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Apostila-Zoologia-dos-Vertebrados-PDF

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Zoologia dos Vertebrados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
1 EVOLUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEBRADOS ....................................... 3 
1.1 A origem dos Vertebrados .............................................................................. 5 
2 CORDADOS ........................................................................................................... 8 
3 CLASSE CONDRICHTHYES ................................................................................ 11 
3.1 Peixes – Classe Osteichthyes ...................................................................... 16 
3.2 Características Gerais e Especiais dos Peixes ............................................. 20 
3.3 Aspectos da Biologia de Peixes .................................................................... 23 
3.4 Ambientes ocupados pelos peixes ............................................................... 24 
3.5 Fatores ecológicos que influenciam o modo de vida dos peixes .................. 24 
3.6 Forma do corpo e locomoção ....................................................................... 26 
3.7 Tipos de locomoção ...................................................................................... 26 
3.8 Mecanismos antipredatórios ......................................................................... 27 
3.9 Morfologia funcional da alimentação em peixes ........................................... 28 
3.10 Dentição........................................................................................................ 31 
3.11 Dentes faríngeos .......................................................................................... 32 
3.12 Coleta e Fixação de Peixes .......................................................................... 33 
3.13 Coleta ........................................................................................................... 33 
3.14 Evolução Inicial dos Vertebrados Terrestres ................................................ 35 
4 ANFÍBIOS – CLASSIFICAÇÃO ............................................................................. 36 
4.1 Anfíbios – Características Gerais ................................................................. 38 
4.2 Biologia de Anfíbios ...................................................................................... 42 
4.3 Ambientes e Habitats .................................................................................... 42 
4.4 Locomoção ................................................................................................... 43 
4.5 Inimigos Naturais e Mecanismos de Defesa dos Anfíbios ............................ 46 
4.6 Alguns tipos de parasitas comuns aos anfíbios: ........................................... 46 
 
 
 
 
 
4.7 Mecanismos Antipredatórios......................................................................... 47 
4.8 Anfíbios: Identificação, Coleta de Campo e Técnicas de Preparação em 
Laboratório ............................................................................................................ 48 
5 RÉPTEIS – ORIGEM, EVOLUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO...................................... 50 
5.1 Répteis – Características Gerais .................................................................. 53 
5.2 Biologia de Répteis ....................................................................................... 58 
5.3 Reconhecimento de Serpentes ..................................................................... 60 
6 AVES – ORIGEM E CLASSIFICAÇÃO ................................................................. 63 
6.1 Aves – Origem do Voo .................................................................................. 66 
6.2 Estudo das Aves – Pele e Penas .................................................................. 68 
6.3 Formação das Penas .................................................................................... 71 
6.4 Asas, Mecânica de Vôo e Migração ............................................................. 74 
6.5 Características Gerais das Aves ................................................................... 77 
6.6 Biologia das Aves ......................................................................................... 80 
6.7 Biologia das Aves ......................................................................................... 81 
6.8 Biologia Reprodutiva das Aves ..................................................................... 86 
7 MAMÍFEROS – ORIGEM, EVOLUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ............................... 89 
7.1 Mamíferos – Características Gerai ............................................................... 90 
7.2 Mamíferos – Tegumento Mamaliano ............................................................ 94 
7.3 Biologia de Mamíferos: Alimento e Alimentação........................................... 96 
7.4 Evolução Humano ........................................................................................ 99 
8 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ..................................................................................... 102 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 EVOLUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS VERTEBRADOS 
A compreensão dos princípios e processos evolutivos é essencial para a 
compreensão da diversidade dos vertebrados, já que esta diversidade é o resultado 
direto da evolução. Atualmente, existem 54.000 espécies de vertebrados viventes que 
variam em tamanho desde um grama a mais de 100.000 quilos e vivem em habitats 
que vão do fundo dos oceanos ao topo das montanhas. Esta diversidade é produto do 
intrigante e complexo processo evolutivo. Os rumos da evolução dos vertebrados têm 
sido em grande parte, moldados pela deriva continental - teoria segundo a qual 
massas continentais têm se deslocado na superfície da Terra. Compreender esta 
diversidade requer um conhecimento da filogenia dos vertebrados, e também de 
quando, onde e sob quais condições cada grupo se originou. 
Os primeiros vertebrados apareceram no registro fóssil durante o Paleozoico 
inferior, período em que os continentes estavam fragmentados. Há cerca de 300 
milhões de anos, os continentes eram unidos e formavam um único grande continente 
chamado Pangeia, o qual começou a fragmentar-se para o norte dando origem aos 
continentes atuais. Este padrão de fragmentação - coalescência - resultou no 
isolamento dos grandes grupos de vertebrados em uma base mundial. Em escala 
continental, o avanço e a retração de geleiras durante o Pleistoceno fizeram com que 
habitats homogêneos se dividissem e fundissem repetidamente, isolando populações 
de espécies amplamente distribuídas, levando à evolução de novas espécies. Este 
período extremamente longo de condições climáticas constantes promoveu grande 
produtividade e favoreceu o surgimento de muitas formas de vida. A tabela abaixo nos 
ajuda a visualizarmos melhor a subdivisão do tempo, desde as origens da Terra 
(aproximadamente de 4,6 bilhões de anos), até os nossos dias, usando fenômenos 
geológicos (Deriva Continental, Glaciações, etc.) e biológicos para caracterizar os 
diferentes intervalos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
A nomenclatura utilizada para nomear cientificamente as espécies dos seres 
vivos é a binominal, formalizada por Carolus Linnaeus, um naturalista sueco do 
 
 
 
 
5 
 
século XVIII. Chama-se binominal porque o nome de cada espécie é formado por duas 
palavras, o nome do gênero e o restritivo específico, normalmente um adjetivo que 
qualifica o gênero. O nome relativo ao gênero deve ser um substantivo simples ou 
composto, escrito com inicial maiúscula. O nome relativo à espécie deve ser um 
adjetivo escrito com inicial minúscula. Classificar os vertebrados é uma tarefa 
extremamente difícil, pois levam em consideração as relações evolutivas entre as 
espécies incorporando informações filogenéticasTodos os métodos de classificação 
dos organismos são baseados nas similaridades das espécies e na conservação de 
caracteres ancestrais que não dão informações necessárias sobre as linhagens 
evolutivas. A aplicação desses princípios produz grupos zoológicos que podem refletir 
a história evolutiva tão apuradamente quanto se possa discerni-los e constituir a base 
para a formulação de hipóteses sobre a evolução. Como vimos à diversidade dos 
vertebrados é imensa. Porém, é importante lembrarmos que o homem tem sido o 
grande responsável pelo declínio na diversidade de vertebrados (e de outras formas 
de vida). As principais ameaças para a sobrevivência continuada de espécies de 
vertebrados incluem a destruição de habitats, poluição e caça. Assim, o conhecimento 
sobre vertebrados é essencial para a conservação da biodiversidade do nosso 
planeta. 
1.1 A origem dos Vertebrados 
Dentro do grupo dos vertebrados, existem diversos tipos de animais com 
características peculiares que os difere uns dos outros. No entanto, todos 
compartilham uma mesma característica: a de cordados-vertebrados. Compartilhar as 
mesmas características significa que as espécies pertencentes ao grupo, evoluíram a 
partir de um ancestral e algumas destas características são: 
 Endoesqueleto: cartilaginoso ou ósseo consiste no crânio, na coluna vertebral 
e em dois pares de membros, embora alguns grupos como as cobras e as baleias, os 
membros estejam ausentes ou apenas na forma vestigial. O esqueleto dá suporte ao 
organismo durante o crescimento e, por essa razão, a maioria dos vertebrados são de 
maiores dimensões que os invertebrados. 
Os vertebrados também já foram anteriormente chamados de Craniata devido 
ao fato do crânio e o encéfalo tripartido, ter evoluído antes da coluna vertebral. Existem 
 
 
 
 
6 
 
dez sistemas de órgãos que estão envolvidos nas funções vitais de todos os 
vertebrados que formam a morfologia fundamental dos vertebrados. 
São eles: 
 
1. Sistema Tegumentar – Auxilia na proteção contra injúrias, na prevenção da 
perda de água e consequentes efeitos nos tecidos. Participa na regulação e troca de 
matéria e energia entre o organismo e o ambiente. Os órgãos sensoriais são, em 
parte, derivados do tegumento. A visão nos vertebrados passa a ser bi ocular, o que 
possibilita a noção de profundidade. 
2. Sistema Esquelético – Proporciona um local de inserção para músculos e 
tendões, recobre e protege órgãos vitais e armazena mineral. 
3. Sistema Muscular – Permite o movimento do corpo e suas partes, é 
responsável pela manutenção da postura e dos transportes internos (movimento dos 
alimentos através do trato digestório, de sangue nos vasos, da bile e vesícula biliar, 
de urina e dos rins, de fezes do canal alimentar). Responsável também pelos ajustes 
homeostáticos (como abertura das pupilas, vasos sanguíneos e do ânus). 
4. Sistema Digestório – Captura e desintegração físico-química do alimento, 
absorção, desintoxicação, armazenamento e liberação controlada dos produtos da 
digestão e do metabolismo. 
5. Sistema Circulatório – Transporte, formação e armazenamento de células 
sanguíneas, transporte de oxigênio e de materiais para dentro e fora das células, 
defesa e funções imunogênicas. Surge um coração com pelo menos três câmaras. O 
seio venoso agora fica fora do coração e há a presença de hemoglobina no sangue e 
de válvulas no coração que impedem o refluxo sanguíneo. 
6. Sistema Respiratório – Troca de gases entre o organismo e o seu ambiente 
(água ou ar). 
7. Sistema Excretor – Excreção de produtos tóxicos e resíduos de metabolismo, 
manutenção de um equilíbrio apropriado de água, manutenção de concentrações 
apropriadas de sais e demais substâncias no sangue, manutenção de um adequado 
equilíbrio ácido-base nos fluidos corpóreos 
 8. Sistema Reprodutor - Responsável pela produção de novos indivíduos da 
mesma variedade biológica e produção de hormônios. 
 
 
 
 
7 
 
9. Sistema Endócrino – Regulação das atividades do corpo através de 
substâncias químicas (hormônios) transportadas pelo sangue 
10. Sistema Nervoso – Surgem os neurônios que permitem resposta rápida. 
 
