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Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir Parasitoses Intestinais Amebíase AE: Entamoeba histolytica (Reação inflamatória com destruição tissular). • A Entamoeba dispar e Entamoeba moshkovskii, que não causam doença no homem Epidemiologia: Endêmica em regiões tropicais com baixos padrões socioeconômicos e sanitários. • 500 milhões de pessoas acometidas., sendo 50 milhões sintomáticas / 100 mil óbitos por ano. Ciclo Evolutivo e transmissão: • Os cistos representam a forma infectante, sendo adquiridos por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes • O contato também pode ocorrer por contato feco-oral • Os cistos são resistentes ao suco gástrico e conseguem chegar ao final do intestino delgado ou início do intestino grosso, ocorrendo o desencistamento e a saída dos metacistos - se transformam em trofozoítos metacíclicos e migram o intestino grosso onde fazem a colonização • Adquirem fenótipo patogênico ao se desprenderem da mucosa e no cólon se desidratam e transformam-se em pré-cistos – produzem uma membrana cística e variam para a forma de cistos mononucleados e, em seguida, tretranucleados, sendo eliminados apenas nas fezes normais • Na forma invasiva, há a invasão da mucosa intestinal pelos trofozoítos, disseminando-os para órgãos como fígado, cérebro e pulmões, por meio da corrente sanguínea. • Na forma não-invasiva, há a eliminação de cistos nas fezes por portadores assintomáticos • Obs: Os trofozoítas podem viver como comensais (sem causar doença), ou podem invadir a parede do cólon (causando colite amebiana - presença de úlceras discretas, separadas por regiões de mucosa colônica de aparência normal) - Imunidade inata do hospedeiro atua na resolução da colite amebiana. Em alguns casos os trofozoítos, podem atingir o tecido hepático. Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir Patogenia, depende: • Hospedeiro: idade, suscetibilidade, resposta imune, estado nutricional • Parasito: cepa, proteases e moléculas de adesão Obs: O processo de invasão do epitélio intestinal promove citólise causando danos à célula-alvo e uma rápida resposta inflamatória aguda. Obs: A lesão pode evoluir para necrose com risco de perfuração da parede intestinal e infecção sistêmica. Obs: Mediadores químicos pró-inflamatórias induzem alteração intestinal, dificultando a absorção alimentar. Quadro Clínico • O período de incubação vai de duas a seis semanas após ingestão dos cistos • Na sua grande maioria é assintomática - 80 a 90% dos casos. • Início insidioso e gradual • Dor abdominal em cólica na parte superior do abdômen • Febre, náuseas, vômitos, cefaleia em 40% dos pacientes • Diarréia de aspecto mucóide e sanguinolento (1-2 semanas), acompanhadas de cólicas intensas, tenesmo e tremores de frio • Perda de peso, anorexia pode estar presentes • Quadros mais graves (colite amebiana fulminante) podem cursas com febre alta, leucocitose e perfuração intestinal em > 75% das vezes. Alguns pacientes desenvolvem megacólon tóxico (dilatação colônica intensa, com ou sem pneumatose intestinal, isto é, gás na parede do cólon) • O hemograma tipicamente NÃO revela eosinofilia • Colite crônica: diarreia sanguinolenta com anos de duração • Complicações 1. Colite fulminante 2. Ameboma: dor importante localizada, simulam tumores (massa abdominal palpável) 3. Ulcerações perianais – evoluem para fistulização 4. Amebíase extra-intestinal: abscessos hepáticos (mais comum), pulmonares ou cerebrais. Os abscessos hepáticos se manifestam de forma aguda (< 10 dias), através de um quadro de dor em hipocôndrio direito (com eventual irradiação para o ombro), hepatomegalia, febre (eventualmente com calafrios), sudorese noturna e sinal de Torres-Homem (dor à percussão do gradil costal sobre o hipocôndrio direito)... O laboratório acusa uma leucocitose neutrofílica importante (20.000-30.000/mm3) e um aumento leve a moderado das enzimas hepáticas Obs: os abscessos amebianos costumam ter aspecto “achocolatado”, sem cheiro, dito em “pasta de anchova”. 