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1 Louyse Morais – Medicina – 108 Processos inflamatórios da mama O processo inflamatório que acomete a glândula mamária pode ou não ser acompanhado de infecção. Dessa forma, nem toda mastite é infecciosa, podendo também ser autoimune, por exemplo. Doenças inflamatórias e infecciosas da mama Há uma maior incidência relacionada à pior assistência básica de saúde. O acometimento durante o período gravídico-puerperal ocasiona repercussões socioeconômicas e culturais, pois a amamentação é importante na construção do vínculo entre mãe e filho, assim como no próprio processo nutricional do recém- nascido. Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com neoplasias malignas. Qualquer infecção pode acometer a mama. Classificação • Quanto ao tempo de evolução: aguda ou crônica; • Quanto ao período de ocorrência: ciclo gravídico- puerperal ou fora do ciclo gravídico-puerperal. Anatomia O mamilo fica na parte central da aréola, em seu ápice abrem-se 15 a 20 ductos, por meio dos orifícios. O epitélio que reveste a parte externa do mamilo é pavimentoso estratificado, enquanto que o que reveste o ducto é o epitélio colunar. Entre esses dois epitélios há uma zona de transição. Os ductos principais se bifurcam formando uma verdadeira rede. No período lactacional, na unidade funcional da mama, há secreção e armazenamento de leite. Mastites agudas • Mastite lactacional ou puerperal • Mastite e abscesso não-lactacional • Mastite neonatorum Esta última acomete o recém-nascido, que é extremamente rara, mas pode acontecer. Mastite lactacional ou puerperal • Incidência: 3-33% das lactantes; • Manifesta-se entre a segunda e terceira semana pós-parto (86%) ou no desmame; • Mais frequente em primíparas (61,5%); • Relacionada à inexperiência, fadiga, estresse, higiene inadequada, fissuras, mamilos planos e estase láctea; • Etiologia: Staphylococcus aureus (95%) o Formas mistas: E. Coli, Pseudomonas, Haemophilus Serratia, Streptococcus; • A forma epidêmica é rara. A frequência da mastite está relacionada a pior nível socioeconômico. Existem duas fases críticas com maior probabilidade de desenvolver: no pós-parto, por inexperiência e amamentação inadequada, e no desmame (desequilíbrio entre oferta e demanda). Um fator de risco é a inexperiência, por isso é mais comum em primíparas. Forma-se uma fissura, que é a porta de entrada para a infecção. Na grande maioria das vezes, o agente é o S. aureus, pois ele está presente na pele da mulher e na orofaringe do recém-nascido. As formas mistas são situações mais raras. A forma de tratar geralmente é um antibiótico mais direcionado (devido à grande prevalência do envolvimento da S. aureus). A forma epidêmica é rara, pois nos dias atuais se tem um controle melhor de cuidado nas maternidades. Nas imagens acima, observam-se diferentes tipos de mamilo. Um mamilo mais plano pode dificultar a pega do recém-nascido, o qual muitas vezes faz uma pega inadequada e faz uma fissura, a qual é uma porta de 2 Louyse Morais – Medicina – 108 entrada – terceira imagem. Mulheres com mamilos retraídos ou invertidos (quarta imagem) vão ter problema da pega – faz exercícios para tentar reverter. A mastite pode evoluir para abscesso, necrose e fístulas. Uma outra forma de entrada, além da formação de fissuras, seriam os orifícios ductais, pois algumas mulheres têm esses orifícios dilatados, o que pode predispor e facilitar a entrada das bactérias, nesse caso a disseminação é mais através dos ductos. A infecção por via extra mamária é uma situação mais rara, em paciente em situação de sepse. Quadro clínico • História de gravidez ou parto recente, com dificuldade de esvaziamento; • Mal-estar, febre, cefaleia, calafrios, taquicardia, inapetência; • Mama com sinais flogísticos localizados ou difusos; • Mama com edema de pele, retração mamilar; • Modificação da coloração da secreção mamilar; • Fase avançada: abscessos (11%), fístulas, ulcerações. Obs.: Nem sempre tem modificação da coloração do leite, mas às vezes pode ficar mais amarelo. A imagem anterior