e forma o nucleocapsideo juntamente com o RNA - Hemaglutinina esterase Observação: Pfizer pega a parte 5 do genoma do vírus Receptor: ECA2 (pode ser 1 ou 2 proteínas S que se ligam à ECA2) Tropismo Receptores ECA2 e ácido siálico: pneumócito tipo II, enterócito (TGI), células epiteliais, rins, coração, vasos sanguíneos - Mucosa nasal, vias áreas inferiores, alvéolo (ordem de importância para o vírus) Etiopatogênese Proteína S: RBD subunidade 1 – capacidade de se ligar a receptores de ECA2 Assintomático: vias aéreas superiores – imunidade inata 3 formas de entrar: Via 1: Proteína S liga-se a ECA2 (adsorção) e a há uma endocitose mediada pela ECA2 – proteína S é clivada e há o desnudamento do vírus e catepsina L ativa a entrada do vírus Hidroxicloroquina: pH básico – inativa a catepsina L Via 2:proteína S + eca2 (adsorção) e há a fusão das membranas – TMPRSS2 é uma protease que ativa a entrada do vírus porque vai clivar a proteína S (3° etapa de ativação) somente a partir dela que o vírus vai entrar dentro da célula (processo de desnudamento – genoma do ssRNA + é liberado no citoplasma) A replicação ocorre no citoplasma: mRNAs virais são sintetizados e então novos ssRNA+ com potenciais infectantes Biossíntese: síntese de proteínas estruturais codificadas pelos mRNAs Montagem e brotamento: nas membranas do RE, nos compartimentos intermediários e/ou no complexo de golgi membranas envolvem o vírus Liberação por exocitose Transmissão - Gotículas: contato da saliva do infectado com a mucosa do suscetível - Perdigotos: contato com as mãos com saliva contaminada que depois é levada à mucosa oral e nasal Sinais e sintomas Grupo de risco Idosos Diagnóstico Avaliação clínica do paciente Identificação do vírus: · Amostra de sangue, fezes ou secreções nasais · PCR – por Swab · Sorologia: pesquisa de IgM, IgA ou IgG · Pesquisa de antígenos – por Swab · Tomografia, raio x · Sequenciamento completo do genoma viral Tratamento - Tratamento com anticorpos de pacientes convalescentes - Anticorpos monoclonais: REGN-COV2 (casos leves e moderados) - Dexametasona: so melhora a partir de um certo comprometimento pulmonar – fase 2b do comprometimento pulmonar - Vacinas Complicações A virose apresenta viremia e 80% das células do infiltrado inflamatório pulmonar são LT T CD8, levando a um quadro de pneumonia (oportunista) devido à fragilidade pulmonar · Dano tecidual por multiplicação viral e resposta inflamatória intensa · Chuva de citocinas: muitas citocinas são chamadas para o local da lesão para que outras células sejam chamadas, e por sua vez o reparo tecidual · Indução de apoptose por via intrínseca e extrínseca = resposta inflamatória descontrolada Caso clínico Homem, 72 anos de idade, professor, com história clínica de asma intermitente leve, procura UBS em fevereiro relatando que estava a vários dias com tosse, febre alta, falta de ar e dor no corpo. Declara que os sintomas apareceram a dois dias, com perda de olfato e fadiga, e que havia retornado de uma viagem para a China a 5 dias. Diante da suspeita de infecção viral aguda foram colhidos exames para a pesquisa do vírus H1N1 e Sars-Cov2. A confirmação diagnóstica com PCR foi positiva da secreção nasofaríngea para Sars CoV-2.
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