Não há registro fossilífero intermediários entre os vertebrados antigos 
conhecidos, o que faz com que evidências indiretas sejam usadas para se inferir as 
relações evolutivas entre vertebrados e outros animais. A maioria dos grupos de 
invertebrados já foi classificada como antecessores dos vertebrados. Isso porque o 
vertebrado ancestral não é muito diferente de invertebrados superiores, como os 
moluscos, anelídeos e artrópodes. A simetria de um ancestral hipotético seria bilateral 
com extremidades definidas em cabeça e cauda. A organização interna seria de um 
tubo dentro de um tudo, com os órgãos principais acomodados dentro de uma 
cavidade do corpo, conhecida como celoma. 
 
 
 
A hipótese mais provável admite que a evolução dos cordados ocorra a partir 
dos equinodermos, uma vez que suas formas larvais são extremamente parecidas. 
Além disso, tanto os equinodermos como os cordados são deuterostomados, isto é, 
forma boca que se forma por meio de uma invaginação ectodérmica. 
Acredita-se que o ancestral dos echinodermatas, chordata e filos relacionados 
foi um organismo com fase adulta séssil ou semiséssil e fase larval capaz de 
dispersão. Em 1928, W. Garstang propôs uma teoria onde defendeu a ideia de que o 
 
 
 
 
8 
 
ancestral dos cordados seria realmente um animal de vida séssil ou semiséssil com 
aparelho externo de coleta de alimento (chamado lofóforo). A larva seria ciliada e 
bilateralmente simétrica. É esta teoria é a mais aceita no meio científico. Muitas outras 
hipóteses já foram propostas e não existe uma resposta definitiva. O que podemos 
aprender a partir das várias filogenias propostas para as origens dos vertebrados é a 
importância de se combinar uma ampla variedade de fontes de informação. É crucial 
que qualquer filogenia seja baseada no maior número possível de evidências e a 
biologia fornece recursos para tanto em suas diversas áreas – embriologia, biologia 
molecular, morfologia, fisiologia, química, histologia, técnicas modernas de 
classificação e paleontologia. Retrocedendo na história evolutiva, os cordados são 
mais aparentados aos echinodermata e certos grupos de lofoforados que em relação 
a qualquer outro filo de invertebrados. Os primeiros animais que podem ser chamados 
de vertebrados provavelmente evoluíram nos mares do cambriano. Embora esta 
sequência de eventos não constitua a história comprovada das origens dos 
vertebrados, ela é um bom exemplo de como os biólogos elaboram hipóteses 
evolutivas a partir de estudos comparados de animais fósseis e atuais. 
 
2 CORDADOS 
Os cordados constituem o último grande filo do reino animal. Apresentam 
algumas características gerais e com exclusividade estruturas típicas presentes 
durante o desenvolvimento embrionário. Pertencem a este Filo animais como o 
anfioxo, as ascídias, as lampreias, os peixes, os anfíbios, os répteis, as aves e os 
mamíferos. Nesta aula, iremos estudar a classificação geral do Filo dos 
Cordados. Todos os cordados são triblásticos, celomados, deuterostômios, possuem 
simetria bilateral, corpo segmentado e tubo digestivo completo. O que realmente difere 
estes animais dos invertebrados é a presença de: 
 
 Notocorda 
 Fendas branquiais na faringe 
 Tubo nervoso dorsal 
 
 
 
 
 
9 
 
A notocorda é um bastão fibroso rígido que funciona como eixo de sustentação 
do corpo. É um tecido derivado do tubo digestivo primitivo (origem endodérmica) que 
não permite compressão longitudinal, porém possui uma grande flexibilidade. Persiste 
por toda a vida em alguns grupos, no entanto em outros grupos é substituída pela 
coluna vertebral cartilaginosa ou óssea as fendas branquiais são aberturas que ligam 
à porção interna do tubo digestivo à parte externa do corpo do animal. Estálocalizado 
nas paredes da faringe na fase embrionária. Nos cordados aquáticos ela persiste na 
fase adulta com função respiratória, já nos cordados terrestres a fenda é substituída 
pela traqueia, que leva o ar aos pulmões. O tubo nervoso dorsal situa-se acima da 
notocorda e é derivado da ectoderme durante a embriogênese. Persiste nos anfioxos 
e vertebrados, porém nas ascídias adultas é praticamente ausente, restringindo-se a 
apenas um gânglio nervoso vamos ver a seguir a classificação geral do Filo dos 
Cordados, que podem ser divididos em dois grandes grupos: Protocordados e 
Vertebrados. 
 
 1° Grupo: 
 
Protocordados ou Acrânios 
 
Não apresentam crânio, encéfalo ou vértebras e, considerando o 
desenvolvimento da notocorda, dividimos o grupo em dois subfilos: 
 
Subfilo 1 
Cefalocordados 
 
A notocorda é presente e bem desenvolvida, estendendo-se desde a cabeça 
até a cauda. Cordão nervoso e fendas branquiais persistem por toda a vida do animal. 
O corpo é de pequeno porte, comprimido lateralmente, assemelhando-se ao corpo de 
um peixe. São animais de vida livre, nadam rapidamente próximos ao substrato e se 
enterram nele. São todos marinhos. Quanto à nutrição, comportam-se como 
filtradores: a água que penetra no corpo passa pela faringe, atravessa as fendas, cai 
no átrio (cavidade ao redor da faringe) e abandona o corpo por um orifício atrial. Desse 
 
 
 
 
10 
 
modo, a faringe retém partículas de alimento, além de efetuar as trocas gasosas de 
respiração. 
 Exemplo: 
 
 Anfioxo. 
Subfilo 2 
Tunicados ou Urucordados 
 
A notocorda é presente apenas na fase larvária. A larva da ascídia tem a forma 
aproximada de um girino, embora menor. Somente uma das características dos 
cordados persiste neste grupo: as fendas na faringe. A faringe é ampla e perfurada 
por muitas fendas, usadas para filtrar alimento. Os adultos são sésseis, isolados ou 
coloniais, envolvidos por uma túnica de material semelhante à celulose, secretado 
pela epiderme. Vivem sobre rochas, pilares, conchas e cascos de embarcações. Não 
possuem órgãos excretores e vivem em ambiente marinho. Este é o maior grupo de 
cordados invertebrados. 
Exemplo: Ascídia. 
 
2 ° Grupo: 
 
Vertebrados ou Craniatos 
Apresentam crânio, encéfalo e vértebras. 
Subfilo 3 
Vertebrado 
O subfilo dos Vertebrados compreende a maioria dos cordados 
Classe 1: Ciclostomados 
Classe 2: Condríctes 
Classe 3: Osteíctes 
Classe 4: Anfíbios 
Classe 5: Répteis 
Classe 6: Aves 
Classe 7: Mamíferos 
Os vertebrados são divididos em Agnatos e Gnastotomados. 
 
 
 
 
11 
 
Os Ciclostomados pertencem ao grupo dos agnatos - animais sem 
maxilares e apêndices pares. Os Ciclostomados possuem corpo cilíndrico e 
alongado, pele lisa e sem escamas que se assemelha a de uma enguia. A boca é 
sugadora com dentes córneos raspadores de aspecto circular e sempre aberta, uma 
vez que não possui mandíbula, justifica o nome ciclóstomos ou ciclostomados (gr. 
cyclos, redondo + stoma, boca). O principal suporte do corpo destes animais é a 
notocorda que persiste a vida toda. Mas já mostram um crânio cartilaginoso e arcos 
cartilaginosos dispostos sobre o tubo nervoso, de maneira que estes arcos 
representam um esboço dos arcos neurais vertebrais dos vertebrados superiores. 
Quando o animal nada livremente, a água entra pela boca e após irrigar as brânquias, 
deixa o corpo do animal pelas fendas externas. A circulação é fechada e simples. O 
coração possui uma aurícula e um ventrículo e é totalmente venoso. Habitam os 
ambientes aquáticos e tem vida parasitária. Podem ser ectoparasitas, que se fixam ao 
corpo do peixe e sugam o sangue ou endoparasitas, que penetram peixes através das 
brânquias e destroem a musculatura. 
 
Exemplo: Lampreias e feiticeiras. 
 
As demais classes pertencem ao grupo dos gnatostomados – animais com 
maxilares e, geralmente, apêndices pares. As maxilas realizam uma variedade de 
funções na biologia dos vertebrados e o seu aparecimento foi um grande passo na 
evolução do grupo dos vertebrados. O surgimento da mandíbula tornou possível a 
obtenção de tipos e tamanhos variados de alimentos. E as nadadeiras pares 
funcionam como um leme, permitindo ao animal movimentos mais rápidos e uma 
natação controlada com precisão na direção. 
 
