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Probabilidade Análise Estatística dos Dados Genéticos Biometria: Aplicação da estatística aos dados biológicos. A biometria é a disciplina que estuda o comportamento e as características dos seres vivos por meio do cálculo estatístico. Seu uso expandiu em diversas áreas com múltiplas �nalidades na ciência, sendo empregada, inclusive, para a identi�cação individual em seres humanos, em decorrência disso, é usada hoje na identi�cação criminal, em controle de acesso, entre outros. Mendel foi o primeiro a aplicar a biometria na genética. Ele estabeleceu proporções fenotípicas e formulou hipóteses para explicar os resultados obtidos, a partir de então, �cou claro que em genética é quase sempre necessário dar um tratamento estatístico às observações para que se possa testar hipóteses sobre a origem dos resultados observados e prever possibilidades de ocorrências, visando a saúde e características desejadas nas criações de animais, assim como, para o aconselhamento genético. Testes Estatísticos Veremos três testes estatísticos. 1º. Cálculo da Probabilidade, onde abordaremos: a) a regra da soma ou regra do “ou”; b) a regra do produto ou regra do “e”; c) como se utilizar as duas regras usando a distribuição binomial (binômio); d) e por �m, como calcular a probabilidade condicional. 2º. Teste do Chi-Quadrado ( ) de Person 𝑋 2 (Teste de Hipóteses), onde veremos como: a) formular premissas com base no resultado de cruzamentos; b) postular hipóteses; c) de�nir o grau de con�ança e os graus de liberdade de um teste estatístico; d) e �nalmente testar se os dados amostrais apoiam ou não a hipótese formulada. 3º. Cálculo do Tamanho da Amostra, onde: a) Poderemos avaliar o genótipo dos genitores, avaliando o fenótipo da sua progênie. Probabilidade A probabilidade pode ser de�nida como sendo a chance de ocorrência de um determinado evento dentro de um contexto, ou seja, considerando todas as ocorrências possíveis. Por exemplo, qual a chance de obtermos o resultado cara ao lançarmos uma moeda? ● O resultado cara é o evento desejado ou determinado. ● Cara ou Coroa são todas as possibilidades de ocorrência ao lançarmos a moeda. ● O resultado pode ser apresentado em fração, , onde o numerador (1) 1 2 representa o resultado cara e o denominador (2) todas as possibilidades ao lançarmos a moeda, cara ou coroa. Ao dividir a fração, o resultado da probabilidade apresentado é em decimal (0,5); se multiplicarmos esse resultado por 100, teremos um percentual, ou seja, 50% é a chance de ocorrência do evento determinado. O mesmo princípio pode ser aplicado para calcularmos a probabilidade do nascimento de uma menina ou menino por gestação ou, no caso dos animais irracionais, uma fêmea e um macho. A probabilidade é de por gestação unípara 1 2 para cada um dos sexos (em espécie que em geral parem um �lhote por vez). Para calcularmos a chance de nascer macho ou fêmea em uma gestação, somamos os numeradores e nesse caso mantemos o denominador que é o mesmo, assim: + = = 1, ou seja, 100% de 1 2 1 2 2 2 probabilidade de nascimento em relação ao sexo. Sabemos que podem ocorrer mutações durante a meiose que são capazes de gerar indivíduos com desordem no desenvolvimento sexual, onde o sexo é ambíguo ao nascimento ou indeterminado, porém a probabilidade de ocorrência desses casos é rara e abordaremos aqui a maior probabilidade de ocorrência: nascer menino ou menina; macho ou fêmea. A segregação de Mendel também é como um jogo