A criança ou adolescente deve ser mantida protegida, sem risco de revitimizac ̧a ̃o. 75 A primeira providência a ser tomada nos casos de suspeita ou confirmação de quaisquer tipos de maus- tratos contra crianças e/ou adolescentes (entre eles, a violência sexual), é a notificação do fato ao Conselho Tutelar. O ECA estabelece que é obrigatório comunicar ao Conselho Tutelar todos os casos de suspeita e de maus-tratos contra crianças ou adolescentes – Art. 13 do ECA. A finalidade é promover cuidados voltados para a proteção da criança e do adolescente, vítimas de violação de seus direitos fundamentais. O ato da notificação inicia um processo que visa interromper as atitudes e comportamentos violentos, no âmbito da família e/ou por parte de qualquer agressor. Importante! Quando não houver Conselho Tutelar, suas funções serão exercidas pela autoridade judiciária, conforme previsto no art. 262 do ECA. É necessária uma atuação conjunta entre os órgãos, Polícia, Conselhos, Ministério Público, serviços de assistência social, saúde, Delegacia Especializada, dentre outros, para que hajam os encaminhamentos necessários, a fim de garantir os direitos fundamentais da criança ou adolescente. O fato deve ser lavrado em Boletim de Ocorrência, tendo em vista que é crime, e encaminhada à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente. Caso não haja um unidade na localidade, deve-se encaminhar à Delegacia local. O cuidado institucional e profissional é um direito que a criança e o adolescente têm. Para o profissional, prover a assistência e notificar são deveres. Faz-se necessário que, você, como operador de segurança pública, saiba que situações agudas de violência sexual (ocorridas num prazo igual ou inferior a 72 horas), devem ser imediatamente encaminhadas a um hospital de referência para esse tipo de atendimento. Neles, a vítima recebe atendimento médico e psicossocial especializados, medicação preventiva de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e outras orientações. Praticando Procure saber: • Quais hospitais em seu município são considerados de referência para esse tipo de atendimento? • Informe-se: o número do disque denúncia de violência sexual contra crianças e adolescentes é o 100. Aula 5 – Legislações internacionais sobre o direito das crianças Agora que você estudou sobre os direitos da criança e do adolescente procure pesquisar mais sobre o assunto visitando os sites a seguir e leia as legislações internacionais sobre os direitos da criança e do adolescente. • Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência Juvenil – Diretrizes de RIAD, (1988) Dispõe sobre a prevenção do delito e tratamento do delinquente. 76 • Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça de Menores – Regras de Beijing , Adotadas pela Assembleia Geral da ONU, Resolução 40/33, de 29 de novembro de 1985. Dispõe sobre a defesa dos direitos das crianças e adolescentes que, por circunstâncias várias, tornam-se alvo da ação da justiça. • Declaração de Direitos da Criança – Res. 1386 da Assembleia Geral, de 20 de novembro de 1959. Finalizando Neste módulo, você estudou que: A adoção definitiva da Doutrina Jurídica da Proteção Integral a partir da Constituição Federal de 1988 passou a representar um novo marco na proteção da criança e do adolescente. De acordo com esta doutrina, crianças e adolescentes devem ser protegidos e seus direitos garantidos, além de terem reconhecidos os mesmos direitos dos adultos. O ECA, Lei Federal nº 8069, originou-se a partir do art. 227 da CF/88, sendo sancionado em 13 de julho de 1990. A política de atendimento é o conjunto de todas as ações realizadas para promover, proteger ou resgatar os direitos das crianças e dos adolescentes. De acordo com o ECA, Artigo 131, “o Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente”. Criança e o adolescente não cometem crime e sim ato infracional. Segundo o Artigo 103, do ECA, “considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal”. São inimputáveis todos os menores de dezoito anos, e não podendo, portanto, serem condenados a nenhuma pena. Recebem, consequentemente, tratamento legal diferente dos réus imputáveis (maiores de dezoito anos), a quem cabe a responsabilização. As formas de violência às quais crianças e adolescentes podem ser submetidos são classificadas em: violência física; violência sexual; violência psicológica; negligência; Síndrome de Mu ̈nchausen por Transferência; e bullying. A criança ou adolescente deve ser mantida protegida, sem risco de revitimizaça ̃o. Exercícios 1. Responda as questões a seguir: a) Qual a diferença entre abuso sexual e exploração sexual? b) Defina corretamente criança e adolescente segundo o ECA. 77 c) Os jornais noticiaram recentemente, um fato no mínimo inusitado. Uma criança de quatro anos, que atirou uma pedra em sua vizinha, também criança, foi detida por policias e levada até uma delegacia. Faça uma análise deste caso e se possível cite os dispositivos do ECA, em que estariam enquadrados este caso? 78 Gabarito 1. Orientação de resposta: a. Embora a situação de exploração envolva o abuso sexual, quando falamos na exploração estamos nos referindo àquele tipo de violência que possui fins comerciais e tem como intermediário o aliciador – pessoa que lucra com a venda do sexo com meninos e meninas. b. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 2º, definiu criança como a pessoa até doze anos de idade incompletos e, adolescente, aquele entre doze e dezoito anos de idade. c. O fato em questão se trata de uma ação policial, onde os envolvidos desconheciam totalmente os procedimentos a serem adotados neste caso. Uma criança de quatro anos ainda não tem noção do que está fazendo. Assim bastaria aos policiais conversarem com os pais de ambas as crianças e resolverem tudo de forma amistosa, ou seja, esclarecer que o fato não teve gravidade e foi resultado de uma brincadeira entre duas crianças, caso houvesse ferimento na criança ofendida pela pedra, o socorro a mesma deveria ser acionado, sem causar impacto às crianças envolvidas. Segundo o ECA, em caso de ato infracional cometido por crianças, só cabem medidas de proteção. (Art. 105 e 101 do ECA) como já vimos anteriormente. No entanto, no caso em tela, pelas circunstâncias do fato, não cabe nem mesmo medidas protetivas, já que o fato poderia ter sido esclarecido e resolvido no próprio local. 79 Concluindo o Curso Neste curso entramos no universo dos grupos vulneráveis. Você pode perceber que as pessoas que fazem parte destes grupos, são uma parcela significativa da população brasileira que sofre com preconceito social e, muitas, com a falta de políticas públicas voltadas para a melhoria da sua qualidade. Você estudou sobre como lidar com cada grupo em específico e atender a suas necessidades básicas. Dentro desta nova visão, você terá agora condições de ajudar muito mais estas pessoas, lidando com elas de forma mais adequada e dando as devidas orientações quando necessário. Tenha sempre em mente que saber respeitar os grupos vulneráveis é sobre tudo um gesto de humanidade. Conquistar a confiança e o reconhecimento destes grupos, é um indicativo de evolução para a segurança pública no Brasil. Por isto, não perca tempo! Comece hoje mesmo a colocar em prática o que aprendeu aqui. E bom trabalho! 80 Referências Bibliográficas • AMAS. Caderno de Formação Para o Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes. Belo Horizonte: 2007 – 1ª Edição. • BONDARUK, Roberson Luiz. O império das casas abandonadas: crianças e adolescentes “de rua” e