3 CLASSE CONDRICHTHYES 
Características Gerais 
 
A principal característica dos condríctes é a presença de um endoesqueleto 
cartilaginoso, formado principalmente por crânio e coluna vertebral. As nadadeiras 
 
 
 
 
12 
 
peitorais e pélvicas são dispostas aos pares, acompanhando a simetria bilateral do 
corpo; enquanto as dorsais e a caudal são ímpares, situadas sobre a linha longitudinal 
mediana do corpo. O tegumento ou pele é rija, recoberta por inúmeras glândulas 
mucosas e apresenta minúsculas escamas de origem epidérmica. Estas escamas são 
homólogas aos dentes dos vertebrados; a derme dá origem à dentina e à polpa, e a 
epiderme origina o esmalte. São chamadas placoides, porque se implantam na pele 
por uma placa basal no lugar da raiz dentária. São elas que conferem à aspereza 
caracterizada na pele dos condríctes. Quando seca, a pele dos tubarões é utilizada 
como lixa de excelente qualidade! 
Os peixes em geral não possuem pálpebras. Alguns tubarões, como o tigre e o 
branco, têm uma membrana na parte inferior do olho, chamada de membrana 
nictitante que tem como função proteger os olhos. As raias não possuem essa 
membrana, mas algumas espécies que vivem no fundo têm uma aba de pele que se 
estende sobre a pupila, que, embora não seja móvel, funciona como uma proteção 
contra a luz em águas rasas Além disso, é provável que essa aba sirva também para 
ocultar as pupilas, já que estas raias obtêm alimento se enterrando na areia e 
deixando apenas os olhos para fora.O olfato e a visão são bem desenvolvidos. Existe 
o ouvido interno com função de equilíbrio. Em cada lado do corpo, desde o tronco até 
a cauda, existe uma linha para a percepção da correnteza e pressão da água. Na 
cabeça existem as ampolas de Lorenzini, que funcionam como termorreceptores e 
também como eletrorreceptores. São pequenas câmaras contendo células sensitivas 
ligadas a fibras nervosas. Estão ligados a um pequeno canal que se abre para o 
exterior por meio de poros. 
Nas laterais da cabeça, pouco acima das nadadeiras peitorais, existem de 5 a 
7 pares de brânquias envolvidas no processo respiratório, localizadas em câmaras 
separadas, com fendas que se abre para o exterior. A água entra pela boca ou por um 
orifício situado atrás de cada olho, chamado espiráculo em comunicação com a 
faringe, derivado de uma fenda branquial que se modifica para este fim. Algumas 
espécies de tubarões não possuem estes orifícios, mas, em contrapartida, muitas 
espécies de raia passam grandes parte de suas vidas semienterradas na areia e 
respirando quase que exclusivamente pelo espiráculo. A boca dos peixes 
cartilaginosos é ventral, com dentes esmaltados e as narinas são comunicadas à 
cavidade bucal. A mandíbula e a maxila estão presentes. O sistema digestivo é 
 
 
 
 
13 
 
completo e o intestino possui válvula espiral, que termina em cloaca. Os condríctes 
possui um sistema circulatório simples, no qual o sangue (apenas venoso) circula 
apenas uma vez no corpo do animalA excreção se dá por meio de rins mesonéfricos 
e o produto da excreção é a ureia. Os peixes cartilaginosos são desprovidos de bexiga 
natatória. A cavidade cloacal – onde terminam os aparelhos digestivo, urinário e 
reprodutor – abre-se para o exterior por meio de um orifício situado entre as 
nadadeiras pélvicas. Nos tubarões e raias machos, essas nadadeiras apresentam 
duas projeções chamadas clásperes, usadas na cópula. Há uma grande variação de 
tamanho e formato, de acordo com a espécie. Em alguns casos, o clásper possui um 
“espinho” que se abre após a penetração, no qual prende a fêmea ao macho até o 
final da fecundação.Conclui-se daí que os peixes cartilaginosos têm sexos separados, 
dimorfismo sexual e fecundação interna. Algumas espécies são ovíparas, mas a 
grande maioria desenvolve seus filhotes internamente no próprio oviduto, sendo por 
isso, chamados ovovivíparos. Poucas espécies de tubarões são vivíparas, isto é, os 
embriões se desenvolvem no interior do corpo da fêmea, alimentando-se de 
substâncias que retiram do sangue. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
• Classificação e Evolução dos Condrichthyes 
 
Os primeiros vertebrados que surgiram nos mares do Siluriano, eram os peixes 
ostracodermos (parentes próximos das lampreias) que se extinguiram, quando os 
peixes placodermos já habitavam esses mares. Os placodermos traziam consigo uma 
novidade muito importante para a história evolutiva dos vertebrados, 
a mandíbula. (Fig. 2 Possuíam pares de nadadeiras e uma carapaça óssea que 
protegia a região anterior do corpo e seu esqueleto era parcialmente ossificado. No 
período Devoniano os placodermos já estavam praticamente extintos. Porém, nessa 
ocasião, seus ancestrais já tinham dado origem aos peixes cartilaginosos e aos peixes 
ósseos (os osteíctes, que estudaremos adiante). 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
A classe Condrichthyes é atualmente composta por cerca de 1050 espécies 
viventes entre tubarões, raias e quimeras. Cerca de 96% das espécies vivem no 
ambiente marinho e o restante restringe-se à ambientes dulcícolas. Os Condrichthyes 
atuais podem ser divididos em dois grupos: o primeiro representado por animais que 
possuem uma única abertura branquial de cada lado da cabeça, 
denominado Holocephali, representado pelas quimeras. As quimeras vivem 
exclusivamente no ambiente marinho. São peixes cartilaginosos e possuem opérculo 
membranoso. Geralmente não possuem escamas e quando estão presentes, são em 
número pequeno. A notocorda persiste por toda a vida do animal e não há espiráculo. 
Possuem maxilas sólidas e dentes trituradores. A aparência das quimeras é bizarra: 
cabeça e olhos grandes, nadadeiras peitorais muito grandes, nadadeira caudal fina e 
longa (assemelhando-se a um chicote), e cores exuberantes segundo grupo é 
chamado Elasmobranchii, representado por animais que possuem várias aberturas 
branquiais de cada lado da cabeça. Os tubarões, cações e raias formam este grupo. 
A maioria dos peixes deste grupo é marinho e tem porte de mediano a grande. A 
primeira fenda branquial ancestral está reduzida a um pequeno orifício, o espiráculo. 
Os tubarões e as raias diferem entre si quanto ao modo de vida. Os primeiros são 
ativos, têm corpo fusiforme, grande e nadadeira caudal forte. As raias, em contraste, 
são animais sedentários. Seus corpos são achatados dorsoventral mente e possuem 
nadadeiras peitorais que se estendem da cabeça até a região mediana do tronco. 
Possui boca ventral e quando o animal está enterrado no substrato, a respiração é 
 
 
 
 
16 
 
realizada por meio dos espiráculos que se encontra na parte superior do corpo do 
animal. A filogenia dos peixes cartilaginosos não está totalmente resolvida, apesar do 
amplo e bem conservado registro fóssil. O que podemos afirmar com certeza é que a 
evolução dos Chondrichtyes mostra períodos de mudanças relativamente rápidasnos 
mecanismos de alimentação e locomoção que culminaram nos atuais Elasmobranchii 
e Holocephali. Continuaremos no curso da evolução e na próxima aula passaremos 
para os peixes ósseos. 
3.1 Peixes – Classe Osteichthyes 
Características Gerais 
 
A principal característica dos osteíctes é a presença de 
um endoesqueleto predominantemente ósseo (do grego osteos, osso, e ichthyos, 
peixe). O corpo dos osteíctes é fusiforme e achatado lateralmente, possui escamas 
de origem dérmica que recobrem todo o corpo, diferentemente das escamas dos 
condríctes que são de origem epidérmica. As escamas são recobertas por uma 
epiderme fina, transparente e escorregadia devido à presença de muitas glândulas 
produtoras de muco. Este muco isolante que recobre o corpo dos peixes ajuda na 
locomoção e protege o indivíduo contra a entrada de bactérias. Existem em algumas 
espécies, glândulas venenosas que secretam toxinas que auxilia na defesa contra 
predadores. As escamas podem ser de três diferentes tipos: cicloides, quando a 
superfície for lisa e quando observadas contra a luz, apresentam apenas as linhas 
concêntricas de crescimento, ctenoides quando a porção exposta apresenta 
minúsculas projeções em forma de espinhos e ganoides que são ósseas e cobertas 
por uma substância dura semelhante ao esmalte chamado de ganoína. Há peixes que 
não possuem escamas, e por isso são chamados peixes de couro, como os da família 
dos bagrídeos (bagres, jaú, surubim, mandi, pintado) e outros, como o atum, bonito e 
as enguias. Os osteíctes apresentam coloração variada devido à presença dos 
cromatóforos, células estreladas e pigmentadas situadas na derme, capazes de se 
contrair ou expandir-se, produzindo mudanças de cor. Estas organelas têm função 
vital nos mecanismos de mimetismo e na reprodução. As nadadeiras são 
responsáveis pela locomoção e equilíbrio dos peixes. As peitorais e pélvicas são pares 
 
 
 
 
17 
 
e as nadadeiras anal, caudal, dorsal e adiposa são ímpares. A boca localiza-se numa 
posição terminal. No processo respiratório, a água entra exclusivamente pela boca e 
abandona a faringe por meio de quatro pares de fendas branquiais, não visíveis 
externamente, pois são cobertas por uma placa óssea de cada lado, chamada 
opérculo, que as protege. As brânquias constituem-se de filamentos canelados 
altamente vascularizados que se apoiam em arcos cartilaginosos, que por meio de um 
mecanismo conhecido como contracorrente, ocorre a troca gasosa. 
Durante a respiração os opérculos se fecham contra o corpo e os arcos 
branquiais arcam-se lateralmente, enquanto a água entra pela boca aberta. A válvula 
oral então se fecha, os arcos branquiais se contraem, os opérculos se levantam e a 
água é forçada para fora, passando sobre os filamentos. O sangue dos filamentos 
elimina o dióxido de carbono e absorve oxigênio da água. Além das brânquias, os 
peixes ósseos apresentam um outro órgão que auxilia no processo de troca de gases: 
a bexiga natatória, que hoje é também chamada de bexiga de gás. A bexiga de gás 
nada mais é que um grande saco de paredes finas e irrigadas derivado da zona 
anterior do intestino, que ocupa a zona dorsal da cavidade do corpo. A bexiga de gás 
permite a troca de gases (O2, N2, CO2) com os tecidos, servindo como um pulmão 
rústico. Além desta função, a bexiga de gás atua como um orgão hidrostático que 
auxilia o peixe a manter-se em determinada profundidade. A capacidade da bexiga 
de gás é superior nos peixes de água doce uma vez que esta é menos densa que a 
salgada, não podendo sustentar o peixe com a mesma facilidade. Os ouvidos internos 
são responsáveis pela audição nos peixes ósseos. Sem orifício para comunicação 
com o exterior, os peixes utilizam à bexiga natatória, bem como todo o corpo como 
receptores de sons. Ao conjunto de ossos pares (tripus, scaphum e intercalar) que 
constituem o ouvido interno dá-se o nome de aparelho de Weber. A boca é ventral 
rodeada de maxilas e mandíbulas distintas, onde estão implantados dentes cônicos e 
finos. Existem outros dentes, localizados nos primeiros arcos branquiais, úteis para 
prender e triturar o alimento. Na boca existe ainda uma pequena língua. Os osteíctes 
não possuem cloaca, que é substituída pelo orifício anal e por uma papila urogenital 
que se encontra atrás do ânus, no qual terminam o sistema reprodutor e urinário. 
Podemos dizer então que o sistema digestivo dos peixes ósseos é completo, pois 
possuem boca, esôfago, estômago, intestino grosso, intestino delgado, reto e ânus. O 
sistema excretor é formado por rins mesonéfricos e o produto da excreção é a ureia. 
 
