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Síndrome da exaustão equina A síndrome de exaustão equina ou exausted horse syndrome consiste em uma síndrome multifatorial, geralmente em cavalos atletas, manifestada a partir da extrema fadiga durante ou pós exercício. Alguns fatores que podem desencadear essa desordem são: 1) Alta temperatura e umidade 2) Desordem eletrolítica 3) Depleção de reserva energética 4) Deficiência na termorregulação ( hipertemia ) 5) Condicionamento físico inadequado Ou seja, os fatores que predispõem essa síndrome são aqueles que dificultam a termorregulação do animal. Fisiopatologia 1) Fadiga em exercícios de alta intensidade Consiste em exercícios intensos de curta distancia e explosivos. A principal via de produção energética é a anaerobiose porque tem maior liberação de energia mais rápida, apesar da produção de energia não ser muito eficiente. Há também a maior produção de ácido lático, principalmente pelas fibras musculares do tipo 2B, se dissociando em lactato e íons hidrogênio, que se concentra nas células e reduz o PH celular, levando a uma acidose dentro da célula muscular, diminuindo a capacidade aeróbica muscular, atividade enzimática, função mitocondrial - a mitocondria se torna mais arredondada e com dobras mais proeminentes - e o retículo sarcoplasmático apresenta dificuldade de liberar cálcio para o citoplasma e de volta para o retículo. 2) Fadiga em exercícios submáximos Consistem em exercícios de longa distância. A principal fonte de produção de energia é a aerobiose e as fontes de energia são o glicogênio muscular e os ácidos graxos livres. Dificilmente a FC dos animais ultrapassa os 150bpm, não atingindo o limite anaeróbico e os níveis de lactato sanguíneo permanencem estáveis. A fadiga nesses tipos de exercícios acontece por conta da desidratação causada pela perda de fluídos, eletrólitos e a redução do armazenamento energético, que é o glicogênio hepático – principal suprimento cerebral e muscular -. A produção de calor causa alterações similares à redução do PH. Para retardar a fadiga, o animal tenta dissipar o calor por meio da sudorese, suor profuso. São observadas durante a fadiga: fraqueza muscular, ataxia, dores de cabeça e desorientação e a desidratação pela tentativa de dissipar o calor – acionando o sistema nervoso autônomo, que promove vasodilatação periférica. Há também a redistribuição do aporte sanguíneo do trato gastrointestinal, outros órgãos e vísceras para os músculos locomotores e pele para dissipar o calor. A persistência do exercício pode culminar em hipovolemia e a ineficiencia em suar pode causar hipertemia. Obs: O problema da redistribuição é quando ela não ocorre de forma adequada e o TGI pode vir a sofrer isquemia, resultando na liberação de endotoxinas. Obs: Existe perda substancial de água e eletrólitos na tentativa de diminuir a temperatura corporal. O suor do cavalo é isotônico – similar ao plasma - e levemente hipertônico – rico em K+, Cl-, Na+, Mg2+ e Ca 2+ - e o que confere o aspecto espumoso ao suor dos equinos é a riqueza em proteína. Fatores Desiquilíbrio hidroeletrolítico O sódio, potássio, cloreto e magnésio são íons que participam da distribuição da carga elétrica para a manutenção da função normal dos tecidos excitáveis, como nervos e músculos. A diminuição do cloreto promove a retenção do bicarbonato pelos rins para manter a neutralidade elétrica do organismo, o que leva a um aumento do PH sanguíneo, causando alcalose metabólica. É muito importante que ao fazer a reposição eletrolítica de um cavalo que apresentem exaustão não fornecer um eletrolítico que contenha bicarbonato de sódio. A redução do potássio está atrelada a alterações da perfusão muscular, ligada a vasodilatação a nível muscular. A redução do cálcio e magnésio causa sensibilização do nervo frênico, que gera contrações do diafragma. Quando o nervo está sensibilizado, ele causa o que é chamado de flutter diafragmático sincrônico, que se constitui na contração do diafragma em sincronia com o coração, não se relacionando com a respiração. Sinais clínicos 1) Aumento da FC e FR – é normal que animais após o exercício se encontrem com as frequencias alteradas, mas nesse caso são frequencias acima do aceitável 2) Aumento do TPC e turgor cutâneo; 3) Mucosas ressecadas; 4) Ataxia e desorientação; 5) Irritabilidade; 6) Desconforto dos posteriores – o animal pode ficar se escoiceando; 7) Presença de flutter diafragmático sincrônico; 8) Desconforto abdominal; 9) Olhos vidrados Obs: um animal que apresente flutter não necessariamente apresenta um quadro de exaustão. Classificação 1) Nível 1: Os animais costumam ficar angustiados, suor profuso; 2) Nível 2: Os animais aparentam irritados e não cooperativos, cabeça agitada e se escoicear; 3) Nível 3: Sinais visíveis de desorientação, ataxia e relutante ao se mover; 4) Nível 4: Animal inconsiste ao seu entorno, perda de consciencia, disfunção do sistema nervoso central. Tratamento 1) Resfriamento – ducha de água fria principalmente entre as pernas e o pescoço, levar o animal para a sombra; 2) Reposição hídrica – ofertar água em baldes ou fluidoterapia, dependendo do quadro, ou os dois em concomitância; 3) AINES – Flunixin meglumine ( agente anti-inflamatório não-esteroidal no combate a endotoxemia nos cavalos ); 4) Corticorteróides – dexametasona ( estabilizador de membrana, agente hipoglicemiante, neuroprotetor ); 5) Alfa2 Agonista – Xilazina e Detomidina ( principalmente em casos graves, animais muito agitados que apresentem um risco para as pessoas e para o animal, promovendo relaxamento muscular e sedação); 6) Eletrolítico – repor os eletrólitos perdidos. · A síndrome é mais presenciada em meses mais quentes, em pistas de areia, páreos corridos durante o dia, distâncias mais longas, machos, animais mais velhos, corridas ao nível do mar, uso de antolhos e aplicação de Furosemida.
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