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Psicodiagnóstico V, cap 34 Desenho da Família

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Desenho da Família
Psicodiagnóstico V, cap. 34 – Desenho da Família
Administração
- Na administração, geralmente se solicita ao sujeito que desenhe a sua família e, a seguir, se pede que nomeie as figuras desenhadas
- Não há outras instruções, a não ser a de oferecer ao sujeito algum encorajamento, se há indícios de hesitação ou, mesmo, de confusão
- Corman (1967) propôs que, após a representação da família imaginária, se introduza um questionário, para que o sujeito indique, dentre os diferentes membros, qual é considerado o melhor, o pior, o mais infeliz, o mais feliz e qual o seu preferido. Além de quem ele seria e as razões da escolha desse personagem de identificação
- Corman era contra o uso de borracha, preferia entregar uma folha nova quando a pessoa desejava suprimir uma figura
Interpretação
- Não existe um roteiro padronizado para a interpretação do desenho da família
- A impressão geral transmitida pelo desenho parece ser explícita ou implicitamente valorizada por vários autores
- Há mais ênfase nos sentimentos do sujeito em relação à sua família do que no estilo das pessoas individuais
Hulse:
- Sugeriu a utilização do desenho da família como técnica projetiva, propunha uma abordagem gestáltica como especialmente útil para explorar aspectos psicodinâmicos revelar precocemente conflitos da criança, a percepção que ela tem de sua família, bem como seus sentimentos e atitudes em relação aos diferentes membros
- Hulse achava importante considerar o tamanho de cada pessoa representada, a distância das figuras entre si e a sua posição no papel 
- Só secundariamente ele se detinha na distribuição sequencial das figuras, nas omissões, nos exageros caricaturescos, no sombreado e em outros tipos de ênfase
Campos:
- Para Campos, há omissão do próprio sujeito na representação da família, quando ele não se sente nela incluído, não recebe afeto ou se há um problema de rejeição.
- Tanto a distribuição sequencial, como ênfases especiais no desenho de algum membro da família, podem se relacionar com a valência afetiva que ele tem para o sujeito
- Se o próprio sujeito se coloca em primeiro lugar, a hipótese é de egocentrismo e, se em último, de cerceamento
- A representação de algum membro da família em negrito pode identificar um conflito com essa pessoa.
- Uma figura riscada pode indicar simbolicamente o desejo de afastá-la da família ou subentender um desejo de sua morte
- Se um membro da família é circunscrito num círculo, pode ter essa mesma significação ou pode denotar uma ênfase especial por razões afetivas ou circunstanciais
- A inclusão de pessoas já falecidas pode sugerir fixação
- Se a família é desenhada em grupos que se distanciam uns dos outros, há uma hipótese de divisão na constelação familiar
Hammer:
- Considera valioso o desenho da família se o psicólogo está interessado “na percepção que o paciente tem de si mesmo na família e/ou na percepção de sua relação com as figuras parentais e dos irmãos”
- Considera o tamanho muito importante, mas chama a atenção para a existência ou não de uma relação entre tamanho e idade:
· Tamanhos diversos para representar gêmeos podem revelar sentimentos diferenciados para com esses membros da família. 
· A criança que desenha um irmão menor de igual tamanho ao seu está pressupondo que ele represente uma figura competitiva, ameaçadora para sua posição na família
· Se um adulto desenha a si próprio no colo materno está manifestando tendências regressivas.
- Outra relação que esse autor estabelece é entre proximidade ou afastamento das figuras e distância emocional entre as pessoas desenhadas:
· Membros da família distantes uns dos outros configuram um grupo familiar desunido
· Uma criança pode se colocar, no desenho, ao lado de um dos pais, demonstrando suas próprias preferências ou efeitos do conflito edípico
· O distanciamento afetivo pode ter uma representação simbólica pela interposição de elementos extras entre membros da família
- É importante observar a expressão facial que o sujeito empresta a cada figura
- A inclusão ou a omissão do próprio sujeito se associa com a presença ou não de um sentimento de pertinência
- A omissão de irmãos pode denunciar sentimentos de rivalidade
- Se os membros da família são representa dos por figuras muito diferenciadas (ex.: marcianos), isso pode significar que somente num plano muito distante do nível de realidade ele pode conceber um maior contato ou integração com eles, o que também sugere que busca refúgio na fantasia.