 
 
 
18 
 
Quanto à reprodução, os sexos são geralmente separados,com ou sem dimorfismo 
sexual. A fecundação é quase sempre externa, mas há casos de fecundação interna, 
geralmente associados à produção de um número reduzido de óvulos; nesses casos, 
podem ser ovíparos ou ovovivíparos e o desenvolvimento pode ser indireto, com 
larvas chamadas avelinos, ou direto. A tabela abaixo mostra as principais diferenças 
entre as duas classes de peixes: Condrichthyes e Osteichthyes. 
 
 
 
• Classificação e Evolução dos Osteichthyes 
 
A classe Osteichthyes está dividida em três subclasses. 
 
• Acanthodii 
 
Um grupo já extinto. As espécies apresentavam corpo hidrodinâmico, olhos 
grandes e bocas largas com numerosos dentes e nadadeiras pares com uma base 
larga, sustentadas por espinhos simples. Esta característica deu o nome à subclasse; 
Acanthodii que significa “em forma de espinho”. 
 
 Actinopterygii 
 
A maioria dos peixes ósseos pertence a esta subclasse (são mais de 27.000 
espécies presentes em todos os ambientes aquáticos). Os actinopterígeos possuem 
nadadeiras pares em forma de abano sustentadas por raios moles, esqueleto interno 
 
 
 
 
19 
 
tipicamente calcificado e aberturas branquiais protegidas por um opérculo ósseo. A 
subclasse Actinopterygii está dividida em três infraclasses: Chondrostei, Holostei e 
Teleostei, os quais formam uma sequência evolutiva pela ordem dos nomes. Os 
grupos diferem entre si em relação ao grau de ossificação do esqueleto; mobilidade 
ou pareamento de certos ossos da cintura escapular e ossos do crânio, forma das 
nadadeiras anal e caudal e presença ou não de espiráculo. 
 
 Sarcopterygii 
 
Os peixes desta subclasse possuem nadadeiras carnosas, sustentadas por um 
eixo em seu centro de origem óssea (e não por raios, como nos actinopterígeos). 
Viveram no Devoniano, 160 milhões de anos antes da evolução dos teleósteos. 
Depois do período Triássico, os sarcopterígios aquáticos diminuíram drasticamente 
em número e diversidade. Atualmente, há poucas espécies viventes. (Todos os 
vertebrados terrestres são Sarcopterygii. Deste modo, o número de Sarcopterygii 
terrestres atuais é enorme) os sarcopterígeos são agrupados em duas subclasses: 
Dipnoi e Actinistia. Os Dipnoi também são chamados de peixes pulmonados, pois 
possuem pulmões funcionais (não possuem brônquios, mas são capazes de extrair 
oxigênio diretamente do ar atmosférico). 
O sistema circulatório é diferenciado e as narinas internas são atípicas uma vez 
que se abrem dentro da cavidade bucal. Por apresentarem estas características, os 
peixes pulmonados já foram considerados no passado os ancestrais dos tetrápodes. 
Mas esta teoria não é mais sustentada, pois a superordem Actinistia, que veremos a 
seguir, também possui (ou já possuiu) estescarcteres que é bem menos especializada 
em relação a outras características. O esqueleto dos peixes pulmonados é ossificado 
e possuem na boca placas dentárias para esmagar o alimento, basicamente 
constituído por moluscos e crustáceos. Apenas três espécies sobrevivem hoje na 
América do Sul, Austrália e África. Os Dipnoi vivem exclusivamente na água doce. Os 
Actinistia se diferenciam dos Dipnoi por possuírem um padrão diferente de ossos 
cranianos (perderam, entre outros, os ossos maxilares) e uma estrutura interna muito 
complexa de numerosos dentes. Atualmente, apenas uma espécie, chamada 
celacanto, é encontrada nas Ilhas do Oceano Índico. 
 
 
 
 
20 
 
3.2 Características Gerais e Especiais dos Peixes 
Pele 
 
A pele é o primeiro órgão que entra em contato com o ambiente, que tem por 
função proteger o indivíduo contra invasão por microrganismos, predadores, bactérias 
e injúrias mecânicas. A pele auxilia no controle de perda de água do corpo, na 
excreção de restos nitrogenados e possui pigmentos que previnem o excesso de luz. 
Na pele desses animais encontram-se órgãos elétricos aderidos, glândulas de veneno 
e de muco. É constituída por epiderme e derme. A epiderme é uma camada fina e 
superficial. Na epiderme encontramos as glândulas de muco e de veneno. Já a derme 
é uma camada interna espessa, cuja estrutura é principalmente fibrosa com poucas 
células. Na derme encontramos vasos sanguíneos, nervos, órgãos sensoriais e ainda 
é responsável pela formação de escamas. 
 
Sistema Esquelético 
 
Os ciclóstomos possuem crânio cartilaginoso e incompleto. Não existe uma 
coluna vertebral verdadeira, o esqueleto axial é constituído basicamente pela 
notocorda. Os Chondrichthyes possuem um crânio cartilaginoso completo, o 
condrocrânio. Nos peixes ósseos superiores, os ossos dérmicos são numerosos e 
formam uma couraça ao redor do crânio. Partes do condrocrânio são substituídas por 
ossos. O esqueleto dos peixes é denominado apendicular ou sazonal e é composto 
por cinturas, que são os suportes das extremidades. As cinturas são divididas em 
escapular e pélvica. A cintura escapular é formada pelas nadadeiras peitorais e pelos 
membros anteriores. A cintura pélvica é formada pela nadadeira abdominal e pelos 
membros posteriores. 
 
Sistema Muscular 
 
Nos peixes, o movimento muscular voluntário é simples e serve basicamente, 
para abrir e fechar a boca, movimentar os olhos, abrir e fechar as aberturas branquiais, 
mover as nadadeiras e produzir movimentos laterais em partes do corpo a fim de 
 
 
 
 
21 
 
promover a locomoção por meio da água. Em todos os tipos de peixes, os músculos 
são segmentares, divididos em septos conhecidos como miocomas. A musculatura 
dos peixes é classificada em somática e visceral. A somática é dividida em axial que 
compreende crânio, coluna vertebral, costelas, e ossos intermusculares e apendicular 
que compreende apêndices locomotores, nadadeiras pares (peitorais e pélvicas) e 
nadadeiras ímpares (dorsal, anal, caudal e adiposa). A visceral é dividida em 
branquimérica e lisa e está ligada aos tubos internos do corpo, principalmente ao tubo 
digestivo. Forma também a mandíbula e suportes para a língua e arcos branquiais. 
 
Sistema Circulatório 
 
Dos ciclóstomos aos teleósteos, com exceção dos dipnoicos, o sistema 
circulatório é simples, sendo que apenas o sangue venoso passa pelo coração. Do 
coração é bombeado para as brânquias, no qual ocorre troca gasosa e depois 
distribuído para o corpo. O coração possui duas câmaras. A primeira câmara 
(receptora) é chamada de seio venoso. A outra, por onde o sangue passa para ser 
distribuído, chama-se átrio. O sangue do átrio passa para o ventrículo muscular e 
então para aorta ventral. O sangue da aorta ventral vai para a região branquial para 
ser oxigenado. As câmaras são separadas por válvulas que impedem a reversão do 
fluxo. O oxigênio é transportado para os tecidos por meio da hemoglobina, um 
pigmento sanguíneo vermelho. O coração situa-se abaixo da faringe, na cavidade 
pericárdica (porção anterior do celoma). Nos dipnoicos, um septo divide o átrio em 
uma câmara direita e outra esquerda e a bexiga natatória auxilia na função 
respiratória. Este é o primeiro passo para o desenvolvimento do sistema circulatório 
duplo. 
 
Sistema Digestivo 
 
É constituído pelo tubo digestivo e glândulas anexas. O tubo digestivo 
compreende a cavidade buco-faringeana, um esôfago curto, estômago e intestino. A 
cavidade buco-faringeana inclui os lábios, os dentes, a língua, o órgão palatino (que 
auxilia na deglutição e percepção dos sabores) e válvulas respiratórias (quando 
dilatadas fecham a cavidade bucal). O esôfago é um tubo curto e elástico, adaptado 
 
 
 
 
22 
 
aos vários regimes alimenares. O estômago está adaptado ao tipo de alimento 
ingerido. Nos piscívoros o estômago é alongado. Nos onívoros, o estômago é em 
forma de saco. Os iliófagos, que se alimentam de lodo, algas e pequenos 
invertebrados, apresentam estômago mecânico com moela. É no intestino que 
ocorrem os verdadeiros processos digestivos. Nos ciclóstomos o comprimento do 
intestino é muito pequeno e existe a válvula espiralcom a função de aumentar a 
superfície de absorção. O fígado e o pâncreas são as glândulas anexas que fazem 
parte do sistema digestivo dos peixes. O sistema digestivo tem por função transportar 
o alimento desde a sua ingestão pela boca até chegar ao intestino. Neste trajeto, dois 
tratamentos são realizados: o físico, ou seja, a quebra do alimento até ser reduzido 
ao menor tamanho possível, e o químico, quebra do alimento para que ele possa ser 
utilizado pelas células. Depois, é realizada a absorção dos nutrientes. 
 
Sistema Respiratório 
 
As brânquias internas realizam a retirada do oxigênio da água. Apenas os 
dipnoicos possuem uma estrutura semelhante a um pulmão. 
 
Sistema Excretor 
 
É responsável por regular o conteúdo de água no corpo, manter o equilíbrio 
salino adequado e eliminar restos nitrogenados resultantes do metabolismo protéico. 
Para tanto, os peixes e todos os demais vertebrados, possuem três tipos de rins: 
pronefro, mesonefro e metanefro. O rim funcional dos peixes é o mesonefro. Os 
fluídos, a amônia e a ureia são removidas do sangue arterial e coletados por um ureter 
que desemboca na bexiga urinária. Posteriormente, são eliminados pelo seio 
urogenital. 
 
