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TREINO DE QUESTÕES DISCURSIVAS1 *Patrícia Macedo 1) O enunciado da súmula nº 521 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que a legitimidade para a execução fiscal de multa penal pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. Considerando o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a temática, avalie de forma explicativa se o Ministério Público possui legitimidade para a execução de multas penais e se a súmula em destaque merece ser cancelada. Até o final do ano de 2018, prevalecia o entendimento exarado pelo Superior Tribunal de Justiça de que apenas a Procuradoria da Fazenda Pública possuía legitimidade para a execução penal de multa penal pendente de pagamento imposta em sentença condenatória. Ocorre, no entanto, que em recente julgado, o Supremo Tribunal Federal, divergindo de tal compreensão, assentou que possui o Ministério Público legitimidade para execução de tais multas penais, podendo a Fazenda Pública proceder à cobrança apenas de forma subsidiária. A conclusão exarada pelo Pretório Excelso pauta-se no fato de que a imposição da penalidade pecuniária decorre da sentença penal condenatória, a qual se trata de título executivo judicial, cuja competência para executar seria do próprio autor da ação de origem. A multa penal, em que pese seu caráter pecuniário, não perderia a natureza de sanção penal, razão pela qual a legitimidade para sua execução pertenceria ao Parquet, titular da ação penal. Frise-se, nesse diapasão, que a Súmula 521 do STJ, diante deste julgado, encontra-se superada, cabendo à Corte Cidadã proceder ao seu cancelamento. 2) Fernando Beira Rio invadiu e se apropriou de um terreno de 1000 metros quadrados no Jardim Belo Horizonte, localizado no município de Palmeiras. Lá ele construiu uma casa simples que abriga ele e sua família. O terreno em questão é de propriedade do município de Palmeiras e só não estava sendo utilizado, pois não havia recursos financeiros para custear alguma obra pública. Passados 20 anos da ocupação, o município decidiu reaver a sua propriedade e ingressou junto ao Judiciário para obter a posse do bem público. Diante desse caso concreto, fundado na jurisprudência consolidada sobre o assunto, responda: (i) se é cabível a conversão da posse de Fernando em propriedade por meio do instituto da usucapião; (ii) se é possível ele fazer jus da retenção ou 1 Questões respondidas quando da realização do curso da “Emagis”, no ano de 2019, o qual era voltado para os concursos de MP e Magistratura. a obtenção de indenização pelas benfeitorias instaladas (art. 1219 e 1255, do Código Civil). De acordo com o entendimento prevalecente não é possível que a posse/detenção exercida por Fernando Beira Rio seja convertida em propriedade por meio do instituto da usucapião. Afirma-se isso, porquanto para além do 183, §3º, da Constituição Federal e do art. 102 do Código Civil afirmarem que os bens públicos não estão sujeitos a usucapião, não se pode perder de vista no caso em exame que o Município de Palmeiras apenas não deu anterior destinação ao bem em razão da ausência de recursos públicos. Desta forma, necessitando o Município, mesmo após decorrido largo lapso temporal, é possível que requeira, pela via judicial, a reintegração da posse do bem. Noutro vértice, também não há falar em direito à retenção ou indenização pelas benfeitorias realizadas, sejam elas necessárias, úteis ou voluptuárias, já que Fernando, em razão natureza pública do bem, figurava como mero detentor do bem e não como seu possuidor, fato este suficiente a afastar os referidos direitos, de acordo com o entendimento jurisprudencial. 3) Plea bargain: é constitucional a transação penal que implique em aplicação de pena privativa de liberdade? Disserte em até quinze linhas. Tendo em vista a natureza dos institutos ora debatidos, é possível afirmar a constitucionalidade da transação penal que implique em aplicação de pena privativa de liberdade, desde que seja conferido ao réu alguma vantagem, como a redução do tempo de privação da liberdade. Note-se que se está a tratar, aqui, de verdadeiro acordo realizado entre Ministério Público e réu, em que este colabora com o Parquet em troca de uma contraprestação, a qual pode vir em forma de redução do quantum de pena privativa de liberdade. 4) “Sindicatos e federações, caso possuam abrangência nacional, estão inseridos no rol dos legitimados à propositura de ações de controle concentrado de constitucionalidade, inclusive da arguição de descumprimento de preceito fundamental.” À luz das disposições normativas pertinentes e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, analise a correção ou incorreção da assertiva acima. (Limite: 15 linhas) De acordo com o previsto no art. 103, inciso IX, da Constituição Federal, no art. 2º, inciso IX, da Lei nº 9868/1999 e no art. 2º inciso I, da Lei nº 9882/1999, possuem legitimidade para propor ações de controle concentrado de constitucionalidade e arguição de descumprimento de preceito fundamental, as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. Note-se que de acordo com entendimento já exarado pelo Pretório Excelso, os sindicatos e federações, ainda que possuam abrangência nacional, não detém legitimidade para propor as referidas ações, já que excluídos do rol previsto na lei. Assim, incorreta se apresenta a referida assertiva.
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