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Nefrologia e Sistema Urinário

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NEFROLOGIA E SISTEMA URINÁRIO
Funções dos Rins: regulação (volume de líquido, concentração e equilíbrio ácido-básico, pressão arterial), ativação da vitamina D, 
síntese de EPO, neoglicogênese, excreção e formação da urina. 
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA - IRA 
Ocorre quando 75% dos néfrons estiverem afuncionais. Pode ocorrer em horas ou dias e as lesões são reversíveis. 
Causas 
Isquemia: choque, hemorragia, tromboembolismo, queda no débito cardíaco 
Toxicidade: anfotericina B, doxorrubicina, gentamicina, fenilbutazona, acidentes ofídicos ou picadas de abelha, hemoglobina, 
mioglobina, chumbo, mercúrio, etilenoglicol 
Infecções: leptospirose, piometra, Erliquiose 
Azotemia - Classificação 
Azotemia pré-renal: oligúria, ↑ ureia e crea nina - desidratação grave, hipovolemia, ICC, hipotensão, diminuição da TFG 
Azotemia renal: IRA: anúria ou oligúria, ↑ ureia e crea nina ou DRC: poliúria, ↑ ureia e crea nina - lesões em parênquima renal! 
Azotemia pós-renal: anúria, ↑ ureia e crea nina – urolitíases, neoplasia, obstrução, ruptura ou perfuração 
Sinais Clínicos 
Letargia, anorexia, êmese, diarreia, desidratação, oligúria, anúria, dor a palpação renal, halitose (odor urêmico), úlceras orais, 
depressão, hipotermia, renomegalia. 
Alterações Laboratoriais 
Mensurar o débito urinário, sendo que o normal: 1-2ml/kg/h, oligúria: < 0,25ml/kg/h. 
Hemograma (Ht ↑ ou normal, hiperproteinemia), função renal (ureia e creatinina), urinálise (isostenúria de 1.008 a 1.013, 
proteinúria, glicosúria, cilindrúria, células epiteliais), hipercalemia, hiperfosfatemia, acidose metabólica grave (pH <7,2). 
Diagnóstico 
Radiografia abdominal, US (renomegalia, edema), hemogasometria, sorologia para leptospirose, PCR para Erliquiose. 
Tratamento 
Fluidoterapia com NaCl 0,9% ou R/L (reposição + manutenção) 
% de desidratação x peso x 10 + MAN: 40 – 60ml/kg/dia 
Correção hidroeletrolítica e ácido básica com bicarbonato de 
sódio 8,4% (0,3 x peso x déficit de base – valor de NaHCo3 da 
hemogasometria) 
c 
Antiemético (metoclopramida, ondansetrona), antiácido 
(ranitidina, omeprazol), protetor de mucosa (sucralfato) 
Dieta hipoproteica para diminuição da ureia. 
Hemodiálise ou diálise peritoneal (pouco uso, ↑ peritonite) 
DOENÇA RENAL CRÔNICA - DRC 
Ocorre quando 75% dos néfrons estiverem afuncionais, com lesões irreversíveis. Pode se manifestar após meses a anos. 
Causas: adquirida (idiopática, doenças imunológicas, Amiloidose, neoplasias, nefrotóxicos, isquemia, inflamação ou infecção, 
obstrução), congênita ou familiar. 
Patogenia 
Perda de néfrons → ↓ na TFG → aumento na [ ] de ureia, creatinina e outros metabolitos → não há excreção → sinais clínicos 
Sinais Clínicos 
Poliúria, polidipsia, emagrecimento/caquexia, desidratação grave, depressão, letargia, hiporexia/anorexia, gastrite, melena, 
êmese, convulsões (encefalopatia urêmica), halitose, úlceras em cavidade oral, mucosas hipocoradas 
Alterações Laboratoriais 
Hemograma (anemia arregenerativa normo-normo), função renal (azotemia), urinálise (densidade hipostenúrica < 1.007, 
proteinúria), hipocalemia/normal, hiper/hipocalcemia, hiperfosfatemia, hemogasometria (acidose metabólica). 
Diagnóstico 
US (atrofia ou hipotrofia, irregularidades na superfície renal, perda de ecogenicidade), radiografia (mineralização de tecidos moles, 
hiperadrenocorticismo secundário renal), exames laboratoriais 
Tratamento 
Fluidoterapia diária com R/L + glicose 5%, suplementação de 
