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Apostila Curso Atuação Policial Frente a grupos Vulneráveis

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2 
Antes de iniciar este curso leia a letra ou assista ao vídeo, da música de Lenine “Ninguém faz ideia” 
Alguns desses grupos, devido a questões ligadas a gênero, idade, condição social, deficiência e 
orientação sexual, tornam-se mais suscetíveis à violação de seus direitos, por isso são denominados 
grupos vulneráveis. 
Neste curso você estudará sobre eles e também sobre a importância do profissional da área de 
segurança pública ter conhecimentos básicos sobre os dispositivos legais referentes a cada grupo. 
Espera-se que as informações aqui contidas possam servir de subsídios para a prestação de um 
atendimento de qualidade a estes grupos. 
Bom estudo! 
Objetivo do curso 
Ao final do curso, você será capaz de: 
• Definir grupos vulneráveis correlacionando os conceitos com Direitos Humanos;
• Identificar os principais grupos vulneráveis existentes em nossa sociedade;
• Analisar a legislação relativa à proteção dos grupos vulneráveis, tanto no Brasil como no mundo e sua
relação com a atividade policial; 
• Apontar a atitude correta na atuação em ocorrências envolvendo integrantes desses grupos
vulneráveis; 
• Realizar abordagens e buscas, em integrantes dos grupos vulneráveis, em conformidade com os
direitos humanos; 
• Prestar o socorro a vítimas de grupos vulneráveis, levando em consideração os cuidados que cada
caso exige. 
3 
Estrutura do curso 
Este curso é composto pelos seguintes módulos: 
• Módulo 1 – Introduzindo a questão
• Módulo 2 – Conceituando o tema: grupos vulneráveis e minorias
• Módulo 3 – Atuação policial e grupos vulneráveis: pessoas idosas
• Módulo 4 – Segurança Pública e população em situação de rua
• Módulo 5 – Atendimento policial às pessoas com deficiência
• Módulo 6 – Atendimento policial às crianças e adolescentes
4 
Apresentação do módulo 
Com certeza você deve estar se perguntando: O que é um grupo vulnerável? Quem são as pessoas que 
o compõem? Onde pode ser encontrado? E no que consiste a vulnerabilidade destas pessoas? 
Antes de buscar respostas para essas perguntas deve-se compreender alguns aspectos da nossa 
sociedade. 
Neste módulo você estudará sobre os grupos vulneráveis e o papel da segurança pública em proteger 
e promover os Direitos Humanos, notadamente em relação a estes grupos. 
Objetivo do módulo 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
• Compreender a relação existente entre grupos vulneráveis e o papel da Segurança Pública como
protetora e promotora dos Direitos Humanos; 
• Reconhecer como é importante que o profissional da área de segurança pública saiba lidar com
as pessoas, sem discriminá-las, garantindo seus direitos e resolvendo conflitos de forma serena e igualitária. 
Estrutura do Módulo 
Este módulo abrange as seguintes aulas: 
• Aula 1 – Grupos vulneráveis sob a ótica da segurança pública;
• Aula 2 – As exigências aos Profissionais de Segurança Pública frente aos Grupos Vulneráveis.
Aula 1 – Grupos vulneráveis sob a ótica da segurança pública 
A sociedade brasileira possui, atualmente, mais de 200 milhões de habitantes, distribuída em um 
território de dimensões continentais. A cultura brasileira é resultado de um grande sincretismo que uniu 
costumes de diversos povos. 
MÓDULO 
1
INTRODUZINDO A QUESTÃO 
5 
Os caracteres genéticos que compõem as nossas raízes são frutos de uma secular miscigenação de 
etnias, gerando uma diversidade que proporciona ao Brasil, uma imensurável riqueza cultural e social. As 
diferenças relacionadas à etnia, gênero, deficiência, idade, religião entre outros, também constituem esta 
diversidade tornando-a ainda mais bela. 
Porém, quando estas diferenças se convertem em desigualdade, criam um ambiente propício a toda 
sorte de violações de direitos, tanto no espaço público quanto privado, tornando vulneráveis as pessoas que 
estão na condição de diferentes. É possível citar como exemplo: as pessoas com deficiência, as pessoas idosas, 
as mulheres, crianças e adolescentes e a população em situação de rua. Estes grupos são chamados, assim, 
de grupos vulneráveis. 
A busca destas pessoas pelo reconhecimento de seus direitos é hoje um fator democrático 
preponderante, pois, somente através da igualdade é que se percebe a plena democracia. Foram muitos os 
movimentos sociais e conquistas, no século XX, notadamente, dos setores mais vitimados pelo preconceito e a 
discriminação. Porém, ainda hoje, a sociedade não está preparada para lidar com estas diferenças, o que gera o 
preconceito e a indiferença tornando a vida destas pessoas, ainda mais difícil. 
A precariedade de políticas públicas direcionadas a estes grupos e a desinformação da sociedade são 
fatores que contribuem para a vitimização e por isso, existe atualmente um grande esforço nacional no sentido 
de dar mais visibilidade a estes grupos e de proporcionar mais informação à sociedade estimulando, assim, 
uma corresponsabilidade na formulação de leis e políticas garantidoras dos direitos dos grupos vulneráveis, 
como a criação de conselhos temáticos como o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, o Conselho Nacional 
dos Direitos da Criança e do Adolescente, entre outros. 
Os Direitos Humanos foram construídos através da história, no dinâmico embate dos oprimidos por 
reconhecimento, como cidadãos, e pela liberdade. Com já sabemos, Direitos Humanos, são todos os direitos 
que nós possuímos, (à vida, à família, aos filhos, ao trabalho, etc.), e que estão listados nos 30 artigos da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, e garantidos em nossa Constituição 
Federal de 1988. 
A defesa dos Direitos Humanos proporciona à sociedade e, notadamente, a estes grupos vulneráveis, 
reconhecimento e a abertura de espaço político, para além do meramente formal, ou seja, traz a realização 
concreta de seus anseios, faz cumprir efetivamente o que esteja escrito nas leis e nos estatutos. 
Dentro deste contexto o policial na sua atividade cidadã e de proteção social deve conhecer a 
dinâmica dos grupos humanos, ou seja, descobrir seus anseios, dificuldades, necessidades e se engajar, no 
que for atinente à segurança pública, para na defesa e promoção dos direitos destes grupos. É como afirma 
Balestreri: 
Dada a grave realidade nacional e internacional, onde o crime e a violência 
ameaçam, a cada dia mais, as liberdades individuais e coletivas e as instituições 
democráticas, é preciso que a segurança pública seja resolutamente percebida como 
inclusa no mais fundamental rol dos Direitos Humanos. 
É por isso que seus operadores de direitos (policiais, bombeiros, agentes 
penitenciários e guardas municipais), devem considerar-se e ser considerados, cada 
6 
vez mais, como promotores de direitos. E, é claro, como tal se portarem. 
(BALESTRERI, 2004, p.49) 
Por vezes, é necessário repensar as atitudes e valores que temos confrontando-os com a nova ordem 
social e política. Por exemplo, pense: 
• Como você agiria caso uma pessoa que usa cadeira de rodas lhe solicitasse ajuda para descer uma escada 
ou sair de seu carro? 
• Como agiria se uma pessoa surda e muda tivesse sido vítima de agressão? 
• Qual seria sua atitude caso um cidadão cego lhe solicitasse ajuda, ou você se deparasse com uma 
ocorrência de violência doméstica contra uma mulher ou abuso sexual de crianças e adolescentes? 
Com certeza, estas seriam situações embaraçosas, por fugirem da rotina de seu trabalho, pois você está 
habituado a lidar com pessoas que podem se locomover normalmente, que podem entender o que lhes é 
solicitado, enfim, que não possuem características que dificultarão suas vidas em sociedade. Porém, quando se 
depara com casos como os citados, surgem dúvidas de como atuar. Por outro lado, essas pessoas esperam ser 
tratadas com respeito e dignidade, como cidadãos sujeitos de direitos, como todos os demais. 
Aula 2 – As exigências aos profissionais de segurança pública 
frente aos grupos vulneráveis 
A atividade de segurança pública exigeprofissionais que saibam lidar com as pessoas, sem discriminá-
las, garantindo seus direitos e resolvendo conflitos de forma serena e igualitária. Por isso, é imprescindível que 
o profissional de segurança pública conheça melhor as dificuldades de cada grupo e saiba como auxiliá-lo,
protegendo e promovendo seus direitos. 
Você, como profissional da área de segurança pública, deve conhecer e se habituar aos procedimentos 
que fogem aos padrões, que contemplam questões sobre Minorias e Grupos Vulneráveis, de forma a nortear a 
sua atuação no trato adequado com aquelas pessoas. Deve lembrar que a Constituição Federal de 1988 concita 
à todos a promoção dos direitos coletivos sem nenhuma discriminação: 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I – (...); 
II – (...); 
III – (...); 
 IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade 
e quaisquer outras formas de discriminação. 
Também, o Plano Nacional de Direitos Humanos III, é claro, com relação às políticas públicas para 
enfrentamento, relativas aos grupos vulneráveis: 
7 
Os pactos e convenções que integram o sistema internacional de proteção dos 
Direitos Humanos apontam para a necessidade de combinar estas medidas com 
políticas compensatórias que aceleram a construção da igualdade, como forma 
capaz de estimular a inclusão de grupos socialmente vulneráveis. Além disso, as 
ações afirmativas constituem medidas especiais e temporárias que buscam remediar 
um passado discriminatório. No rol de movimentos e grupos sociais que demandam 
políticas de inclusão social encontram-se crianças, adolescentes, mulheres, pessoas 
idosas, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, pessoas com deficiência, 
povos indígenas, populações negras e quilombolas, ciganos, ribeirinhos, vazanteiros, 
pescadores, entre outros. (PNBDH III) 
No mesmo sentido, é possível encontrar respaldo no artigo 5º da Constituição Federal: 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a 
todos a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade. 
Além dos dispositivos já citados, no ordenamento jurídico encontram-se outros garantidores de direitos 
dos grupos vulneráveis mais específicos, como o Estatuto do Idoso, o Estatuto da Criança e do Adolescente, 
o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a Política Nacional para a População em Situação de Rua, a Lei nº
11.340, Maria da Penha, dentre outros. Porém, a verdadeira efetividade destes dispositivos depende da 
participação da sociedade civil organizada e de políticas públicas de atendimento em diversas áreas, inclusive 
na segurança pública. 
Nesse contexto, o profissional de segurança pública, não pode, de forma alguma, ser mais um a vitimar 
e desrespeitar os direitos destas pessoas. Não deve, também, ser alguém somente disposto a ajudar. O aludido 
profissional deve ter conhecimentos básicos sobre cada um dos dispositivos legais referentes a cada segmento, 
a fim de prestar um atendimento de qualidade e dar os devidos encaminhamentos a cada caso. 
Faz-se necessária a criação de redes, onde os vários órgãos ligados à proteção e promoção de direitos, 
como conselhos temáticos, Polícias, Ministério Público e Judiciário, estejam integrados e formulando estratégias 
de atendimento em conjunto. 
Finalizando... 
Neste módulo, você estudou que: 
• A cultura brasileira é resultado de um grande sincretismo que uniu costumes de diversos povos.
• Quando as diferenças se convertem em desigualdade, criam um ambiente propício a toda sorte
de violações de direitos, tanto no espaço público quanto privado, tornando vulneráveis as pessoas que estão na 
condição de diferentes. 
8 
• A precariedade de políticas públicas direcionadas a estes grupos vulneráveis e a desinformação
da sociedade são fatores que contribuem para a vitimização e por isso, existe atualmente um grande esforço 
nacional no sentido de dar mais visibilidade a estes grupos e de proporcionar mais informação à sociedade 
estimulando, assim, uma corresponsabilidade na formulação de leis e políticas garantidoras dos direitos dos 
grupos vulneráveis. 
• A atividade de segurança pública exige profissionais que saibam lidar com as pessoas, sem
discriminá-las, garantindo seus direitos e resolvendo conflitos de forma serena e igualitária. Por isso, é 
imprescindível que o profissional de segurança pública conheça melhor as dificuldades de cada grupo e saiba 
como pode auxiliá-lo, protegendo e promovendo seus direitos. 
• O profissional de segurança pública, não pode, de forma alguma, ser mais um a vitimar e
desrespeitar os direitos destas pessoas. Não deve, também, ser alguém somente disposto a ajudar. O aludido 
profissional deve ter conhecimentos básicos sobre cada um dos dispositivos legais referentes a cada segmento, 
a fim de prestar um atendimento de qualidade e dar os devidos encaminhamentos a cada caso. 
Exercícios 
1. Além da Constituição Federal, encontram-se no ordenamento jurídico brasileiro outros
garantidores de direitos dos grupos vulneráveis mais específicos. Com base nisto, enumere a segunda 
coluna de acordo com a primeira: 
(1) Estatuto do Idoso
(2) Estatuto da Criança e do Adolescente
(3) Estatuto da Pessoa com Deficiência
(4) Política Nacional para a População em situação de Rua
(5) Lei Maria da Penha
( )Destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das 
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. 
( ) Igualdade e equidade são princípios da sua política. 
( ) Cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. 
( ) Destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) 
anos. 
( ) Dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. 
2. Estabeleça uma relação entre os grupos vulneráveis e o papel da Segurança Pública como
protetora e promotora dos Direitos Humanos. 
 9 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: 3-4-5-1-2 
2. Orientação de resposta: A segurança pública perpassa pelo respeito a todos independente de sua 
situação social, idade, gênero, orientação sexual, ou qualquer característica que o torne uma pessoa diferente 
das demais. Por isso, é importante conhecer um pouco sobre os grupos socialmente vulneráveis e buscar 
protegê-los, conquistando o seu reconhecimento e confiança. 
 
