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Aula 14 Sistema Tegumentar Introdução ¨ Estratos do tegumento (a partir da superfície): © Pele: epiderme, derme. © Tela subcutânea (hipoderme) © Fáscia muscular: camada mais profunda. Epiderme ¨ Epitélio estratificado escamoso queratinizado. ¨ Até 1,5mm de espessura (palmas e plantas). ¨ Não exibe vasos sanguíneos ou linfáticos. ¨ Relativamente pobre em terminações nervosas. ¨ Associada a fâneros e glândulas (sudoríferas, odoríferas, sebácea) ¨ Adesão intercelular assegurada por desmossomos (ausentes na camada córnea). Ciclagem de aproximadamente 60 dias. ¨ Permeada por macrofagócitos especializados (Langerhans)- célula sentinela. ¨ Células produtoras de melanina (melanócitos) na camada basal- proteção contra radiação UV por ser uma barreira. ¨ Estratos da epiderme: © Basal: células germinativas (renovam o epitélio) © Espinhoso/escamoso: carcinoma escamocelular se apresenta nesse local. © Granuloso (querato-hialina) © Lúcido (somente palmas e plantas): camada inconstante (não se vê). © Córneo (células queratinizadas, sem núcleo- células mortas) ¨ Fototipo I: maior risco de câncer de pele (pessoa de pele clara e cabelo claro- ruivos). Derme ¨ Composta por tecido conjuntivo frouxo e denso. ¨ Até 5mm de espessura (palmas, plantas e dorso/nuca). ¨ Rica em vasos sanguíneos e linfáticos. ¨ Rica em terminações nervosas. ¨ Confere resistência à pele (fibras colágenas). ¨ Projeções apicais papiliformes (papilas dérmicas), impõem ondulações à epiderme. ¨ Estratos (a partir da profundidade): © Reticular: tecido conjuntivo denso irregular. © Papilar: tecido conjuntivo frouxo. Queratose Seborreica ¨ Proliferação neoplásica benigna de queratinócitos. Gabriela Rachadel Lohn Aula 14 ¨ Maioria adultos com mais de 40 anos. ¨ Em geral na cabeça, pescoço ou tronco: não encontrada na pele glabra (pele sem pelos- palma, planta). ¨ Fotoexposição parece favorecer a patogênese. ¨ Transformação maligna parece improvável. ¨ Pápula/placa rugosa com pigmentação castanho-clara ou escura, em geral homogênea, medindo em torno de 1cm. ¨ À microscopia, acantose e hiperqueratose, associada a típicos pseudocistos córneos. © Espessamento da epiderme por causa da proliferação abundante, o qual acaba se dobrando sobre si mesma enclausurando alguns pedaços, tendo células mortas acumuladas nesse interior- pseudocistos córneos. © Aspecto oleoso por esse acúmulo. ¨ Sinal de Leser-Trélat: rápido surgimento ou aumento no número/tamanho das lesões correlaciona-se à presença de malignidade (carcinoma ou linfoma), em sítios diversos (gástrico, colorretal, mamário). © Lesões de queratose seborreica Queratose Actínica/Solar/Senil ¨ Proliferação neoplásica benigna de queratinócitos. ¨ Estimada em pelo menos 10% da população- variável conforme região. ¨ Mais comum na pele clara, especialmente em idosos. ¨ Observada em áreas foto expostas (cabeça, dorso das mãos e antebraços). ¨ Correlaciona-se com maior risco para malignidades cutâneas- indica exposição UV excessiva. ¨ Reconhecido potencial de malignização: carcinoma escamocelular, em até 10% dos casos num período de 10 anos. ¨ Etiopatogênese ligada especialmente à exposição solar (UVB) crônica. © UVC é mais tóxica, mas é absorvida na camada de ozônio. ¨ Pápula/placa eritematosa recoberta por escamas pardo-amareladas, em geral com até 1 cm. ¨ Epiderme exibe-se displásica (atipias mais proeminentes na base) e paraqueratótica, tipicamente num contexto de elastose dérmica (dano solar crônico). Aula 14 ¨ A queratose actínica hipertrófica pode produzir cornos cutâneos. © Qualquer doença da epiderme que favoreça uma ciclagem pode formar o corno cutâneo, como carcinomas, verrugas. Carcinoma Escamocelular ¨ Segunda neoplasia maligna mais comum da pele. ¨ Mais frequente na pele clara, especialmente em idosos. ¨ Em geral áreas fotoexpostas (cabeça, dorso das mãos e antebraços). ¨ Frequentemente associado à queratose actínica (potencial precursora). ¨ Lesões genitais ou perianais