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Ortopedia Bruna Argolo QUADRIL ADULTO ANATOMIA: • O quadril é a articulação entre o fêmur proximal e a bacia – entre a cabeça do fêmur e o acetábulo • Engloba também a sínfise púbica e a sacrilíaca • O ligamento redondo sai da região da pelve e se insere na fóvea da cabeça do fêmur – é um marco anatômico importante de ser identificado na radiografia, até para não achar que existe alguma deformidade na cabeça do fêmur, quando na verdade é só a inserção desse ligamento redondo • O labrum é uma estrutura fibrocartilaginosa que recobre boa parte do acetábulo, tendo função de vedação do quadril, além de aumentar a cobertura da cabeça femural • A articulação do quadril é inerentemente estável, pois tem uma boa cobertura óssea e de partes moles, logo, é raro ter uma luxação • Temos basicamente 3 ligamentos: 2 na face anterior e 1 na face posterior - Ligamento pubofemural: vai do pubes até o fêmur (anterior) - Ligamento iliofemural: vai do ilíaco até o fêmur (anterior) - Ligamento isquiofemural: vai do ísquio até o fêmur (posterior) • Sobre a parte muscular, sabemos que há um envoltório muscular grande na região do quadril - Rotadores externos: face posterior - Iliopsoas e quadríceps: face anterior - Glúteo médio e glúteo mínimo: lateral – são importantes por fazer a abdução do quadril, de forma mantem a pelve estável durante a marcha • Existe também uma grande rede nervosa e vascular na região, o que leva a bastante preocupação com síndromes compressivas nervosas, além de isso ser relevante também na questão do acesso, pois para acessar o quadril é necessário ter bastante cuidado para não lesar os vasos e nervos - Nervo femural, artéria femural e veia femural: face anterior - Nervo ciático/isquiático: face posteior Ortopedia Bruna Argolo NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA DO FÊMUR: • Adultos jovens: 20 – 40 anos • Gênero masculino • Fatores de risco: - Álcool – citotoxidade direta na cabeça do fêmur - Corticoide – mais relacionado a dose do que ao tempo de uso, comum em pacientes que fazem pulsoterapia por doenças reumáticas OBS: Estamos vendo muitos pacientes com osteonecrose após covid, que ocorre devido a uma alteração da angiotensina, causada pela doença, e ao uso de corticoide, além da síndrome de hipercoagulabilidade, por conta do próprio vírus - Hemoglobinopatias – anemia falciforme é bastante prevalente na Bahia, e é uma das causas - Trauma – fraturas do colo ou da cabeça do fêmur • Na imagem abaixo vemos a evolução da necrose asséptica da cabeça do fêmur - Na primeira imagem vemos uma aera esclerótica, com uma área radiotransparente acima - A área radiotransparente é onde ocorreu a necrose - O peso do corpo vai estar incidindo na região da cabeça do fêmur, mas onde ocorreu a necrose forma literalmente um buraco, então a região de cartilagem que está recebendo o peso e que em baixo existe um “vazio” tem a tendência a desabar - Quando a cartilagem desaba, a cabeça que era esférica, se torna uma cabeça anesférica, que resulta em dor e em osteoartrose da articulação DIAGNÓSTICO: • RNM: detecção das alterações desde os estágios iniciais – padrão ouro - Em T1: hiposinal na região necrosada - Em T2: hipersinal na região necrosada • CINTILOGRAFIA ÓSSEA - Hipocaptação na região de necrose - Pouco utilizada hoje em dia para casos de osteonecrose • RAIO X: alterações tardias - Se alterações são detectadas na radiografia, provavelmente é uma doença já avançada TRATAMENTO: • O primeiro passo é identificar o fator causal, o fator de risco, e interromper esse fator, caso exista e caso seja possível - No caso de um fator de risco como a anemia falciforme, por exemplo, só é possível interromper se fizer um transplante de medula, mas o que pode ser feito é aumentar a Hb fetal desse paciente - Já no caso de um fator de risco como o álcool, é possível interromper