 
 
10 
Apresentação do módulo 
Neste módulo você estudará a diferença entre grupos vulneráveis e minorias e poderá responder a esta 
pergunta. 
Porém, antes de entramos no assunto assista ao vídeo (disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=icXc2fGlfjg) que mostra uma iniciativa da SENASP no treinamento de 
policiais para o atendimento aos grupos socialmente vulneráveis. 
Objetivos do módulo 
Ao final desse módulo, você deverá ser capaz de: 
• Definir grupos vulneráveis;
• Classificar os grupos vulneráveis;
• Diferenciar grupos vulneráveis e minorias;
• Enumerar os principais tipos de minorias.
Estrutura do Módulo 
Este módulo é composto pelas seguintes aulas: 
• Aula 1 - Grupos Vulneráveis.
• Aula 2 - Minorias.
Aula 1 – Grupos vulneráveis 
1.1 Definição 
Grupo Vulnerável é ... 
um conjunto de pessoas que por questões ligadas a gênero, idade, condição social, deficiência e 
orientação sexual, tornam-se mais suscetíveis à violação de seus direitos. 
MÓDULO 
2 
CONCEITUANDO O TEMA: GRUPOS VULNERÁVEIS 
E MINORIAS. 
11 
1.2 Classificação 
Para efeitos didáticos pode-se classificar estes grupos em seis categorias: 
• Mulheres;
• Crianças e adolescentes;
• Pessoas idosas;
• População em situação de rua;
• Pessoas com deficiência;
• População LGBT.
Claro que existem outros grupos na sociedade em situação de risco, porém, a vulnerabilidade aqui 
está mais afeta à sujeição constante ao preconceito e à discriminação,independente de outros fatores. 
Contudo, é extremamente relevante que você saiba diferenciar um grupo vulnerável de uma 
minoria. Por isso, a seguir, você estudará sobre minorias. 
Aula 2 – Minorias 
2.1 O que são minorias? 
Segundo Sabóia (2001, p. 19 e 20 apud DESCHÊNES, 1985. p. 31), minorias são: 
Um grupo de cidadãos de um Estado, constituindo minoria numérica e em posição 
não-dominante no Estado, dotada de características étnicas, religiosas ou 
linguísticas que diferem daquelas da maioria da população, tendo um senso de 
solidariedade um para com o outro, motivado, senão apenas implicitamente, por 
vontade coletiva de sobreviver e cujo objetivo é conquistar igualdade com a maioria, 
nos fatos e na lei. 
A Organização das Nações Unidas não instituiu um conceito universal sobre minoria. O entendimento 
da Corte Internacional de Justiça, é no sentido de que cada Estado tem discricionariedade, para arbitrar se o 
grupo possui fatores característicos distintivos, e se incide no conceito de minoria. Resumindo, a identificação 
de uma minoria envolve a apreciação de critérios objetivos e subjetivos. Em outras palavras caberá ao Estado 
 
 12 
reconhecer determinados grupos como índios e demarcar terras para eles, ou remanescentes de quilombos, 
e reconhecer aquele sítio como histórico dando-lhes titularização coletiva das terras; ou como ciganos etc.(id. 
2001, p.21) 
De acordo com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em seu artigo 27, as minorias 
protegidas são: étnicas, religiosas e linguísticas. 
 
Art. 27 - Nos Estados em que existam minorias étnicas, religiosas ou linguísticas, não 
será negado o direito que assiste às pessoas que pertençam a essas minorias, em 
conjunto com os restantes membros do seu grupo, a ter a sua própria vida cultural, 
a professar e praticar a sua própria religião e a utilizar a sua própria língua. 
 
Veja, a seguir, cada uma delas. 
 
Minorias étnicas 
 
São grupos que apresentam fatores distinguíveis em termos de experiências 
históricas compartilhadas e sua adesão a certas tradições e significantes tratos 
culturais, que são diferentes dos apresentados pela maioria. (SABOIA 2001, p.23 
apud POUTER, 1986, p.2). 
 
Exemplos: índios, comunidades negras remanescentes de quilombos, ciganos, judeus, dentre outros. 
 
Minorias religiosas 
 
São grupos que professam e praticam uma religião (não simplesmente outra crença, 
como o ateísmo, e.g.), que se diferencia daquela praticada pela maioria da 
população. (SABOIA 2001, p.23 apud Dienstein,1992, p.156). 
 
No Brasil, existem as seguintes minorias: Budistas, Muçulmanos, Espíritas, praticantes de Candomblé 
(religião jeje-nagô ou iorubá), umbandistas, entre outras. 
 
Minorias linguísticas 
São grupos que usam uma língua, quer entre os membros do grupo, quer em 
público, que claramente se diferencia daquela utilizada pela maioria, bem como da 
adotada oficialmente pelo Estado. Não há necessidade de ser uma língua escrita. 
Entretanto, meros dialetos que se desviam ligeiramente da língua da maioria não 
gozam do status de língua, de um grupo minoritário. (SABOIA 2001, p.23 apud 
NOWAK, 1993, p.491). 
 
 
 13 
2.2 Diferença entre grupos vulneráveis e minorias 
 
Os Grupos Vulneráveis são pessoas que podem fazer parte de uma minoria étnica, mas, dentro dessa 
minoria, têm uma característica que as difere das demais e as torna parte de outro grupo. 
Por exemplo: uma pessoa que faz parte de um pequeno grupo islâmico, num país católico, e também 
tem deficiência física. Ela pertence a uma minoria religiosa (islã) e integra outro grupo vulnerável por ter 
deficiência. De igual forma, pode haver superposição dos tipos de minorias: o muçulmano, no Brasil, será 
integrante tanto de minoria étnica, como religiosa e linguística. 
 