5. Hepatomegalia ocorre em 50% das vezes 6. Rotura hepática – disseminação hematogênca Diagnóstico • Clínico • Diagnostico diferencial: Disenteria bacilar, salmoneloses, síndrome do cólon irritado, esquistossomose... • Parasitológico de fezes 1. Identificação de cistos/trofozoítos pela morfologia - Fezes liquefeitas → busca por trofozoítos. Fezes formadas → busca por cistos 2. Eliminação dos cistos intermitente e irregular - Coleta dia sim, dia não por uma semana em conservante ou exame a fresco até 30 minutos após coleta. 3. MIF, formol-éter ou Faust diagnosticam 80-90% das infecções 4. E. histolytica/E. díspar - Não podem ser diferenciados pela morfologia OMS recomenda que os resultados sejam dados como E. histolytica/E. díspar. – ELISA e PCR permitem diferenciação • Sorológico Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir 1. Podem detectar cerca de 95% dos casos 2. ELISA, PCR, imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta... Obs: a sorologia e a pesquisa de antígenos fecais de ameba (ambos realizados pela técnica ELISA) passaram a ser valorizados, sendo incorporados à rotina diagnóstica (por serem mais específicos para E. histolytica) Obs: PCR - padrão-ouro para a diferenciação com outras amebas, porém trata-se de um método caro e ainda pouco disponível • Exames de imagem 1. Retossigmoidoscopia + biópsia → visualização de ulcerações + coleta de tecido para identificar patógeno Obs: Pacientes com forte suspeita clínica que apresentam exames de fezes negativos 2. USG, TC, radiografia, ecografia abdominal... → localização, número e tamanho de abscessos necessário um alto índice de suspeita pra fazer o diagnóstico dúvida diagnóstica para confirmar o abscesso Tratamento • Deve ser tratada em qualquer forma de apresentação clínica, sintomática ou não. • As infecções por Entamoeba dispar ou Entamoeba moshkovskii não necessitam de tratamento • Existem várias opções de tratamento para a amebíase. As formas leves ou assintomáticas podem ser tratadas com Teclozam, 15mg/kg/dia. 8/8h/ por 5 dias • Para as formas sintomáticas, as opções são Metronidazol, 35 a 50 mg/kg/dia, 3 vezes ao dia durante 7 a 10 dias., ou Tinidazol 50 mg;kg/dia dose única por 3 dias ou secnidazol, 30 mg/kg/dia (máx. 2 g). • Após essas medicações fazer uso de fármaco de ação luminal paromomicina 25-35 mg/kg/dia em 3 doses por 7 dias) • Além disso, deve-se fazer medidas de prevenção e saneamento básico. Prevenção Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir Giardíase AE: Giardia lamblia, também chamada de Giardia intestinalis ou Giardia duodenalis • Protozoário que parasita o intestino delgado • Existe sob duas formas: cisto (infectante) e trofozoíta (não infectante) - Em sua superfície ventral existe uma estrutura chamada disco suctorial, capaz de prendê-lo às vilosidades do epitélio intestinal. Ciclo evolutivo e Transmissão Obs: A cloração da água não mata os cistos (somente a filtração e a fervura conseguem eliminá-los). Assim, o homem é infectado ao ingerir água não filtrada ou alimentos não cozidos contaminados Obs: a transmissão interpessoal (anal-oral) é comum dentro de instituições como creches, e também pode ocorrer pela via sexual Epidemiologia – ocorre em regiões temperadas e tropicais. • Os viajantes são o grupo de risco • Países em desenvolvimento: uma em cada 10 pessoas se infectam por esses parasitas • Dos genótipos A ou F apenas o A e B infectam os seres humanos Quadro Clínico • A maioria dos indivíduos infectados é