Ortopedia Bruna Argolo • Agora falando do tratamento propriamente dito, o que tem que ser avaliado primeiro é se a cabeça do fêmur está esférica ou não, pois se estiver esférica existe a opção de preservar a cabeça do fêmur - Existem diversas técnicas para essa preservação, sendo boa parte delas através de um furo no fêmur, que chega até a região necrosada para realizar a descompressão, já que na área necrosada existe uma área de hiperpressão - Ao fazer a descompressão já existe um alivio da dor - Outra coisa que pode ser feita com a cabeça esférica, mas que ainda está em estudo, e, portando, ainda não é usado em larga escala, é o uso de células tronco, que podem ser injetadas para trazer fatores quimiotáticos para induzir angiogênese e marcadores de fibroblastos, induzindo cicatrização • Preservação da cabeça femoral: - Ainda existe esfericidade da cabeça femoral - Descompressão + enxerto, implante de células tronco, etc • Artroplastia total do quadril: - Já houve perda da esfericidade da cabeça femoral - Paciente não possui mais qualidade de vida - Quem indica a hora de fazer a prótese é o paciente, a partir de sua qualidade de vida, pois para a cirurgia não faz diferença IMPACTO FEMURO ACETABULAR: • Atletas • Homens: 20 a 30 anos • Mulheres: 30 a 40 anos • Tipos de impacto: - Came: paciente com deformidade no colo femural - Pincer: paciente com excesso de cobertura no acetábulo OBS: Os impactos são contatos anormais nessa região, que acabam gerando lesões ósseas e de cartilagem ao longo do tempo, seja esse impacto do tipo came, que é a gibosidade na transição entre o colo e a cabeça do fêmur, que na rotação e flexão do quadril vai gerar um contato anormal entre o colo e o acetábulo, ou do tipo pincer, que é a sobrecobertura (excesso de cobertura) do acetábulo, gerando um pinçamento na região anterossuperior do quadril OBS: Na maioria das vezes o paciente vai ter um mecanismo combinado, apresentando os dois tipos de impacto simultaneamente DIAGNÓSTICO: • Exame físico: dor ao realizar flexão + adução + rotação interna • Raio X: incidências em AP da bacia, Lequesne, Ducroquet e Dunn • RNM: avaliar lesões condrais, labrais, etc (para estruturas não ósseas – partes moles) Ortopedia Bruna Argolo TRATAMENTO: • A tendência é sempre tentar o tratamento conservador, com reforço muscular e evitando flexão exagerada do quadril, mas caso não seja suficiente partimos para o tratamento cirúrgico • Osteocondroplastia - Transforma a deformidade em uma cabeça redonda, sem deformidades (anatômica – normal) - Pode ser feito de forma aberta ou via artroscopia do quadril - É possível corrigir também as alterações que a deformidade fez ao longo do tempo, como a lesão labral, algumas lesões condrais, etc SÍNDROME DOLOROSA TROCANTÉRICA: • Tendinopatia do quadril – bursite do quadril • Afeta a musculatura do glúteo médio e mínimo (abdutores do quadril) • Dor na face lateral • 40 – 60 anos DIAGNÓSTICO: • Exame físico: dor a palpação face lateral • USG: muito bom para a avaliação dessa patologia, entretanto é examinador dependente • Raio X: nada digno de nota • RNM: padrão ouro OBS: A maioria das vezes vai ter aspecto degenerativo, por sedentarismo, falta de alongamento, sobrepeso, ou por processo traumático local – 95% das vezes é um processo degenerativo TRATAMENTO: • Analgesia, anti-inflamatórios, hábitos de vida e alongamento trato lateral • Infiltração (anestésico com ou sem corticoide) na falha dos tratamentos acima - O corticoide alivia os sintomas por, em média, 3 meses - Pode também usar células tronco para infiltração, tendo efeito por, em média, 8/12 meses • Tratamento cirúrgico aberto ou endoscópico em último caso (evolução para cirurgia é rara) - Debrida a região na tentativa de retirar o processo inflamatório, e se necessário, pode dar alguns pontos no tendãoPUBALGIA: • Atletas • Masculino • 20- 30 anos • Desbalanço entre o reto