Importante! 
A diferença básica é que as minorias estão limitadas aos aspectos étnicos, linguísticos e religiosos e os 
grupos vulneráveis, por sua vez, estão relacionados com as características especiais que as pessoas 
adquirem em razão da idade, gênero, orientação sexual, deficiência e condição social. 
 
 
Finalizando... 
 Neste módulo, você estudou que: 
 
 Grupo Vulnerável é um conjunto de pessoas que por questões ligadas a gênero, idade, condição 
social, deficiência e orientação sexual, tornam-se mais suscetíveis à violação de seus direitos. 
 Segundo Sabóia (2001, p. 19 e 20 apud DESCHÊNES, 1985. p. 31), minorias são um grupo de 
cidadãos de um Estado, constituindo minoria numérica e em posição não-dominante no Estado, dotada de 
características étnicas, religiosas ou linguísticas que diferem daquelas da maioria da população, tendo um senso 
de solidariedade um para com o outro, motivado, senão apenas implicitamente, por vontade coletiva de 
sobreviver e cujo objetivo é conquistar igualdade com a maioria, nos fatos e na lei. 
 A Organização das Nações Unidas não instituiu um conceito universal sobre minoria. O 
entendimento da Corte Internacional de Justiça, é no sentido de que cada Estado tem discricionariedade, para 
arbitrar se o grupo possui fatores característicos distintivos, e se incide no conceito de minoria. 
 De acordo com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos segundo o artigo 27, as 
minorias protegidas são: étnicas, religiosas e linguísticas. 
 A diferença básica é que as minorias estão limitadas aos aspectos étnicos, linguísticos e religiosos 
e os grupos vulneráveis, por sua vez, estão relacionados com as características especiais que as pessoas 
adquirem em razão da idade, gênero, orientação sexual, deficiência e condição social. 
 
 
 
 
 
 
 14 
Exercícios 
 
1. Sobre grupos vulneráveis é correto afirmar que: 
a. Grupos vulneráveis são grupos de cidadãos de um Estado que constituem minoria numérica e em 
posição não-dominante no Estado, dotado de características étnicas, religiosas ou linguísticas. 
b. Não há diferença entre grupos vulneráveis e minorias. 
c. Grupos vulneráveis estão relacionados às características especiais que as pessoas possuem em 
razão de idade, gênero, orientação sexual, deficiência, e condição social e que as tornam suscetíveis à violação 
de seus direitos. 
 
2. Considerando as minorias protegidas, enumere a 2ª. Coluna de acordo com a primeira: 
(1) Minoria étnica 
(2) Minoria religiosa 
(3) Minoria linguística 
 
( ) São grupos que usam uma língua, quer entre os membros do grupo, quer em público, que 
claramente se diferencia daquela utilizada pela maioria, bem como da adotada oficialmente pelo Estado. 
( ) São grupos que apresentam fatores distinguíveis em termos de experiências históricas 
compartilhadas e sua adesão a certas tradições e significantes tratos culturais, que são diferentes dos 
apresentados pela maioria. 
( ) São grupos que professam e praticam uma religião (não simplesmente uma outra crença, como o 
ateísmo, etc.) 
 
3. Analise a questão abaixo e responda: 
João é negro e possui deficiência. É possível dizer que João pertence a um grupo vulnerável? 
 
a. Sim, pois mesmo fazendo parte de uma minoria étnica João tem deficiência. 
b. Não, pois já pertence a uma minoria. 
 
 
 
 
 
 
 15 
Gabarito 
1. Resposta correta: Letra C 
2. Resposta correta: 3-1-2 
3. Resposta correta: Letra A 
 
 
 16 
 
 
 
 
Apresentação do Módulo 
 
Chamar atenção para o nosso futuro é criar a possibilidade de melhorar as relações com a pessoa idosa 
no presente. 
Este módulo abordará os aspectos importantes relacionados a esta faixa etária, seus direitos e a 
atuação policial frente a este grupo. 
 
 
Objetivos do módulo 
 
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de: 
 
• Definir pessoa idosa; 
• Compreender a situação da pessoa idosa no Brasil; 
• Identificar os principais delitos praticados contra a pessoa idosa; 
• Proceder de forma adequada no atendimento à pessoa idosa; 
• Analisar os principais documentos relativos à proteção dapessoa idosa. 
 
 
Estrutura do módulo 
 
Este módulo é composto pelas seguintes aulas: 
 
• Aula 1 - A Situação da população idosa no Brasil 
• Aula 2 - Violência contra pessoa idosa 
• Aula 3 - O Estatuto do Idoso 
• Aula 4 - Atuação policial no trato com pessoas idosas 
 
MÓDULO 
3 
ATUAÇÃO POLICIAL E GRUPOS VULNERÁVEIS: 
PESSOAS IDOSAS 
 17 
 
Aula 1 – Situação da população idosa no Brasil 
 
O Estatuto do idoso, criado pela Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, define como: 
Pessoa idosa, aquela com idade igual ou superior a 60 anos. 
Você, com certeza, já conviveu ou convive com uma pessoa idosa em seu cotidiano, seja um parente 
ou vizinho e já deve ter presenciado várias situações em que pode comprovar, que apesar de terem grande 
experiência de vida, são muitas vezes discriminadas e vitimadas no espaço doméstico e público. 
 
Informativo 
Em dez anos, o número de pessoas idosas com 60 anos ou mais passou de 15,5 milhões (2001) para 
23,5 milhões de pessoas (2011). A participação relativa deste grupo na estrutura etária populacional aumentou 
de 9% para 12,1% no período, enquanto a de idosos com 80 anos ou mais chegava a 1,7% da população, em 
2011. 
A maior parte da população idosa é composta por mulheres (55,7%). Outras características marcantes: 
• forte presença em áreas urbanas (84,1%); 
• maioria branca (55%); 
• inserção no domicílio como a pessoa de referência (63,7%); 
• 4,4 anos de estudo em média (32% com menos de um ano de estudo); 
• a maioria (76,8%) recebe algum benefício da Previdência Social; 
• 48,1% têm rendimento de todas as fontes igual ou superior a um salário mínimo, enquanto 
cerca de um em cada quatro idosos reside em domicílios com rendimento mensal per capita inferior a um 
salário mínimo. 
Perto de 3,4 milhões de idosos de 60 anos ou mais (14,4%) vivem sozinhos; 30,7% viviam com os filhos 
(todos com mais de 25 anos de idade, com ou sem presença de outro parente ou agregado). 
Na distribuição do rendimento mensal familiar per capita, os idosos têm uma situação relativamente 
melhor do que o grupo de crianças, adolescentes e jovens: enquanto 53,6% das pessoas de menos de 25 anos 
estão nos dois primeiros quintos da distribuição de renda, apenas 17,9% idosos de 60 anos ou mais de idade 
encontra-se nesta situação. 
Fonte: 
http://saladeimprensa.ibge.gov.br/pt/noticias?view=noticia&id=1&idnoticia=2268&busca=1&t=sis-2012-
acceso-jovenes-negros-y-pardos-la-universidad-triplico-en-diez 
 
No mundo, em 2050, um quinto da população mundial será de Pessoas idosas. Deve-se levar, em 
consideração que, na melhor de nossas expectativas, todos nós um dia passaremos pela experiência de ser uma 
pessoa idosa. 
 
 
 
 18 
Saiba mais... 
 
Assistência Social - No dia 18 de abril de 2013, o Plenário julgou inconstitucional o parágrafo 3º do 
artigo 20 da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS - Lei 8.742/1993), que prevê como critério para a concessão 
de benefício a idosos ou deficientes a renda familiar mensal per capita inferior a um quarto do salário mínimo. 
O recurso extraordinário foi interposto pelo INSS, que questionava o critério utilizado para aferir a renda mensal 
per capita da família da autora. O Plenário considerou o critério defasado para caracterizar a situação de 
miserabilidade e também declarou inconstitucional o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso. A 
decisão foi tomada no julgamento dos Recursos Extraordinários (REs) 567985 e 580963, ambos com repercussão 
geral. 
Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=249643 
 
Aula 2 – Violência contra a pessoa idosa 
 
Você em sua rotina operacional já deve ter se deparado com inúmeros casos de violência praticados 
contra pessoa idosa e deve ter percebido que, em muitos destes casos, os violadores e agressores são os 
próprios parentes daquela pessoa. 
Segundo a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência do Ministério 
da Saúde (2001), os maus tratos contra idosos dizem respeito a: “A ações únicas ou repetidas que causam 
sofrimento ou angústia, ou, ainda, a ausência de ações que são devidas, que ocorrem numa relação em que haja 
expectativa de confiança”. 
Com base neste mesmo documento, a violência contra a população idosa se manifesta sobre vários 
aspectos: 
 
[…]a violência contra os idosos existe e manifesta-se sob diferentes formas: abuso 
físico, psicológico, sexual, abandono e negligência. Some-se a essas formas de 
violência, o abuso financeiro e a autonegligência. 
Os idosos mais vulneráveis são os dependentes física ou mentalmente, sobretudo 
quando apresentam déficits cognitivos, alterações de sono, incontinência e 
dificuldades de locomoção, necessitando, assim, de cuidados intensivos em suas 
atividades da vida diária. Uma situação de elevado risco é aquela em que o agressor 
é seu dependente econômico. Aliam-se a esse outros fatores de risco: quando o 
cuidador consome abusivamente álcool ou drogas, apresenta problemas de saúde 
mental ou se encontra em estado de elevado estresse na vida cotidiana. 
 