mostra uma mama com mastite puerperal. Observa-se uma mama edemaciada e com hiperemia, a pele fica mais brilhante. Diagnóstico • Clínico: anamnese e exame físico; • Hemograma: leucocitose; • Cultura e antibiograma: justificável nos casos de mastites epidêmicas; • Ultrassonografia: localização dos abscessos profundos; • Diagnóstico diferencial: carcinoma inflamatório, ingurgitamento. • Em situações especiais, faz mamografia. Não é necessário pedir USG de rotina, só faz esse pedido quando há suspeita de abscesso para saber melhor a localização e orientar drenagem. Normalmente não precisa de cultura, só pede se, ao entrar ATB de rotina, não houver resposta. Acima, observa-se uma mastite que evoluiu com abscesso – a mama está edemaciada com pele brilhante. A USG mostra nódulo anecoico com ecos internos, o que reflete um conteúdo espesso, purulento. Diagnóstico diferencial com ingurgitamento mamário e carcinoma inflamatório: ingurgitamento é a descida do leite, pois a produção do leite inicia após o parto. Em torno do terceiro ao quinto dia pós parto, a mama vai ficar ingurgitada em função da produção láctea. Como diferenciar de carcinoma inflamatório da mama? A imagem acima é um exemplo de carcinoma. Nesse caso, há hiperemia e edema, mas não tem a sensação de calor, e a paciente não reclama tanto de dor 3 Louyse Morais – Medicina – 108 quanto em um processo inflamatório. Desconfiar de carcinoma inflamatório em caso de paciente que tratou com ATB e não respondeu bem, persistiu a mama com esse aspecto. Tratamento • Sintomático: antitérmico, analgésico, antinflamatório. • Antibioticoterapia o Cefalosporinas: cefalexina 2g/dia ou cefadroxila 1g/dia (via oral durante 14 dias); o Clindamicina: 300 mg de 6/6h (via oral durante 14 dias) o Dicloxacilina 2g/dia o Casos graves (internação): oxaciclina 500 mg 6/6h + cefoxitina 1g 8/8h IV • Medidas gerais • Drenar abscesso • Estimular a amamentação: inibir a lactação apenas em casos graves, saída de pus pelo mamilo ou se amamentar for muito doloroso. o Cabergolina ½ comp 12/12h por 2 dias Geralmente a droga de escolha é cefalosporina ou clindamicina. O tratamento vai ser de 7 a 12 dias dependendo da extensão e do acometimento. É de forma ambulatorial e não precisa de internação, apenas quando há comprometimento maior do estado geral, com necessidade de reposição volêmica. As medidas gerais incluem uso de sutiã adequado, higiene, estimular que continue amamentando (a estase láctea é um fator de predisposição), ensinar a amamentar. Em alguma situação em que a paciente está com abscesso retroareolar, usa carbegolina, que bloqueia a produção de prolactina e, consequentemente, a produção láctea. As imagens acima mostram queimadura por compressa. A compressa, mesmo em temperatura não tão quente, pode queimar. Portanto, deve-se sempre ter cautela no momento de orientá-la. Na imagem direita, observar orifício de drenagem – tira com 24-48 horas. Como prevenir? • Orientações: exercícios no pré-natal e técnica do aleitamento; • Higienização adequada; • Evitar trauma e estase láctea; • Melhorar as condições de saúde materna e recém-nascido; • Melhorar os hábitos de vida; • Diagnóstico e tratamento precoce. Mastite aguda e abscesso mamário não-lactacional • Agente mais frequente: S. aureus • Mais comuns na pré-menopausa • Processo agudo • Manejo semelhante ao lactacional Consiste em um processo inflamatório que acomete a mama fora do período gravítico puerperal. O quadro clínico é semelhante – agudo, também por S. aureus. Portanto, a condução é a mesma – mesmo ATB e tratamento sintomático. Mastite neonatuorum • Aumento do broto mamário na 1ª– 2ª semana de vida, que evolui com infecção. • Agente: S. aureus ou E. coli Às vezes pela passagem transplacentária dos hormônios da mãe, pode haver estímulo e, no período pós parto imediato, um aumento do broto mamário que evolui com processo inflamatório infeccioso. O tratamento é com ATB pra S. aureus ou E. coli. Faz acompanhamento clínico; é uma situação rara. Mastites crônicas As mais comuns estão sublinhadas. As infecciosas podem ser, inclusive, de