abdominal e o adutor longo Ortopedia Bruna Argolo • O reto abdominal se insere no pubes e o adutor longo se origina do pubes, então se houver um desbalanço entre eles, com um estando “mais forte” que o outro, um deles pode se romper • Além disso, passa a haver movimento na sínfise púbica, o que não deveria acontecer DIAGNÓSTICO: • Exame físico: dor na sínfise púbica, dor a adução contra resistência • Raio X: alteração degenerativa sínfise • RNM: edema sínfise púbica + lesão adutor longo – padrão ouro TRATAMENTO: • Conservador: AINE, fisioterapia motora (fortalecimento da musculatura) • Infiltração com corticoide e anestésico em caso de não ter resposta favorável com tratamento conservador • Cirúrgico – 6/8 meses em tratamento conservador sem efeito esperado: - Desbridamento da sínfise púbica - Tenotomia (corte do tendão) aberta bilateral do adutor longo OBS: Não há perda de força por conta da tenotomia, há a cicatrização com fibrose no local sem ocorrer a perda de força, mas havendo a melhora da dor pelo corte das fibras SÍNDROME DA DOR GLUTEA PROFUNDA: • Dor na face posterior • Irradiação para coxa, podendo pegar todo o MMII • Piora da dor em longos períodos sentado • Diagnósticos diferenciais: - SD do piriforme (má formação do nervo ciático, que em vez de estar passando abaixo do musculo piriforme, vai estar passando dentro ou acima dele – imagem ao lado) - Sacroileíte (dor mais central) - Impacto isquiofemoral (dor na região perianal) - Tendinopatia glútea (dor em face posterior) DIAGNÓSTICO: • Exame físico: dor + irradiação face posterior • Raio X: não ajuda muito, sendo mais útil para avaliar diagnósticos diferenciais • USG: pode ver má formações de nervo ciático • Eletroneuromiografia: vê padrões de perda de força da musculatura inervada pelo nervo ciático • RNM: vê edema perineural – processo inflamatório ao redor do nervo, que é característico da síndrome piriforme clássica – padrão ouro OBS: As setas brancas indicam o edema perineural na RNM ao lado Ortopedia Bruna Argolo TRATAMENTO: • Conservador: alongamento, fortalecimento, alongamento, principalmente rotadores externos, mudanças de hábitos de vida, emagrecimento, atividade física, etc • Cirúrgico: - Em caso de falha do tratamento conservador - É feita a descompressão de forma aberta ou endoscópica - Neurolise: deixa o nervo “soltinho” para evitar compressão ARTROSE/OSTEOARTROSE DO QUADRIL: • Idade mais avançada • Dor na virilha limitação da rotação interna e com irradiação • Comorbidades associadas (HAS, DM...) • 4 sinais radiológicos – radiografia é padrão ouro: - Cistos - Esclerose subcondral - Redução espaço articular - Osteófitos OBS: Imagem 1 = normal; imagem 2 = osteoartrose TRATAMENTO CONSERVADOR: • Analgesia - Evitar anti-inflamatórios por ser uma patologia crônica, tentar maneja apenas com analgesia • Fisioterapia • Hábitos de vida - Não existe contraindicação de nenhuma atividade física, exceto que o paciente sinta dor na realização da mesma • Apoio de marcha - Utilizado quando o paciente já não consegue maia caminhar facilmente - Utilizado contralateral à patologia - Por ser bastante estigmatizante, deve ser indicado como conselho para esse paciente ARTROPLASTIA TOTAL DO QUADRIL: • O tratamento conservador pode estacionar a osteoartrose e melhorar a dor, mas resolve a situação • Usaremos o tratamento conservador até chegar ao ponto que o paciente perde qualidade de vida, não conseguindo mais andar e realizar suas atividades, quando será feita a artroplastia total • Substituição do fêmur proximal e troca do acetábulo OBS: A hora de ser feita a artroplastia total do quadril é o paciente que decide, mas lembrando que deve ser feita o mais tardar possível, pois a prótese é feita de metal e em algum momento sua vida útil ira acabar, e não é indicado que o paciente precise fazer a troca dessa prótese
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