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Ortopedia Bruna Argolo PATOLOGIAS OSTEOMETABÓLICAS • Osteoporose • Doença de Paget • Tumores ósseos OSTEOPOROSE • Todo médico generalista deve saber tratar a osteoporose, pois é uma doença muito comum • Osteoporose é uma doença óssea metabólica caracterizada por uma baixa densidade do osso que predispõe a um maior risco de fraturas • Não causa dor • A qualidade óssea é modulada pela microarquitetura, taxa de remodelação, número de microfraturas e grau de mineralização - Se houver qualquer alteração em algum desses aspectos, ocorre o desenvolvimento do processo degenerativo da osteoporose • Sítios mais comuns de fraturas associadas a osteoporose: coluna vertebral (mais comum e mais importante), rádio distal, fêmur proximal e úmero proximal • Sempre que um paciente tem uma fratura associada a osteoporose, ele já pode ser classificado como osteoporose grave • O pico de massa óssea ocorre por volta dos 30 anos e a partir dos 50 anos ocorre a queda - Gênero, hábitos de vida, sistema endócrino e fatores genéticos estão envolvidos no pico de massa óssea do indivíduo - A queda da massa óssea é bem mais drástica nas mulheres EPIDEMIOLOGIA: • Doença afeta 200 milhões de mulheres mundialmente • 1 em cada 3 mulheres com mais de 50 anos sofrerão fraturas osteoporóticas • 1 em cada 5 homens com mais de 50 anos • 10 milhões de brasileiros são afetados pela doença • No brasil, a osteoporose custa 1,2 bilhão de reais anualmente • 61% deste montante está associado à perda de produtividade • As despesas com hospitalização representam 234 milhões de reais e os custos cirúrgicos, 162,6 milhões de reais FATORES DE RISCO: • Idade avançada – principalmente, acima de 50 anos • Fraturas prévias Ortopedia Bruna Argolo • Fratura por trauma de pequena intensidade em parente de primeiro grau • Baixo peso • Tabagismo • Córticoterapia > 3 meses • Déficit visual • Déficit estrogênico – pacientes que não fazem reposição hormonal após a menopausa ou a andropausa • Descontinuação de terapia estrogênica • Demência • Baixa atividade física • Quedas recentes • Mobilidade deficitária • Baixa ingesta de cálcio – leva a perda da massa óssea CAUSAS SECUNDÁRIAS: • Alguma alteração do neuro-eixo que vai regular o metabolismo do cálcio e fosforo acaba levando a osteoporose: - Drogas - Hipogonadismo - Abuso de álcool - Deficiência de vitamina D - Hiperparatireoidismo - Hipertireoidismo - Síndrome de má digestão, mieloma - Hipercalciúria, deficiência de cálcio DIAGNÓSTICO: • Entre -1 e -2,5 desvio padrão do T-score = osteopenia • Menor que – 2,5 desvio padrão do T-score = osteoporose • Avaliação laboratorial: - Hemograma - Função renal - Cálcio sérico - TSH, T4 livre e T3 Ortopedia Bruna Argolo - Vitamina D - Clearence creatinina e calciúria em 24 horas - Testosterona livre e total - Estrogênio e progesterona - PTH - Eletroforese de proteínas – para avaliar mieloma múltiplo - Fosfatase alcalina – marcador de formação óssea OBS: Não se dá diagnóstico de osteoporose por Raio X TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: • Boa nutrição geral • Adequada ingesta de cálcio • Adequado aporte de vitamina D (exposição ao sol – 15 min e suplementação dietética) • Exercícios regulares • Evitar tabaco e álcool • Prevenção de quedas TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: • Cálcio e Vitamina D3 – usado desde a osteopenia • Calcitonina • Teriparatide • Raloxifeno • Bisfosfonatos: Alendonato, Risedronato, Ibandronato e Zolendronato (mais utilizados) • Estrógeno – reposição hormonal em pacientes sem contraindicação • Ranelato de estrôncio • Denosumabe FRATURA DO COLO DO FÊMUR: • Perfil comum de paciente: - Mulher - Média de 75 anos - Caucasianas • Relação altíssima com osteoporose • Dor inguinal • Membro em rotação externa e encurtado • Impossibilidade de colocar o pé no chão OBS: É muito raro ocorrer fratura da cabeça do fêmur, e sua ocorrência costuma ser relacionada a traumas de alta energia – a fratura do colo do fêmur é extremamente mais comum TRATAMENTO: • O tratamento conservador não deve ser realizado, pois suas consequências são muitas, devido ao paciente precisar ficar deitado: - Dor - Escaras - Pneumonia e ITU - Perda da independência - Demência • A conduta é iminentemente cirúrgica: - Osteossíntese – fratura sem desvio – faz-se a fixação do colo do fêmur com parafusos Ortopedia Bruna Argolo - Artroplastia – fratura desviada (colo do fêmur foi desviado) – não se preserva a cabeça do fêmur nesse caso, pois a chance de necrose é muito grande, então prefere-se fazer logo a artroplastia DOENÇA DE PAGET • Prevalência aumenta com a idade – incomum antes dos 40 anos • História familiar positiva • Descendentes do norte europeu • Doença crônica e progressiva do sistema esquelético • Alteração primária no turnover ósseo • Aumento no número e hiperativividade dos osteoclastos – reabsorção muito intensa • Excessiva formação óssea (osteoblastos), entretanto, é formado um osso deformado FISIOPATOLOGIA: • QUATRO FASES: - Intensa atividade osteoclástica - Atividade osteoblástica desorganizada – aumento da vascularização - Redução da atividade osteoclástica, com predomínio de formação óssea - Redução da atividade osteoblástica – pouca ou nenhuma atividade de remodelação • Fase quente: intensa reabsorção e formação • Fase mista: fases intermediarias • Fase fria: estágio final da doença, com um osso totalmente desorganizado OBS: No raio X vemos alterações do lado esquerdo do paciente, em comparação ao lado direito normal QUADRO CLÍNICO: • Dor, edema e calor local, pior à noite ou ao repouso • Crescimento ósseo – cabeça do paciente pode aumentar de tamanho • Deformidades (arqueamento, cifose) – podem acontecer por todo o corpo • Fraturas patológicas – devido ao trabeculado anormal dos ossos formados • Neuropatias compressivas (coluna e surdez) • ICC – pode acontecer devido ao hiperfluxo ósseo, fazendo faltar sangue na circulação DIAGNÓSTICO: • Aumento sérico da fosfatase alcalina e hidroxiprolina – marcadores de metabolismo ósseo • Aumento da hidroxiprolina urinária • Hipercalcemia por hiperparatireoidismo secundário em 10% dos indivíduos • Elevação de ácido úrico (gota secundária) • A cintilografia óssea é um exame fantástico para avaliar Paget, principalmente na fase quente (hipercaptante) • Sobre as radiografias abaixo: - A deformidade que vemos no fêmur na segunda radiografia é uma deformidade clássica do Paget, chamada de cajado de pastor, onde o fêmur se “encurva”, vai arqueando Ortopedia Bruna Argolo TRATAMENTO: • Bifosfonados (padrão ouro) • Calcitonica subcutânea (pouco usada) • Analgésicos • AINES • Cirurgia – pode ser necessário devido a fraturas, deformidades ou osteoartrite TUMOR ÓSSEO • Mieloma múltiplo – tumor ósseo mais comum • Metástases • Lesões pseudotumorais • Tumores benignos • Tumores malignos MIELOMA MÚLTIPLO: • Tumor maligno primário do osso que se origina da medula óssea • Malignidade primária mais comum do osso • Predomina nos homens 2:1 • Incidência 5ª a 7ª década • Deve ser incluído junto com metástase no diagnóstico diferencial de qualquer paciente com mais 40 anos com tumor ósseo • Aspectos visuais do osso: - Aspecto como se tivesse sido roído por traças - Aspecto em sal e pimenta DIAGNÓSTICO: • Radiografias: múltiplas lesões osteolíticas em “saca-bocado” (roído por traças) • Na coluna podem