Sistema Nervoso 
 
Sistema cérebro espinhal (encéfalo, medula espinhal e nervos cranianos), e 
sistema autônomo (simpático e parassimpático). O telencéfalo (uma divisão do 
encéfalo) dá origem aos lobos olfativos e ao cérebro. Possuem 10 nervos cranianos. 
 
 
 
 
23 
 
Sistema Reprodutor 
 
Pelo menos três tipos de reprodução são possíveis 
 
Hermafrodita: Ambos os sexos estão presentes num mesmo indivíduo, mas 
raramente ocorre autofecundação. Pertenogenética: Ocorre o desenvolvimento dos 
óvulos sem fertilização. Há acasalamento, mas não há fusão nuclear, só ativação do 
óvulo por parte do espermatozoide. Sexuada: Espermas e óvulos desenvolvem-se 
em machos e fêmeas separadamente. 
 
Órgãos dos Sentidos 
 
Olhos: Geralmente são míopes ou hipermétropes, só reconhecendo contrastes. 
Apresentam cristalino esférico, o que confere pequena acuidade visual. 
 
Audição: Possuem ouvidos internos que são constituídos por um conjunto de 
ossos originados das primeiras vértebras. Ao conjunto de ossos pares que constituem 
o ouvido interno dá-se o nome de aparelho de Weber. Os peixes utilizam a bexiga 
natatória e todo o corpo como receptores do som. 
Narinas: Localizam-se na parte dorso anterior do focinho e estão relacionadas 
ao sentido do olfato para a procura do alimento, orientação e alarme. Cada fossa nasal 
possui duas aberturas, uma de entrada e outra de saída, ou seja, não é diretamente 
conectada à corrente respiratória. 
Linha lateral: É formada por escamas com poros, ou aberturas na pele, que 
expõem as células sensoriais, denominadas neuromastos, para o meio exterior. A 
linha lateral permite a percepção de qualquer movimento na água e a identificação, 
pressão hidrostática, e locomoção temperatura. 
3.3 Aspectos da Biologia de Peixes 
Há mais peixes no mundo do que animais de qualquer outro grupo de 
vertebrados. A abundância e a distribuição de peixes nas águas do planeta é o produto 
de interações entre peixes e seu meio aquático, físico e biológico. Vamos estudar 
 
 
 
 
24 
 
nesta aula a biologia estes animais e algumas interações entre eles e o ambiente em 
que estão inseridos. 
3.4 Ambientes ocupados pelos peixes 
Quase sem exceção, encontram-se peixes onde quer que haja água 
permanente, desde as correntes montanhosas até as profundidades dos oceanos e, 
por vezes, em rios subterrâneos. Há peixes que se adaptaram a viver em alagados 
que aparecem apenas em certas épocas do ano. Os peixes podem ser classificados 
com base na sua localização no ecossistema aquático. 
 
Bentônicos: peixes que vivem associados ao fundo. 
Pelágicos: livre natantes. Nadam livremente na coluna de água e 
vivem geralmente em cardumes. 
Planctônicos: dependentes da correnteza na sua movimentação. 
Como fazem as jovens larvas de muitas espécies. 
3.5 Fatores ecológicos que influenciam o modo de vida dos peixes 
• Temperatura: Os efeitos da temperatura sobre os seres aquáticos 
são geralmente exercidos de maneira indireta. A solubilidade dos gases na água, 
entre estes o oxigênio, mantém uma relação inversa com a temperatura. O meio 
aquático pode ser tanto mais rico em oxigênio quanto mais baixa for à 
temperatura. Vários animais aquáticos, como os peixes chamados “de água fria”, não 
resistem à elevação da temperatura da água. Não por não tolerarem o aquecimento 
da temperatura, mas, principalmente, porque são mais exigentes em relação ao 
consumo de oxigênio. A maioria dos peixes não suporta mudanças bruscas de 
temperatura que excedam 15ºC, mas há algumas espécies que suportam variações 
de até 20ºC ou mais na temperatura da água se esta ocorrer ao longo de várias horas. 
Temperatura elevada, subletal, pode induzir estivação e baixa temperatura a 
hibernação. As profundezas oceânicas apresentam ainda outras possibilidades de 
especialização – ambientes aparentemente semelhantes em diferentes partes do 
planeta podem na realidade variar fundamentalmente quanto à natureza química da 
 
 
 
 
25 
 
água. Uma vez estabelecidos em seu ambiente, poucos peixes podem trocá-lo por 
outro. À medida que passamos das latitudes temperadas para os trópicos, o número 
de espécies observadas de peixes aumenta, enquanto o número real de indivíduos 
diminui. Isto também se observa em animais de terra firme. A temperatura da água 
pode ter influência na migração e movimentação de peixes. De acordo com a 
tolerância ao meio, os peixes podem ser agrupados como estreitamente ou 
amplamente tolerantes. A expressão correspondente é pré-fixada, respectivamente, 
como esteno (estreito) ou euri (amplo). Para a temperatura, por exemplo, a 
classificação é: estenotermo ou euritermo, para a salinidade, estenoalino ou 
eurihalino. 
• Luz: o efeito direto é sobre a visão, mas há outros efeitos indiretos. A 
transparência da água constitui aspecto de grande importância em relação às fontes 
de alimentos para os peixes. A fonte básica de alimentos orgânicos para a nutrição é 
a fotossíntese realizada pelos vegetais clorofilados. A penetrabilidade da luz na água 
pode ser afetada pela cor e pela turbidez. A cor é causada por pigmentos solúveis de 
caráter filtrável e a turbidez é devida a introdução de partículas orgânicas ou 
inorgânicas e mesmo de organismos vivos, de caráter filtrável. 
 • Correnteza: é um fator físico que influência a vida dos peixes. 
A correnteza também exerce uma ação erosiva: quanto mais forte a correnteza, 
mais empobrecida a fauna de peixes. Muitos peixes dos nossos rios dependem da 
correnteza para realizar movimentos de migração. Estes peixes dependentes da 
correnteza são chamados reofílicos. 
• Alimento: sua abundância e variedade são determinadas tanto na 
composição de espécies como na magnitude das populações de peixes. Os peixes, 
em geral, alimentam-se de uma grande variedade de itens. O tipo de alimento 
consumido pode variar com a idade do animal, isto é, com o seu desenvolvimento. Os 
principais alimentos são retirados do plâncton, dos bentos (organismos do fundo) e do 
perifiton (organismos que crescem sobre as superfícies livres dos objetos submersos) 
Os peixes para capturarem as suas presas, desenvolveram várias estratégias 
alimentares como: ficar de “tocaia” como o badejo e a garoupa.Há aquelas espécies 
que desenvolveram “iscas”, como por exemplo, o primeiro raio da nadadeira dorsal 
que é luminosa, chamando a atenção da presa. A tuvira captura suas presas por meio 
de uma descarga elétrica. Os peixes pastadores pastam sobre superfície (rochas, por 
 
 
 
 
26 
 
exemplo), arrancando pedaços de corais e algas. Há peixes que se alimentam de 
escamas de outros peixes, comportamento denominado leptofagia. O bagre indiano é 
um exemplo de espécie que possui estehábito alimentar. As trutas pastam uma sobre 
as nadadeiras das outras. Os peixes sugadores (carpas e cascudos) sugam alimento 
ou material contendo alimento. Há peixes que parasitam outras espécies, como a 
enguia de profundezas. 
3.6 Forma do corpo e locomoção 
A forma do corpo do animal também está relacionada ao ambiente em que ele 
está inserido. O tipo de corpo mais comumente encontrada é a fusiforme. Esta é a 
forma que permite melhor desempenho em relação à locomoção dentro da água. A 
maioria dos peixes pelágicos (atum, bonito, tubarão) apresentam esta forma 
“típica”. Os peixes que vivem em meio à densa vegetação e/ou corais apresentam 
corpo comprido e são fundamentalmente bentônicos, como por exemplo, os bagres e 
cascudos. Os Anguilliformes (enguias, congros e moreias) têm o corpo alongado em 
forma de serpente. O baiacu e outras espécies que que vivem nas regiões mais 
profundas dos oceanos apresentam corpo globoso e podem apresentar excrescências 
que servem para atrair as suas presas. Os peixes que vivem em estuários, como os 
gobiideos, possuem as barbatanas ventrais transformadas num disco adesivo para 
evitarem ser arrastados pelas correntes de maré. As espécies típicas de fundo são 
adaptadas a viver escondidas no substrato, como os linguados, que sofrem uma 
metamorfose durante o seu desenvolvimento larval de modo que os olhos ficam do 
mesmo lado do corpo, direito ou esquerdo, de acordo com a família a qual pertencem. 
Os vertebrados de natação rápida possuem forma do corpo hidrodinâmica que produz 
um mínimo de resistência quando a sua largura máxima é cerca de ¼ do seu 
comprimento. 
3.7 Tipos de locomoção 
Anguiliforme: Típica de peixes altamente flexíveis, capazes de curvar em mais 
da metade do corpo em forma de semicírculo, encontrado em peixes alongados. 
 
 
 
 
27 
 
Carangiforme: Ondulação limitada principalmente à região caudal, isso ocorre 
em peixes com corpo fusiforme e comprido 
Ostraciforme: Os peixes cujo corpo é do tipo globoso apresentam esse tipo de 
locomoção, no qual o corpo é inflexível. 
 
Balistiforme: Raramente inflexionam o corpo. 
 
