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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 Lesões brancas na cavidade oral Existem varais formas de classificar as lesões da cavidade oral, uma delas é pela aparência clínica (brancas, pigmentadas, vesiculo- bulhosas, etc), pela etiologia. A definição pela aparência clinica facilita a definição de diagnósticos diferenciais. As lesões brancas mais comuns são: • Leucoplasia; • Leucoplasia pilosa; • Leucoceratose; • Leucoedema; • Líquen plano; • Linha Oclusal; • Candidíases; • Fordyce Essas lesões são definidas em aderentes e não-aderentes (trauma químico – aspirina; candidíase pseudomembranosa). Leucoplasia É uma lesão definida como: placa ou mancha branca que não pode ser caracterizada clínica ou patologicamente como qualquer outra doença, aderente, com mais de 5mm de diâmetro. O diagnóstico é feito por exclusão de outras possibilidades, que possuem aparência parecida (líquen plano, morsicatio, ceratose friccional e da bolsa de tabaco, estomatite nicotínica, leucoedema e nevo branco esponjoso). Pode ser difusa, confundida com candidíase hiperplásica crônica, se possuir um aumento na área avermelhada significa propensão para o diagnóstico de displasia. Sua coloração resulta de um espessamento da camada superficial de ceratina, que dá a impressão de ser branca, quando úmida. OBS.: embora não esteja associada a um diagnóstico histopatológico especifico, é tipicamente considerada como uma lesão pré-cancerosa ou pré-maligna. A lesão possui características de uma displasia epitelial, mas o epitélio displásico ou carcinoma invasivo, são encontrados em 5% a 25% dos espécimes. A lesão tem potencial de transformação maligna de 4%. OBS.: a natureza pré-cancerosa da leucoplasia tem sido estabelecida, não somente na base dessa associação ou do fato de que mais de um terço dos carcinomas orais têm leucoplasia em íntima proximidade, porém muito mais devido aos resultados originados por investigações clínicas que monitoraram numerosas lesões leucoplásicas por longos períodos. A leucoplasia é a lesão branca pré- cancerosa mais comum, representando cerca de 85% desse grupo de lesões; tendo predileção por homens, acima dos 40 anos. Embora com causa desconhecida, pode-se elencar o tabaco (mais comum), o álcool, a erva sanguinária (presente nos enxaguatórios e/ou em dentifrícios), a radiação ultravioleta, microrganismos (Treponema pallidum, HPV e Candida albicans) e traumas, são considerados agentes de atuação para que essa patologia se desenvolva OBS.: o habito de usar o tabaco sem fumaça, leva a manifestação de outro tipo de doença, a ceratose da bolsa de tabaco, que não é considerada uma leucoplasia verdadeira. OBS.: o álcool pode atuar em sinergia com o tabaco, podendo até ser o álcool presente em enxaguatórios bucais. OBS.: os pacientes que fazem uso da erva sanguinária são cerca de 80% os que apresentam a condição chamada de leucoplasia vestibular ou alveolar maxilar (também chamada de ceratose associada à sanguinária). OBS.: a irritação mecânica crônica pode produzir uma lesão branca com superfície ceratótica áspera denominada ceratose friccional. Embora a lesão resultante seja clinicamente similar a uma leucoplasia verdadeira, tal lesão é atualmente compreendida como não mais do que uma resposta hiperplásica normal (similar a um calo na pele). As lesões individuais podem ter uma aparência clínica variada que tenderá a se alterar ao longo do tempo. Lesões iniciais e brandas surgem como placas levemente elevadas cinzentas ou branco-acinzentadas, que podem parecer um tanto translúcidas, fissuradas ou enrugadas, e que Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 são tipicamente macias e planas. Essas lesões geralmente apresentam bordas bem demarcadas, porém, ocasionalmente, misturam-se de forma gradual à mucosa normal. À medida que as lesões progridem, podem passar por um estágio no qual são indistinguíveis de um carcinoma verrucoso, mas posteriormente, com frequência desenvolvem alterações displásicas e se transformam em um carcinoma de células escamosas. OBS.: as leucoplasias podem se tornar displásica, e até mesmo, invasiva, sem alterar sua aparência clínica. O tratamento depende do resultado do histopatológico, nesse caso é biopsia é mandatória (o tecido escolhido para a biopsia deve ser da parte em que a lesão esteja mais severa – caso a lesão esteja toda branca, recomenda-se o uso de corante azul de tolidina, e onde estiver mais escuro é o local que deve ser feita a biopsia). Após isso a remoção cirúrgica pode ser recomendada, ou eletrocauterização, ou criocirurgia, ou ablação a laser. Podendo ter uma taxa de até 83% de recidivas. OBS.: o azul de tolidina tem afinidade por onde está havendo maior atividade celular. Leucoplasia pilosa A leucoplasia pilosa é uma EBV associada a AIDS. É uma lesão que se apresenta como uma placa branca na mucosa que não se destaca quando é raspada. Ela é