doenças virais, como herpes. Já as não infecciosas ocorrem devido a processos autoimunes ou inflamatórios. Além disso, podem iniciar 4 Louyse Morais – Medicina – 108 como um processo inflamatório e ter uma infecção secundária. Classificação das mastites não lactacionais Mastite periductal e ectasia ductal • Sinonímia: mastite de células plasmocitárias ou comedomastite; • A maioria das mulheres afetadas é multípara e idade entre 50-60 anos; • Etiologia desconhecida; • Identificação de patógenos em 83%; • Flora bacteriana: S. aureus, S. epidermides, Peptostreptococcus, bactérias gram-negativas e anaeróbias. Geralmente acomete mulheres multíparas na pós menopausa. Dessa forma, deve-se sempre lembrar da possibilidade do diagnóstico diferencial com câncer de mama. Na maioria das vezes começa como um processo inflamatório, mas tem uma infecção secundária e se consegue identificar patógenos, mas diferentemente da aguda, a flora bacteriana é mista – ampliar espectro dos ATB no tratamento. Etiopatogenia A dilatação e a inflamação dos ductos podem acontecer pela idade mesmo. A paciente pode reclamar de fluxo papilar amarelado espesso, que pode evoluir com ulceração do epitélio e secreção papilar sanguinolenta. O processo inflamatório vai dar uma reação periductal e se manifestar com área de espessamento ou tumoração. A tumoração pode evoluir, causando retração do ducto, abscesso ou só involuir com retração mamilar. Quadro clínico: dor acíclica, secreção papilar, retração mamilar, episódios de inflamação, associada ou não a tumor, abscesso. É um processo crônico, que melhora e piora... a dor é acíclica porque não está relacionada com período menstrual; a secreção é amarelada ou sanguinolenta. Há episódios de melhora e recorrência, que pode ou não evoluir com abscesso. Diagnóstico: Feito com base no quadro clínico; a USG é feita para identificar ectasia ductal (dilatação dos ductos); a mamografia é usada para fazer diagnóstico diferencial com neoplasia maligna. A biópsia é feita apenas quando há suspeita de neoplasia maligna (dúvida se é tumor ou apenas espessamento da inflamação). Tratamento: É conservador – higiene e anti- inflamatório; antibióticos (metronidazol junto com cefalexina ou clindamicina) ou cirúrgico – situações especiais (necessidade de drenar abscesso ou corrigir retração de mamilo). Abscesso subareolar recidivante e fístulas mamárias • Infecção crônica e recidivante da região subareolar, que pode evoluir com fístula; • Mais frequente em mulheres entre 40-49 anos e tabagistas; • Flora bacteriana mista: Peptoestreptococcus (predominando), bacteróides, estafilococos, estreptococos e proteus. É um processo crônico, geralmente na faixa etária de pacientes que ainda estão no menário (?), ela vai referir que é tabagista. Nesse caso, também há flora bacteriana mista. Etiopatogenia 5 Louyse Morais – Medicina – 108 A nicotina tem um efeito no epitélio do ducto, causando metaplasia escamosa, o que leva à formação de rolhas de queratina, que obliteram o ducto, com consequente dilatação, inflamação e infecção, por fim, abscesso. O abscesso evolui para uma fistula e drena. A localização é, geralmente, ao redor da aréola e é recidivante. Melhora com ATB ou não. Nas figuras acima, temos, respectivamente: fase ativa, fase de regressão e fase tardia. Se continuar com o tabagismo, há recidiva. Quadro clínico e diagnóstico • História de processo inflamatório recorrente com formação de abscesso que drena espontaneamente; • Forma-se uma loja subareolar que abre a cada reativação por fístula; • Diagnóstico é clínico: sempre na anamnese perguntar pela história de tabagismo. Mesmo que a procura da paciente seja por essa queixa, realizar rastreamento para câncer de mama, devido à idade 40-49 anos. Tratamento • Fase aguda com processo ativo: antibióticos (metronidazol e cefalexina ou clindamicina) por 7/10 dias e anti-inflamatório. • Segunda fase: irrigação da fístula; ressecção cirúrgica da área acometida compreendendo a fístula e ductos principais. Na fase crônica, deve-se pedir para a paciente parar de fumar. Se