assintomática e autolimitadapodendo haver eliminação de cistos nas fezes por longos períodos • Individuo que nunca entraram em contato com o parasita antes podem apresentar diarreia aquosa, explosiva, com odor fétido e dor abdominal – diarreia dos viajantes • Náuseas, vômitos, mal estar geral, flatulência, diarreia, esteatorréia, fadiga, perda de peso, anorexia, além de fezes com muco e sem sangue pode estar presente – diarreia aguda • Diarreia crônica: dor abdominal difusa, diarreia – (intercalada com períodos de obstipação e fezes sem alterações). Associada a síndrome de má absorção e a intolerância a lactose em até 40% dos casos. Evidências clínicas e laboratoriais de deficiência de nutrientes como gordura, vitamina A e ácido fólico. Obs: Pacientes com hipogamaglobulinemia e imunodeficiência variadas geralmente apresentam maior predisposição e manifestação clinicas prolongadas, com baixa resposta terapêutica. Diagnóstico • Clinico – pct apresenta diarreia com esteatorreia, irritabilidade, insônia, náuseas e vômitos e perda de apetite e dor abdominal • Parasitológico de fezes: buscar por cistos ou trofozoítos 1. método de Faust 2. ou identificação de trofozoítos no fluido do aspirado duodenal. – Casos de diarreia crônica Obs: Pelo menos três amostras de fezes são necessárias para uma boa sensibilidade • Imunológico 1. No soro – ELISA ou IFI: pesquisa de anticorpos, no entanto é pouco sensível Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir 2. Nas fezes – ELISA: pesquisa de antígenos • Molecular – amostras de água: pesquisa de DNA parasitário por PCR Tratamento • Deve ser tratada em qualquer forma de apresentação clínica, sintomática ou assintomática. • Metronidazol, 15 a 20 mg/kg/dia, 8/8h, por 7-10 dias para crianças; Adultos, 250 mg/ 2x por dia, 5 dias (de escolha) • Tinidazol, 50 mg/kg, após as refeições, dose única. Adulto - 2 g (4 comp. de 500 mg em dose única). • Secnidazol, 30 mg/kg ou 1 ml/kg, VO, dose única após a refeição. Adulto - 2 g, em dose única • Outra alternativa é o albendazol e a furazolidona Obs: É importante lembrar que quando prescritas as medicações nitrimidazólicas, deve-se orientar o paciente a não ingerir bebidas alcoólicas pela possibilidade da ocorrência da reação dissulfiram-like, que consiste em: rubor de face, cefaleia, taquicardia e dispneia Prevenção • Medidas de saneamento básico e educação para saúde • Lavar as mãos antes de manusear os alimentos • Lavar os alimentos Toxocaríase Síndrome da larva migrans visceral, é uma doença multissistêmica AE: Toxocara canis ou “áscaris do cão”, o agente mais comum; Toxocara catis ou “áscaris do gato”; e Ascaris suum ou “áscaris do porco”, este último o menos frequente Alguns pacientes desenvolvem uma forma ocular isolada da doença, a chamada larva migrans ocular. Epidemiologia: • O T. canis, que é o principal agente etiológico • A ingestão de terra contaminada com ovos embrionados é o principal mecanismo de aquisição da doença • É uma doença típica de crianças entre 1-5 anos de idade Ciclo evolutivo e Transmissão • Os órgãos mais afetados, por ordem de frequência, são o fígado, os pulmões, o cérebro, os olhos e os gânglios. • Hospedeiro definitivo: cães ou gatos domésticos • Os ovos de T. canis não são imediatamente infectantes. São necessárias cerca de três semanas no solo para que os mesmos se tornem embrionados e capazes de causar infecção no homem • No olho: fase de migração larvar, que, pela resposta inflamatória envolvida, pode levar a descolamentos parciais ou totais da retina e consequente perda de visão Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir Quadro Clínico • Uma baixa carga parasitária gera infecção assintomática, podendo causar, todavia, eosinofilia no sangue periférico sem motivo aparente • Cargas