Cada uma dessas violências está assim classificada no documento da Política Nacional de Redução da 
Morbimortalidade por Acidentes e Violências do Ministério da Saúde (2001): 
 
 19 
Abandono: Ausência ou deserção, por parte do responsável, dos cuidados necessários às vítimas, ao 
qual caberia prover custódia física ou cuidado. 
Abuso financeiro aos idosos: Exploração imprópria ou ilegal e/ou uso não consentido de recursos 
financeiros de um idoso. 
Abuso físico ou maus-tratos físicos: Uso de força física que pode produzir uma injúria, ferida, dor ou 
incapacidade. 
Abuso psicológico ou maus-tratos psicológicos: Agressões verbais ou gestuais com o objetivo de 
aterrorizar, rejeitar, humilhar a vítima, restringir a liberdade ou ainda isolá-la do convívio social. 
Abuso sexual: Ato ou jogo sexual que ocorre em relação a hétero ou homossexual que visa estimular 
a vítima ou utilizá-la para obter excitação sexual e práticas eróticas e sexuais impostas por meio de aliciamento, 
violência física ou ameaças. 
Acidentes ampliados: Em suma são grandes desastres industriais que geram danos ao meio ambiente 
e as populações próximas ao evento. Nestes casos, idosos e crianças sofrem mais os impactos, devido ao seu 
estado de fragilidade orgânica. O documento que trata sobre acidentes ampliados é a "DIRETIVA de SEVESO". 
Autonegligência: Conduta de pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, com a recusa 
ou o fracasso de prover a si mesmo um cuidado adequado. 
Com frequência, pessoas idosas mais vitimadas são as que possuem alguma dependência, seja em 
decorrência de uma doença ou deficiência física ou mental. A situação das pessoas idosas dependentes se agrava 
quando seu responsável ou cuidador é usuário de drogas ou alcoólico ou possui algum problema de saúde 
mental. Nestes casos, a pessoa idosa pode sofrer com a negligência e a violência praticada por aqueles que 
deveriam protegê-los e garantir sua integridade física e mental. 
No espaço público, principalmente, em áreas urbanas, as pessoas idosas sofrem vários tipos de 
acidentes como atropelamentos, quedas com fratura do colo do fêmur, queimaduras, ferimento por bala 
perdida, entre outras lesões, que na maioria das vezes levam à invalidez ou ao óbito. No ambiente doméstico o 
descrédito dado às informações e relatos de maus-tratos, feitos por idosos, gera impunidade aos agressores, e 
estimula o sigilo pelos próprios idosos que temem sofrer mais violência ou buscam, de alguma forma, proteger 
o agressor. 
Diante de tantos fatos, é possível perceber a importância de se ter um mecanismo moderno e eficiente 
de proteção dos direitos destas pessoas. O Estatuto do Idoso foi criado justamente para atender a esta demanda 
e você irá estudá-lo na próxima aula a partir de situações práticas. 
 
Saiba mais... 
 
Juizados Especiais/crimescontra idosos - Em 2010, o Plenário concluiu o julgamento em que se 
discutia se os autores de crimes contra pessoas idosas teriam ou não direito a benefícios como conciliação ou 
transação penal. A questão foi tratada na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3096) ajuizada pelo 
Procurador-geral da República contra o artigo 94 do Estatuto do Idoso, que determina a aplicação dos 
procedimentos e benefícios relativos aos Juizados Especiais aos crimes cometidos contra idosos cuja pena 
máxima não ultrapasse quatro anos. O entendimento foi o de que o dispositivo legal deve ser interpretado em 
 
 20 
favor do seu específico destinatário – o próprio idoso –, e não de quem lhe viole os direitos. Com isso, somente 
se aplicam as normas estritamente processuais para que o processo termine mais rapidamente, em benefício do 
idoso. 
Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=249643 
 
Aula 3 – O Estatuto do Idoso 
 
O Estatuto do Idoso foi aprovado em setembro de 2003 e sancionado pelo Presidente da República no 
mês seguinte, após sete anos tramitando no Congresso. O Estatuto do Idoso amplia os direitos dos cidadãos 
com idade igual ou superior a 60 anos. 
Mais abrangente que a Política Nacional do Idoso (Lei de 1994 que dava garantias à terceira idade), o 
Estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar pessoas idosas. 
Você irá estudar os principais pontos do Estatuto do Idoso a partir de situações práticas relacionadas 
às áreas de saúde, transporte e família. 
 
3.1 Saúde 
 
Situação Prática 1 
Imagine que você está de serviço próximo a um hospital, e que, de repente, uma jovem lhe procura 
acompanhada do pai dela, de 79 anos de idade, e lhe diz que seu pai está muito doente, e que precisa de sua 
ajuda, pois a fila do Posto de Saúde está enorme e ninguém quer ceder lugar ao pai dela. Como você agiria? 
Como iria orientar esta pessoa? 
O que diz o Estatuto? 
O Art. 15 do Estatuto do Idoso diz claramente que a pessoa idosa tem atendimento preferencial no 
Sistema Único de Saúde, e o Artigo 114 alterou a redação do Art.1º da Lei 10.048, de 08 de novembro de 2000 
e passando a ter a seguinte redação: 
 
Art. 1º As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior 
a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por 
crianças de colo terão atendimento prioritário, nos termos desta Lei. 
 
Sugestão de atendimento 
Neste caso, o pai da jovem deve ser atendido com prioridade, (desde que não haja um caso mais grave 
ou outra pessoa idosa na sua frente). 
 
Situação prática 2 
 21 
Uma senhora de 65 anos lhe procura e diz necessitar de remédios controlados para diabetes, 
indagando-o quanto a orientação de como ela pode adquiri-los gratuitamente, pois não tem como comprá-los. 
Como você poderia ajudá-la? 
 
O que diz o Estatuto? 
O § 2º, do Art. 15, diz que incumbe ao Poder Público, a distribuição de remédios, principalmente os de 
uso continuado, de forma gratuita aos idosos, assim como a distribuição de próteses e órteses. 
 
Sugestão de atendimento 
No caso citado, você deve orientá-la a procurar um órgão de saúde da prefeitura local e fazer um 
cadastro para o recebimento dos remédios. 
 
Importante! 
Procure saber qual órgão em seu município é responsável pelo cadastro e pela distribuição de 
remédios gratuitamente para a população idosa. 
 
 
3.2 Transporte 
 
Situação Prática 1 
Você está trabalhando próximo à rodoviária e é acionado por um homem de 65 anos de idade que 
relata não poder viajar em um coletivo interestadual porque a empresa não autorizou a liberação de assento 
gratuito para ele. Como você agiria neste caso? 
 
O que diz o Estatuto? 
O Art. 39, do Estatuto do Idoso, tem a seguinte redação: 
 
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos 
transportes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos 
e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. 
§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento 
pessoal que faça prova de sua idade. 
§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 
10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a 
placa de reservado preferencialmente para idosos. 
§ 3º No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 
(sessenta e cinco) anos, ficará a critério da a legislação local dispor sobre as 
condições para exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos no caput 
deste artigo. 
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos 
da legislação específica: 
 
 22 
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou 
inferior a 2 (dois) salários-mínimos; 
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para 
os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) 
salários-mínimos. 
 
 
Sugestão de atendimento 
Se a pessoa preenche os requisitos exigidos por lei, a empresa de transporte é obrigada a emitir as 
passagens gratuitamente no caso do inciso I, do Art. 40 e com desconto de 50% no caso do inciso II. Em caso 
de resistência por parte da empresa um boletim de ocorrência deverá ser lavrado. 
 
3.3 Família 
 
Situação prática 1 
 Uma pessoa lhe relata a seguinte situação: uma mulher de 79 anos está sem nenhuma assistência em 
casa passando por dificuldade financeira e doente. Seus filhos recebem a pensão por ela, e gastam tudo com 
despesas pessoais, negligenciando os devidos cuidados com a mãe. Existe também a informação, de que a 
senhora está sofrendo maus-tratos e violência física. Como você, policial, agiria nesta situação? 
 
O que diz o Estatuto? 
No que se refere ao tratamento dispensado à vítima, seus filhos estão violando os Artigos. 4º e 99 do 
Estatuto do Idoso, os quais preveem: 
 
Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, 
imprudência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou 
omissão, será punido na forma da lei. 
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, 
submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos 
e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho 
excessivo ou inadequado: 
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. 
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
§ 2º Se resulta a morte: 
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. 
 
Com relação à pensão da senhora que está sendo usada pelos filhos, constitui crime previsto nos 
artigos. 102 e 104, do Estatuto do Idoso: 
 23 
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro 
rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: 
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. 
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos 
ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de 
assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida: 
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. 
 
Sugestão de atendimento 
No caso citado, estão ocorrendo várias violações aos direitos da senhora, e todos são crimes previstos 
no Estatuto do Idoso. Na sua atuação, porém, você deverá tomar alguns cuidados. Em primeiro lugar, procurar 
constatar a veracidade dos fatos e levantar o maior número de informações possíveis. Informar-se sobre a 
existência, no município, de Delegacia Especializada no atendimento à Pessoa Idosa. Existem hoje 79 delegacias 
especializadas no Brasil. 
Caso sejam confirmadas as denúncias, uma ação conjunta se faz necessária, pois, em muitos casos,a 
própria vítima pode querer proteger os seus filhos, negando os fatos. O Conselho Municipal da Pessoa Idosa irá 
notificar o Ministério Público e, na ausência daquele, o próprio Ministério Público, que adotará as medidas 
previstas no Art. 74 do Estatuto do Idoso, no que for pertinente. Um Boletim de Ocorrência deve ser lavrado e 
direcionado à Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso, caso exista na localidade. Se não houver, o B.O 
contrário, deve ser registrado em uma delegacia local. 
 
Importante! 
Os órgãos responsáveis pela fiscalização e proteção dos direitos da população idosa são: o Ministério 
Público e os Conselhos Municipal, Estadual e Nacional do Idoso. 
 
Algumas polícias, como a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), possui a Diretriz para Produção de 
Segurança da PMMG nº 3.01.05/2010 e o Caderno Técnico- Profissional 3.04.02- CG) que tratam 
respectivamente da “Filosofia de Direitos Humanos da Polícia Militar de Minas Gerais” e da “Abordagem a 
pessoas” e que traz um capítulo exclusivo sobre atendimento aos grupos vulneráveis e, no caso dos idosos, 
estão listados na próxima aula alguns procedimentos que o policial deve ter ao lidar com o idoso. 
 
Saiba mais.. 
 
Lei 13.104 de 9 de março de 2015. 
Esta nova lei alterou o código penal para incluir mais uma modalidade de homicídio qualificado, o 
feminicídio: quando crime for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. 
A lei acrescentou ainda o § 7º ao Art. 121 do Código Penal, estabelecendo causas de aumento de pena 
para o crime de feminicídio. 
 
 24 
A pena será aumentada de 1/3 até a metade se for praticado: a) durante a gravidez ou nos 3 meses 
posteriores ao parto; b) contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência; c) na presença 
de ascendente ou descendente da vítima. 
Fonte: http://aurineybrito.jusbrasil.com.br/artigos/172479028/lei-do-feminicidio-entenda-o-que-
mudou 
 
 
Aula 4 – Atuação policial no trato com pessoas idosas 
 
As orientações a seguir foram extraídas da Diretriz para Produção de Segurança da PMMG nº 
3.01.05/2010 e do Manual Técnico Profissional 3.04.02 (Caderno Doutrinário nº.02). 
No desenvolvimento das suas ações, os profissionais da área de segurança pública poderão se deparar 
com situações que envolvam pessoas idosas. Seja a pessoa idosa denunciante ou suspeito, deverá ter sempre 
tratamento diferenciado. 
Dentro de uma delegacia, será convidado a assentar-se. Também será ótimo oferecer-lhe água e, 
eventualmente, café. Com isso, o profissional promoverá uma atitude de confiança e respeito. 
Se a pessoa idosa for suspeita, o policial deve respeitar sua idade e condições de saúde, e mantendo 
com ele prévia conversa sobre o ato cometido, para que ele comece a refletir sobre as consequências e esteja 
preparado para assumi-las, resguardados os aspectos de segurança do policial. A pessoa idosa deve ser 
esclarecido quanto à ajuda jurídica que poderá receber do Estado, bem como quanto a outras informações sobre 
o trâmite da investigação ou processo. 
A pessoa, sempre que possível, deve ser acompanhado por algum membro familiar. O policial deve 
também evitar agressão verbal ou física aos familiares da pessoa idosa, vítima de crime. 
 
Finalizando... 
 
Neste módulo, você estudou que: 
 
 O Estatuto do idoso, criado pela Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, define como pessoa 
idosa, aquela com idade igual ou superior a 60 anos. 
 Segundo a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência do 
Ministério da Saúde (2001), os maus tratos contra idosos dizem respeito a: “A ações únicas ou repetidas que 
causam sofrimento ou angústia, ou, ainda, a ausência de ações que são devidas, que ocorrem numa relação em 
que haja expectativa de confiança”. 
 O Estatuto do Idoso foi aprovado em setembro de 2003 e sancionado pelo Presidente da 
República no mês seguinte, após sete anos tramitando no Congresso. O Estatuto do Idoso amplia os direitos 
dos cidadãos com idade igual ou superior a 60 anos. 
 25 
 Os órgãos responsáveis pela fiscalização e proteção dos direitos da população idosa são: o 
Ministério Público e os Conselhos Municipal, Estadual e Nacional do Idoso. 
 No desenvolvimento das suas ações, os profissionais da área de segurança pública poderão se 
deparar com situações que envolvam pessoas idosas. Seja a pessoa idosa denunciante ou suspeito, deverá ter 
sempre tratamento diferenciado. 
 
 
Exercícios 
 
1. Todas as afirmativas a seguir sobre a pessoa idosa abaixo estão corretas, exceto: 
 
a. Considera-se idosa a pessoa com 65 anos ou mais de idade. 
b. A pessoa idosa, de 65 anos ou mais, tem direito a transporte público gratuito. 
c. As pessoas idosas tem direito a remédio controlado gratuito. 
d. As pessoas idosas são tratadas por um geriatra. 
 
2. Imagine, que você tem que informar a uma mulher de 89 anos, que o filho dela acaba de ser 
preso e que se encontra a caminho de uma delegacia. Quais os cuidados você deveria ter ao lidar com 
esta idosa? 
 
3. Agora, você é acionado para atender a um caso de um homem de 79 anos que foi surpreendido 
furtando no interior de uma loja. Você percebe que ele está muito nervoso, e treme muito. Qual seria 
seu procedimento para com ele? 
 
 
 
 
 
 
 26 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: Letra A 
2. Orientação de resposta: Primeiro certificar-se de que esta pessoa tem algum histórico de 
problemas cardíacos; em seguida avaliar a real necessidade de informar esta pessoa, e se não há uma outra 
pessoa da família a ser avisada. Em último caso comunicar a idosa de forma tranquila procurando explicá-la 
passo a passo o que aconteceu. 
3. Orientação de resposta: Neste caso, o idoso cometeu um delito e se faz necessária sua 
condução. Porém, devemos lembrar de que ele pode ter sérios problemas de saúde e vir inclusive a entrar em 
óbito. Por isto, evite palavras ríspidas e ofensas desnecessárias. Atenha-se ao problema e informe a ele seus 
direitos, procurando ser firme, mas educado. E evite o uso desnecessário de força. Convide-o a acompanhá-lo, 
até o local onde ele será ouvido, pela autoridade competente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Neste módulo você estudará sobre a relação da segurança pública e população em situação de rua 
(população adulta maior de 18 anos). 
A partir de alguns casos selecionados poderá compreender mais sobre estas pessoas. 
 
 
Objetivos do módulo 
 
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de: 
 
• Definir população em situação de rua; 
• Compreender a situação da população em situação de rua no Brasil; 
• Proceder de forma adequada na abordagem à população em situação de rua; 
• Identificar os principais documentos relativos à proteção da população em situação de rua. 
 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo é composto pelas seguintes aulas: 
 
• Aula 1 - População em Situação de Rua 
• Aula 2 - Casos: A realidade do povo vivendo na rua 
• Aula 3 - População em situação de rua: marco legal 
• Aula 4 - Atendimento à população de rua 
 
 
Aula 1 – População em situação de rua 
 
1.1 Conceitos, características e perfil 
No processo de identificação do perfil da população em situação de rua, contingente significativo da 
população urbana, esbarra-se numa questão anterior, que é a definição de um conceito para esse segmento. 
MÓDULO 
4 
SEGURANÇA PÚBLICA E POPULAÇÃO EM 
SITUAÇÃO DE RUA 
 
 28 
Desde o final da década de oitenta, estudiosos do tema e entidades que desenvolvem ações com moradores de 
rua vêm desenvolvendo conceituações. Tal processo não é fácil, sobretudo devido às diversas especificidades 
relacionadas a esse grupo de indivíduos e aos vários perfis existentes. Silva (2009), define a população de rua 
como: 
 
As pessoas que vivem nas ruas fazem de logradouros públicos (ruas, praças, jardins, 
canteiros, marquisese baixos de viadutos) e das áreas degradadas (prédios 
abandonados, ruínas, cemitérios e carcaças de veículos) espaço de moradia e 
sustento, por contingência temporária ou de forma permanente , podendo utilizar 
eventualmente albergues para pernoitar e abrigos , casa de acolhida temporária ou 
provisórias. 
 
A Política Nacional para a População em Situação de Rua, Decreto 7.053, de 23 de dezembro 
de 2009, assim define a Pessoa em Situação de Rua: 
 
Grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, 
mas que que têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos 
interrompidos ou fragilizados e inexistência de moradia convencional regular, sendo 
compelidas a utilizarem a rua como espaço de moradia e sustento, por contingência 
temporária ou de forma permanente. 
 
Tal conceituação é uma das mais abrangentes e vem balizando uma série de ações e estudos. Os 
moradores de rua se encontram num estágio de grande vulnerabilidade social e, muito comumente, possuem 
um histórico de consecutivas perdas e uma série de rompimentos: com o trabalho, com a família e, por fim, com 
a própria moradia. Normalmente, subsistem com pouca ou nenhuma renda. É comum trabalharem como 
catadores de material reciclável nas ruas e lixões ou sobreviverem de pequenos trabalhos artesanais e outras 
atividades, como lavar e vigiar carros, por exemplo. Existem também os trabalhadores sazonais e pessoas que 
não se fixam numa cidade. 
Estes últimos recebem a alcunha de trecheiros. 
 
Dentre os moradores de rua existem várias realidades e situações diferenciadas, 
especificidades, o que torna esse contingente bastante heterogêneo. São vários os 
casos de pessoas portadoras de sofrimento mental, dependência química e situações 
de conflitos familiares que levam as pessoas a saírem de casa. Há também os que, 
por anos a fio, pernoitam em albergues públicos, sem perspectiva de mudança 
significativa da condição na qual se encontram. São trabalhadores excluídos do 
mercado de trabalho; migrantes que vêm para os grandes centros em busca de 
melhor qualidade de vida; famílias que perderam o poder aquisitivo e as condições 
de subsistência. (PASTORAL DO POVO DA RUA, 2003) 
 
 29 
Assim como a conceituação da população em situação de rua não é tarefa fácil, o levantamento de 
dados para traçar seu perfil também não é. Todas as pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística – IBGE, incluindo o Censo, são de caráter domiciliar. Conforme demonstra a Tabela 01 
(Que você verá na próxima tela), foram desenvolvidas apenas duas pesquisas censitárias sobre população em 
situação de rua em quatro capitais brasileiras. 
 
