MANUAL DE CLORAÇÃO DE ÁGUA EM PEQUENAS COMUNIDADES FUNASA UTILIZANDO O CLORADOR SIMPLIFICADO DESENVOLVIDO PELA FUNASA FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE Missão Promover a saúde pública e a inclusão social por meio de ações de saneamento e saúde ambiental. Visão de Futuro Até 2030, a Funasa, integrante do SUS, será uma instituição de referência nacional e internacional nas ações de saneamento e saúde ambiental, contribuindo com as metas de universalização de saneamento no Brasil. Valores • Ética; • Eqüidade; • Transparência; • Eficiência, Eficácia e Efetividade; • Valorização dos servidores; • Compromisso socioambiental. Brasília, 2014 Manual de Cloração de Água em Pequenas Comunidades Utilizando o Clorador Simplificado Desenvolvido pela Funasa Fundação Nacional de Saúde Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>. Tiragem: 1ª edição – 2014 – 5.000 exemplares Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Fundação Nacional de Saúde Departamento de Saúde Ambiental (Desam) Coordenação de Controle da Qualidade da Água para Consumo Humano (Cocag) Setor de Autarquias Sul, Quadra 4, Bloco N, 9º andar, Ala Sul CEP: 70.070-040, Brasília/DF Tel.: (61) 3314-6670 Homepage: http://www.funasa.gov.br Editor: Coordenação de Comunicação Social – Coesc/gab/Presi/Funasa/MS Divisão de Editoração e Mídias de Rede Setor de Autarquias Sul, Quadra 4, Bl. N, 2º andar, Ala Norte CEP: 70.070-040 – Brasília/DF Impresso no Brasil / Printed in Brazil Ficha Catalográfica ___________________________________________________________________________ Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Cloração de Água em Pequenas Comunidades Utilizando o Clorador Simplificado Desenvolvido pela Funasa / Fundação Nacional de Saúde. – Brasília : Funasa, 2014. 36 p. 1. Controle da qualidade da água. 2. Cloração de água em pequenas comunidades. 3. Clorador simplificado. 4. Água. I. Título. CDU 628.1 ___________________________________________________________________________ Sumário Apresentação 5 1 Introdução 7 2 Importância da desinfecção da água para consumo humano 9 3 Tipos de desinfetantes 11 4 O processo básico da cloração 13 5 Tipos de cloradores 15 6 O clorador simplificado desenvolvido pela Funasa 17 6.1 Aplicação 17 6.2 Esquema de montagem 17 6.2.1 Clorador simplificado – modelo “A” 17 6.2.2 Clorador simplificado – modelo “B” 18 6.3 Instalação 19 6.4 Funcionamento 20 6.5 Limpeza 21 6.6 Dosagem de cloro 21 6.7 Procedimento para desinfecção da água de consumo humano 21 6.8 Reabastecimento do clorador 23 6.9 Kit de cloração 23 7 Medida do cloro residual livre – CRL 25 7.1 Método do DPD (n-dietil-para-fenilendiamina) 25 7.2 Método da ortotolidina 25 7.3 Procedimentos de determinação 25 8 Controle da cloração 27 9 Características do hipoclorito de cálcio 29 10 Demanda de cloro 31 Referências bibliográficas 33 Anexo – Modelo de ficha de controle da cloração 35 Apresentação A Fundação Nacional de Saúde – Funasa, ao longo de sua história tem se caracte- rizado pelo apoio e trabalho em parceria com estados, municípios e outras instituições ligadas ao saneamento ambiental. Neste sentido, procura sempre o desenvolvimento e divulgação de soluções inova- doras, além da elaboração de manuais técnicos de interesse do saneamento ambiental, visando orientar seus parceiros no desenvolvimento das atividades. Dentre o conjunto de manuais desenvolvidos pela área técnica da Funasa, este proposto Manual de cloração de água utilizando o clorador simplificado desenvolvido pela Funasa, vem preencher e completar um trabalho que já se encontra em andamento na instituição. Este manual tem como objetivo principal auxiliar técnicos que operam sistemas e soluções alternativas de abastecimento de água em situações especiais e excepcionais, em localidades