- Hammer leva em conta aspectos formais e estruturais de cada figura e, em especial, da que representa o próprio sujeito, integrando dados relativos ao grupo familiar com hipóteses interpretativas do desenho da figura humana
Corman:
- Diferencia três níveis de interpretação do desenho de uma família: o nível gráfico, o das estruturas formais e o do conteúdo
- No nível gráfico, leva em conta:
· A amplitude: associa-se com expansão vital ou inibição
· A força: representa a força dos impulsos, com liberação ou inibição dos instintos
· O ritmo do traçado: subentende-se como o sujeito desenvolve a tarefa de forma mais espontânea ou, numa repetição simétrica de traços, pontos
· A localização na página: a parte superior representa a expressão da fantasia, e a inferior, de ausência de fantasia, de energia, como zona de depressão, o lado esquerdo se relaciona com o passado, e o lado direito, com o futuro, enquanto os lugares que ficam vazios significam zonas proibidas
· A movimento do traçado: da esquerda para a direita tem um sentido progressivo e, da direita para a esquerda, tem um sentido regressivo
- No nível das estruturas formais, a representação da figura humana é pressuposta como o esquema corporal do sujeito, sendo possível avaliar a sua maturidade e a presença de transtornos do esquema corporal.
- Leva em conta, neste nível, uma diferenciação em tipos de representação das figuras, como as mais espontâneas, em que predominariam linhas curvas, e as mais rígidas, em que se salientam as linhas retas
- É em nível de conteúdo que são principalmente considerados os aspectos projetivos do desenho “as defesas operam de forma mais ativa, as situações geradoras de ansiedade são afastadas mais resolutamente, e as identificações se regem, de bom grado, pelo princípio do poder”
- Antes de qualquer interpretação num sentido projetivo, recomenda que se examine em que medida o desenho obedece ao princípio de realidade ou resulta puramente da fantasia do sujeito, que, então, projetará tendências pessoais diversas em personagens distintos
- Recomenda-se, também, não fazer uma interpretação às cegas, mas buscar uma “convergência de indícios” em dados de outras fontes para a confirmação das hipóteses levantadas a partir do desenho
- Neste nível, deve-se ficar atento a valorização do personagem principal, a desvalorização de um personagem, a distância entre as figuras e a presença de representações simbólicas
- O personagem principal é o mais importante, as relações do sujeito com ele são especialmente significativas
- A desvalorização implica intentos de negação, que é indicada, frequentemente, pela omissão total de uma figura ou de detalhes dela, pelo tamanho menor que as outras figuras; pela colocação sequencial em último lugar; por sua localização distanciada das demais, horizontalmente ou em plano inferior; por sua representação menos caprichada, cuidada ou detalhada; por ser depreciada etc.
- A distância entre as figuras associa-se com dificuldades no relacionamento
- A inclusão de animais, domésticos ou selvagens, serviriam para expressão mais livre de diferentes tendências pessoais, que podem ser mascaradas como se trata de representações simbólicas, deve-se tentar analisar a sua possível significação
- Corman (1967) dá uma ênfase importante à interpretação dos conflitos infantis
Groth-Marnat 
- Salienta a forma como as figuras são representadas, bem como a ordem sequencial em que aparecem
- Valoriza, especialmente, a primeira colocação, que identifica a pessoa com a qual estão associados os sentimentosmais fortes
- A omissão do sujeito é explicada por ausência de poder ou de influência na família
- Variações no traçado, borraduras ou o uso da cor podem indicar sentimentos em relação a membros familiares específicos
- No desenho cinético da família, a dinâmica das relações familiares é especialmente focalizada, sendo importante identificar a presença ou a natureza das interações
- Se um membro da família é representado em posição precária ou no verso do papel, pode-se pressupor a existência de tensão ou, mesmo, de conflito não resolvido
- No caso de o sujeito não bem desenhado, há “insegurança quanto aos seus sentimentos de pertencer à família
- Qualquer ênfase numa figura identifica uma característica marcante ou um envolvimento específico Figuras em plano mais elevado associam-se com sentimentos de dominação e braços estendidos podem sugerir “uma tentativa de controle do ambiente
Burns e Kaufman 
- Lembram que a ação de cozinhar simboliza uma figura materna protetora, enquanto a atividade de limpar se associa “com mães compulsivas que se preocupam mais com a casa do que com a gente que a habita”
- O pai, que é representado guiando um carro ou no trabalho, parece não estar tão integrado na família como aquele que está lendo o jornal, pagando as contas ou brincando com os filhos 
- Determinadas dificuldades no relacionamento podem transparecer no estilo do desenho, por exemplo: compartimentalização, que denuncia isolamento (pessoas podem ser representadas encapsuladas ou enquadradas de forma simbólica), podem ser colocadas barreiras entre as figuras, denotando um bloqueio da energia emocional e o significado disso varia com qual objeto está intercedendo
· Bolas: interação, competitividade
· Luz e fogo: representações concretas de sentimentos positivos na interação (afeto e amor), embora “fogo” possa subentender raiva por falta de gratificação das necessidades
correspondentes
· Nuvens pesadas: preocupações e depressão.