CIDADE ANO DO CENSO FREQUÊNCIA 
Porto Alegre 
1995 302 
1999 427 
Belo Horizonte 
1998 916 
2005 1.164 
São Paulo 
2000 8.706 
2003 10.399 
Recife 
2004 653 
2005 1.390 
Tabela 01: Cidades onde já houve censos de população em situação de rua 
Fonte: SILVA, 2006 
 
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS realizou em 2007 uma 
contagem da População em Situação de Rua em setenta e uma cidades do país. Segundo o Sumário Executivo 
publicado pelo MDS, foram contabilizadas 31.922 pessoas em situação de rua nos 71 municípios pesquisados 
(48 municípios com mais de 300 mil habitantes e 23 capitais). Somando esse número aos municípios de São 
Paulo, Belo Horizonte, Recife, Porto alegre e São Leopoldo, que realizaram pesquisas próprias, chegamos a um 
total de 48.938. No período, o número divulgado nacionalmente é de aproximadamente 50.000 pessoas em 
situação de rua. 
 
Dados relevantes apresentados pela contagem: 
 82 % da população em situação de rua são masculina; 
 53% das pessoas adultas em situação de rua entrevistadas possuem entre 25 e 44 anos; 
 67% das pessoas em situação de rua são negros e 29,5% , brancas; 
 52,6% recebem entre R$ 20,00 e R$ 80,00 semanais; 
 74% dos entrevistados sabem ler e escrever, 17,1% não sabem escrever e 8,3% apenas assinam 
o próprio nome; 
 95%, imensa maioria, não estudam atualmente; 
 A maioria costuma dormir na rua (69,6%) e um grupo menor costuma dormir em albergues ou 
outras instituições (22,1%). Estes apontam a violência como principal motivo de não dormir na rua; 
 A grande maioria (95,5%) não participa de qualquer movimento social ou associativismo; 
 
 30 
 24,8% das pessoas em situação de rua não possuem quaisquer documentos de identificação, o 
que dificulta a obtenção de emprego formal e o acesso aos serviços e programas governamentais; 
 Como a maioria não é atingida pela cobertura dos programas governamentais, dos que 
afirmaram receber algum benefício, se destacaram: - Aposentadoria (3,2%), Programa Bolsa Família (2,3%), 
Benefício de Prestação Continuada (1,3%). 
 
No que se refere à escolaridade, o resultado da pesquisa é o apresentado pela Tabela 02: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 02: População em situação de rua: escolaridade 
Fonte: Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, Meta/MDS, 2008. 
 
Alguns dados coletados pela contagem são bastante elucidativos. Exemplo disso é o que tange à 
migração. Durante muito tempo foi reforçada a ideia de que a pobreza urbana era decorrente, em grande parte, 
do êxodo rural. Com a população em situação de rua, nos últimos anos percebe-se que esse fator tem cada vez 
menor relevância. 
 
45,8% das pessoas entrevistadas sempre viveram no município em que moram 
atualmente. Do restante (54,2% do total), 56% vieram de municípios do mesmo 
estado de moradia atual e 72% vieram de áreas urbanas. Isso significa que uma parte 
considerável da população em situação de rua é originária do mesmo local em que 
se encontra, ou de locais próximos, não sendo decorrência de deslocamentos ou da 
migração campo/cidade. (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. 
2008.) 
 
No que tange ao trabalho, os dados da contagem também apresentam resultados interessantes: 70,9% 
exercem alguma atividade remunerada. Há destaque para catador de materiais recicláveis (27,5%), flanelinha 
ESCOLARIDADE F % 
Nunca estudou 4.175 15,1 
1º grau incompleto 13.385 48,4 
1º grau completo 2.854 10,3 
2º grau incompleto 1.045 3,8 
2º grau completo 881 3,2 
Superior incompleto 190 0,7 
Superior completo 194 0,7 
Não sabe / Não lembra 2.136 7,7 
Não informado 2.787 10,1 
Total 27.647 100 
 31 
(14,1%), construção civil (6,3%), limpeza (4,2%) e carregador/estivador (3,1%). Somente 15,7% das pessoas 
declararam que pediam esmola como meio de obtenção de renda. Tal resultado mostra que a situação de 
pedinte não é a mais comum entre os moradores e moradoras de rua. 
Voltando-se aos resultados obtidos pelas pesquisas com população de rua anteriormente 
mencionadas, nota-se que pesquisas mais recentes demonstraram que, ao contrário do estereótipo idealizado 
pela sociedade, que geralmente retrata a figura do morador de rua como indivíduos pedintes e desocupados, 
grande parte dos entrevistados exerce atividade remunerada como meio de subsistência (70,9 % na Pesquisa 
Nacional conduzida pelo MDS, mais de 60% na Pesquisa de Porto Alegre (2011). Dentre as atividades exercidas, 
destacam-se a coleta de recicláveis (catadores), reciclagem, atuação na construção civil (pedreiros, pintores) e 
flanelinhas. Todavia, conforme demonstrado na Pesquisa Nacional e no Censo realizado na Cidade de Belo 
Horizonte (2013), uma minoria dos indivíduos entrevistados exercia atividade remunerada com registro em 
carteira no momento (1,9% com carteira assinada 47,7 % na Pesquisa Nacional). (Fonte: 
http://www.conpes.ufscar.br ). 
Ainda segundo a contagem, a maioria (88,5%) da população em situação de rua não é atingida por 
nenhum programa governamental. Dos que recebem algum benefício, 3,2% recebem aposentadoria e o 
Benefício de Prestação Continuada – BPC alcança 1,3% dessa população. 
Destaca-se que ainda não há a inclusão oficialda população em situação de rua no censo demográfico 
nacional. Assim, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) promoveu em novembro de 2013 na 
cidade do Rio de Janeiro, uma pesquisa experimental com o supracitado grupo, na qual os pesquisadores do 
instituto realizaram 100 entrevistas, sendo 80 nas ruas e 20 em abrigos e cujo relatório foi apresentado durante 
o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para População em Situação 
de Rua, na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) em julho de 2014. Observa-se 
ainda que, o objetivo desta pesquisa experimental é preparar o IBGE para incluir essa parcela da população no 
próximo censo. (SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2014b). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
Aula 2 – Casos: A realidade do povo vivendo na rua 
 
Os casos a seguir são reais, porém, por questão de ética, nomes de pessoas e locais foram omitidos ou 
trocados. Estes casos não têm cunho depreciativo ou crítico, mas sim didático, uma vez que irão 
remeter a questões, a reflexões e a sugestões de práticas que permitam a você estar mais preparado 
diante das situações que porventura vier a enfrentar. 
Anote as suas respostas, pois, na próxima aula, irá compará-las com o ordenamento jurídico sobre 
estas questões. 
 
CASO 1: Policiais tentam abrigar duas moradoras de rua. 
Numa das noites mais frias do inverno de 2006, policiais que faziam plantão, ao passarem pelas 
imediações do Hospital das Clínicas, sensibilizaram-se com a situação de Dona Marilda de 72 anos, e de Dona 
Chica, de mais ou menos 50 anos, que tinha dificuldade de locomover-se por ter uma perna amputada. 
Segundo Dona Chica, fazia tanto frio naquela noite, que os dois PMs, sentiram pena delas e, por volta das 22h, 
as colocaram na viatura e rodaram a cidade toda, procurando um abrigo para deixá-las. 
Num primeiro momento, foram a um abrigo conveniado com o município que não as acolheu com a 
justificativa de que não tinham documentos e pelo fato de não terem condição de acolher pessoas com 
dificuldades de locomoção. A segunda tentativa foi numa República Feminina, que também não as acolheu pelo 
fato de não ser objetivo acolher pessoas para pernoite e ter metodologia própria para seleção e recebimento 
de mulheres, além das duas não terem perfil para a casa. 
Na terceira e última tentativa, foram a uma instituição católica, onde também não foram acolhidas pelo 
fato da casa atender apenas homens. E, assim, depois de rodarem a cidade numa viatura, por cerca de 12 horas, 
foram deixadas no mesmo lugar onde estavam – marquise do Hospital das Clínicas e aquela foi mais uma noite 
em que sentiram muito frio. 
 
Pergunta-se: 
a. Neste caso o que você acha que faltou para que as senhoras fossem acolhidas? 
b. Você faria o mesmo por elas? 
 
Reflita! 
Casos como estes são comuns em nossas cidades, mas será que não merecem atenção especial por 
parte da segurança pública? 
 
Pratique! 
Procure localizar em sua cidade abrigos e albergues que recepcionem pessoas em situação de rua para 
que, numa ocasião como essa você possa encaminhá-las. 
 