ela conseguir pode, na segunda fase, fazer uma fistulectomia – resseca o trajeto da fistula para evitar que volte a ter uma atividade. Nesse caso, temos uma técnica que cateteriza o trajeto da fistula, faz incisão em cunha, resseca a área, pode suturar ou deixar cicatrizar por segunda intenção. Mesmo que a paciente pare de fumar, há reincidência após a fistulectomia em 20% dos casos. Tuberculose mamária • Os casos de tuberculose têm aumentado; • Tuberculose mamária é rara; • Incidência < 1% em países desenvolvidos e 3-5% em países em desenvolvimento; • Sexo feminino, idade 20-50 anos e raça negra; • Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis; • Histologia: granuloma caseoso. É uma situação rara. Nos países com pior nível socioeconômico a incidência é um pouco maior. A tuberculose mamária pode ser: • Primária: inoculação direta no tecido mamário. • Secundária o Via linfática retrógrada o Por contiguidade (fístula pulmão-mama) o Via hematogênica Na secundária, a paciente já apresenta TB pulmonar ou ganglionar, mas que pode disseminar para a mama por via linfática retrograda, hematogênica ou por contiguidade. • Forma nodular o Mais comum o Massa indolor, crescimento lento, com ou sem envolvimento axilar, progride para envolvimento cutâneo e fístulas. • Forma difusa o Mama densa, com pele espessada e múltiplos focos de drenagem. • Forma esclerosante o Ocorre em idosas, maior grau de fibrose, pouca supuração. Pode ser massa única ou múltipla, mas é mais comum única de crescimento lento. O processo pode evoluir para a formação de fístulas. Na forma difusa, a mama fica espessa por completo. A forma esclerosante tem menos ação inflamatória, é mais fácil de se pensar em câncer. 6 Louyse Morais – Medicina – 108 Acima, a primeira imagem, à esquerda, mostra a forma difusa com múltiplos orifícios e mama bastante edemaciada. À direita dela, temos uma segunda fase, após início do tratamento, com redução do edema. Na histologia, vê-se o granuloma caseoso. Diagnóstico • Pesquisa microbiológica por pesquisa direta (bacterioscopia) e cultura do material; • Teste tuberculínico; • Mamografia; • Raio X de tórax. Tratamento • Específico o Fase inicial: 2 meses de rifampicina (R) 600 mg + isoniazida (I) 300 mg + pirazinamida (Z) 2 g diariamente. o Fase de manutenção: 4 meses de rifampicina + isoniazida na mesma posologia. • Cirurgia: situações especiais. Se houver secreção purulenta, coleta pra fazer cultura ou pesquisa direta. Pode coletar material para análise histológica. Na mamografia, não existe imagem típica, ela pode apresentar apenas aumento de densidade. Usada apenas para afastar outras lesões. Importante avaliar o tórax, para ver se tem associação com a TB pulmonar. O tratamento, na fase inicial, é a tríade típica e depois faz 4 meses de manutenção. Não há indicação de cirurgia, faz apenas se tiver área de necrose grande que seja necessário realizar debridamento. Mastite por micobactéria atípica • Características o Agente etiológico: Mycobacterium avium o Incomum o Imunossuprimidas e usuárias de prótese de silicone • Clínica: febre persistente,anemia, emagrecimento, mastite com exsudato seroso. • Diagnóstico: pesquisa do agente (hemocultura, baciloscopia e cultura de tecidos ou secreções). • Tramamento: a depender do antibiograma o Opção: claritromicina ou azitromicina + etambutol + rifampicina Na mastite por Mycobacterium avium, a secreção é de um aspecto mais seroso, e geralmente é mais comum em pacientes com prótese de silicone e imunossuprimidas. Normalmente essa secreção é encaminhada para baciloscopia e cultura. O tratamento depende do antibiograma, mas responde aos antibióticos citados acima, na maioria das vezes. Mastite granulomatosa idiopática • Rara • Simula carcinoma • Patogenia: resposta granulomatosa a dano do epitélio, decorrente de trauma, irritação química ou infecção. • Caracterizada por granuloma não caseoso e microabscessos confinados ao lóbulo mamário. • Diagnóstico de exclusão: sarcoidose, fungos, tuberculose, hanseníase. • Tratamento: corticoterapia, metotrexate e azatioprina. A mastite por TB tem granuloma, assim como a idiopática. No entanto, nesse caso o granuloma não é caseoso, como o da TB. Esse tipo de mastite é um processo autoimune, como se fosse uma resposta a um dano no epitélio da mama, desencadeando reação antígeno-anticorpo, levando a formação de microabscessos, os quais podem também evoluir com fístulas. Vai ser muito parecido com o da tuberculose, porém forma granuloma não caseoso!!! 