ser observadas múltiplas fraturas por compressão • Cintilografia: frequentemente normal ou hipocaptante - A substituição do tecido normal pelo plasmocitoma, diminuindo a captação regional - Só é positiva em áreas em que ocorreneoformação óssea reacional • Ressonância magnética: lesões com baixo sinal em T1 e alto sinal em T2 • Anemia, aumento de VHS, hipercalcemia – podem ser observados no paciente • Mielograma = plamócitos com atipia celular > 15% com um ou mais núcleos atípicos - É como é dado o diagnóstico definitivo • Presença de proteínas anormais no sangue e urina (Bence-Jones) – também bem especifico de mieloma múltiplo • A eletroforese de proteínas fecha o diagnóstico a partir da identificação de um pico monoclonal de imonoglobulinas – o plasmócito é produtor de imunoglobulina, e quando esse plasmócito é cancerígeno ele começa a produzir um tipo de imunoglobulina especifica (IgG é mais comum), então ao pedir a eletroforese de proteínas, provavelmente será visto um pico monoclonal de IgG Ortopedia Bruna Argolo TRATAMENTO: • Quimioterapia é o principal tratamento – hematologista • Lesões ósseas sintomáticas respondem rapidamente à radioterapia - Radioterapia feita nas lesões isoladas • Prognóstico = ruim – tumor muito agressivo • Fixação profilática se existir risco de fratura - Em caso de risco de fratura, o ortopedista pode fazer a fixação desse osso antes de quebrar METÁSTASE ÓSSEA: • Êmbolos neoplasicos ou invasão de células neoplásicas que habitam tecidos vizinhos no osso • Em 15 a 30% dos casos o local primário é desconhecido • Estadiamento identifica 85% das lesões • A maioria se origina de próstata ou mama -> seguido por pulmão, rim, tireoide e TGI • Os pacientes em que se desconhece o sítio primário, as malignidades mais comuns são pulmão e rim, que são sítios mais silenciosos, nem sempre sendo identificados, e sã também mais agressivos • É estimada incidência de 50 a 80% de metástases ósseas na ocasião da morte de pacientes portadores de carcinoma • Então, se descobrimos que o paciente tem uma metástase óssea, o primeiro passo é investigar na busca pelo sitio primário e realizar o estadiamento; em caso de esse sitio primário não ser identificado, provavelmente a origem é de pulmão ou rim ESTADIAMENTO – BUSCA POR SÍTIO PRIMÁRIO: • História clínica e exame físico • Exames mamário, prostático e da tiroide na busca pelo sítio primário • Exames gerais – HMG, UR, CR, Na, K, Ca, T3, T4 livre, TSH, PTH, AST, ALT, GGT e FA • PSA, CA 125 – marcadores cancerígenos sanguíneos • Urina I – avalia o estado urinário do paciente, se ele tem alguma alteração no cálcio ou no fosforo • Eletroforese de proteínas – investigação de mieloma • Radiografias locais – radiografias do local da metástase • TC tórax, abdome e pelve – avaliação de sítio primario • Cintilografia – procura por outras metástases • PET-CT e RNM – o PET-CT é muito útil tanto para identificar o sítio primário quanto para avaliar metástases, enquanto a RNM é utilizada para fazer o estudo daquela metástase e ver se realmente não tem chance de ser um sítio primário ósseo Ortopedia Bruna Argolo TRATAMENTO ORTOPÉDICO – EVITAR FRATURAS: • Esse escore diz quando deve ser feita a fixação do osso antes que ele quebre • São levados em consideração 4 critérios, que podem ser classificados em 3 graus, somando pontos • ESCORE DE MIRELS: - 4 a 7 pontos: tratamento conservador - 8 pontos: avaliar características do doente - 9 a 12 pontos: cirúrgico – fixação profilática LESÕES PSEUDOTUMORAIS: • Cisto ósseo simples – a mais comum das lesões pseudotumorais • Lesões pseudotumorais: são “defeitos” no osso, que não tem aspecto nem de tumor benigno e nem de tumor maligno, e