de cara/coroa. No heterozigoto a probabilidade de que o gameta formado por ele, contenha o alelo dominante é ou de 1 2 que contenha o alelo recessivo é 1 2 também. Então, a fórmula para o cálculo da probabilidade é dado por: P= 𝑛 ú 𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟 ê 𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑒𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑛 ú 𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟 ê 𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑠𝑠 í 𝑣𝑒𝑖𝑠 Regra da Soma No cálculo da probabilidade a regra da soma ou do “ou” é usada para calcular a probabilidade de ocorrência de um ou de outro evento dentro de uma mesma oportunidade. Exemplo: O caráter (fenótipo) mocho ou ausência de chifres é determinado pelo alelo dominante em bovinos e a presença de chifres é determinada pelo alelo recessivo. Cruzando um touro mocho heterozigoto (Mm) com uma vaca com chifres homozigota recessiva (mm), obrigatoriamente, a probabilidade de obtermos um único descendente mocho é de 50% ( , Mm) ou (+) um descendente com 1 2 chifres, também de 50% ( , mm), 1 2 totalizando 100% das possibilidades. Assim como ao lançar a moeda só um dos resultados é possível (cara ou coroa) por lançamento também por gestação só pode, nesse tipo de cruzamento, nascer o indivíduo mocho ou um indivíduo com chifres. Em ambos os casos as possibilidades são mutuamente exclusivas, ou seja, se uma ocorrer, a outra não ocorre. Se considerarmos agora um dado com seis faces numeradas de 1 a 6 a probabilidade de, em uma única jogada, sair o número 5 será de 1 em 6, ou seja, que corresponde a 1 6 16,67%. Independência dos Eventos É importante observar que para o cálculo da probabilidade nos exemplos apresentados até agora e nos outros que serão citados, há a independência dos eventos , logo, o nascimento de menino ou menina na gestação não interfere na probabilidade do nascimento na outra, pois são meioses independentes e, portanto, a probabilidade será também 50% na chance de nascer menino ou menina na próxima gestação, assim como, de obtermos cara ou coroa no próximo lançamento ou de 16,67% de obter os números 5 em um segundo lançamento do dado. Regra do Produto Em relação à regra do produto ou regra do “e”, vemos que o fato de uma moeda cair com a face cara para cima não afeta a ocorrência da outra moeda e vice-versa, portanto, a lei do produto das probabilidades diz: “A probabilidade de ocorrência simultânea de dois ou mais eventos independentes é igual ao produto das probabilidades de suas ocorrências em separado” Então, usando o mesmo exemplo anterior: Cruzando o touro mocho heterozigoto (Mm) com a vaca portadora de chifres homozigota recessiva (mm), qual a probabilidade de nascerem duas crias mochas em gestações sucessivas? ↪ 50% ou é a probabilidade da primeira 1 2 cria ser mocha e (x) 50% ou é a 1 2 probabilidade da segunda cria também ser mocha. Multiplicando o produto das probabilidades de ocorrência de cada um dos eventos em separado, temos: x = = 25% de 1 2 1 2 1 4 que em duas gestações sucessivas desse acasalamento nasçam duas crias mochas. Utilizando as Duas Regras Vamos aumentar o número total de ocorrências possíveis, onde desejamos calcular a probabilidade da ocorrência de um dado evento. Considerando agora o lançamento de três moedas simultaneamente, qual a probabilidade de duas caírem com a face cara para cima e uma com a face coroa? Existem três possibilidadespara a ocorrência do evento desejado, em cada