Os peixes nadam empurrando a coluna d´água para trás e a cada força de 
ação, corresponde uma força de reação de igual intensidade e direção oposta. Os 
Anguiliformes e Carangiformes aumentam a velocidade de natação aumentando a 
frequência das ondulações corpóreas (frequência do batimento caudal). A velocidade 
aumenta porque o peixe aplica mais força sobre a água (por unidade de tempo). As 
nadadeiras são muito importantes na locomoção dos peixes pois são responsáveis 
pelas mudanças de direção. O corpo alongado pode ser um fator limitante da 
velocidade porque os vários movimentos ondulatórios aumentam o atrito da superfície 
do corpo com a água aumentando a força de resistência da água. Esta e outras perdas 
de movimento são compensadas por outros mecanismos desenvolvidos pelos peixes 
para melhor se adaptarem ao ambiente, são os mecanismos antipredatórios 
3.8 Mecanismos antipredatórios 
Para garantir a sobrevivência, a presa necessita 
Evitar ser detectada; 
Escapar do predador; 
Desencorajar o predador. 
Os mecanismos de defesa são classificados em primários e secundários 
 
1. Primários: são aqueles que evitam a detecção pelo predador. 
Se esconder – peixes que usam qualquer espaço largo suficiente como um 
abrigo para acomodá-los (buracos ou tubos escavados no substrato, embaixo de 
rochas, folhas, dentro de conchas ou entre tentáculos ou espinhos de outros animais). 
Camuflagem – os peixes evitam sua detecção pelo predador se assemelhando 
ao ambiente ao redor, através de coloração de contraste.(superfície dorsal escura, 
 
 
 
 
28 
 
superfície ventral clara) ou de semelhança com o ambiente ao redor (similaridade na 
cor e/ou formato) ou fragmentando sua forma, por meio da coloração disruptiva ou 
“alertando” o inimigo, através da coloração aposemática. 
Coloração de contrastante – o corpo do peixe possui áreas de contraste de 
cor, geralmente preta e branca. De qualquer ângulo que o predador observar a presa 
não será detectada, ela estará parecida com o ambiente. 
Semelhança com o ambiente ao redor – muito comum em peixes que vivem 
próximos ao substrato do fundo ou associados às plantas flutuadoras. 
Coloração disruptiva – o peixe possui listras ou pontos que fragmentam a sua 
forma e confundem o predador. 
Coloração aposemática – animal venenoso ou de sabor desagradável. 
2. Secundários: ações para evitar a captura após a detecção. 
2.1 Correr para abrigo – o peixe nada o mais rápido que conseguir 
para abrigos, como rochas, troncos, folhas. 
2.2 Fuga individual – fuga em zig-zag. 
2.3 Fuga sincronizada (cardume) – ação em grupo. 
2.4 Mimetismo – o peixe se assemelha ao ambiente, como ciscos e galhos. 
2.5 Defesa agressiva – peixes que possuem “armas” físicas ou 
químicas utilizadas contra-ataques de predadores. 
3.9 Morfologia funcional da alimentação em peixes 
Um dos passos mais importantes na evolução dos vertebrados é, sem dúvida, 
o surgimento das maxilas. A partir do seu aparecimento, pôde-se observar uma ampla 
irradiação de modos de alimentação no grupo, particularmente no que se refere à 
predação. Os vertebrados passam, então, a atingir grandes tamanhos corpóreos e a 
explorar e conquistar novos ambientes. Nesta aula vamos estudar a morfologia 
funcional das estruturas diretamente responsáveis pela captura e digestão do 
alimento. Ao processo de obtenção dos alimentos estão ligados os ossos e músculos 
mandibulares, aos dentes, brânquias e o sistema digestivo. Menos óbvio, mas 
também importante, os olhos, o formato do corpo, o tipo de locomoção a pigmentação 
e as táticas alimentares empregadas pelo peixe também estão ligados ao processo 
de obtenção do alimento. Deste modo, baseado no formato do corpo, formato e 
 
 
 
 
29 
 
posição das nadadeiras e da boca, podemos definir não somente o modo de 
locomoção, mas também a ocupação de habitat a qual está intimamente relacionada 
com a obtenção do alimento. Os peixes possuem em média 30 ossos móveis e mais 
de 50 músculos na região da cabeça. Talvez, o maior de todos os avanços na história 
evolutiva dos vertebrados foi o desenvolvimento da mandíbula, que revolucionou o 
modo de vida dos primeiros vertebrados. A mandíbula permitiu comportamentos, que 
de outra maneira deveriam ser difíceis, se não impossíveis, de se manifestarem. 
 
 
 
Abrir a boca dentro da água requer uma força significativa para vencer a força 
de resistência da água. Quando a boca se abre, esta nova articulação desliza para 
baixo permitindo às regiões das maxilas, circundada por dentes, uma grande 
expansão, fenômeno conhecido como protrusão. O mecanismo de protrusão pode 
auxiliar na captura da presa, ou na mobilidade das maxilas, pois elas podem ser 
ajustadas ao substrato durante a alimentação. A grande vantagem está no fato do 
peixe poder protrair a maxila superior, o que gera uma força de sucção. A sucção 
alimentar, também chamada sucção inercial, é o resultado da rápida expansão da 
cavidade bucal, que cria uma pressão negativa na boca em relação à pressão do meio 
externo. A protrusão, portanto, pode adicionar velocidade no momento final e crucial 
da aproximação do predador. Tem-se medido a velocidade do lançamento para fora 
das mandíbulas, e observou-se que isso aumenta a velocidade de aproximação final 
em 39 e 89%. 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
Existe uma independência funcional das maxilas superiores em relação a 
outras partes do aparelho alimentar. Deste modo alguns peixes podem protrair 
totalmente ou moderadamente ou até mesmo não protrair as maxilas superiores 
enquanto abrem à boca gerando sucção. Estas modulações de protração direcionam 
a abertura da boca e seu maior eixo de sucção que pode ser ventral, para frente ou 
dorsal o que dá ao peixe a capacidade de se alimentar do substrato, coluna de água,ou superfície com a mesma facilidade. A pressão gerada pela sucção varia durante o 
processo de alimentação. Podemos definir a sucção em quatro fases: 
 
1. Preparação: conforme o peixe se aproxima da presa, a pressão na cavidade 
bucal aumenta, como resultado da pressão interna do suspensório e do levantamento 
do assoalho da boca. 
 2. Expansão: fase em que se dá a maior pressão de sucção. A boca se abre 
ao máximo e a maxila é protraída. É a fase mais curta, em alguns peixes dura apenas 
cinco milésimos de segundo. 
 3. Compressão: a boca se fecha e as válvulas branquiais e operculares abrem-
se para que a água possa sair (pelos opérculos ou pela boca). 
 4. Recuperação: envolve o retorno de todos os ossos e músculos utilizados no 
processo à fase inicial. 
 
 
 
 
31 
 
3.10 Dentição 
O tipo de presa a ser ingerida e o modo como ela será capturada depende 
muitas vezes do tipo de dente que o peixe possui. Mesmo numa mesma família, as 
espécies podem ter tipos de dentes diferentes, como resultado de uma dieta diferente 
e do uso de táticas alimentares diferentes. Três tipos diferentes de dentes, conforme 
a sua localização: 
 
 1.Mandibulares – localizados no maxilar, premaxilar e dentário. 
 2. Bucais – no palatino e no assoalho da boca 
 3. Faríngeos – sobre a base dos 3º, 4º e 5º arcos branquiais superiores e 
inferiores, conforme a espécie. 
De acordo com a forma os dentes podem ser: 
 
 1. Cardiformes – curtos, numerosos e pontiagudos (bagres) 
 2. Viliformes – mais alongados e espessos (predadores bentônicos) 
 3.Caninos – servem para penetrar e segurar a presa. (característico dos 
carnívoros) 
 4. Incisivos – com extremidades cortantes (em predadores, piranhas e 
barracudas) 
5. Molariformes – dentes para triturar e moer (em predadores de crustáceos e 
moluscos) 
Na boca dos peixes existem numerosas células secretoras de muco. No 
entanto,raramente se tem um desenvolvimento acentuado de verdadeiras glândulas 
bucais. Os lábios são pregas do tegumento, separados das gengivas por um sulco 
labial. Alguns peixes os têm bem desenvolvidos como os Blenniidae. Em outros, 
podem faltar totalmente. A língua dos peixes é um simples espessamento do 
assoalho bucal, recoberto por epitélio estratificado, rico em células mucosas e botões 
gustativos. Pode ser recoberta por dentes. Em animais aquáticos, a própria água é o 
principal responsável pelo umedecimento e ingestão do alimento. 
 
 
 
 
32 
 
3.11 Dentes faríngeos 
São placas dentígeras dérmicas na faringe alinhadas com elementos 
esqueléticos, dorsais e ventrais, dos arcos branquiais. Utilizadas para segurar e 
manipular a presa na preparação para engoli-la como um todo. Os dentes faríngeos 
têm como função principal, diminuir a presa até um tamanho adequado que passe 
então pelo esôfago 
Rastros branquiais – são projeções ósseas ou cartilaginosas que ajudam a 
capturar e reter a presa. Peixes piscívoros tendem a ter rastros curtos e grossos que 
previnem a fuga de uma presa quando as brânquias estão abertas. Peixes que se 
alimentam do fito e do zooplâncton possuem rastros finos, longos e numerosos. 
A posição dos olhos também está relacionada à alimentação 
Dorsal – Alimentam-se de organismos da superfície. 
Ventral – Alimentam- se de organismos do fundo. 
De acordo com a diversidade de alimentos consumidos, os peixes podem ser 
classificados em: 
Eurifágicos – possuem uma dieta mista, ampla. 
Estenofágicos – utilizam uma limitada variedade de alimentos. 
Monofágicos – consomem somente um tipo de alimento. 
De acordo com os tipos de alimentos consumidos, podem ser classificados em: 
Detritívoros – detritos orgânicos (matéria animal ou vegetal decomposta). 
Herbívoros – algas e plantas superiores 
Carnívoros – zooplanctônico, bentônico, insetívoro, piscívoros 
Onívoros – plantas e animais 
A morfologia do corpo do animal está intimamente ligada à tática alimentar 
empregada. As táticas mais comumente empregadas pelas espécies e peixes são: 
beliscador; catador de itens arrastados pela correnteza; catador de superfície; 
escavador; podador; predador de espreita e predador de procura. Deste modo, pode-
se dizer que o desenvolvimento da mandíbula revolucionou o modo de vida dos 
primeiros vertebrados. 
 