7 Louyse Morais – Medicina – 108 Quando se chega a um diagnóstico desse, temos obrigação de afastar todos os outros fatores patogênicos -TB, sarcoidose, fungos. Portanto, pedir cultura para micobactéria, fungos e bactérias comuns. Depois de tudo isso, se der negativo, por exclusão, faz o tratamento da mastite granulomatosa, pois ele é totalmente diferente, entra com imunossupressão. O tratamento de escolha é corticoterapia (geralmente doses altas). Obs.: Pode ter infecção associada, mas normalmente não. Acima, observa-se mama edemaciada com granulomas múltiplos. A mamografia apresenta aumento de densidade e a histopatologia mostra granuloma com necrose sem ser caseosa. Tanto em um caso como no outro, tem massa. A dor mamária é mais comum na granulomatosa; modificações da pele são mais comuns nas duas; linfoadenomegalia é mais comum na tuberculose. Além disso, não existe um predomínio de mama, o que vai ter é uma história de gravidez e amamentação nos últimos 12 meses. Já por TB, as pacientes estão numa faixa etária mais avançada. Micoses: Interfrigo • Candida albicans • Lesão prurinigosa, eritematosa, vesicular • Frequente em diabéticas e mamas volumosas • Tratamento: fatores predisponentes; local e sistêmico. O Interfrigo é mais comum em paciente com mamas volumosas e diabéticas, principalmente no calor, com acúmulo de suor. Apresenta hiperemia e pequenas vesículas, geralmente com sensação de ardor e prurido. O tratamento é com antifúngicos que podem ser locais ou sistêmicos, dependendo do caso. Se a paciente tiver diabetes, observar controle dos níveis glicêmicos. Síndrome de Mondor • Tromboflebite das veias superficiais da parede toracoabdominal (toracolaterais e toracoepigástricas); • Clínica: cordão fibroso doloroso no subcutâneo, retração da pele; • Autolimitada; • Afastar tumores; • Tratamento anti- inflamatório. Consiste em um cordão fibroso e doloroso. Geralmente é um processo autolimitado, mais comum após trauma, às vezes no pós-cirúrgico e pode também estar dentro de uma síndrome paraneoplasica. Quando está incomodando, prescreve anti-inflamatório. Normalmente, regride em duas semanas. Mastopatia diabética • Acomete até 13% das pacientes diabéticas; 8 Louyse Morais – Medicina – 108 • Ocorre em diabéticas insulinodependentes de longa duração e mal controle; • Etiologia: reação autoimune induzida pela hiperglicemia, com expansão da matriz, formação de antígeno na glândula, acúmulo de linfócitos e miofibroblastos; • Clínica: tumoração palpável uni ou bilateral, com características inflamatórias, recorrente, inicialmente indolor. • Diagnóstico diferencial: câncer. É autoimune, mas pode ter infecção secundária. A hiperglicemia leva à expansão de matriz, geralmente tem acumulo de linfócitos – também chamada de mastopatia linfocítica • Histologia: fibrose estromal, infiltração linfocitária ductal e lobular e vasculite linfocítica. • Tratamento: controle glicêmico; tratar infecção secundária. Observa-se, acima, hiperemia exuberante, abaulamento como se fosse abscesso, com infecção associada. Nesse caso, trata a infecção também. Na histologia, há fibrose e infiltração linfocítica ductal. Necrose gordurosa • Processo inflamatório benigno, não supurativo; • 2,5% das áreas nodulares; • Origem pós-trauma mamário; • Mais comum após os 50 anos e obesas; • Clínica: área endurecida, firme aderida, dolorosa ou não, com retração ou espessamento de pele; • Imagem: simula cisto ou abscesso, mas pode haver distorção com imagem espiculada. Muito comum após trauma, as vezes pós-cirúrgico de mamoplastia redutora. É mais comum em mama mais gordurosa. Se não tiver tanto aspecto inflamatório, pode ser