parasitárias mais elevadas - febre, queda do estado geral, irritabilidade, hepatomegalia, rash cutâneo pruriginoso e até mesmo convulsões • Entre 20 a 86% das crianças apresentam sinais e sintomas respiratórios, com destaque para dispneia, broncoespasmo (sibilos), tosse não produtiva (que pode se tornar crônica) e estertores crepitantes • 40% dos casos, o RX de tórax encontra-se alterado, sendo a manifestação mais comum os infiltrados peribrônquicos bilaterais. • Quando exames mais sensíveis são utilizados, como a TC de tórax, observam- se nódulos subpleurais bilaterais, margeados por opacidades em vidro fosco bem delimitadas. Complicação, menos frequente - insuficiência respiratória aguda • Larva migrans visceral sistêmica clássica: eosinofilia elevada, leucocitose, hepatoesplenomegalia, febre, hipergamaglobulinemia; • Larva migrans ocular e neurológica: a ocular, na maioria dos casos, é unilateral, com inflamação leve a moderada ou difusa; As queixas mais comuns são a redução da acuidade visual e o estrabismo Obs: relata-se que a neurológica tem relação com episódios de epilepsia e quadros de meningite e encefalite Diagnóstico • Clinico – difícil • A principal alteração laboratorial é inespecífica, e consiste numa leucocitose à custa de importante eosinofilia. Hipergamaglobulinemia policlonal com níveis elevados de IgG, IgM e IgE também são frequentes – ELISA ou Wetem Blot Obs: A sorologia utilizando TES-ELISA confirmada por Western Blot tem sido a melhor opção diagnóstica • O método padrão-ouro para o diagnóstico é o reconhecimento das larvas de Toxocara em material de biópsia, porém raramente este exame é usado na prática clínica Obs: O diagnóstico costuma ser feito por uma combinação de dados clínicos, epidemiológicos, as alterações laboratoriais e a positividade na sorologia para T. canis (ELISA) Obs: não há como confirmar o diagnóstico de toxocaríase pelo exame de fezes • O diagnóstico de larva migrans ocular isolada é mais difícil, sendo baseado nas características clínicas e no exame oftalmológico, uma vez que a positividade da sorologia é menor nessa forma da doença • Exames como o lavado broncoalveolar e a punção lombar revelam eosinofilia nas secreções respiratórias e no liquor, respectivamente, quando o trato respiratório e o SNC são acometidos. • Rx e TC de tórax – quando acomete trato respiratório • RNM – no caso de acometimento do SNC, são empregados para identificar lesões teciduais decorrentes da presença de reação granulomatosa eosinofílica contra as larvas do parasita Estudos de caso-controle com 50 crianças forneceram critérios para o diagnóstico: elevação de leucócitos, eosinofilia, aumento das isohemaglutinina anti-A e anti-B, IgG e IgM elevadas e hepatomegalia. Os casos apresentavam cinco ou seis critérios, e os controles abaixo de três desses critérios. Por fim, em 2001, foram descritos cinco aspectos da toxocaríase humana: 1) características e história do paciente; 2) sintomas e sinais clínicos; 3) sorologia positiva; 4) eosinofilia; 5) aumento dos níveis de IgE. Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir Tratamento • Objetivo: reduzir o número de larvas potencialmente migratórias para o cérebro e olho • Albendazol: 10 mg/kg/dia, máximo de 400 mg, uma vez ao dia, VO, com o curso variando entre 5, 10, 15 e 21 dias. • Ou Dietilcarbamazina: regressão de lesões hepáticas em 16 meses de uso • Tiabendazol na dose 25 mg/kg/dia de 3 a 5, 7 ou 10 dias. • LMO: albendazol durante 14 dias associado ao corticosteróide. Prevenção • Higienizar as mãos após contato com terra e antes das refeições • Prevenir contaminação do solo com fezes de cães e de gatos • Tratar com anti-helmíntico periódico cães e de gatos • Reduzir população de cães e gatos de rua Tricuríase AE: Trichuris