uma das possibilidades a probabilidade de ocorrência de cara ou coroa é obtida usando a regra do produto ou do “e”, assim, x 1 2 1 2 x = e como cada uma delas atende ao 1 2 1 8 solicitado, ou seja, duas caras e uma coroa, nesse caso, também devemos usar a regra do “ou” e somar todas as probabilidades das possibilidades individuais. Por que somamos? Porque se uma sequência ocorrer, a outra não pode ocorrer ou as outras não podem ocorrer, no entanto, para o cálculo correto da probabilidade do evento desejado devemos considerar todas as possibilidades de ocorrência. Distribuição Binomial À medida que o número de eventos possíveis aumenta, passamos a ter mais di�culdade para considerar todas as possibilidades. Isso se torna mais fácil ao gerar um binômio. Por exemplo, quando queremos calcular a probabilidade de que, em três cruzamentos entre o touro heterozigoto mocho (Mm) e a fêmea homozigota recessiva com chifres (mm), nasçam descendentes mochos e com chifres nos três nascimentos, podemos substituirmos o fenótipo mocho por (A) e o fenótipo com chifres pela letra (B) e teremos, nesse caso, . ( 𝐴 + 𝐵 ) 3 Nota: ) são todas as possibilidades de ( 𝐴 + 𝐵 nascimento; elevado ao cubo são ( 𝐴 + 𝐵 ) 3 todas as possibilidades nos três nascimentos. Ao desdobrarmos esse binômio, ele contemplará todas as possibilidades de ocorrência de ambos os fenótipos nos descendentes, ou seja, , dos três 𝐴 3 descendentes serem mochos; mais , 3 𝐴 2 𝐵 três possibilidades de nascerem dois indivíduos mochos em um com chifre; mais , três possibilidades de nascerem um 3 𝐴 𝐵 2 mocho e dois com chifres; mais , três 𝐵 3 possibilidade de nascerem três indivíduos com chifres, somando todas essas possibilidades, o resultado é igual a 1, ou seja, 100% das possibilidades de ocorrência estão sendo consideradas ao desdobrarmos o binômio. ↪ + + + = 1 ou 100%. 𝐴 3 3 𝐴 2 𝐵 3 𝐴 𝐵 2 𝐵 3 Cálculo Fatorial A obtenção da probabilidade através da expansão do binômio apresenta inconvenientes quando o valor de (número 𝑛 total de ocorrências) é relativamente grande, pois �ca difícil desdobrá-lo sem incorrer em erros. Uma forma estatística usada para facilitar esta operação é o cálculo fatorial: P = 𝑛 ! 𝑠 ! 𝑡 ! . 𝐴 𝑠 𝐵 𝑡 Onde, P = a probabilidade que queremos calcular. = número total de eventos. 𝑛 E se estamos falando da probabilidade de ocorrência de descendentes mochos e com chifres. = probabilidade de ocorrência de mochos; 𝑠 = probabilidade de ocorrência de 𝑡 descendentes com chifres. Logo, . 𝑛 = 𝑠 + 𝑡 ! = Fatorial, onde vai ser considerado o número de combinações que se enquadram dentro do evento desejado sem termos que desdobrar o binômio. Por exemplo, se desejamos calcular a probabilidade de ocorrência de três indivíduos mochos e dois indivíduos com chifres, totalizando cinco nascimentos, temos: 5! = 5 x 4 x 3 x 2 x 1 (nesse caso estamos considerando todas as possibilidades de combinações). No caso do exemplo, = 3! que representa 𝑠 o número de vezes que desejamos que nasçam indivíduos mochos e ele seria desdobrado em 3 x 2 x 1. Do mesmo modo, 𝑠 = 2!, que representa os dois indivíduos com chifre, assim, 2 x 1. Para este cálculo �car completo devemos incluir a probabilidade de ocorrência de indivíduo mochos (A) elevado o número de vezes que se deseja que o fenótipo ocorra ( ), assim como, incluir a probabilidade de 𝑠 ocorrência de indivíduos com chifres (B) elevado ao número de vezes que se deseja que esse fenótipo ocorra ( ). 