Buscar

Sarcopenia: perda muscular associada ao envelhecimento

Prévia do material em texto

Andressa Marques – medicina UFR 
SARCOPENIA 
→Do grego SÁRX: carne + PENIA: perda/escassez → PERDA DE CARNE/DE MÚSCULO; 
→Trata-se de um distúrbio progressivo e generalizado do músculo esquelético associado ao aumento 
da probabilidade de resultados adversos, incluindo quedas, fraturas, incapacidade física e 
mortalidade; 
→A perda muscular associada à idade é uma das principais características do envelhecimento, sendo 
mais frequente nos indivíduos fisicamente inativos, todavia, também pode afetar pessoas ativas; 
→A sarcopenia é uma síndrome que afeta predominantemente idosos e, além da perda de massa 
muscular, há redução da resistência e qualidade muscular combinadas ao declínio da aptidão física, 
que combinados compõem a definição mais apropriada da sarcopenia (ou seja, a qualidade muscular 
também é prejudicada, aspectos micro e macroscópicos da arquitetura e composição muscular); 
→Sua prevalência varia ente 3-30%, atingindo 5-13% acima dos 60 anos e mais de 50% a partir da 
9ª década; 
→Dentre as causas mais importantes de sarcopenia destacam-se o declínio dos hormônios, das 
junções neuromusculares, aumento da inflamação, diminuição da atividade física e nutrição 
inadequada. 
→Critérios para o seu diagnóstico: baixa massa muscular + baixa resistência muscular e performance 
física comprometida (funcionalidade diminuída); 
→Por meio da densitometria óssea ou bioimpedância e testes como preensão palmar ou velocidade de 
marcha, estabelece-se que aqueles com valores menores que 2 desvios-padrão abaixo do esperado 
para jovens saudáveis receberiam o diagnóstico de sarcopenia; 
 
➢ CLASSIFICAÇÕES 
→Pode ser classificada em sarcopenia de causa primária ou relacionada à idade (ou seja, quando 
nenhuma outra causa específica é evidente) e sarcopenia secundária, quando uma ou mais condições 
não relacionadas à idade estão presentes; (a secundária é subdividida em sarcopenia relacionada à 
inatividade física, à doença específica _ doença inflamatória, malignidade, endocrinopatia _ e as 
associadas à nutrição _ dieta deficiente, alterações intestinais, anorexia relacionada a medicamentos. 
 
→Sarcopenia aguda: < 6 meses (geralmente está relacionada a uma doença ou lesão aguda) 
→Sarcopenia crônica: ≥ 6 meses (provavelmente está associada a condições crônicas e progressivas 
e aumenta o risco de mortalidade) 
→OBESIDADE SARCOPÊNICA: condição de redução da massa corporal magra no contexto do 
excesso de adiposidade. É mais frequente em pessoas idosas (aumenta risco e prevalência com a 
Andressa Marques – medicina UFR 
idade); a obesidade exacerba a sarcopenia, aumenta a infiltração de gordura no músculo, diminui a 
função física e aumenta o risco de mortalidade. 
FISIOPATOLOGIA 
→Inclui aspectos internos: redução da produção dos hormônios 
anabólicos como testosterona, estrogênio e hormônio de 
crescimento; aumento da apoptose das fibras musculares e das 
citocinas inflamatórias como TNF-alfa e IL-6; estresse oxidativo 
em decorrência do acúmulo de radicais reativos do oxigênio; 
mudança na atividade mitocondrial das células musculares e 
redução de neurônios motores. E aspectos externos: dieta 
insuficiente de proteínas, deficiência de vitamina D, imobilização 
prolongada e doenças relacionadas a idade com produção de 
citocinas pró-inflamatórias que induzem proteólise. 
→Com envelhecimento temos alterações nos fatores sistêmicos e 
hormonais relacionados na construção e desconstrução das 
proteínas (ou seja, temos mudanças em seu metabolismo). Os idosos tem uma redução da ação do 
hormônio do crescimento (GH) e insulina, bem como aumento da atividade das citocinas e hormônios 
catabólicos, como o cortisol e a miostatina; 
→Ademais, com o envelhecimento, também temos mudanças relacionadas à elasticidade do sistema 
tendão-músculo – os tendões (os mais fracos da corrente) são os reguladores de todas as conexões 
da região, inclusive músculo-ósseo, ou seja, eles possuem um papel essencial no movimento do corpo, 
pois transmitem a tensão entre ossos e músculos. As modificações no movimento são intimamente 
relacionadas às propriedades mecânicas do tendão, que, em conjunto com os músculos, exercem um 
efeito integrado. Logo, a perda da elasticidade dos tendões acaba levando à diminuição da capacidade 
de contração do músculo. 
 
