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PESSOA JURÍDICA – ART. 40 A 69 São quatro os requisitos para a constituição da pessoa jurídica: a) vontade humana criadora (intenção de criar uma entidade distinta de seus membros); b) elaboração do ato constitutivo (estatuto ou contrato social); c) registro do ato constitutivo no órgão competente; d) liceidade de seu objetivo. SUJEITO DE DIREITO : o sujeito de direito pode ser separado da seguinte forma: • PERSONALIDADE JURÍDICA: termo que designa a aptidão genérica para titularizar direitos e deveres. • COM PERSONALIDADE JURÍDICA: a pessoa natural adquire a personalidade jurídica a partir do nascimento com vida (art. 2º CC) e a pessoa jurídica a partir de um fenômeno chamado registro (art. 45, CC). • SEM PERSONALIDADE JURÍDICA: não possuem personalidade jurídica o condomínio, nascituro, massa falida, espólio e a sociedade irregular ou de fato. SOCIEDADE REGULAR E IRREGULAR A partir do momento em que o registro é promovido, surge a pessoa jurídica (a qual possui personalidade distinta da dos sócios). A ausência de registro configura a responsabilidade ilimitada dos sócios. Eventuais ações ajuizadas contra o empreendimento devidamente registrado não necessariamente atingiriam aos sócios, uma vez que existe uma pessoa jurídica prévia a qual a ação deve considerar. Caso a pessoa jurídica não possua dinheiro para promover o pagamento da dívida, é possível solicitar ao juiz a desconsideração de personalidade jurídica caso os requisitos sejam alcançados ou demonstrados pelo solicitante. O patrimônio dos sócios poderá ser atingido (sócios que tenham alguma relação para com o litígio), procedimento fundamentado pelo CPC em seus artigos 133 a 137. Aceitos os requisitos apresentados, o juiz abrirá uma fenda no “manto protetor” constituído pela pessoa jurídica, podendo afetar o patrimônio de um sócio que tenha cometido algum ato abusivo, posicionando-o com relação ao litisconsórcio ao lado da pessoa jurídica. Direito civil Na sociedade irregular ou de fato, não há que se falar na desconsideração da personalidade jurídica, uma vez que não há uma pessoa jurídica na relação estabelecida. A desconsideração da personalidade jurídica posiciona o sócio responsabilizado ao lado da pessoa jurídica, mas este não é excluído do polo passivo. Uma eventual desconsideração da personalidade jurídica não indica ou resulta em sua extinção, sendo promovido o seu mero afastamento temporário. A análise dos requisitos depende de duas teorias, uma maior e outra menor e que serão aplicadas a depender da situação concreta: • TícioAutor • Caio S/A • MévioRéu R e q u is it o s d e d e sc o n si d e ra çã o P J Teoria Maior - Art. 50, CC. Requisito Subjetivo Comportamento Abusivo Desvio de Finalidade ou Confusão Patrimonial Requisito Objetivo Demonstração do Dano. Cabimento Credor Tributário Danos à Economia Popular Hipóteses Genéricas Teoria Menor - Art. 28, CDC Requisitos Objetivos Exige demonstração do dano. Cabimento Credor Consumidor Credor Trabalhista Danos ao meio ambiente Em se tratando de credor consumidor ou credor trabalhista, ou de danos ao meio ambiente, aplica- se a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica. A teoria maior aplica-se ao credor tributário, aos danos à economia popular, e às hipóteses genéricas, conforme previsão do Código Civil. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei n. 13.874, de 2019). § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I – cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II – transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e III – outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. • DESCONSIDERAÇÃO DIRETA DA PESSOA JURÍDICA: hipótese em que se desconsidera a pessoa jurídica para o atingimento do(s) sócio(s); • DESCONSIDERAÇÃO INVERSA OU INVERTIDA: desconsidera-se o sócio (uma vez que ele é o devedor original) para que seja possível atingir a pessoa jurídica em que ele é sócio. Exemplo: questões de divórcio, em que muitas vezes um dos cônjuges atribui a sua empresa bens pessoais, sendo impossível efetuar a partilha de tais bens. O cônjuge lesado, demonstrando os requisitos para o juiz, poderá atingir o patrimônio