 
 33 
PM é solicitada retirar moradores de rua de um casarão ocupado. 
 
Um grupo de cerca de 20 pessoas, entre elas solteiros e famílias com crianças, moravam há cerca de 2 
anos em um casarão abandonado. Durante esse período, os mesmos utilizavam os serviços de saúde e escola 
da região. Os adultos trabalhavam como catadores ou flanelinhas nas proximidades. O imóvel é colocado à 
venda, e a pessoa interessada em comprá-lo, tenta negociar com as famílias sua saída, sem êxito. Então o 
comprador busca apoio no poder público, que, com laudo da defesa civil, monta operação para retirar as 
pessoas. 
Ao invés de ajuizar uma Ação de Reintegração de Posse ou uma Ação Reivindicatória, o proprietário 
se utiliza de via de duvidosa legalidade: aciona a Defesa Civil e esta mobiliza a Polícia Militar, com o fim de 
desalojar as famílias de sua posse, sem qualquer mandado judicial. Como estratégia, as famílias são avisadas 
que seriam retiradas em um dia, quando, na verdade, a ação seria feita no dia anterior. Embora não tivesse 
ordem judicial, a Gerência da Regional solicita apoio da PM para a retirada. Nesse caso, a presença da polícia 
garantia a segurança dos servidores da prefeitura, mas também intimidava as famílias, forçando-as a aceitarem 
a desocupação. 
 
Pergunta-se: 
a. Você julga que a ação da Prefeitura foi correta? 
R. Não. Neste caso, a prefeitura dificultou, ao máximo, para as famílias, utilizando de uma estratégia 
que visou enganar as pessoas. Este procedimento tornará ainda mais difícil uma mediação pacífica daquela 
situação por parte da Polícia. 
 
b. E a ação policial foi coerente? 
R. No caso em tela, a polícia não foi coerente, uma vez que deveria, previamente, inteirar-se melhor da 
situação, verificar a legalidade da ação, ouvir as pessoas envolvidas e, por fim, negociar com a prefeitura uma 
saída mais pacífica para o conflito. 
 
c. O que você faria numa situação semelhante? 
R. Ouviria os envolvidos, verificaria a legalidade da ação e mediaria o conflito. 
 
Reflita! 
As pessoas em uma situação semelhante à estudada, são cidadãos como nós, em busca de melhoria de 
vida e da conquista de seus direitos básicos. Por isto, ao atender uma ocorrência semelhante, vá com cautela, 
busque certificar-se de todos os aspectos legais, trate as pessoas com polidez, ganhe a simpatia e a confiança 
delas. Caso seja realmente necessário, cumpra o que a lei pede, dê apoio ao trabalho de retirada, porém, respeite 
as pessoas e preserve seus pertences. 
 
 
 
 
 34 
Pratique! 
Procure se informar mais sobre os procedimentos legais nestes casos e as orientações institucionais 
sobre sua atuação. 
 
Moradores de um condomínio residencial chamam a polícia para retirar casal de moradores de 
rua que dorme na marquise do prédio. 
Depois de acionar grupos religiosos assistenciais, a Secretaria Municipal de Assistência Social do 
Município e não obter o resultado esperado (a retirada do casal que há mais de mês estava dormindo sob a 
marquise de um prédio situado em região nobre da cidade), o síndico chamou a polícia, alegando que os 
mesmos estavam trazendo risco para os moradores. Ao chegar ao local, a polícia encontrou o casal acordando 
e se preparando para trabalhar. Ambos eram catadores de material reciclável e, inclusive, dormiam sob o 
carrinho de coleta. 
Ao serem abordados, Ana mostra os seus documentos, enquanto João, exaltado, dizia que os fiscais da 
prefeitura, em abordagem anterior, haviam subtraído seus documentos e o próprio carrinho cheio de papel. 
Revoltado perguntava ao policial: E o senhor quer o quê? Vão prender um trabalhador? 
 
Pergunta-se: 
a. Como você agiria numa situação assim? 
R. Neste caso, calma e tranquilidade para resolver o problema são fundamentais. O diálogo é também 
muito importante. Seja cauteloso, porém, trate as pessoas com cuidado procurando acalmá-las. Resolva o 
problema de forma coerente e pacífica. 
 
b. Qual resposta daria para João? 
R. A resposta mais adequada, seria dizer a ele que mantivesse a calma e que não iria prendê-lo, pois 
não havia motivo para tal. 
 
Reflita! 
A situação de rua não retira de uma pessoa sua dignidade, a ponto de ser tratada como um infrator em 
potencial. Por isso, devemos entender a situação de rua como um problema social que requer diálogo, resolução 
pacífica de conflitos e encaminhamentos adequados. Assim, é necessária uma forma enérgica, mas cordial, de 
falar, e é imprescindível que você jamais deixe de considerar a condição de cidadão destas pessoas. 
 
Pratique! 
Procure saber se em sua cidade existe algum órgão que lide diretamente com a melhoria das condições 
das pessoas em situação de rua, como os Serviços tipificados no Sistema Único daAssistência Social (SUAS), 
dependendo de sua demanda ou violação de direito sofrida, porém, aqui destacamos quatro serviços que tem 
foco ou exclusividade no atendimento a este público: 
• Serviço Especializado de Abordagem Social; 
 35 
• Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua; 
• Serviço de Acolhimento Institucional; e 
• Serviço de Acolhimento em Repúblicas. 
 
Na área da Saúde: O Consultório na Rua é um equipamento da Atenção Básica em Saúde, integrante 
da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que objetiva ampliar o acesso da população em situação de rua à rede 
de atenção e ofertar, de maneira mais oportuna, atenção integral à saúde. 
 
PM acompanha fiscais da Prefeitura em “operação de limpeza” 
Há mais de um ano, um grupo de pessoas que mora na região central da cidade vem sofrendo com 
operações rotineiras de fiscais que apreendem e levam todos os seus pertences: cobertores, roupas, 
medicamento, alimentação, documentação, papelão. Quando protestam, os fiscais chamam reforço policial, que 
geralmente está bem próximo e logo chegam ao local uma ou até três viaturas. 
Os policiais, ao chegarem, mandam que os moradores se encostem no muro, onde têm o rosto 
apertado contra a parede para não poderem identificar os policiais, que passam a submetê-los a uma “revista”, 
enquanto os fiscais terminam o serviço. Protegidos pela polícia, os fiscais humilham os moradores, os provocam 
ainda mais e, quando alguém se altera, por vezes são colocados na viatura. 
Os objetos são jogados em um caminhão, apesar dos protestos, e os fiscais dizem que, para recuperá-
los, devem ir ao depósito com documento fiscal que comprove a posse, pagar uma taxa e apresentarem atestado 
de antecedentes... Com isso, o grupo está com os nervos à flor da pele, pois, em momento algum, foi-lhe 
oferecida alguma alternativa. Não fossem suficientes os constrangimentos frequentes a que são submetidos, a 
cada abordagem todos os seus pertences são confiscados, inclusive, documentos. Pelo fato de viverem na rua, 
são tratados como vagabundos e não como cidadãos. 
 
Pergunta-se: 
a. Qual a sua opinião sobre o caso citado? 
R. Neste caso, houve um desrespeito às pessoas e aos seus pertences, inclusive, com apreensão de 
documentos. 
 
b. Você julga correto este tipo de operação? 
R. A operação foi repleta de erros e cercada de aspectos que contrariam os preceitos de respeito aos 
direitos humanos daqueles cidadãos ali envolvidos. 
 
Reflita! 
Você, com certeza, orgulha-se de sua casa, de seu carro, enfim, de seus pertences e bens, não é mesmo? 
Pois, as pessoas em situação de rua também têm seus pertences e documentos que devem ser preservados e 
mantidos em sua posse, desde que não sejam ilícitos, é claro. Respeite sempre os direitos destas pessoas, e 
pense neles como o único e precioso bem que elas possuem. É importante lembrar que morar na rua não é 
 
 36 
crime! Habitar uma rua, uma praça ou demais espaços públicos não constitui, por si só, um delito ou infração 
penal. 
 
Saiba mais.... 
 - A “mendicância” deixou de ser tipificada como contravenção penal a partir da Lei n° 11.983, de 16 de 
julho de 2009. 
 - A Constituição Federal/88 assegura que é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, 
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. 
 - Nos casos de situações conflitantes, cabe ressaltar que o cidadão em situação de rua tem o direito 
de permanecer em local público, desde que não esteja infringindo a lei. 
- Os procedimentos de segurança do policial não podem ser diferentes daqueles utilizados com 
qualquer outro cidadão. 
 - O policial deve considerar e tratar a pessoa em situação de rua como cidadão de direitos, garantindo-
lhe proteção e segurança. O profissional de segurança pública deve reconhecer a vulnerabilidade da pessoa em 
situação de rua e garantir a isonomia (igualdade e equidade) do tratamento. 
- A verificação dos pertences (quando e se necessária) deve ser feita de forma cuidadosa. Estes objetos 
têm grande importância para as pessoas em situação de rua. 
 - É interessante que a equipe esteja informada e possa orientar o cidadão sobre a existência de 
instituições de acolhida que podem acolhê-lo de forma segura (lembrando que ele(a) não é obrigado(a) a deixar 
o local onde se encontra). 
 
Pratique! 
Procure reunir-se com seus colegas de trabalho, para juntos poderem buscar uma solução para este 
caso específico. Troque ideias sobre a melhor forma de solucionar a situação. Após isso, escreva a solução 
construída pelo grupo. 
 
Os casos citados anteriormente foram utilizados para ajudá-lo a refletir sobre algumas situações muito 
frequentes em sua rotina operacional. Com a ajuda da próxima aula, faça um paralelo sobre suas 
respostas e o que diz nosso ordenamento jurídico, sobre as pessoas em situação de rua. 
 