𝑡 Praticando Em bovinos, do cruzamento entre um touro mocho e uma fêmea com chifres, nasceu um descendente mocho que mais tarde acasalado com sua mãe, deu origem a uma fêmea também mocha. Esta fêmea acasalada com seu pai gerou 5 descendentes. Qual a probabilidade de 3 serem mochos e 2 apresentarem chifres? Primeiro precisamos identi�car os genótipos dos genitores. Nesse caso, o cruzamento começou entre um touro mocho e uma fêmea com chifres. M_ x mm Em relação ao touro mocho não temos como a�rmar que esse indivíduo é homozigoto dominante ou um heterozigoto, por isso, representamos o segundo alelo pelo traço, mas como é mocho tem pelo menos um alelo dominante. Já a fêmea, pode-se a�rmar que é homozigota recessiva, pois o fenótipo recessivo só é expressado em homozigose. Então deste cruzamento nasceu um descendente mocho e, agora, temos como a�rmar que ele é um heterozigoto, pois herdou do gameta masculino o alelo dominante e do feminino, o alelo recessivo. Acasalado com a sua mãe que é um homozigota recessiva deu origem a uma fêmea também mocha. Mm x mm ↓ Mm Essa fêmea, acasalada com seu pai, gerou 5 descendentes. Mm x Mm Assim, observamos o acasalamento da F1 do monoibridismo e, nesse caso, cada um vai poder produzir dois tipos de gametas. Usando o Quadrado de Punnett, constamos todas as combinações genotípicas possíveis para uma F2: MM, Mm, Mm, mm. Fenotipicamente, temos de chance de 3 4 nascerem indivíduos mochos e de 1 4 nascerem indivíduos com chifres, ou seja, 3:4 é a probabilidade de ocorrência de um mocho e 1:4 de indivíduos com chifre. Ao Cálculo, P = 𝑛 ! 𝑠 ! 𝑡 ! . 𝐴 𝑠 𝐵 𝑡 = 5 ; = 3 ; = 2 ; A = ; B = . 𝑛 𝑠 𝑡 3 4 1 4 Incluindo os valores: P = 5 ! 3 ! 2 ! . 3 4 3 ( ) 1 4 2 ( ) = 5 𝑥 4 𝑥 3 𝑥 2 𝑥 1 3 𝑥 2 𝑥 1 𝑥 2 𝑥 1 . 3 4 3 ( ) 1 4 2 ( ) Simpli�cando: 5 x ² 4 x 3 x 2 x 1 . 27 64 ( ) 1 16 ( ) 3 x 2 x 1 x 2 x 1 P = 10 . 27 64 ( ) 1 16 ( ) P = 10 . 27 1 . 024 P = = 0,2636 ou 26,36%. 270 1 . 024 Resposta: A probabilidade de ocorrência de cinco (5) nascimentos, entre indivíduos heterozigotos (Mm), de 3 mochos e 2 com chifre é de 0,2636 ou, se multiplicarmos por 100, 26,36%. Probabilidade Condicional Usamos o cálculo da probabilidade condicional quando de�nimos uma condição especí�ca para ocorrência de um resultado, ou seja, a probabilidade condicional é o resultado da probabilidade da ocorrência do evento A multiplicado pela probabilidade de ocorrência do evento B multiplicado pela probabilidade de ocorrência do evento C e assim por diante. Exemplo: Considerando o mesmo cruzamento entre os mochos heterozigotos, vamos calcular a probabilidade de que em 5 Nascimentos: ● o primeiro indivíduo seja mocho heterozigoto; ● os dois seguintes sejam mochos, ou seja, segundo e terceiro; ● o quarto seja mocho homozigoto; ● e o quinto tenha chifres. Probabilidades: P = 1 2 . 3 4 ( ) 2 . 1 4 . 1 4 Que o primeiro seja mocho heterozigoto é de 50%, ou seja, duas possibilidades em quatro combinações genotípicas 2 4 ( ) possíveis, simpli�cando a fração, temos 1 2 ou 50%; no caso os dois seguintes serem mochos, como não estão especi�cados os genótipos e mochos tanto podem ser heterozigotos, quanto homozigotos dominantes, essa probabilidadeentão é de - elevado ao quadrado, pois são dois- ; 3 4 ( ) 2 do quarto ser mocho homozigoto e do quinto ter chifres é de . 1 4 Assim, P = 1 2 . 9 16 . 1 4 . 1 4 P = 9 512 P = 0,017 ou 17%. Resposta: A probabilidade de ocorrência desse evento, considerando todas essas condições estabelecidas é 0,017 ou, se multiplicarmos por 100, 17%.
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