por isso, são pseudotumorais • Cavidade óssea repleta de um líquido claro ou sanguinolento, revestida por uma membrana de espessura variável • As fraturas patológicas são comuns secundarias a esse cisto e costumam modificar as características macroscópicas e microscópicas das lesões CARACTERÍSTICA CLÍNICA: • Infância e adolescência – descoberto principalmente após fraturas • Metáfise proximal do úmero (50%) e do fêmur, tíbia proximal e distal • Homens (2:1) • Tipicamente apresenta-se com dor • Com ou sem fraturas • Achado de exame – achados por acaso em raio x que foi realizado para uma outra investigação TRATAMENTO: • Acompanhamento – clínico e radiográfico • O cisto só irá aumentar de tamanho enquanto o paciente ainda estiver crescendo, depois que para de crescer o cisto estabiliza • No caso de piora da dor ou risco aumentado de fraturas por fragilidade indicamos a curetagem (retira o material de dentro – esvazia o cisto), seguida do preenchimento com enxerto autólogo ou homólogo • Possibilidade de injeção local de corticosteróides após esvaziamento do conteúdo cístico, com bons resultados (técnica de Scaglietti - 1976) • O preenchimento também pode ser feito com cimento ósseo como é o caso na radiografia ao lado • O material sempre é mandado para a anatomia patológica, mas geralmente é apenas feita a confirmação de que é um cisto ósseo Ortopedia Bruna Argolo TUMORES ÓSSEOS BENIGNOS: • Osteocondroma (“chifre” que se forma no osso – imagem 1) • Encondroma (região mais clara na região da estrutura óssea – imagem 2) - É um tumor ósseo que não incomoda em nada, sendo geralmente descoberto como achado de exame, ou seja, o exame é feito por outra razão e descobre esse achado • Osteoma osteóide / osteoblastoma (é visto um “nicho” dentro da cortical óssea – imagem 4) - Pode levar a dor • Tumor de células gigantes (visto na região do joelho/face proximal da tíbia – imagem 3) - É uma alteração um pouco mais agressiva - Tratamento cirúrgico TUMORES ÓSSEOS MALIGNOS: • Osteossarcoma (alterações chamadas em “raio de sol” – imagem 1) - É um tumor maligno formador de osso • Condrossarcoma (imagem 2) - Pega pacientes mais idosos - Intensa formação cartilaginosa, que destrói progressivamente a cortical óssea • Tumor de Ewing (imagem 3) - Acomete crianças dos 8 aos 12 anos de idade - Se assemelha muito a osteomielite – paciente apresenta dor, febre, sinais flogisticos locais TRATAMENTO: • Quimioterapia neoadjuvante • Cirurgia (ressecção ou amputação) • Quimioterapia adjuvante • Possibilidade de radioterapia MARGEM CIRÚRGICA: • Intralesional: plano de dissecção cirúrgica é dentro do tumor – somente dentro da cavidade da lesão - Pode ser descrito como redução de massa, pois deixa para trás tumor macroscópio - Pode ser usado para lesão benigna sintomática • Marginal: é obtida quando o plano de dissecção mais próximo passa através da pseudocapsula - Resseca a pseudocapsula do tumor, mas não resseca osso normal - Esta ressecção portanto, deixa pra trás doença microscópica que pode levar a recorrência local Ortopedia Bruna Argolo - Usado para tratar lesões benignas e algumas malignidades de baixo grau • Ampla: obtida quando o plano de dissecção é o tecido normal - Resseca uma margem de segurança de 4 a 5 cm de osso normal - Esta opção constitui o objetivo da maioria dos procedimentos para malignidade de alto grau • Radical: obtida quando todos os compartimentos que contém o tumor são removidos em bloco - Retira todo o seguimento ósseo – em geral, ocorre a amputação do membro - Para tumores que invadem feixe neurovascular, tumores irressecaveis, tumores com comprometimento de partes moles
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