 
Aula 3 – População em situação de rua: marco legal 
 
3.1 Dispositivos constitucionais 
As pessoas que se encontram em situação de rua constituem um grupo marcado por uma invisibilidade 
social. A realidade por eles vivida, representa grave violação a diversos dispositivos constitucionais, dos quais se 
destacam: 
 
 37 
1 – Princípio da dignidade da pessoa humana e da vedação à discriminação- Constituição Federal, 
artigo 1º, nos seus incisos II e III: são fundamentos do nosso país a cidadania e a dignidade da pessoa humana. 
Portanto, todos podem buscar os seus direitos (especialmente, o direito de viver, de estar e permanecer em um 
lugar) e devem ser tratados com respeito à sua dignidade de pessoa, independentemente da aparência ou 
qualquer outra condição física, psicológica ou social. 
2 – Princípio da justiça social - Constituição Federal – artigo 3º, incisos I, III, IV, que diz que são 
objetivos fundamentais do nosso país: construir uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a 
marginalização e reduzir as desigualdades sociais, e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Assim, quando uma pessoa estiver vivendo 
em condições sociais extremamente precárias, deve ser atendida e encaminhada aos órgãos competentes para 
que possa recuperar as condições de vida digna e para que, assim, o Estado possa cumprir um dos seus objetivos 
fundamentais: o da justiça social. 
3 – Princípio da igualdade ou isonomia: Constituição Federal – o artigo 5º diz que todos são iguais 
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade. Isto significa que as pessoas em situação de rua são cidadãs como 
qualquer outro cidadão que mora neste país, e, assim, devem ser tratadas pelas autoridades e por todos, e não 
com menosprezo ou humilhações por parte de qualquer pessoa, seja particular, seja servidor público. 
4 – Princípio da legalidade - Constituição Federal, artigo 5º, inciso II, diz que ninguém será obrigado 
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, ou seja, as pessoas na rua não podem ser 
obrigadas a fazer nada que não seja exigido por lei, e são livres para estar em qualquer local, sem que a sua 
presença signifique desrespeito à lei, exceto se estiverem praticando um crime. Ao mesmo tempo, o servidor 
público não pode aplicar nenhuma sanção ou penalidade que não esteja prevista em lei e que não tenha sido 
definida por um Juiz, em sentença fundamentada e transitada em julgado. 
5 – Princípio da vedação à tortura e tratamentos desumanos ou degradantes - Constituição 
Federal, artigo 5º, inciso III, diz que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante. Isto significa que, como qualquer cidadão do nosso país, a pessoa em situação de rua deve ser 
tratada com respeito, sem agressões de qualquer natureza. 
6 – Princípio da inviolabilidade do direitoà intimidade, à privacidade, à honra e à imagem - 
Constituição Federal, artigo 5º, inciso X, diz que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem 
das pessoas, sendo assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 
Quer dizer que os pertences (por mais humildes e precários que sejam), quando for necessária e justificada uma 
revista, devem ser tratados como os pertences de qualquer cidadão, e devolvidos no mesmo estado em que se 
encontravam, sendo abusiva qualquer exigência de taxa ou comprovante de propriedade. 
7 – Princípio da função social da propriedade - Constituição Federal, artigo 5º, incisos XXII e XXIII, 
diz que é assegurado o direito de propriedade, mas que esta propriedade deverá atender a sua função social. 
Assim, quando qualquer morador da cidade estiver próximo ou nas dependências de uma propriedade privada 
não ocupada ou não utilizada, sem praticar nenhum delito ou tumulto anormal, estará apenas dando a este 
imóvel (ou bem) uma utilidade social, que é dar guarida (acolhida) a um de seus beneficiários, e poderá estar 
aguardando o reconhecimento desse direito pelo Poder Judiciário. 
 
 38 
 
Saiba mais... 
- Política Nacional para a População em Situação de Rua, Decreto 7.053, de 23 de dezembro de 
2009 - Institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de 
Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras providências. 
- Lei orgânica da assistência social (LOAS) Lei nº 12.435/11 - altera o parágrafo único do art. 23 das 
LOAS (Lei nº 11.258, de 30 de dezembro de 2005) que destaca que “Na organização dos serviços da Assistência 
Social serão criados programas de amparo (...) II - às pessoas que vivem em situação de rua.” Estabelece a 
obrigatoriedade de criação de programas direcionados à população em situação de rua, no âmbito da 
organização dos serviços de assistência social, numa perspectiva de ação Inter setorial; 
- Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009 editada pelo Conselho Nacional de Assistência 
Social – Estabelece a Tipificação Nacional de Serviços Sócio assistenciais. 
 
 
Aula 4 – Atendimento à população de rua 
 
A População em Situação de Rua pode ter seu atendimento realizado em vários serviços tipificados no 
Sistema Único da Assistência Social (SUAS), dependendo de sua demanda ou violação de direito sofrida, porém, 
aqui destacamos quatro serviços que tem foco ou exclusividade no atendimento a este público: 
Serviço Especializado de Abordagem Social: Serviço ofertado de forma continuada e programada 
com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a 
incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes em situação de rua, dentre outras. 
Alguns de seus objetivos são: construir o processo de saída das ruas e possibilitar condições de acesso à rede 
de serviços e a benefícios assistenciais e promover ações para a reinserção familiar e comunitária. 
 
Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua: Serviço ofertado para pessoas que utilizam 
as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência. Tem a finalidade de assegurar atendimento e atividades 
direcionadas para o desenvolvimento de sociabilidades, na perspectiva de fortalecimento de vínculos 
interpessoais e/ou familiares que oportunizem a construção de novos projetos de vida. Tem como unidade o 
Centro Pop, que deve promover o acesso a espaços de guarda de pertences, de higiene pessoal, de alimentação 
e provisão de documentação civil. 
 
Serviço de Acolhimento Institucional (para adultos e famílias em situação de rua): Uma das 
modalidades deste serviço é de acolhimento para adultos e famílias, que corresponde ao acolhimento provisório 
com estrutura para acolher com privacidade pessoas do mesmo sexo ou grupo familiar. É previsto para pessoas 
em situação de rua e desabrigo por abandono, migração e ausência de residência ou pessoas em trânsito e sem 
condições de autossustento. Deve estar distribuído no espaço urbano de forma democrática, respeitando o 
direito de permanência e usufruto da cidade com segurança, igualdade de condições e acesso aos serviços 
 39 
públicos. Os Abrigos Institucionais devem apresentar espaço semelhante a uma residência, com o limite máximo 
de 50 (cinquenta) pessoas por unidade e de 4 (quatro) pessoas por quarto. 
 
Serviço de Acolhimento em Repúblicas (para adultos em processo de saída das ruas): O Serviço de 
Acolhimento em Repúblicas destina-se ao acolhimento de adultos e pessoas idosas em processo de saída das 
ruas, que oferece proteção, apoio e moradia subsidiada a grupos de pessoas maiores de 18 anos em estado de 
abandono, situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou 
extremamente fragilizados e sem condições de moradia e autossustentação. O serviço deve ser desenvolvido 
em sistema de autogestão ou cogestão, possibilitando gradual autonomia e independência de seus moradores. 
É destinado a pessoas adultas com vivência de rua em fase de reinserção social, que estejam em processo de 
restabelecimento dos vínculos sociais e construção de autonomia. Possui tempo de permanência limitado, 
podendo ser reavaliado e prorrogado em função do projeto individual formulado em conjunto com o 
profissional de referência. 
 
A linha do tempo, a seguir, demonstra a ampliação dos serviços ofertados: 
• 2004: PNAS - Resolução nº 78, de 22 de junho de 2004; 
• 2005: LOAS – alteração do parágrafo único do art. 23 das LOAS - Lei nº 11.258, de 30 de dezembro 
de 2005, alterada pela Lei nº 12.435; 
• 2009: Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009 - Tipificação Nacional de Serviços Sócio 
assistenciais (Abordagem Social, Centro Popular, Acolhimento Institucional e República); 
• 2010: Inclusão da População Rua no Cadastro Único (Formulário Suplementar 2, Instrução 
Operacional, Guia de Cadastramento, cartilha de orientação); 
• 2011: Acesso a serviços de saúde do SUS - Portaria nº 940, de 28 de abril de 2011 (regulamenta 
o Sistema Cartão Nacional de Saúde e permite o acesso da População de Rua mesmo sem comprovante de 
residência); 
• 2012: Consultórios na Rua - Portaria nº 122, de 25 de janeiro de 2012 (regula o funcionamento 
dos CR, previstos na Política Nacional de Atenção Básica - Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011); 
• 2013: Início das adesões de estados e municípios à Política Nacional / Possibilidade de 
priorização da Pop Rua no Programa Minha Casa, Minha Vida - Portaria nº 595, de 18 de dezembro de 2013; 
• 2014: PRONATEC População de Rua - Portaria nº 693, de 25 de novembro de 2014 (PRONATEC 
Direitos Humanos - modalidades SINASE, População de Rua e Viver sem Limites). 
 
Vale lembrar que os servidores públicos que atuam nas ruas e que, no seu trabalho, lidam com as 
pessoas em situação de rua, são operadores das normas legais. Nessa condição, em diversas situações, eles são 
intérpretes dessas normas, e podem encontrar saídas e soluções ditadas pelo bom senso para as dificuldades 
que lhes são trazidas pela população, em vez de aumentar o problema com uma nova violação de direitos. Ao 
mesmo tempo, devem buscar aplicá-las da maneira mais adequada e humana possível, conforme estabelecem 
os princípios, leis e diretrizes relacionadas à sua missão. Deste modo, em vez de provocar um aumento da 
 
 40 
insegurança e da revolta na sociedade, contribuirão para recuperar nas pessoas o sentimento de confiança na 
justiça e nas instituições. 
 
Finalizando... 
 
Neste módulo, você estudou que: 
 
 No processo de identificação do perfil da população em situação de rua, contingente significativo 
da população urbana, esbarra-se numa questão anterior, que é a definição de um conceito para esse segmento. 
 A Política Nacional para a População em Situação de Rua, Decreto 7.053, de 23 de dezembro de 
2009, assim define

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