trichiura • Tambémchamado de tricocéfalo • Parasitam principalmente o intestino grosso do ser humano, especialmente no ceco • Os vermes adultos medem cerca de 3 a 5cm de tamanho seno o macho pouco menor que a fêmea. Epidemiologia • A infecção de Trichuris trichiura tem distribuição cosmopolita • Cerca de 1 bilhão de pessoas infectadas, das quais 350 milhões são menores de 15 anos • Apesar de amplamente distribuída, ela prevalece em áreas quentes e úmidas (países tropicais) • Frequente nas áreas rurais e periferia das grandes cidades sem saneamento básico adequado • Acomete mais crianças entre 5 e 15 anos de idade Ciclo evolutivo e Transmissão • A transmissão: Direta – mãos, alimentos ou bebidas. Indireta – através de mosca ou outros insetos Quadro Clínico • Frequentemente são assintomáticos – devido a baixa carga parasitária • Alguns indivíduos podem apresentar um histórico de dor no quadrante inferior direito ou na região periumbilical • Infecção maciça – diarreia crônica (pode haver a presença de sague oculto nas fezes), prolapso retal, anemia, retardo no crescimento, déficits cognitivos e do desenvolvimento • A diarreia crônica com tenesmo (tipo colite), podendo evoluir com enterorragia nas infestações mais graves • Em 10-15%, pode haver uma dermatite tóxico-alérgica, com eosinofilia periférica, manifestando-se como placas cutâneas urticariformes que desaparecem com o tratamento. Diagnóstico • Os ovos do T. trichiura apresentam um formato peculiar em “barril” – inconfundível no exame de fezes • O diagnóstico pode ser facilmente confirmado pela demonstração de ovos nas fezes pelos métodos de Lutz, Faust ou Kato-Katz Tratamento • O controle de cura é realizado no 7º, 14º e 21º dia, após o tratamento, através de dois Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir exames parasitológicos de fezes descritos acima. • Albendazol é a droga de escolha: 10 mg/ kg, VO, dose única (máx de 400 mg). Obs: Nos casos de parasitismo intenso, repetir o tratamento durante 5 dias consecutivos • Hoje, utiliza-se associado à Ivermectina para maior eficácia • Mebendazol: 100 mg, 2x ao dia, durante 3 dias. Obs: Por não ser larvicida, deverá ser repetido 10 a 14 dias depois. Deve ser ingerido fora das refeições • Nitazoxanida (comprimidos 500 mg e suspensão 20 mg/mL): 7,5 mg/kg/dose, 12/12 horas, durante 3 dias Obs: Usar durante ou após refeição e a urina assume coloração esverdeada • Pamoato de oxantel: nos casos leves, administrar 10 mg/kg/peso do paciente, em dose única, VO. Nos demais, dar essa dose 2 vezes ao dia por 3 dias • Prevenção • Medidas de controle relacionada com parasitos denominados de “geo-helmintos”; • Peridomicílio é o local importante de infecção em áreas de alta endemicidade; • Lavar bem as mãos e os alimentos; • Tratar a água; • Melhorias no saneamento básico • Cuidado com o solo contaminado e desenvolver educação em saúde Estrongiloídiase AE: Estrongiloídiase AE: Strongyloides stercoralis • Costumam habitar o Intestino delgado dos indivíduos infectados Epidemiologia: • A transmissão requer solo quente e úmido • Fatores de risco – condiões ambientais precárias e aglomerações humanas • Cães e gatos podem ser reservatórios • Hiperinfecão acomete indivíduos imunodeprimidos Ciclo evolutivo e Transmissão • Modo de transmissão: Via percutânea – as larvas infectantes (filarioides) penetram a pele do indivíduo. Auto-endoinfecção – quando as larvas passam a ser filarióides no interior do próprio hospedeiro, sem passar pela fase evolutiva no meio externo. Auto- exoinfecção – quando as larvas filarióides se localizam na região anal ou perianal, onde novamente penetram no organismo do hospedeiro. Quadro Clínico • Na maioria das vezes, a infestação por estrongiloides é assintomática. Obs: sintomas digestivos altos