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FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

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por que comemos? 
Não é apenas pelo simples fato de nutrir o 
corpo e obter energia, mas também por 
motivos afetivos, sociais, culturais, 
comportamentais, genéticos, econômicos, 
entre outros. 
 
a alimentação na história do mundo 
Idade da Pedra: 
Caça, pesca, coleta de frutos e raízes  
preferência por gordura com fins de 
sobrevivência (escassez de alimentos = 
seleção natural). 
 Durante milhares de anos  a 
coleta e produção de alimentos 
tinham como objetivo primordial a 
garantia de vida – passavam por 
privação energética, como passavam 
muito tempo caçando, assim que 
conseguiam, já se alimentavam em 
grande quantidade. 
 A comida era basicamente composta 
por alimentos frescos, a dieta era 
adequada aos biomas locais e à 
sazonalidade. 
 Sal e o açúcar eram inexistentes ou 
pouco disponíveis e havia um alto 
 
 
 
desempenho de atividade física (não 
itencional). 
 
Roma e Grécia Antiga: 
 Prevalência de agricultura e pecuária 
– introdução do plantio, coleta de 
frutos, possuindo certo domínio sob 
a alimentação. 
 A alimentação vem com outros fins: 
sociais, poder, fartura de alimentos, 
vômito para aumentar consumo em 
banquetes (festejos, bacanal  
hedonismo = refere-se a prazer). 
 
Idade Média: 
 Na Roma também acontecia 
relacionada a monarquia possuir 
fartura (pelo simples fato da riqueza, 
do poder), enquanto a plebe vivia na 
miséria – não existia meio termo 
entre essas classes e suas 
situações. 
 
Séculos XX, XXI: 
FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR 
 O alimento ganha um aspecto social, 
tendo facilidade de consumo (não 
precisa ser rico para se alimentar) – 
mais acessível a outras faixas de 
renda. 
 Introdução dos fast foods – 
alimentação rápida –, alimentação 
calórica (gorduras e açúcares). 
 A comida ganha uma cara de 
passatempo – associado a beliscadas 
em momentos de tédio, por exemplo. 
 Conexões com o alívio de estresse. 
= fartura energética. 
 
Últimos 200 anos: 
Houve uma mudança grande no estilo de se 
alimentar, com destaque para: 
 Consumo majoritário de alimentos 
industrializados, altamente 
carregados de conservantes, 
gorduras hidrogenadas e de 
glutamato monossódico. 
 Diminuição e a ausência do uso das 
plantas aromáticas e condimentares. 
 Grande disponibilidade de alimentos de 
baixa qualidade nutricional, 
acompanhados da redução drástica 
da diversidade dos alimentos 
consumidos. 
 Distanciamento entre alimento, 
biomas locais e sazonalidades. 
 Significativas mudanças do estilo de 
vida ativo para o sedentarismo. 
 Impessoalidade do ato de se 
alimentar corroendo laços milenares 
das relações simbólicas do comer e 
da sociabilidade. 
 Desapropriação de saberes 
tradicionais relacionados à interação 
que o alimento propicia entre o ser 
humano e natureza. 
 Desqualificação do alimento como 
fonte primordial da vida e a sua 
progressiva configuração como 
mercadoria – a troca do que o 
alimento significa para um produto 
alimentício de prateleira. 
“Novo ser humano refém de um modelo 
produtivo altamente perverso com 
resultados negativos visíveis e mensuráveis 
aos seus corpos.” 
= obesidade, sobrepeso, DCNT, deficiências 
de micronutrientes, desvios de CA. 
 
Artigo: Antropologia da Alimentação 
Recapitula a alimentação com os seres 
humanos relacionada as relações a partir 
de sua evolução. 
comportamento alimentar 
Conjunto de ações relacionadas ao alimento, 
que envolve desde a escolha até a ingestão, 
bem como tudo a que ele se relaciona, 
exigindo consciência, demandando mais 
atenção e energia. 
Diferentemente, o hábito alimentar é a 
resposta do indivíduo frente ao alimento 
ficando caracterizado pela repetição desse 
ato, na maioria das vezes de forma 
inconsciente. 
O comportamento alimentar promove o 
hábito alimentar! 
 
“Comer é um ato social que vai para além 
das necessidades básicas da alimentação, 
indispensável ao desenvolvimento dos 
valores vitais, comum à todo ser humano, 
além de estar associado com as relações 
sociais, às escolhas inseridas em cada 
indivíduo através de gerações e às 
sensações proporcionadas pelos sentidos.” 
 
O comportamento alimentar tem duas 
principais funções: 
 Manter a quantidade de nutrientes 
necessários para a sobrevivência do 
indivíduo (processos fisiológicos). 
 Prazer liberado durante o ato de 
comer, liberando neurotransmissores 
responsáveis pelo prazer e bem-
estar. 
Ambas funções só podem ser realizadas se 
existir motivação  impulsos internos que 
levam o indivíduo a realizar ajustes 
corporais e comportamentais. 
 
fatores determinantes: 
 Fatores filogenéticos e ontogenéticos 
 Fatores biológicos e fisiológicos 
 Fatores psicológicos 
 Fatores sociais, culturais e religiosos 
 Fatores intrínsecos ao alimento 
 Fatores extrínsecos 
 Fatores socioeconômicos 
 
FILOGENÉTICOS E ONTOGENÉTICOS 
Filogênese é a “história da evolução de uma 
espécie ou qualquer grupo 
hierarquicamente reconhecido” (Costa e 
Melo, 1999). 
Ontogênese “traduz o conjunto de 
transformações embrionárias e pós 
embrionárias pelas quais passa o organismo 
vertebrado, desde a fase de fecundação 
até a forma adulta e envelhecimento” 
(Gouid, 1977). 
 