potássio 
Bicarbonato de sódio para acidose metabólica 
Transfusão sanguínea e hemodiálise ou diálise peritoneal 
Antiemético (metoclopramida, ondansetrona), antiácido 
(ranitidina, omeprazol), protetor de mucosa (sucralfato) 
Dieta hipoproteica, ração renal. Se necessário, nutrição 
enteral. 
Indução da diurese espironolactona 2mg/kg, BID, VO (cães) 
ou 1-2mg/kg, BID, VO (gatos). 
Inibidor da ECA benazepril 0,25-0,5mg/kg, SID, VO para 
hipertensão arterial 
GLOMERULONEFRITE 
Causas: deposição de imunocomplexos nas paredes dos capilares glomerulares, amiloidose, doenças infecciosas ou inflamatórias, 
neoplasias, idiopática, distúrbios familiares. 
Sinais Clínicos 
PU, PD, anorexia, melena, letargia, náusea, êmese, hipertensão sistêmica, síndrome nefrótica (edema, ascite, proteinúria grave, 
hipoalbuminemia, hipercolesterolemia) 
Alterações Laboratoriais: hemograma (hipoalbuminemia < 1,5-1,0 g/dL), urinálise (proteinúria, com ou sem cilindros hialinos), 
hipercolesterolemia, hipercoagulabilidade 
Diagnóstico: clínico ou histopatologia renal 
Tratamento 
Imunossupressor azatioprina ou prednisona 
Inibidor da ECA benazepril para hipertensão 
Dieta hipossódica e hipoproteica, suplementação de 
albumina, ômega 3/benzofibratos para hipercolesterolemia 
Para diurese associar furosemida 2,2mg/kg, BID, VO ou 
espironolactona 2mg/kg, BID, VO (cães) ou 1-2mg/kg, BID, 
VO (gatos) 
AAS (ácido acetilsalicílico) para hipercoagulabilidade 
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO – ITU 
Em rins, pielonefrite; em ureteres, ureterite; em bexiga, cistite; em uretra, uretrite. 
Epidemiologia: cães são mais acometidos do que gatos, sendo que a cistite (infecção da bexiga) é a mais comum. 
 Etiologia 
E. coli, Staphylococcus spp, Streptococcus spp, Enterococcus, Enterobacter spp*, Proteus spp*, Klebsiella spp*, Pseudomonas spp. 
*Normalmente mais complicadas, tem bastante resistência aos fármacos. 
Patogenia 
Bactéria faz adesão ao epitélio da bexiga e se prolifera → produção e liberação de endotoxinas que diminuem a contratilidade da 
musculatura lisa da bexiga → ascensão de bactérias aos ureteres e rins 
Fatores predisponentes: urina residual (<0,2-0,4ml/kg), anormalidades anatômicas (ureter ectópico, divertículo vesical, 
persistência do Úraco), sondagens repetidas, urolitíase, neoplasias, uso de fármacos (Ciclofosfamida, corticoideterapia 
prolongada), glicosúria 
Classificação 
ITU Não complicada: ausência de anormalidades estruturais e funcionais, mais comum em fêmeas. O tratamento é simples 
(antibioticoterapia). 
ITU Complicada: associada a deficiências na defesa do hospedeiro (imunossupressão) e anormalidades anatômicas, mais comum 
em machos. O tratamento normalmente é mais difícil, devido a resistência e mutação bacteriana. 
Sinais Clínicos 
Polaquiúria, estranguria ou disúria, hematúria (macroscópica ou microscópica), hipertermia, dor a palpação renal, pH urinário 
alcalino, proteinúria, bacteriúria, piúria, presença de sedimentos e células epiteliais transicionais 
Exames Complementares 
Urinálise (cistocentese), urocultura, antibiograma, hemograma, função renal (diferencial), RX abdominal (anormalidades 
anatômicas, urólitos), uretrocistografia, US abdominal 
Diagnóstico 
Anamnese, exame físico, exames complementares. 
Diferencial: DTUIF, urolitíase, neoplasias, prostatite, neuropatia 
Tratamento 
Antibioticoterapia prolongada! ITU não complicada (2 semanas), ITU complicada (4-6 semanas). Sulfa + trimetoprim, 
enrofloxacina, amoxi + clavulanato, cefalosporinas, tetraciclinas. 
Tratar a causa de base 
Fluidoterapia 
 