➢ QUAL A RELAÇÃO ENTRE FRAGILIDADE E SARCOPENIA? 
 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
DIAGNÓSTICO 
→Requer medidas objetivas de resistência e massa muscular – velocidade de marcha, circunferência 
da panturrilha, bioimpedância, força de preensão palmar, densitometria com fonte de raios X (DXA) 
e métodos de imagem (TC e RM); 
→GUIDELINES: 
• Baixa força muscular como o principal parâmetro da sarcopenia 
• A força muscular é atualmente a medida mais confiável da função muscular 
• Especificamente, a sarcopenia é provável quando é detectada baixa força muscular 
• O diagnóstico é confirmado pela presença de baixa quantidade ou qualidade muscular 
• Quando baixa força muscular, baixa quantidade/qualidade muscular e baixo desempenho físico 
são detectados, a sarcopenia é considerada grave 
 
 
QUANDO SUSPEITAR DE SARCOPENIA? 
➢ Queda, sensação de fraqueza, velocidade de caminhada lenta, dificuldade em levantar-se de 
uma cadeira ou perda de peso / massa muscular → APLICAR QUESTIONÁRIO SARC-F 
SARC-F tem uma sensibilidade baixa a moderada e uma especificidade muito alta para prever baixa 
força muscular → logo, detectará principalmente casos graves; trata-se de um método bom para ser 
utilizado em triagem de risco de sarcopenia, uma vez que é barato e relativamente fácil de ser 
aplicado 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
→PARÂMETROS DE MENSURAÇÃO EM SARCOPENIA: 
• FORÇA MUSCULAR 
• QUANTIDADE/MASSA MUSCULAR 
• PERFORMANCE FÍSICA/DESEMPENHO FÍSICO 
 
FORÇA MUSCULAR 
➢ Força de preensão palmar 
Por quê? Trata-se de um método simples e barato e é um forte preditor de maus desfechos 
Como medir? Dinamômetro portátil 
A força de preensão se correlaciona com a força em outros compartimentos do corpo, por isso serve 
como um substituto confiável para medidas mais complicadas de força de braço e perna 
 
➢ Teste de levantar da cadeira 
Avalia a força dos músculos da perna (grupo muscular do quadríceps) 
Como? Cronometrando quanto tempo um paciente leva para se levantar e sentar na cadeira 5 vezes 
Requer força e resistência 
Alterado se > 15 segundos 
 
QUANTIDADE/MASSA MUSCULAR 
➢ RM e TC são consideradas padrões-ouro para avaliação não invasiva da quantidade/massa 
muscular → todavia, tem o contra de ser de difícil acesso e pontos de corte não bem definidos 
➢ DENSITOMETRIA DE COMPOSIÇÃO CORPORAL (DXA) é o instrumento mais amplamente 
disponível para determinar a quantidade muscular (massa corporal total de tecido magro ou 
massa muscular esquelética apendicular) de forma não invasiva 
Fundamentalmente, a massa muscular está correlacionada com o tamanho do corpo, ou seja, indivíduos 
com um tamanho corporal maior normalmente têm maior massa muscular. Assim, ao quantificar a 
massa muscular, o nível absoluto de massa deve ser ajustado para o tamanho do corpo, usando altura 
ao quadrado, peso ou IMC. 
 
 
PERFORMANCE FÍSICA/DESEMPENHO FÍSICO 
➢ VELOCIDADE DE MARCHA 
O que é? Teste de velocidade de caminhada usual de 4 metros 
Andressa Marques – medicina UFR 
Como? Velocidade medida manualmente com um cronômetro 
Sarcopenia grave se ≤ 0,8 m/s (ou ≥ 5 segundos ao todo) 
 
➢ TIMED-UP AND GO (TUG) 
 
 
Alterado se ≥ 20 segundos 
 
➢ SHORT PHYSICAL PERFORMANCE BATTERY (SPPB) 
O que é? Uma combinação de dados dos testes de velocidade da marcha, de equilíbrio estático e de 
força de MMII (força medida indiretamente por meio do teste de senta-levanta) 
A pontuação final da SPPB é dada pela soma dos três testes, podendo variar de o a 12 
Baixo desempenho físico se ≤ 8 pontos 
 
➢ TESTES E FERRAMENTAS ALTERNATIVOSOU NOVOS 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
 
→VALORES DE CORTE 
 
 
 
TRATAMENTO 
Andressa Marques – medicina UFR 
→MEV – alimentação apropriada, exercícios e evitar fumo e etílicos 
 ATIVIDADE FÍSICA 
→TREINO DE RESISTÊNCIA PROGRESSIVA – atua sobre a força, a massa muscular e a 
performance física nos idosos; 
→EXERCÍCIOS CONTRA A RESISTÊNCIA – atuam positivamente o sistema neuromuscular, a 
síntese de proteínas e hormônios; 
→Exercícios aeróbicos também se mostraram úteis, uma vez que também parecem aumentar a síntese 
de proteínas. 
 
 NUTRIÇÃO 
→Dieta balanceada: rica em proteínas, hortaliças e cereais integrais; pobre em carne vermelha e 
gordura saturada 
→Idosos necessitam de mais proteínas por Kg de peso do que jovens adultos. Para indivíduos de mais 
de 60 anos, recomenda-se uma ingestão de proteica diária de 1 a 1,2 g/Kg. 
→PROTEÍNAS: 1 a 1,2 g/KG/dia (1,2 – 1,5 g/Kg/dia ou mais para quem pratica exercícios); 25-30 g 
em ≥ 3 refeições/dia; quantidade semelhante logo após atividade física, como PSL ou refeição 
(leucina, como suplemento ou presente nos alimentos ou na PSL*, 2,5 – 3 g ≥ 3 vezes/dia) 
→VITAMINA D: 800-1000 UI nos indivíduos com deficiência desta vitamina 
→Reposição de testosterona (para homens com níveis séricos baixos deste hormônio) 
→Creatina> 0,03 g/Kg antes e após o treino 
→HMB (Beta-hidroxi-β-metilbutirato) – 2g/dia – metabolismo da leucina 
→Outros: óleo de peixe 2g/dia

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes