se não há atividades militares); - Quando a totalidade do território de um Estado ou parte desse tenha sido ocupado (inclusive se não tiver havido resistência armada a essa ocupação); - Quando povos lutam contra a dominação colonial, contra ocupação estrangeira ou contra regimes racistas, no exercício de seu direito à livre determinação; - Em um conflito armado não internacional: conflito armado que se desenvolve dentro do território de um Estado, e se as forças armadas de outro Estado não participam das operações militares. O DIH não se aplica às situações de violência menor, tais como supressão de motins, reuniões violentas, passeatas, manifestações violentas, desordens e atos isolados de violência análogos. Esses podem ser caracterizados como distúrbios ou tensões internas. Nesses casos se aplicará a legislação nacional do país em questão. Por que o policial deve conhecer o Direito Internacional Humanitário na Aplicação da Lei? De acordo com ROVER (2005, p. 149) as situações de conflito armado não eclodem espontaneamente. São um produto da deterioração do estado da lei e da ordem em um país, pelos quais as organizações de aplicação da lei possuem uma responsabilidade direta. Pela verdadeira natureza de seus deveres, o envolvimento prático dos encarregados da aplicação da lei em casos de manifestações de violência, distúrbios e tensões, que podem escalar em direção à guerra civil, requer deles que sejam cuidadosos – e capazes – de integrar os princípios de direito internacional humanitário e direitos humanos em suas operações e treinamento. Por essa razão, para o correto desempenho de sua atividade, certo nível de conhecimento do direito internacional humanitário é indispensável aos encarregados da aplicação da lei. 2.2 Princípios básicos do DIH São princípios básicos do Direito Humanitário: Trato Humano e não discriminação: toda pessoa deve ser tratada com humanidade e sem discriminação (sexo, nacionalidade, raça, crença religiosa ou política). Ex: os que estão fora de combate (combatentes que se renderam, feridos, enfermos, náufragos, prisioneiros de guerra), detidos, pessoas civis, pessoal sanitário e religioso. Necessidade Militar: toda atividade de combate deve justificar-se por motivos militares; estão proibidas as atividades que não sejam militarmente necessárias. São aquelas não proibidas pelo Direito 9 Humanitário e necessárias para derrotar o inimigo. Deve ser analisada juntamente com os princípios de distinção e proporcionalidade. Limitação: as armas e os métodos de guerra que podem ser utilizados são limitados. Estão proibidas as armas que causem sofrimentos desnecessários ou danos supérfluos. Ex: estão proibidas aquelas que causem ferimentos de impossível tratamento ou que causem morte lenta e cruel. Distinção: deve-se distinguir entre combatentes e não combatentes. Deve-se também distinguir entre objetivos militares (que podem ser atacados) e bens de caráter civil (que não podem ser atacados). Proporcionalidade: quando são atacados objetivos militares, as pessoas civis e os bens de caráter civil devem ser preservados o melhor possível de danos colaterais. Não devem ser excessivos os danos colaterais com respeito à vantagem militar direta e concreta esperada de qualquer ataque contra um objetivo militar. Boa fé: deve prevalecer a boa fé nas negociações entre as partes beligerantes. Essência do direito de guerra A essência do direito da guerra abrange: atacar somente alvos militares; poupar pessoas e objetos sujeitos à proteção que não contribuam com o esforço militar; não usar mais força do que o necessário para cumprir sua missão militar. 2.3 Divisão do DIH O DIH está dividido em: o Direito de Genebra, e o Direito de Haia. Estude sobre cada uma delas a seguir. 2.3.1 O Direito de Genebra O Direito de Genebra trata da proteção das vítimas de guerra, sejam elas militares ou civis, na água ou em terra. Protege todas as pessoas fora de combate, isto é, que não participam ou não estão mais participando nas hostilidades: os feridos, os doentes, os náufragos e os prisioneiros de guerra. As quatro Convenções de Genebra de 12 de Agosto de 1949 constituem o conjunto dessas normas de proteção. O Brasil ratificou as quatro Convenções em 29 de junho de 1957. A Primeira Convenção de Genebra visa melhorar a situação dos feridos e doentes das Forças Armadas em campanha. 10 A Segunda Convenção de Genebra visa melhorar a situação dos feridos, doentes e náufragos das Forças Armadas no mar. A Terceira Convenção de Genebra é relativa ao tratamento dos prisioneiros de guerra. A Quarta Convenção de Genebra protege a população civil em tempo de guerra. Importante! O Artigo 3º - comum a todas as quatro Convenções de 1949 - , tem sido chamado de uma «mini- convenção» por direito próprio, pois contém regras que são aplicáveis não só a conflitos internacionais, mas também a conflitos internos. Essas regras são hoje consideradas como sendo regras do direito internacional consuetudinário, isto é, uma coisa à qual os beligerantes estão obrigados, independentemente das obrigações que eles possam ter em relação a tratados. Elas representam um mínimo que tem de ser observado em todas as circunstâncias As convenções foram ampliadas e suplementadas pela adoção de dois Protocolos Adicionais de 10 de junho de 1977. O Brasil ratificou os dois Protocolos Adicionais em 05 de maio de 1992. Um terceiro Protocolo Adicional foi aprovado no ano de 2005. O Protocolo Adicional I trata também dos conflitos armados internacionais, incluindo guerras de libertação nacional, e destina-se particularmente a assegurar a proteção de civis contra os efeitos das hostilidades. O Protocolo Adicional II às Convenções de Genebra pode ser considerado como um desenvolvimento do Artigo 3. Ele contém regras mais detalhadas, aplicáveis no caso de um conflito armado interno. O Protocolo Adicional III complementa as Convenções de Genebra ao permitir o uso de um emblema distintivo adicional, conhecido como o cristal vermelho, podendo ser aplicado nas mesmas condições e situações da cruz vermelha e o crescente vermelho, emblemas reconhecidos desde o século XIX. 2.3.2 O Direito de Haia O direito de Haia preocupa-se mais com a regulamentação dos métodos e meios de combate, e concentra-se na condução das operações militares. O direito de Haia é, portanto, de interesse fundamental ao comandante militar em terra, mar e ar. São exemplos atuais do direito de Haia, e suas ratificações pelo Brasil: 11 Convenção sobre a proibição do desenvolvimento, produção, e destruição de armas biológicas e tóxicas (1972) – Brasil: 27 de fevereiro de 1973. Convenção sobre proibições e restrições do emprego de certas armas convencionais que causam danos excessivos (1980) – Brasil: 03 de outubro de 1995. Convenção sobre a proibição do emprego, armazenamento, produção e transferência de minas antipessoal e sua destruição (Tratado de Ottawa – 1997) – Brasil: 30 de abril de 1999. 2.4 Aplicação do DIH Observe que a aplicação do DIH em tempo de conflito armado é necessária pois: - Obriga juridicamente aos Estados e aos indivíduos nos Estados; - As graves violações do DIH são consideradas crimes de guerra que podem ser julgados perante tribunais, nacionais ou internacionais; - Sua aplicação: • Ressalta o profissionalismo dos integrantes das Forças Armadas; • Reforça a moral e a disciplina; • Tem o apoio da população civil; • Permite a reciprocidade, principalmente com relação