de difícil acesso, localidades rurais, ribeirinhas, indígenas, onde não existe qualquer tipo de tratamento da água. 1 Introdução Muitas pequenas comunidades do país, que possuem algum tipo de abastecimento coletivo de água para consumo humano não fazem qualquer tratamento, embora a Portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde, estabeleça a obrigatorie- dade de que toda água para consumo humano, fornecida coletivamente, deva passar por processo de desinfecção ou cloração. É evidente que muitos fatores influenciam na carência de tratamento da água dessas comunidades, tais como: ausência do poder público, desconhecimento da legislação, precariedade do sistema de água, falta de conhecimento das tecnologias existentes, defi- ciência ou falta de pessoal qualificado, custo dos materiais e dos produtos de desinfecção, entre outros aspectos. Nesse contexto, este manual visa orientar os gestores locais na sua tomada de decisão e auxiliar o operador do serviço de abastecimento de água no desenvolvimento de suas atividades e compreensão da importância da desinfecção da água e os benefícios que ela proporciona às populações. 2 Importância da desinfecção da água para consumo humano A desinfecção constitui-se na etapa do tratamento da água, cuja função básica consiste na inativação dos micro-organismos patogênicos, realizada por intermédio de agentes físicos e ou químicos. Ainda que nas demais etapas do tratamento haja redução do número de micro-organismos presentes na água, a desinfecção é operação unitária obrigatória, pois somente ela inativa qualquer tipo existente e previne o crescimento microbiológico nas redes de distribuição. O tratamento da água para consumo humano, dependendo do tipo de água captada, requer conhecimento técnico e pessoal qualificado. Em relação às águas superficiais, por exemplo, o tratamento mínimo requerido envolve a filtração e a desinfecção. Micro-organismos Patogênicos Micro-organismos são organismos (bactérias, vírus, fungos e protozoários) que, pelo seu tamanho, somente podem ser vistos ao microscópio. Parte deles são benéficos, ou seja, não fazem mal à saúde, mas outra parte pode provocar doenças aos seres hu- manos e animais, são conhecidos como patogênicos. Muitos desses micro-organismos são transportados pela água, por essa razão é que a água para consumo humano deve receber tratamento adequado, dentre os quais se destaca a desinfecção. No Quadro 1 estão relacionadas algumas doenças veiculadas pela água e seus agentes. De todas elas, as diarreias são as mais comuns. De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, ela é a sétima causa de mortes no mundo e também a principal causa de morbidade em seres humanos, com quatro bilhões de casos por ano. Quadro 1. Doenças veiculadas pela água e seus agentes. DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS AGENTES PATOGÊNICOS Febre tifoide e paratifoide Salmonella typhi Salmonella paratyphi A e B Disenteria bacilar Shigella sp Cólera Vibrio Cholerae Gastroenterites agudas e diarreias Escherichia coli enterotóxica Campilobacter Yersínia enterocolítica Salmonella sp Shigella sp Fundação Nacional de Saúde10 DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS AGENTES PATOGÊNICOS Hepatite A e E Vírus da hepatite A e E Poliomielite Vírus da poliomielite Gastroenterites agudas e crônicas Rotavirus Enterovirus Adenovirus DOENÇAS CAUSADAS POR PARASITAS AGENTES PATOGÊNICOS Disenteria amebiana Entamoeba histolytica Gastroenterites Giardia lamblia Cryptosporidium Fonte: OPAS, 1999. Estima-se que, em qualquer momento, quase metade da população que vive nos países em desenvolvimento enfrentará um episódio de diarreia. São por esses números que o tratamento completo da água para consumo humano, ou pelo menos o tratamento mais simples,