FATORES BIOLÓGICOS, FISIOLÓGICOS 
E PSICOLÓGICOS 
O hipotálamo, centro integrador de diversos 
comportamentos, incluindo o alimental, se 
relaciona com sinais periféricos advindos 
dos tecidos periféricos (leptina, gastrina, 
grelina, colestoquinina, entre outras), que ao 
chegar ao hipotálamo obtêm outras 
respostas, seja com sinais orexígenos 
(estimulam a fome) ou anorexígenos 
(reduzem a fome). 
O psicológico está muito associado aos 
pensamentos, sentimentos e emoções. 
 
FATORES SOCIOCULTURAIS E 
RELIGIOSOS 
Fazer refeições compartilhada com a 
família – é importante as relações sociais 
associadas a comida. 
A cultura é bastante variável e que 
influencia a alimentação do indivíduo, 
trazendo um valor afetivo, e, 
consequentemente, o comportamento 
alimentar. 
Na religião cristã é muito comum na páscoa 
fazer refeições com peixe, assim como 
outras religiões de matriz africana têm 
outras preparações para rituais. 
 
FATORES INTRÍNSECOS AO ALIMENTO 
Os sentidos são um dos exemplos de 
fatores intrínsecos – a textura, o sabor 
que o alimento traz, assim como o cheiro, 
que envolve uma memória afetiva, além do 
olfato, exemplificando o som da crocância, 
além de preferências pelos doces ou 
salgados  visual. 
 
FATORES PESSOAIS 
Está ligado a preferências e aversões 
alimentares, além de alergias e/ou 
intolerâncias alimentares – está muito 
associada também a parte psicológica. 
As aversões estão relacionadas, em alguns 
casos, a uma hiperexposição que o indivíduo 
tem, normalmente na fase da infância, por 
precisar comer muito (podendo ter sido por 
obrigação) determinado alimento e não 
gosta, ou simplesmente por ter uma 
experiência negativa e não gosta. 
FATORES EXTRÍNSECOS/AMBIENTAIS 
DESERTOS ALIMENTARES: 
Regiões da cidade em que encontrar 
alimentos in natura ou minimamente 
processados é bem difícil. 
Área central da cidade – maior 
concentração de varejos de alimentos e de 
feiras-livres. 
Áreas periféricas – maiores 
concentrações de pequenos comércios 
varejistas. Esses estabelecimentos 
comercializam, em sua grande maioria, 
alimentos processados e ultraprocessados 
e raramente alimentos in natura. Isso 
mostra a ampla infiltração da indústria 
alimentícia, enquanto alimentos frescos e 
vindos direto do produtor têm dificuldades 
de penetração = desertos alimentares. 
 
PÂNTANOS ALIMENTARES/AMBIENTES 
OBESOGÊNICOS: 
São locais onde há uma grande quantidade 
de alimentos processados e 
ultraprocessados, ricos em açúcares, o que 
favorece os ambientes obesogênicos – 
estimulam ganho de peso e obesidade. 
 
= é importante refletir sobre a insegurançaalimentar – o acesso que o indivíduo têm na 
região que vive –, e entender o ambiente 
que rodeia o mesmo, além da questão do 
custo, pois estas questões determinam as 
preferências. 
 
Há os fatores relacionados a ambientes 
estressores – contribuem para algumas 
escolhas alimentares. 
Além das mídias sociais/publicidade, que 
influenciam totalmente questões de imagem 
corporal, escolhas alimentares, entre 
outras. 
 
FATORES SOCIOECONÔMICOS 
Fome – totalmente relacionado ao poder 
aquisitivo de pessoas/famílias/populações: 
 Desejo ou necessidade urgente de 
alimento; sensação causada pela 
necessidade de comer; grande 
apetite, apetência. 
 Estado de fragilidade provocado pela 
falta prolongada de alimento, 
carência alimentar; desnutrição, 
subalimentação, subnutrição. 
 
comportamento alimentar 
contemporâneo 
 Globalização – a questão da 
tecnologia passando por cima de 
muita coisa e mudando a rotina e 
hábitos dos indivíduos; 
 Escassez de tempo para o preparo 
e consumo mais prático – alimentos 
congelados e mais práticos são mais 
requeridos; 
 Produtos com novas técnicas de 
conservação e preparo; 
 Deslocamento das refeições de casa 
para rua – perda da prática do 
preparo e compartilhamento do 
momento com os familiares; 
 Desvalorização da cultura alimentar; 
 Alimentação (alimento) como 
ferramenta publicitária – com poder 
mercadológico; 
 Alimentação como ritual 
individualizado; 
 Transição nutricional na oferta de 
alimentos de maior densidade 
energética, “saborosos”, maiores 
porções e de custo relativamente 
acessível. 
 
alguns fatores que afetam o 
comportamento alimentar 
 Valorização da vontade individual: 
 “só é gordo quem quer”  
gordofobia. 
 Alterações na interpretação da 
imagem: 
 Autoimagem negativa – ditada 
por critérios externos. 
 Supervalorização do corpo e 
sensações vinculadas ao consumo: 
 Prazer imediato. 
 
Artigo: Joint international consensus 
statement for ending stigma of obesity 
“A idade que a obesidade é uma “escolha” é 
um equívoco, inconsistente com as 
evidências lógicas e científicas, mostrando 
que a obesidade resulta principalmente de 
uma combinação de fatores genéticos, 
epigenéticos e ambientais.”

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