Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 Processos proliferativos não- neoplásicos (PPNN) São lesões que ocorrem normalmente na mucosa oral, e são caracterizados pela proliferação tecidual geralmente de natureza inflamatória. As lesões mais comuns são: • Hiperplasia fibrosa inflamatória (HFI); • Granuloma piogênico (GP); • Fibroma cemento-ossificante periférico (FCOP); • Lesão periférica de células gigantes (LPCG); Hiperplasia fibrosa É uma resposta proliferativa da mucosa bucal ao trauma, com formação excessiva de epitélio e conjuntivo fibroso, que se projeta de forma pedunculada ou séssil para a cavidade bucal. São lesões muito frequentes na cavidade bucal, felizmente não evoluem para neoplasias. Dependendo das características microscópicas pode ser classificada, microscopicamente, em inflamatória e/ou ulcerada. É mais comum que se desenvolvam por conta de próteses mal adaptadas. Ocorre geralmente nos rebordos alveolares, tanto na maxila quanto na mandíbula, na forma de projeções ou pregas fibras lineares, formando às várias camadas adjacentes. A sintomatologia depende da intensidade do trauma e da presença de ulcerações; mas na maioria das vezes não há sintomatologia dolorosa. O tecido conjuntivo é fibroso, e na região subepitelial pode haver acúmulo de células inflamatórias, geralmente linfócitos e plasmócitos. O tratamento é a remoção cirúrgica, eliminando-se, também, o trauma com a confecção de uma nova prótese (ou a adaptação), para evitar recidivas. ➢ Hiperplasia fibrosa por câmara de sucção (hiperplasia papilar) A câmara de sucção estimula a proliferação da mucosa para preencher o espaço entre o palato e a prótese, tendo, portanto, a forma e o volume da câmara. ➢ Hiperplasia fibrosa focal É semelhante a hiperplasia fibrosa inflamatória. É causada por trauma, mas, nem sempre, a irritação é determinada, podendo ser devida a hábitos de sucção da mucosa ou presença de dentes fraturados. Alguns autores chamam de fibroma, quando a alteração é nodular. É uma lesão menos extensa, porem mais localizada, podem apresentar de 1 – 2 cm de diâmetro; é comum na mucosa jugal, língua e lábio inferior, pode ser pedunculada ou séssil. O tratamento é cirúrgico. Granuloma piogênico É um tecido de granulação hiperplásico, correspondendo a reação excessiva a trauma ou a irritação crônica. Pode ser encontrada em qualquer área da mucosa bucal passível de trauma, como língua, lábio inferior e mucosa jugal. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 A gengiva interdental vestibular é o local mais frequente, devido a presença de biofilme e do espaço que permite o crescimento do tecido de granulação. Não causa reabsorção óssea. Geralmente tem o aspecto nodular, alveolar, as vezes sangra espontaneamente, pouco dolorido ou não. O aspecto clinico típico é a formação de massa exofitica, nodular, mole, superfície irregular; avermelhada, que sangra facilmente, e geralmente ulcerada por trauma secundário. A superfície ulcerada é recoberta por membrana fibrino- purulenta. OBS.: quando não tratado ele se tornar um grande volume de lesão, facilitando ainda mais a formação de ulceração por trauma secundário. As lesões podem ser pedunculadas ou sesseis, variando de 0,5 – 1cm de diâmetro; podem se encontradas em qualquer idade, em ambos os sexos, com uma ligeira predileção em mulheres. OBS.: durante a gravidez há um aumento da incidência dos granulomas piogênicos, provavelmente devido à má higiene bucal e aos efeitos dos estrógenos. Estes são chamados de granulomas gravídicos; mas não diferem, histologicamente, do granuloma piogênico. A superfície frequentemente está ulcerada, e nestes casos a inflamação é mais intensa. Se não houver ulceração, a quantidade de células inflamatórias é pequena ou, mesmo, ausente, predominando vasos e fibras, e, possivelmente, não possui sintomatologia dolorosa. OBS.: a ausência de ulceração e de sintomatologia dolorosa, faz com que essa pessoa mantenha a lesão na boca por mais tempo, pois não causa incomodo. OBS.: o termo piogênico é usado provavelmente pela presença de neutrófilos, não havendo, entretanto, a formação de pus. ➢ Granuloma de fístula Formação de tecido de granulação (Granuloma piogênico), o qual apresenta saída de trajeto fistuloso. ➢ Granuloma pós-extração Após a exodontia pode se forma, no alvéolo, um granuloma piogênico, devido a presença de um corpo estranho ou sequestro ósseo. O tratamento dos granulomas consiste na remoção cirúrgica, tomando-se cuidado de eliminar o fator irritante, para evitar recidivas. O granuloma gravídico pode, muito raramente, regredir após o parto, principalmente com boa higienização; porem na maioria dos casos é necessário a remoção cirúrgica. Fibroma ossificante periférico Aparenta clinicamente com o granuloma piogênico, também estando, muitas vezes relacionado a papila gengival entre os dentes podendo estar associado a uma restauração sobre contorno ou coroa, até mesmo ao excesso