 
 
 
33 
 
3.12 Coleta e Fixação de Peixes 
A coleta de peixes tem diferentes objetivos. Em muitos estudos é necessário 
coletar o animal para analisá-lo em laboratório. Em outros é necessário coletá-los para 
se fazer um levantamento da fauna local. A coleta de peixes também pode ser feita 
para formar uma coleção didática ou para ampliar uma coleção científica. Vamos 
apresentar nesta aula as técnicas de coleta e fixação de peixes. 
3.13 Coleta 
É necessário explorar todo o ambiente onde a coleta será realizada. Os peixes 
ocupam diferentes ambientes e cada um deles representa pelo menos um habitat, que 
abriga diferentes espécies. A vegetação, os diferentes tipos de substrato (lodo, rocha, 
cascalho, areia) e toda a coluna d´água devem ser amostrados como áreas de coleta 
distintas. A coleta pode ser seletiva ou não seletiva. A coleta seletiva é importante, 
pois evita que sejam capturados indivíduos em excesso. É realizada por meio dos 
seguintes equipamentos: 
 
Linha de mão e vara de pesca: método eficiente e seletivo na captura de 
peixes de fundo. 
Peneiras e puçás: método eficiente para se coletar peixes de pequeno porte 
que vivem junto às margens, em meio a densa vegetação, sob rochas e em meio ao 
cascalho dos rios correntosos 
 Espinhel: É um artefato para pesca de fundo composto de uma linha for-te e 
comprida com várias linhas curtas presas a ela, a intervalos regulares, cada uma com 
um anzol na ponta. 
Redes de pesca: São lançadas na água e podem ser puxadas por 
embarcações ou por grupo de pessoas. Podem ser do tipo tarrafa, picaré de arrasto e 
redes de espera Covos: Geralmente é feito de pedaços de madeira ou bambu fixos 
entre si na forma de um cilindro com uma abertura em forma de funil. Coloca-se uma 
isca no funil que atrai o animal pra dentro do covo. Uma vez que ele entra, não 
consegue mais sair. Todos estes equipamentos são simples e baratos. Depois de 
utilizados devem ser lavados, secos e guardados. A coleta não seletiva de peixes é 
realizada por meio do uso da rotenona, um produto químico, e da pesca elétrica. 
 
 
 
 
34 
 
Rotenona: É um alcaloide também conhecido popularmente como timbó 
(C23H22O6) que funciona como vasoconstritor. Antes da aplicação da rotenona 
estende-se uma rede na água, no local da aplicação, a qual assegura a coleta dos 
peixes mortos que subirão à superfície. Quando isto ocorre, com o auxílio de um puçá, 
coletam-se os peixes. Esta tarefa exige trabalho em grupo e, portanto, deve ser bem 
coordenado. 
Pesca elétrica: O aparelho consiste em uma fonte elétrica (bateria), 
um conversor de corrente, dois cabos elétricos conectados cada um deles aos polos 
positivo e negativo da fonte elétrica e duas placas elétricas (ânodo e cátodo) 
conectados na extremidade livre dos cabos. O campo elétrico produzido pelo 
equipamento na água pode provocar paralisia, natação alterada e morte dos peixes. 
A montagem de um equipamento deste tipo é bastante complexa e requer muitos 
cuidados para que acidentes graves não ocorram, outra desvantagem é o peso do 
material. Estes dois métodos de coleta têm sido cada vez menos aceitos uma vez que 
provocam a morte excessiva de indivíduos e acabam por causar alterações nos 
ecossistemas. Assim que os peixes são coletados, devem ser imediatamente fixados 
em formalina 10% e etiquetados. Após uma semana, o material deve ser conservado 
em álcool 70%. A etiqueta de identificação deve conter o nome científico do 
organismo, o nome do coletor, a data de coleta {dia/mês (em algarismos romanos) 
/ano} e o local onde foi coletado. Deve-se sempre usar luvas de borracha para evitar 
o contato com a pele, avental de mangaslongas para proteger a pele e as roupas, e 
máscaras ou óculos de acrílico para proteger os olhos. É de extrema importância que 
o recipiente onde os peixes serão conservados seja hermeticamente fechado para 
não permitir que a concentração do conservante se altere. Muitos pesquisadores têm 
utilizado pedaços de papel filme na boca dos recipientes a fim de ajudar na 
conservação. As coleções científicas têm beneficiado muitos pesquisadores que 
encontram material de estudo proveniente de um grande número de locais, 
principalmente se originário de regiões pouco exploradas. É importante ressaltar aqui 
que no Brasil um coletor deve ter licença específica para coleta, expedida pelo IBAMA 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos Naturais Renováveis. Nesta aula 
você aprendeu como coletar um peixe, aula importante para montagem de material 
didático. Teste seus conhecimentos na alta avaliação e caso tenha alguma dúvida ou 
sugestão envie para nossa tutoria. Até a próxima unidade. 
 
 
 
 
35 
 
3.14 Evolução Inicial dos Vertebrados Terrestres 
Os primeiros vertebrados terrestres apareceram no Devoniano superior, 
período em que ocorreu o aumento na diversidade e na especificidade de habitats. 
Todas as alterações ocorridas no planeta durante este período foram primordiais para 
o aparecimento dos primeiros vertebrados terrestres. Nessa aula, vamos passear pela 
história e descobrir quais foram às mudanças ambientais que propiciaram a conquista 
do ambiente terrestre pelos vertebrados. Os ecossistemas terrestres do Devoniano 
médio inicialmente restringiam-se a regiões úmidas e baixas próximas a corpos de 
água, em função do padrão de reprodução dos primeiros vegetais terrestres (briófitas). 
As briófitas necessitavam de meio líquido para sua fecundação. No Devoniano 
superior surgem as pro gimnospermas, primeiras plantas com sementes e com 
troncos de até um metro de diâmetro e dez metros de altura. As plantas, agora 
maiores, propiciaram ambientes sombreados, restringindo a insolação direta sobre o 
solo, o que contribuiu para o aumento da umidade relativa do ar. Desta maneira, novos 
microclimas surgiram e, de fato, os vegetais conquistaram o ambiente terrestre. O 
ambiente aquático no Devoniano era instável e durante os períodos de seca, muitos 
lagos e riachos evaporavam. Apenas os peixes adaptados a utilizar o ar atmosférico 
sobreviviam. As brânquias não eram estruturas adaptadas para uso fora da água. 
Os peixes que conseguiram sobreviver acabaram por desenvolver um tipo de 
pulmão vascularizado que acabou por levar ao surgimento da circulação dupla. Os 
membros locomotores dos vertebrados também surgiram durante o período 
Devoniano. Acreditava-se que quando os lagos de água doce do Devoniano 
evaporavam-se durante as secas estacionais, os vertebrados aquáticos eram 
forçados a mover-se para outros que ainda contivessem água. As nadadeiras 
carnosas dos sarcopterígios (os peixes pulmonados atuais) poderiam ser usadas 
como remos para impulsionar sua passagem pela terra em busca de água. Dessa 
maneira, o desenvolvimento gradual dos membros evoluiu como um meio de 
sobrevivência na água. Porém, a descoberta de recentes fósseis mais completos de 
tetrápodes modifica essa teoria. Os fósseis indicam que todas as características 
desses animais eram aquáticas, apesar dos membros locomotores 
tetrápodes. Atualmente acredita-se que os tetrápodes desenvolveram seus membros 
na água, e só então, por razões desconhecidas, começaram a se arrastar para fora 
 
 
 
 
36 
 
da água. Acredita-se que os peixes de nadadeiras lobadas sejam os parentes mais 
próximos dos tetrápodes. Tanto os primeiros como os segundos compartilham 
diversas características quanto ao crânio, dentes e cintura escapular. O conturbado 
período Devoniano foi seguido pelo Carbonífero, caracterizado por um clima quente e 
úmido. Os ecossistemas terrestres tornaram-se cada vez mais complexos. As plantas 
diversificaram-se e aumentaram em tamanho e apareceram novos invertebrados cada 
vez mais especializados, incluindo os insetos que se alimentavam das plantas vivas. 
Neste período também, todos os grandes grupos de peixes (ostracodermes, 
Placodermi, Chondrhichthyes, Acanthodii) estavam diversificados, adaptados e bem 
distribuídos pelos ambientes marinhos e de águas continentais e provavelmente 
formavam comunidades ecológicas complexas com alto grau de competição e 
predação. Exatamente neste ambiente surgiram os primeiros vertebrados terrestres, 
predadores insetívoros e, quanto à forma e ao tamanho do corpo, similares aos 
modernos salamandras e lagartos. Os anfíbios primitivos deste período 
aperfeiçoaram suas adaptações para a vida aquática: o corpo se tornou achatado para 
se mover através de águas rasas e os membros, ainda fracos, eram mais 
especializados para a natação do que para a vida terrestre Todos os anfíbios utilizam 
sua pele porosa para respiração. Esta especialização foi estimulada pelos ambientes 
pantanosos do Carbonífero, mas representa sérios problemas de ressecamento para 
a vida terrestre, como veremos adiante. 
 
4 ANFÍBIOS – CLASSIFICAÇÃO 
Ordem ANURA 
 
Caracterizados por sapos, rãs e pererecas, são chamados de anuros 
por não apresentarem cauda na fase adulta. São conhecidas por volta de 4.000 
espécies de anuros e sua distribuição é predominantemente tropical. A fauna 
brasileira é a mais rica em anfíbios anuros, contando com aproximadamente 600 
espécies conhecidas. O corpo destes animais é curto (10 mm a 30 cm) possui cabeça 
é longa e dois pares de pernas bem desenvolvidas. Podem ser aquáticos, terrestres, 
arborícolas (que vivem em árvores), cavadores e ainda bromelículas (vivem nas 
 
 
 
 
37 
 
bromélias) e saxícolas (sob pedras). São cosmopolitas, estando ausentes apenas na 
região dos polos. Os sapos locomovem-se lentamente e quase sempre a pequenos 
saltos. Habitam os ambientes terrestres, sua pele é rugosa e seca. Apresentam um 
par de protuberâncias glandulares atrás de cada um dos dois olhos, chamadas 
paranoides. As rãs são animais exclusivamente aquáticas. A pele é lisa, úmida, 
glandular e altamente vascularizada. A locomoção é rápida e os saltos são de grande 
extensão. As pererecas possuem a pele lisa e úmida e locomovem-se rapidamente 
através de saltos. Possuem nas pontas dos dedos discos adesivos que lhes permite 
subir nas paredes e na vegetação. É comum ouvirmos durante a noite os sapos, rãs 
e pererecas cantando nos brejos, riachos e lagoas, não é mesmo?! O som provém 
dos machos que cantam à noite chamando as fêmeas para o acasalamento. Cada 
espécie tem seu canto bem característico. O macho possui um ou dois sacos vocais 
que se enchem de ar e funcionam como uma caixa amplificadora do som que pode 
assim ser ouvido a grandes distâncias. 
 