- Se há sentimentos de instabilidade, o sujeito pode “tentar criar alguma estabilidade, sublinhando todo o desenho ou os indivíduos com os quais as suas relações parecem instáveis”
Caso Ilustrativo
Informações básicas
César é um menino de 10 anos de idade, que tem uma irmã gêmea e um irmão de 12 anos. O pai deixou de ser funcionário público quando ficou com um defeito na perna e um problema de visão, por causa de um acidente, passando a trabalhar como pipoqueiro na frente do colégio de César. Este o auxilia, diariamente, a empurrar a carrocinha de pipoca até o portão da escola, indo buscá-lo à tardinha. A mãe trabalha como balconista de uma grande loja, tendo melhor remuneração que o marido. Conseguiu para o filho mais velho, que também trabalha como office-boy de um banco, uma bolsa de estudos num colégio particular. É o filho para quem a mãe “passa bem as roupas”, “compra roupas” e com quem conversa. Afirma que ele “vai ser alguém na vida” (sic). Ellen, a irmã gêmea de César, mora com os padrinhos, pessoas de posses que lhe dão tudo, porque não têm filhos. Visita a família nos fins de semana, e a mãe quer que ela “estude e faça um bom casamento” (sic).
Motivos do encaminhamento
César foi encaminhado pelo SOE à psicóloga porque tem se isolado dos colegas, não brinca no recreio e, às vezes, chora. Diz não gostar de sua casa, porque fica muito só. 
Interpretação
A figura mais importante, talvez por uma questão de identificação, é o pai. Foi desenhada em primeiro lugar. Nota-se que foi representado com seu defeito físico (com uma perna mais curta) e com chapéu, indicando que precisa de proteção.
A mãe é a figura maior, possivelmente por ser quem trabalha mais, recebe melhor ordenado e comanda a organização da casa.
O irmão mais velho, Robson, é representado próximo da mãe e num plano superior aos dos irmãos, o que condiz com o fato de ser mais valorizado por ela. Mas, mesmo sendo mais velho, sua figura é menor que a de César, o que se relaciona, por certo, à competição entre ambos e com o desejo deste de que Robson seja inferior a ele.
Ellen, a irmã gêmea de César, é desenhada em tamanho maior que ele, inclusive maior que todas as figuras do sexo masculino, assim como a mãe é a maior da família. Evidencia-se a valorização das figuras femininas, talvez em função do papel da mãe, que é o mais produtivo da família.
César sente-se o mais rejeitado, o menor. É o último a ser representado, distante de todos. Desenha-se depois da irmã, apesar de esta ter a mesma idade. Identifica-se com o pai (pelo desenho), mas também não se aproxima dos demais. Permanece de braços abertos, mas não dá nem recebe. O sentimento de rejeição fica evidente, assim como a valorização dos irmãos ou, mais especificamente, da irmã, embora valorize mais o pai, com quem se identifica. 
As figuras são pobres, com expressão humilde, sem adornos. Falta riqueza expressiva. Além disso, não há uma percepção integrada da estrutura familiar (as figuras estão distantes, flutuando), o que denuncia a distância afetiva, que é real na família.
Tais dados foram corroborados por outros de outras fontes, durante o processo psicodiagnóstico.

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