confundida com câncer. Mamografias anteriores: pele espessada, lesão irregular espiculada. As espiculas se dirigem em região à direção da mama como se estivesse puxando/retraindo. O que tem de diferente é que, no câncer, o centro é denso, já no caso dessa necrose, há um pouco de gordura – mais escura (radiotransparente). Às vezes tem necessidade de biopsia. Do lado direito, também é necrose gordurosa, mas formou nódulo com fino halo e densidade de gordura dentro dele. Eczema • Processo inflamatório não infeccioso; • Lesão descamativa, eritematosa e pruriginosa com vesículas ou erosões; • Diagnóstico diferencial com Doença de Paget; • Tratamento: corticoide tópico. Geralmente há sensação de prurido e eritema da região da aréola e mamilo – como se fosse dermatite de contato. Fica restrito à região da aréola e mamilo, fazendo diagnóstico diferencial com doença de Paget. O tratamento é com corticoide tópico e orientar a evitar sutiã de lycra. A doença de Paget tem um caráter erosivo e destrutivo. Sempre que há região eritemato-pruriginosa, trata e pede que a paciente volte. Se for resistente, faz biópsia cutânea para fazer o diagnóstico diferencial. Caso clínico MPS, 64 anos, refere dor em mama direita há 5 meses após trauma durante acidente automobilístico. • Antecedentes ginecológicos e obstétricos o Menarca aos 14 anos o Menopausa aos 55 anos o C3 P3A0 9 Louyse Morais – Medicina – 108 o TH: nega. • Antecedente pessoal: HAC, diabetes, hipotireoidismo. • Nega antecedente familiar de câncer. • Hábitos: ex-tabagista. • Medicação: Insulina, Synthroid, enalapril. Ao exame: Mamas em número de 2, simétricas, pendentes, com retração cutânea em mama direita em QSL. Cicatriz em mama direita QSM. À palpação, parênquima mamário heterogêneo, nódulo irregular, endurecido em mama direita QSL (4cm) e outro nódulo regular, superficial em QSM (1cm). Axilas, FSC e FIC: sem linfoadenomegalias. • Mamografia um ano antes: Categoria 1 • USG um ano antes: Categoria 1 No local onde o cinto de segurança passou, ela ficou com uma cicatriz e tinha também uma retração cutânea, mas essa retração da pele não era no local da cicatriz do cinto. Na palpação, eu encontrei um nódulo irregular, endurecido, com uns 4 cm em mama direita... esse nódulo coincidia com o local da retração. No local onde ela tinha a marca da cicatriz do cinto, tinha um nódulo superficial regular móvel de 1 cm. A mamografia de um ano antes foi normal. Qual a conduta? Nova mamografia. Pele: normalmente tem espessura de 2 mm. Quando eu olho essa pele aqui e comparo com o outro lado, a gentevê um espessamento cutâneo. Normalmente na região da aréola e mamilo é mais espessada mesmo, mas comparando os lados há essa alteração. Composição da mama: ao comparar uma com a outra, a área do lado direito está mais densa – assimetria de densidade. Na outra incidência, também é possível visualizar. Quadrantes: Na incidência obliqua, uma linha levemente oblíqua separa em superior e inferior. Na incidência craniocaudal, separa em lateral e medial. Então a área mais densa está no quadrante supero-lateral. Observa-se, também, um linfonodo normal no cavo axilar. O linfonodo é dito normal quando tem o hilo hipodenso ou mais radiotransparente. USG: na região do nódulo endurecido, observa-se nódulo hipoecoico, ao comparar com o tecido adiposo. Tem menos ecos que o tecido adiposo. Nódulo hipoecoico heterogêneo com forma não circunscrita. • MG bilateral: parênquima mamário heterogêneo; assimetria focal em mama direita QSL. CAT 5 (após correlação com USG). • USG mamária: nódulo sólido heterogêneo, irregular em mama direita QSL (3,03cm). Cistos oleosos em mama direita. CAT 5. Como investigar? Faz biópsia com agulha grossa, pois precisa de diagnóstico histológico, a PAAF só daria material celular. Dessa forma, foi realizada biópsia percutânea de fragmento. A histologia mostrou tecido mamário com fibrose e hialinização estromais – sinais de hemorragia prévia e infiltrado inflamatório periductal crônico. Hipótese diagnóstica: Mastopatia diabética.
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