dominam o quadro clínico. Obs: O sintoma mais comum é a dor epigástrica, surda ou em queimação, que piora com a ingestão de alimentos, simulando uma úlcera péptica duodenal Hiperinfecção - Estrongiloidíase disseminada • pacientes imunocompromeditos • Febre, dor abdominal, anorexia, náuseas e vômitos, diarréia profusas, manifestações pulmonares (tosse, dispneia e broncoespasmos e raramente, hemopise e angústia respiratória) • Na radiografia pode-se observar até cavitação • A eosinofilia não costuma ser proeminente e com frequência está ausente • ´Podem ainda ocorrer infecções secundárias como meningite, endocardite, sepse e Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir peritonite, mais frequentemente por esterobactérias e fungos • Uma síndrome disabsortiva, com esteatorreia, hipoalbuminemia e anasarca pode ocorrer pela intensa duodenojejunite e atrofia das vilosidades • Na endoscopia digestiva, o duodeno encontra-se edemaciado, com eventuais erosões e espessamento ou até apagamento das pregas • A estrongiloidíase faz parte do grupo das verminoses que pode causar síndrome de Löeffler - quadro brando de tosse seca, sibilância e infiltrados pulmonares migratórios • Diagnóstico • O diagnóstico laboratorial é realizado pelo achado das larvas rabditoides no exame parasitológico de fezes, pelo método de Baermann-Moraes • Speita de hiperinfecção: é necessário exame de uma amostra de escarro (catarro) para detectar larvas e Raio X de tórax para investigar se há infecção pulmonar • Exames de sangue são uma alternativa para investigar a alta taxa de eosinofilia • O diagnóstico diferencial é ascaridíase, giardíase, ancilostomíase, pneumonia, urticaria, colecistite, pancreatite, eosinofilia pulmonar tropical • Tratamento • O tratamento é indicado para todas as pessoas infectadas da família ou para todos os membros de grupos comunitários para interromper o ciclo de transmissão. • O controle de cura é realizado no 7º, 14º e 21º dia após o tratamento, através de exames parasitológicos de fezes • Prevenção • Saneamento básico • Uso de calçados • Tratar os animais domésticos infectados Enterobíase • AE: Enterobius vermicularis • Também chamado de oxiúro • Epidemiologia • Acomete indivíduos de todas as idades e de todas as classes sociais – não está relacionado com o nível socioeconômico da população • Mais frequente na idade escolar • Afeta mais de um membro d família – implica no seu controle, que deve ser digerido as pessoas que vivem no mesmo domicilio • Ciclo evolutivo e Transmissão MODO DE TRANSMISSÃO Fecal – oral: autoinfecção externa ou direta. Ocorre por meio das unhas (ânus – cavidade oral) Autoinfecção indireta: ovos presentes na poeira, roupa de cama ou alimentos – acometendo o mesmo individuo Heteroinfecção: ovos presentes na poeira ou alimentos – acomete outro individuo Retreinfecção: migração das larvas da região anal para as regiões superiores o intestino grosso, chegando até o ceco, onde se tornam adultas Autoinfecção interna: processo raro no qual as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco, transformando-se em vermes adultos Obs: os ovos são convexos de um lado e achatados no outro Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir • Quadro Clínico • Frequentemente é assintomático • Principal sintoma: prurido perianal – exacerbado a noite, acompanhado de irritabilidade e sono intranquilo. As escoriações decorrentes ao ato de coçar podem resultar em infecção secundária em torno do ânus • Sintomas inespecífico: vômitos, dores abdominais, tenesmo, puxo e raramente fezes sanguinolentas • Complicações: salpingites, vulvovaginites, granulomas pelvianas → esporadicamente. Infecções secundárias ás escoriações Obs: Algumas vezes, a oxiuríase aumenta a excitaçãosexual feminina e o onanismo (compulsão para se masturbar) • Diagnóstico • Clinico – prurido característico • O exame de fezes, na pesquisa dos ovos de oxiúro, frequentemente é negativo. No entanto, devemos procurá-los diretamente na região perianal, o que pode ser feito pelo método de Hall (swab anal) ou pelo método de Graham (fita gomada) • Também podem ser pesquisados em material retirado de unhas de crianças infectadas, que oferecem alto índice de positividade • Tratamento • É indicado para todas as pessoas infectadas da família ou para todos os membros de grupos comunitários, para interromper o ciclo de transmissão • O controle de cura é realizado uma semana após o término do tratamento, pelo método de swab anal, durante sete dias consecutivos, pela manhã • Mebendazol, 100 mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias - independentemente da idade • Albendazol, 10 mg/kg, VO, dose única, máximo de 400 mg. • Pamoato de pirantel, 10 mg/kg, VO, dose única Obs: nenhuma das três drogas a seguir é recomendada em gestantes • Gel ou pomada de petrolato (i.e., contendo ácido carbólico) ou outros cremes ou unguentos antipruriginosos, usados na região perianal 2 a 3 vezes/dia, podem aliviar o prurido • Prevenção • O tratamento da família inteira pode ser necessário porque infestações múltiplas dentro da casa são uma regra. - Pois ovos viáveis podem ser excretados depois de 1 semana da terapêutica e ovos depositados no meio ambiente antes da terapêutica podem sobreviver 3 semanas. • Lavar as mãos com sabão e água morna após usar o banheiro, após trocar fraldas e antes de manipular alimentos (a forma mais bem-sucedida) • Lavar roupas, roupas de cama e brinquedos com frequência • Se as pessoas estão infectadas, tomar banho todos os dias para ajudar a remover os ovos da pele • Usar aspirador de pó para limpar o ambiente e tentar eliminar os ovos Ancilostomíase Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir • AE: Ancylostoma duodenale ou Necator americanos • Conhecida popularmente como “amarelão”, “opilação” ou “doença do Jeca Tatu” • Parasitam o duodeno e o jejuno proximal do ser humano • Epidemiologia • Estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo são infetadas por ancilostomídeos • Comum nas áreas rurais, e em pessoas que apresentam o hábito de andar descalço • Mais acometidos: crianças acima de 4 anos, adolescentes, adultos jovens, sexo masculino • Ciclo Evolutivo e Transmissão • Larvas filariformes penetram a pele humana quando as pessoas andam descalças em solo ou entram em contato direto com solo infectado. Obs: a infecção pelo Necator americanos, só corre por via percutânea Obs: Perda sanguínea média diária - Necator americanus: 0,03ml por verme e Ancylostomo duodenale: 0,15ml por verm • Quadro Clínico • Frequentemente assintomática. • Principal manifestação clínica: Anemia • Está entre as verminoses que podem causas a síndrome de Löeffler, pode ocorrer com sintomas brandos, como tosse seca e discreta sibilância Obs: Erupções maculopapulares eritematosas e pruriginosas e pelos seus movimentos serpentiformes, o quadro pode se parecer com o da larva migrans - Ancylostoma caninum e Ancylostoma braziliense Obs: os sintomas dependem da carga parasitária, do estado nutricional e da etapa de migração do parasita Diagnóstico • Clinico – devido ao prurido característico (“coceiras do solo”) • Laboratorial: exame de uma amostra de fezes (identificação dos ovos), por métodos de Lutz, Willis ou Faust / contagem de ovos pelo Kato-Katz. • Exames de sangue para verificar se a pessoa está com anemia e deficiência de ferro. • Diagnóstico diferencial: anemia por outras etiologias, outras parasitoses. Obs: Eosinofilia - durante as cinco a nove semanas entre a penetração de larvas e o surgimento de ovos nas fezes, a eosinofilia pode ser a única anormalidade laboratorial Obs: Larva migrans cutânea - aspecto e na localização da erupção cutânea linear. O diagnóstico baseia-se nas manifestações clínicas. Ovos não estão presentes nas fezes. Tratamento • É indicado para todas as pessoas infectadas da família ou para todos os membros de grupos comunitários para interromper o ciclo de transmissão. Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir • O controle de cura é realizado no 7º, 14º e 21º dia após o tratamento, através de exames parasitológicos de fezes. • Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos • Albendazol, 2 comprimidos, VO, em dose única (1 comprimido=200mg), ou 10ml de suspensão (5ml=200mg). • O Pamoato de Pirantel pode ser usado na dose de 20-30mg/kg/dia, durante 3 dias. • Para anemia ferropriva, suplemento de ferro • Tratamento tópico Tiabendazol, aplicação de pomada 4x ao dia, por 5 a 7 dias • Obs: A larva migrans cutânea é infecção autolimitada, mas os sintomas podem durar 5 a 6 semanas. O tratamento com albendazol, 400 mg, VO, 1 vez/dia, durante 3 dias, ou ivermectina 200 mcg/kg em dose única pode ser curativo. Prevenção • Saneamento básico adequado • Procurar sempre andar calçado • Tratar cães e gatos contra ancilóstomos para impedir que eles disseminem os ancilóstomos de animais para pessoas Ascaridíase AE: Ascaris lumbricoides • Conhecido popularmente como “lombriga” • Infestam o intestino do homem, geralmente no jejuno e/ou íleo Epidemiologia • A OMS estima-se que existam cerca de 1 bilhão de indivíduos acometidos • A alta prevalência da infecção resulta pele grande produção de ovos pelas fêmeas fecundadas e pela resistência dos ovos em condições ambientais extremas Ciclo evolutivo e Transmissão • A transmissão de dar através de ovos infectados do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas • Os ovos férteis tem formato oval Obs: O A. lumbricoides, tal como os outros helmintos, não se multiplica no organismo humano. Portanto, o número de vermes depende exclusivamente de quantas vezes o paciente ingeriu ovos infectantes deste verme. Quadro Clinico • Depende da intensidade da infecção e dos órgãos acometidos • Assintomáticos – carga parasitária leve ou moderada • Manifestações pulmonares – ciclo da larva e está entre as verminoses que podem causa a síndrome de Loeffler (sintomas mais intensos que na ancilostomíase) – febre, tosse, dispneia e eosinofilia, com imagens radiológicas de infiltrados intersticiais múltiplos e migratórios. • Intestino delgado – dor abdominal, diarreia =, náuseas e anorexia • Complicações – obstrução intestinal: grande números parasitas, enovelamento dos parasitas na luz do intestino ( bolo de áscaris), sintomas da obstrução/semiobstrução: vômitos, cólicas intensas, distensão abdominal, eliminação dos parasitas nas fezes ou pelo vômito. Outras complicações – volvo, perfuração intestinal, colecistite e pancreatite • Ação espoliativa: o verme adulto pode consumir proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas A e C do hospedeiro. Isto pode Heloysa Ribeiro FSM – Medicina – 2020 Pediatria – Prof: Almir resultar em subnutrição e baixo desenvolvimento físico e mental. Diagnóstico • Clinico • O diagnóstico deve ser feito pela identificação dos ovos de áscaris nas fezes, pelos métodos de sedimentação de Lutz ou de Hoffman (para ovos inférteis) ou métodos de suspensão, como o de Faust (para ovos férteis). • Os exames radiológicos, do tipo baritados, podem revelar imagens de “falha de enchimento” patognomônicas de ascaridíase – bolo de áscaris • Hemograma – eosinofilia na fase de invasão larvária Tratamento Prevenção • Higiene pessoal • Educação sanitária • Saneamento básico • Tratamento dos doentes
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