de placa bacteriana. É um aumento não neoplásico, exclusivo da gengiva; é considerada uma patologia inflamatória que surge em resposta a vários tipos de agressões que se caracterizam por serem nodulares, elas apresentam em seu interior uma quantidade variável de tecido fibroso, células gigantes, material osteóide ou calcificações e vasos sanguíneos. Geralmente se apresenta como um nódulo exofítico bem delimitado, de vase séssil ou pedunculada, consistência firme e fibrosa, de coloração semelhante a mucosa ou mais pálido, e textura superficial lisa ou ulcerada quando submetida a injúrias. Trata-se de uma lesão de crescimento lento, frequentemente na margem gengiva marginal livre e papila interdental, é predominante em maxila, sobretudo a porção anterior com a maioria dos casos ocorrendo na região entre canino e incisivo. OBS.: diferente do granuloma piogênico que pode ser encontrado em qualquer região. A patologia surge como resposta tecidual a estímulos crônicos de longa duração, ou seja, o tecido gengival reage em resposta a fatores irritantes como placa e cálculo subgengival, dentes mal posicionados, restaurações com sobre contorno, próteses mal adaptadas, restos radiculares, dentes em mal estado, corpos estranhos no sulco gengival e tratamento Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 ortodôntico. Há uma proliferação de células mesenquimais e ligamento periodontal e/ou cemento que são induzidas por esses irritantes locais. O deslocamento e mobilidade dos dentes são incomuns, a menos que haja doença periodontal preexistente ou caso os dentes estejam erupcionando. Radiograficamente, dependendo do tempo de desenvolvimento e do grau de maturação da lesão, são observados em seu interior focos radiopacos dispersos que caracterizam diferentes tipos de calcificações como osso lamelar maduro, osso imaturo, focos de calcificação distrófica e um material amorfo circunscrito que alguns autores denominam de “cemento-like”. Através do exame radiográfico, pode-se, também, averiguar uma zona radiolúcida de erosão superficial próximo a área de implantação da lesão, osso adjacente ou crista alveolar. O tratamento é cirúrgico, e a excisão deve ser profunda e incluir o periósteo e o ligamento periodontal envolvido, com a finalidade de evitar recorrência, a qual tem um índice elevado. Em geral o prognóstico para essa lesão é favorável e requer a proservação do paciente para evitarrecidivas. A terapêutica utilizada para fibroma ossificante periférico consiste na remoção cirúrgica da lesão e eliminação dos fatores irritantes. Lesão de células gigantes Que são divididas em lesões centrais ou periféricas; são encontrados em pacientes que variam entre 2 a 80 anos, são mais notados na mandíbula de mulheres (sendo mais frequente nos ossos gnáticos). ➢ Periféricas Caracteriza-se pela presença de grande quantidade de células gigantes, geralmente associada a vasos sanguíneos (o que confere um aspecto mais arroxeado/avermelhado). Clinicamente, apresenta-se como um nódulo séssil ou pediculado, avermelhado, as vezes com ulceração, surge na gengiva e rebordo alveolar de incisivos e pré-molares. Pode causar erosão da superfície óssea, em forma de taça; a presença na gengiva e rebordo alveolar, sugere a origem dos osteoclastos do ligamento periodontal ou periósteo. Radiograficamente a lesão de células gigantes periféricas, pode aparecer como uma área radiolúcida no osso subjacente à lesão e eventualmente quando houver presença de dentes adjacentes à lesão, pode ser observada destruição superficial da crista óssea interdental. Não é uma lesão encapsulada, e eventualmente, encontram-se trabéculas ósseas. Se não houver ulceração, a lesão está separada do epitélio por zona normal. O tratamento é cirúrgico, podendo ocorrer recidivas. Deve-se sempre descartar a possibilidade de ser uma lesão central. ➢ Centrais Ocorre nas áreas de suportes dos dentes, mais frequentemente na mandíbula, em crianças e adultos jovens do sexo feminino. Geralmente é um achado radiográfico casual, mas em casos de crescimento rápido provoca dor, parestesia, mobilidade dentária, assimetria facial e eventualmente exteriorização como se fosse um LPCG. Radiograficamente, mostra áreas radiolúcidas, com limites mal definidos. É comum o deslocamento dos dentes envolvidos e reabsorção das raízes. Podendo ser confundida com várias lesões. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 O tratamento é feito com curetagem, embora as lesões mais agressivas precisam de tratamento cirúrgico, uso de corticoides, catecolomaninas e interferon-alfa-2ª. Complemento: https://bit.ly/ppnn-patoral Referências: SCULLY, C. Medicina oral e maxilofacial: bases do diagnóstico e tratamento. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. NEVILLE, B. W.; ALLEN, C. M.; DAMM, D. D.; et al. Patologia: Oral & Maxilofacial. 4ª Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. https://bit.ly/ppnn-patoral
Compartilhar