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Definição: São quatro alterações cardíacas: CIV + estenose pulmonar + dextroposição da aorta + hipertrofia de VD. Corresponde a 3,36% das cardiopatias congênitas, com a prevalência de 0,21 para cada 1.000 nascidos vivos. Fisiopatologia A CIV e a estenose pulmonar são os defeitos mais importantes. A CIV é responsável pela equivalência de pressões entre as duas cavidades (serve como via de saída sistêmica para o VD e o VE). Apresentação Clínica A apresentação clínica depende da estenose pulmonar: quanto maior a estenose, maior é a quantidade de sangue desviado do VD para a circulação sistêmica. As manifestações clínicas se relacionam diretamente com a anatomia da doença. Estenose pulmonar leve: pode ser acianótico com sopro cardíaco intenso. À medida que a estenose progride, aparece a cianose e o sopro vai diminuindo. A cianose é central, generalizada, atingindo pele e mucosas. Alguns RN apresentam cianose intensa desde o nascimento, quando há uma obstrução grave na via de saída do VD, e a circulação pulmonar pode ser dependente da persistência de um canal arterial. Crianças maiores podem apresentar baqueteamento digital e adotar a posição de cócoras, a fim de melhorar a hipóxia. A crise de hipóxia é uma manifestação clínica frequente e pode levar a complicações neurológicas graves. O paciente apresenta cianose intensa, taquipneia e, frequentemente, alterações de consciência. O sopro diminui ou até desaparece pela diminuição da passagem de sangue pela valva pulmonar. Geralmente, ocorre de manhã, precipitada por atividades como defecar, chorar ou após alimentação. Mais frequente em lactentes entre 2-6 meses de vida. Sinais de insuficiência cardíaca geralmente estão ausentes, exceto quando há grande CIV com estenose pulmonar leve ou grande número de colaterais sistêmico-pulmonares. Abordagem Diagnóstica Radiografia de tórax: Apresenta várias alterações, mas nenhuma é patognomônica. Raramente há cardiomegalia. Nas crianças maiores, o coração adquire uma forma característica da doença: "tamanco holandês" (a ponta é desviada superiormente com o bordo esquerdo côncavo). ECG: Desvio do eixo do QRS para a direita e hipertrofia de VD. Ecocardiograma: As características morfológicas ajudam na correta indicação cirúrgica, além da avaliação do tamanho e localização da CIV, confluência e tamanho das artérias pulmonares, lateralidade do arco aórtico, suprimento sanguíneo pulmonar, anomalias associadas e origem e trajeto das artérias coronárias. Cateterismo cardíaco: Indicado quando o ecocardiograma não elucidou totalmente todos os aspectos da doença. Define melhor a confluência dos ramos pulmonares e colaterais sistêmico-pulmonares. Teste de triagem neonatal para cardiopatia congênita crítica ("teste do coraçãozinho"): Realizado após o nascimento, serve de rastreio para outras cardiopatias congênitas, incluindo a tetralogia de Fallot. ● Indicação: Crianças com IG > 34 semanas entre 24-48 horas de vida; ● Medir a saturação pré-ductal (membro superior direito) e a pós-ductal (um dos membros inferiores); ● O teste é considerado positivo se SaO2 < 95% ou se a diferença de saturação pré e pós-ductal for ≥ 3%; ● Se o teste for positivo, repetir em 1 hora. Caso mantenho positivo, solicitar avaliação do cardiologista e/ou solicitação de ecocardiograma. Diagnóstico Diferencial ● Transposição de grandes artérias; ● CIV; ● Atresia tricúspide; ● Tronco arterioso; ● Atresia pulmonar; ● Dupla via de saída do VD com estenose pulmonar. Acompanhamento Quando os pacientes não são operados, a história natural depende da gravidade dos defeitos anatômicos. Os principais fatores de risco para o óbito são embolia paradoxal, trombose cerebral e pulmonar, abscesso cerebral e endocardite infecciosa. As complicações a longo prazo da cirurgia são arritmias, disfunção de VD, hipertensão pulmonar e morte súbita. Abordagem Terapêutica Tratamento clínico: ● Dar suporte para evitar a piora da cianose e a crise de hipóxia, controlando rigorosamente a hemoglobina, para evitar anemia e policitemia; ● Neonatos com grande estenose pulmonar: São usualmente cianóticos e graves desde o nascimento. Deve-se iniciar o uso de Alprostadil (Prostaglandina) para manutenção da abertura do canal arterial e fluxo sanguíneo para a circulação pulmonar; ● Dose: Alprostadil 0,05-0,1 micrograma/kg/minuto EV (infusão contínua); ● A crise de hipóxia deve ser tratada como emergência (tentar cada uma das etapas, se não houver resposta com a etapa anterior): ● Posição joelho-tórax: paciente deitado. Colocar os joelhos sobre o abdome/tórax, para aumentar a resistência vascular periférica; ● Oxigenioterapia; ● Etapa rápida com cristaloide (SF 10-20 mL/kg); ● Sulfato de morfina (0,1 mg/kg), SC, EV ou IM, para suprimir o centro respiratório e abolir a taquipneia; ● Propranolol (0,1 mg/kg) ou Esmolol (0,1 mg/kg): promover relaxamento da musculatura infundibular; ● Fenilefrina (5-20 microgramas/kg) EV, para aumentar a pós-carga e desviar sangue para a circulação pulmonar; Tratamento cirúrgico: ● Se não houver melhora satisfatória com as medidas clínicas adotadas, indica-se cirurgia paliativa de derivação sistêmico-pulmonar. ● A cirurgia de correção total definitiva (fechamento da CIV e ampliação da via de saída do VD) é feita a partir dos 6 meses de vida, mas alguns serviços já indicam a partir dos 3 meses; ● A cirurgia paliativa só é indicada nas situações de urgência ou quando a anatomia é desfavorável (artérias pulmonares hipoplásicas) ou a criança tem menos de 3 meses de vida. Profilaxia Deve ser realizada profilaxia para endocardite infecciosa em todos os pacientes com tetralogia de Fallot não corrigida. Guia de Prescrição Prescrição Ambulatorial Crise de Hipóxia Dieta e Hidratação 1.Dieta suspensa até reversão da crise. 2. A dieta e a hidratação devem ser avaliadas individualmente, de acordo com a gravidade de cada quadro. Sequência de Tratamento 1. Colocar paciente na posição joelho-tórax. 2. Garantir oxigenioterapia. 3. SF 0,9% 10-20 mL/kg EV em 30 minutos. 4. Sulfato de morfina 0,1 mg/kg, SC, EV ou IM. 5. Esmolol 0,1 mg/kg/dia EV. 6. Fenilefrina 5-20 microgramas/kg EV. 7. Na ausência de melhora satisfatória com as medidas acima, indicar cirurgia paliativa de derivação sistêmico-pulmonar. Neonato com Estenose Pulmonar Grave Dieta e Hidratação 1. A dieta e a hidratação devem ser avaliadas individualmente, de acordo com a gravidade de cada quadro. Tratamento Farmacológico 1. Manter o canal arterial pérvio e o fluxo sanguíneo para a circulação pulmonar: Alprostadil 0,05-0,1 micrograma/kg/minuto EV (infusão contínua).
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