caracterizada por um padrão característico de hiperceratose e hiperplasia epitelial. Geralmente, ocorrem na margem lateral da língua, seu aspecto pode variar de estrias brancas verticais tênues a áreas leucoplásicas espessas e conjugadas, apresentam uma superfície ceratótica áspera. Em alguns casos, as lesões podem cobrir totalmente a superfície lateral e dorsal da língua. Raramente a mucosa jugal, palato mole, faringe ou esôfago podem estar envolvidos. Quando o paciente tem uma rotina para HIV, o aspecto clinico é suficiente pra a definição do diagnóstico. O tratamento, geralmente, não é necessário, mas medicamento contra o herpesvirus surtem um efeito rápido; também pode ser feito um Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 tratamento tópico com retinóides ou podofilina resinosa. OBS.: a cirurgia ou a crioterapia também podem ser uma alternativa. OBS.: a maioria dos casos ocorrem em pessoas imunocomprometidas, mas não isenta as pessoas imunocompetentes de manifestar a doença. Líquen plano É uma doença dermatologia crônica, e que com frequência afeta a mucosa bucal. É ocasionada por uma condição fúngica, podendo ser uma doença imunologicamente mediada. OBS.: alguns medicamentos podem induzir a formação de lesões que se assemelhem ao líquen plano, e alguns materiais estranhos podem desencadear uma resposta liquenóide (unilateral). É uma lesão em adultos de meia idade, as mulheres são mais afetadas em uma relação 3:2. Comum em 1% da população. São descritas como pápulas poligonais, púrpuras e pruriginosas. Em geral, afetam as superfícies flexoras das extremidades. As escoriações podem não ser visíveis, apesar do fato de que as lesões são pruriginosas, podendo ferir o paciente e resultando em coceira. Acontecem bilateralmente. Eventualmente avermelhada (erosivo). Também expressa um quadro de gengivite descamativa. OBS.: um exame cuidadoso da superfície das pápulas da pele revela linhas brancas finas semelhantes a um rendilhado (estrias de Wickham). Basicamente, existem duas formas de lesões bucais: a reticular e a erosiva. A etiologia do líquen plano pode estar associada ao vírus da hepatite C, ao stress/ansiedade (pode ser potencializadores da doença). Se for uma lesão assintomática, recomenda- se a revisão a cada 6 meses. Mas, caso seja uma lesão sintomática, o uso de corticoide tópico (flixotide), eventualmente intralesional e/ou sistêmico (recomendar ao paciente a não usar tabaco). Leucoceratose nicotínica do palato (estomatite nicotínica)Lesão associada ao uso do fumo, na maioria das vezes, ao cachimbo, cujo a recomendação é a suspensão do uso do fumo, e, eventualmente, a remoção cirúrgica. Recobre a maior parte do palato do paciente, acometendo pacientes de meia-idade e/ou idosos, sendo mais frequente em homens. Clinicamente é visto um espessamento esbranquiçado da mucosa palatina devido à hiperceratose. Também é visto um aumento de volume inflamatório nas glândulas mucosas menores, que se apresentam avermelhadas, com um fundo de hiperceratose branca, com pequenos aumentos de volume umbilicados com os centros avermelhados. Candidíases (candidoses) Se dividem em: • Pseudomembranosa; • Eritematosa; • Queilite angular; • Glossite romboidal mediana; Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 • Crônica hiperplásica; • Mucocutânea A candidíase pseudomembranosa, é a mais comum, geralmente é causada pela Cândida albicans, geralmente é resultado de um distúrbio na microflora oral ocasionado pelo uso de antibióticos, corticóides, e/ou xerostomia, imunodeficiência associada ao HIV/AIDS, leucemias, linfomas e diabetes (também é comum a pacientes recém-nascidos). Se apresentam como pápulas brancas na superfície da mucosa do palato, que são compostas de tecidos necróticos (epitélio paraceratótico) e são facilmente removidas, não há sintomatologia dolorosa. OBS.: complicações podem ocorrer, caso as lesões se estendam ao trato respiratório. O tratamento é feito ao fator predisponente, é preconizado o uso de antifúngicos como: nistatina, fluconazol e anfotericina. Grânulos de Fordyce São glândulas sebáceas ectópicas, raras em crianças, e acometem 80% dos adultos, não apresentando significado patológico; são mais proeminentes em homens. As condições de: pele oleosa, avanço de idade, doenças reumatológicas e síndrome do câncer colorretal, favorecem o aparecimento desses grânulos. Consistem em grânulos, amarelados, de consistência amolecida, submucoso, normalmente localizados entre o vermelhão dos lábios superior e a mucosa labial. Leucoedema e linha oclusal: bit.ly/estomato-clcb Referências: SCULLY, C. Medicina oral e maxilofacial: bases do diagnóstico e tratamento. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. NEVILLE, B. W.; ALLEN, C. M.; DAMM, D. D.; et al. Patologia: Oral & Maxilofacial. 4ª Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. https://bit.ly/estomato-clcb
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