da empresa em questão. Art. 50. § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei n. 13.874, de 2019). • PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO: a) Pessoa jurídica de direito público externo (estados estrangeiros/estados soberanos) e as organizações ou organismos internacionais); e b) Pessoa jurídica de direito público interno (União, estados, territórios, DF, municípios, autarquias e as associações públicas). • Pessoa jurídica de direito privado (Art. 44): a) Associações; b) Fundações; c) Organizações religiosas; d) Partidos políticos; e) Eireli e as sociedades. ASSOCIAÇÃO E FUNDAÇÕES X EIRELI E SOCIEDADES Diferença entre essas modalidades é a finalidade lucrativa, atribuída exclusivamente as Eireli e sociedades. Ausência de finalidade lucrativa institui uma associação ou fundação. A pessoa jurídica existe a partir de um fenômeno chamado registro, sendo registrado o ato constitutivo – Art. 45, CC/02 (alcunhada de teoria da realidade técnica). Associações e fundações será registrado o estatuto (CRPJ), – Art. 1.150 Eireli e as sociedades, aplica-se o contrato social (junta comercial). – Art. 1.150 Rol do Art. 44, CC/02 é exemplificativo. Pessoa Jurídica Direito Público Direito Público Externo Estados estrangeiros, organismos internacionais Direito Público Interno União Estados Município DF Direito Privado - Art. 44 , CC. Associações Fundações Organizações Religiosas Sindicatos Partidos Políticos Não possui fins lucrativos Sociedades e Eireli Possui fins lucrativos Sindicato, Organização Religiosa e Partidos Políticos são associações/fundação. Em relação as associações e fundações, embora o Código Civil mencione que devem ter “fins não econômicos”, deve-se entender como fins não lucrativos. Caso exista efetivamente o lucro, ele deve se voltar unicamente para a própria pessoa jurídica, não podendo ser partilhado entre seus sócios. A pessoa jurídica é presentada pelos sócios, administradores, gerentes, etc. (art. 47, CC); Uma pessoa jurídica de direito privado pode sofrer dano moral (considerando a honra objetiva – Súmula 227 STJ). Isso ocorre, pois, o art. 52 estabelece a aplicação (no que couber) das regras relacionadas aos direitos de personalidade à pessoa jurídica. SÚMULA N. 227 - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. A pessoa jurídica possuirá, no que couber a proteção concedida aos direitos da personalidade. ASSOCIAÇÃO X FUNDAÇÃO A ss o ci aç ão Finalidade Interna Voltada aos próprios associados Externa Voltada a terceiros, mas sem fins lucrativos Conjunto de pessoas Não pode haver expulsão associados Eficácia horizontal dos direitos fundamentais Prevendocontraditório e ampla defesa Associados Não possuem direitos/obrigações recíprocas Condição de associado instramissível Transferência de cota não importa qualidade de associado Salvo disposição diversa estatuto O instituidor cria a fundação por testamento (com funcionamento a partir de sua morte) ou escritura pública. O patrimônio deve estar livre e desembaraçado, além de ser suficiente para as finalidades propostas. (Art. 62, CC/02). Se os bens destinados para a criação da fundação em testamento forem considerados insuficientes eles serão destinados a uma fundação de igual ou semelhante atuação (se de outra forma não dispuser a pessoa instituidora). Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante (, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto). Fundação Conjunto Patrimonial formado pela reunião de bens Bens Móveis Bens Imóveis Instituidor Cria por escritura pública Testamento Finalidade Externa Religiosa Social Saúde Cultural Educacional Proteção Meio- Ambiente Científica Fiscalização MP O quadro de formação da fundação é constituído pelo conselho curador, diretoria executiva e por um conselho fiscal (facultativo). As pessoas que compõem o quadro são as responsáveis pelos atos da fundação. REFERÊNCIA BRASIL. Lei 10.406/2002. Código Civil 2002. Brasília, 10 de janeiro de 2002. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm> Código Civil Comentado. – Doutrina e Jurisprudência/ Anderson Shereiber... [et al.] – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
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