 
 
 
UROLITÍASE 
Cálculos ou urólitos em vesícula/bexiga, uretra, rins ou ureter, decorrentes de distúrbios na composição da urina 
(hipersaturação e precipitação de sais e cristais). 
Fatores predisponentes: alta concentração de sais na urina, retenção urinária, dietas ricas em proteína e minerais, reabsorção 
tubular diminuída, urina concentrada e infecções bacterianas. 
Epidemiologia 
Cães 
Estruvita (fosfato de amônio e 
magnésio): mais comum em fêmeas, 
pH neutro a alcalino, associado a ITU 
Oxalato de cálcio: mais comum em 
machos, pH ácido a neutro, 
raramente associado a ITU 
Urato: mais comum em machos da 
raça Dálmata, pH ácido a neutro 
Silicato: mais comum em machos, pH 
ácido, dieta com casca de soja e 
glúten de milho 
Cistina: mais comum em machos, pH 
ácido, distúrbio hereditário 
Mistos 
Gatos 
Estruvita: mais comum em fêmeas, 
pH neutro a alcalino 
Oxalato de cálcio: mais comum em 
machos, pH ácido aneutro 
Urato: pH ácido a neutro 
 
 
 Estruvita Oxalato de Cálcio Urato 
 
Sinais Clínicos e Achados 
Hematúria, polaquiúria, disúria, estranguria, predisposição a ITU, incontinência urinária, obstrução completa ou parcial da uretra, 
distensão da bexiga, azotemia pós-renal, hidronefrose, efusão abdominal, pielonefrite, DRC 
Diagnóstico 
Anamnese, exame físico, hemograma, urinálise (cristalúria, bacteriúria, piúria), urocultura, ureia e creatinina, RX abdominal 
(hidronefrose e hidroureter), US abdominal 
Diferencial: ITU, DTUIF, IRA, DRC, neoplasias, coagulopatias (coágulo intra-vesical) 
Tratamento 
Cistocentese para alívio 
Hidropropulsão do cálculo 
Fluidoterapia para correção de azotemia e hipercalemia 
Cistotomia ou uretrostomia (se necessário) 
Alcalinizante urinário (bicarbonato ou citrato de potássio 
VO) ou acidificante urinário (vitamina C ou cloreto de 
amônio VO) 
Estímulo a diurese 
Antibioticoterapia 
Manejo nutricional 
DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DOS FELINOS – DTUIF 
Epidemiologia: acomete principalmente machos castrados, de 2-6 anos, com excesso de peso, domiciliados. 
Patogenia: urólitos de estruvita + cristais causam irritação do epitélio da bexiga; baixa frequência de micção predispõe a 
concentração urinária e proliferação bacteriana. Calicivírus e Herpesvírus podem estar associados a doença. 
Sinais Clínicos 
Oligodipsia, obesidade, hematúria, disúria, estranguria, polaquiúria, obstrução uretral, vocalização ao urinar, lambedura de 
genitália, depressão, desidratação, fraqueza, anorexia, êmese, torpor, hipotermia, acidose metabólica, hipercalemia, 
hiperventilação, bradicardia, colapso e morte súbita a partir de 2 dias de progressão. 
Diagnóstico 
Não obstruído: hemograma, urinálise, urocultura, antibiograma, função renal, RX e US abdominal. 
Obstruído: hemograma, urinálise, urocultura, antibiograma, função renal, hemogasometria, RX e US abdominal 
Diferencial: constipação, urolitíase, ITU, distúrbios neurológicos/traumáticos, anormalidades anatômicas, neoplasias, iatrogênico. 
Tratamento 
Não obstruído: 
 Dieta acidificante e acidificante oral, antibioticoterapia, corticoideterapia, água fresca e a vontade. 
Obstruído: 
 Desobstrução uretral com tranquilização (Acepram, Propofol), cistocentese e sondagem, hidropropulsão, fluidoterapia, 
antibioticoterapia em casos de infecção, manejo nutricional e hídrico, acidificantes urinários.

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