Ordem CAUDATA ou URODELA 
 
São representados pelas salamandras e tritões, que fazem parte desta 
ordem. Estes animais possuem cauda. O corpo é alongado (30 mm a mais de 1, 5 m) 
com dois pares de pernas na fase adulta, que podem ser reduzidas dependendo do 
hábito de vida do animal. As espécies são exclusivamente aquáticas ou terrestres. A 
maioria é terrestre na vida adulta, mas voltam à água na época da reprodução. 
Algumas linhagens de salamandras desenvolveram adaptações para uma existência 
dentro de cavernas, como por exemplo, coloração clara, perda da visão, pernas 
extremamente longas e focinho achatado, utilizado para explorar debaixo de pedras. 
A esta prática damos o nome de trogloditíssimo. 
Outra curiosidade em relação a estes animais é o fato de muitas famílias terem 
se tornado pedomórficas, isto é, os adultos conservam muitas características de larva 
e não completam sua metamorfose. A pedomorfose entre as salamandras evoluiu 
como um processo de neotenia. A neotenia é uma estratégia evolutiva que capacita 
estes animais a permanecerem aquáticos e escapar dos rigores da vida terrestre.São 
conhecidas cerca de 420 espécies de distribuição predominantemente temperada e 
http://campus20162.unimesvirtual.com.br/mod/book/view.php?id=51080
 
 
 
 
38 
 
setentrional. No Brasil conhecemos, até o momento, somente uma espécie de 
salamandra que vive na região Amazônica. 
 
Ordem GYMNOPHIONA ou ÁPODA 
 
Representada pelas cecílias. Esta é a ordem menos conhecida. As cecílias 
podem ser aquáticas, mas geralmente são escavadores que vivem no ambiente 
subterrâneo. Deste modo, é raro nos depararmos com este animal. O corpo é 
alongado (7 cm a 1,5 m), vermiforme, desprovido de pernas. Os olhos são recobertos 
por pele ou ossos, o que os torna cegos. Possuem um par de tentáculos protráteis 
entre os olhos e as narinas, sendo este é um órgão sensorial. Há cerca de 170 
espécies conhecidas, com distribuição tropical e meridional. No Brasil existem mais 
ou menos 20 espécies. 
4.1 Anfíbios – Características Gerais 
Pele 
 
A pele é fina, úmida e desprovida de escamas, o que confere aos anfíbios uma 
suscetibilidade à perda de água. Para contornar esse problema, uma das estratégias 
que utilizam é a de serem, na grande maioria das espécies, animais noturnos. Para 
proteger estes animais contra predadores, a pele possui glândulas secretoras de 
substâncias tóxicas ou alucinógenas. A superfície externa de toda a pele é trocada 
periodicamente pelos anfíbios. Processo denominado muda. A muda, provavelmente, 
está sob controle hormonal. Não é a pele inteira que é trocada, mas fragmentos da 
camada externa. A frequência das mudas varia de acordo com as diferentes 
espécies. Os anfíbios são animais ectotérmicos, isto é, dependem de fontes externas 
de calor para manutenção da temperatura corpórea. 
Sistema Esquelético 
O crânio é largo e achatado com dois côndilos occipitais. O esqueleto é 
majoritariamente ossificado. As costelas, quando presentes, não são ligadas ao 
esterno. O esterno aparece pela primeira vez nos anfíbios que possuem costelas 
pouco desenvolvidas e, por isso, nunca ligadas ao esterno, como ocorre na maioria 
 
 
 
 
39 
 
dos répteis e em aves e mamíferos. Os anfíbios apresentam dois pares de pernas. Na 
perna anterior existem quatro dedos e na posterior, cinco. Vamos lembrar que as 
cecílias não possuem pernas! O transporte do peso do corpo através das quatro 
pernas dá a coluna vertebral uma nova função. A compressão dos membros é 
transmitida à coluna por meio das cinturas. Esta nova função dá a coluna maior 
ossificação e articulação, a flexibilidade torna-se menos importante que a força, isto 
é, o corpo torna-se mais rígido. O esqueleto axial é formado pelo crânio e a coluna 
vertebral. O esqueleto apendicular é formado pela cintura escapular, cintura pélvica 
e membros. A cintura escapular protege os órgãos internos e serve de apoio aos 
membros anteriores. A cintura pélvica liga os membros posteriores à coluna vertebral 
e, na locomoção, transmite o impulso dos membros posteriores ao corpo. 
 
Sistema Muscular 
 
O sistema muscular dos anfíbios mostra-se como uma transição entre os peixes 
e os répteis. A realização de diferentes tipos de movimentos que os anfíbios 
necessitam executar, como nadar, andar, saltar e trepar, exigiu o desenvolvimento de 
muitos outros tipos de músculos. Alguns desses músculos localizam-se dentro dos 
membros e são por isso chamado de músculos intrínsecos. 
 
Sistema Circulatório 
 
O coração dos anfíbios possui três câmaras (duas aurículas e um ventrículo) e 
recebe sangue oxigenado, proveniente dos pulmões, e sangue não-oxigenado, 
proveniente do corpo. Para evitar a mistura excessiva dos sangues o sistema 
circulatório é duplo. 
 
Sistema Digestivo 
 
A maioria dos anfíbios possui língua protrátil. Os sapos e rãs a utilizam na 
captura e alimentos que, geralmente, provém da água. Os dentes são finos e o 
esôfago é curto. Há a produção de HCl pelo estômago e o intestino varia em tamanho 
 
 
 
 
40 
 
de acordo com a espécie. Em algumas espécies o intestino é diferenciado em delgado 
e grosso. 
 
Sistema Respiratório 
 
 Durante a fase larval, a maioria dos anfíbios respira pelas brânquias (três 
pares). Ao contrário dos peixes, que possuem brânquias internas, as brânquias dos 
anfíbios são externas. Durante a metamorfose, as brânquias são reabsorvidas ou 
degeneram. Os pulmões dos anfíbios são estruturas simples e em forma de saco. O 
ar é bombeado para os pulmões por meio do processo de deglutição. Os anfíbios 
também respiram através da pele. Algumas espécies de salamandras não apresentam 
pulmões e dependem exclusivamente da pele e da cavidade bucal para a absorção 
de oxigênio. Para tanto, é necessário que a pele esteja sempre úmida, o que é 
conseguido através das glândulas mucosas presentes na superfície do corpo. Na 
laringe de sapos e rãs existem cordas vocais, com as quais os machos emitem os 
chamamentos de acasalamento. O limite entre a laringe e a faringe é uma abertura 
chamada glote. 
 
Sistema Excretor 
 
Assim como nos peixes os rins são do tipo mesonéfricos. São dois rins 
presentes, um em cada lado da coluna vertebral. Como os anfíbios dependem da água 
doce e passam muito tempo nela, eles desenvolveram corpúsculos renais para auxiliar 
a eliminação de água e, desta maneira, impedir a diluição excessiva dos líquidos do 
corpo. A bexiga dos anfíbios é diferente daquela encontrada nos peixes. Ela se 
desenvolve como uma evaginação do assoalho da cloaca. Desta maneira, a urina 
passa dos ductos dos rins para a cloaca, no qual passa para a bexiga para ser 
armazenada. Alguns anfíbios terrestres reabsorvem parte da água da urina em 
determinadas épocas do ano para compensar a umidade perdida pela pel. Espécies 
aquáticas e larvas da maioria das espécies excretam grande quantidade de nitrogênio 
na forma de amônia. Adultos terrestres eliminam ureia, que por ser menos tóxica, não 
precisa ser excretada tão rapidamente. 
 
 
 
 
 
41 
 
Sistema Nervoso 
 
O sistema nervoso dos anfíbios é semelhante ao dos peixes, porém um pouco 
mais desenvolvido. E constituído por um sistema nervoso central (encéfalo e medula 
espinhal) e um sistema nervoso periférico. Existem 10 pares de nervos cranianos. 
 
Sistema Reprodutor 
 
A diversidade de modos reprodutivos dos anfíbios ultrapassa aquela de 
qualquer outro grupo de vertebrados, com exceção dos peixes. Os anfíbios são 
monoicos e podem apresentar dimorfismo sexual. A fecundação é interna (nos 
urodelos e ápodos) e externa (nos anuros), sendo as espécies geralmente ovíparas, 
porém a viviparidade pode ser encontrada nas três ordens. Na fecundação interna, o 
esperma é transferido para o corpo da fêmea envolto numa cápsula gelatinosa 
chamada espermatóforo, como no caso dos urodelos ou através de um órgão 
semelhante a um pênis, como no caso dos ápodos. Os ovos podem ser depositados 
na água, nas poças que ficam nas axilas das plantas, como as bromélias, e algumas 
espécies retêm os ovos no interior do corpo de formas diversas. O ciclo de vida dos 
anfíbios apresenta geralmente três fases: ovo, larva e adultos. Durante a passagem 
de larva aquática para adulto, ocorre uma metamorfose radical. O exemplo mais 
dramático de metamorfose é encontrado na ordem dos anuros, onde praticamente 
toda a estrutura do girino é alterada. O clímax metamórfico inicia-se com o 
aparecimento das pernas anteriores e termina com o desaparecimento da cauda. 
Essa passagem é rápida. Mas o período larval pode estender-se por semanas ou 
meses. Os ovos contêm uma grande quantidade de vitelo e são envoltos por uma 
capa gelatinosa que seca rapidamente em contacto com o ar, mas não têm anexos 
embrionários. Há espécies que colocam apenas dois ou três ovos, soltos ou em 
cordões, mas espécies que atingem até 50000 ovos por postura. 
 
Órgãos dos Sentidos 
 
No teto da boca, língua e na mucosa existem botões gustativos. Uma outra 
estrutura olfativa que surge

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