provavelmente se devem ao HPV. ¨ Reconhecido potencial metastático. ¨ Pápula/placa eritematosa irregular, firme e frequentemente ulcerada, que pode medir vários centímetros. ¨ À microscopia, blocos sólidos de células escamoides invadindo a derme ou além, com típicos adensamentos de células cornificadas (pérolas córneas). ¨ A região infraorbital/malar e a hélice auricular são territórios comuns do carcinoma. Carcinoma Basocelular- CBC ¨ Neoplasia maligna mais comum da pele. ¨ Mais frequente na pele clara, especialmente em idosos. ¨ Em geral áreas foto expostas (porém, incomum nas mãos). ¨ Pode haver invasão da profundidade, mas metástases são extremamente raras. ¨ Pápula eritêmatoperoláceo (brilho), por vezes exibindo vasos ectásicos ou ulcerações, ou placa irregular com relevo discreto e limites imprecisos. Aula 14 ¨ À microscopia, blocos invasivos de células basoloiodes, com típicas fendas artefatuais na fronteira com a derme circunjacente. ¨ CBC superficial: placas de baixo relevo, cresce para os lados, descamativo, limites pouco definidos. Pode exibir lesões satélites que podem passar despercebidas. Efélides ¨ Hiperpigementações focais da epiderme- conhecida como sardas. ¨ Muito comuns, especialmente em mulheres. ¨ Mais frequentes na pele clara (em particular ruivos). ¨ Observados em áreas fotoexpostas (face, ombros, dorso das mãos e antebraços), acentuando-se conforme a exposição. ¨ Embora casos acentuados correlacionem-se com maior risco para malignidade (melanoma), não são consideradas pré-malignas. ¨ Surgem na infância e tendem a desaparecer na idade avançada. ¨ Possivelmente relacionadas a uma atividade anormal de grupos de melanócitos e/ou distribuição anormal de melanina. ¨ Não há anormalidade arquitetural da epiderme ou aumento do número de melanócitos. ¨ Múltiplas máculas acastanhadas uniformes com até 2 mm. Síndrome de Peutz-Jeghers ¨ Condição autossômica dominante rara, caracterizada por múltiplos focos de hiperpigmentação mucocutânea. ¨ Associa-se a polipose hemartomatosa no tubo digestório (intestino grosso, estômago). © Facilidade de fazer pólipos***. ¨ Risco elevado para uma variedade de neoplasias malignas (indicado acompanhamento vitalício, desde o nascimento). ¨ Em geral manifesta-se na infância/adolescência, mas as máculas podem exibir-se já ao nascimento. ¨ Mutações do gene LKB1 (regulação da apoptose) em 80% dos casos. Aula 14 ¨ Máculas distribuem-se na região labial/perioral (e intraoral), mãos e pés (especialmente palmas e plantas) e são morfologicamente indistinguíveis das efélides. Lentigo Simples ¨ Hiperplasia de melanócitos associada à hiperpigmentação focal de queratinócitos. ¨ Surge na infância/adolescência e não parece haver predileção por gênero ou etnia. ¨ Observado em qualquer topografia (fotoexposta ou não), incluindo mucosas orificiais. Lentigo Actínico/Solar/Senil ¨ Hiperplasia de melanócitos associada à hiperpigmentação focal de queratinócitos. ¨ Muito comum em idosos de pele clara. ¨ Observado em áreas fotoexpostas (em particular dorso das mãos/antebraços e face). ¨ Risco de malignização sugerido em alguns estudos. ¨ A exposição crônica ou aguda intensa (queimadura) à radiação UV*** são estímulos a patogênese. ¨ Máculas acastanhadas irregulares com até 10mm. ¨ Tipicamente há contexto de elastose dérmica (derme envelhecida). ¨ Pode requerer exame mesoscópico (dermatoscopia) para definição diagnóstica (permanecendo dúvida, a biópsia é recomendada). ¨ Não há potencial de malignização. ¨ Etiopatogênese não esclarecida (não há relação com a exposição UV). ¨ Mácula acastanhada de contornos bem definidos, medindo até 5mm, solitária (macroscopicamente indistinguível das efélides). Aula 14 Nevo Melanocítico Comum ¨ NAEVUS= de nascença ¨ Proliferação benigna de células melanocitoides (“nérvicas”), intraepidérmica, intradérmica ou mista.¨ Adquiridos em geral na juventude. ¨ Observados em qualquer topografia (incluindo palmas, plantas e leito ungueal, além de conjuntivas e mucosas. ¨ Geralmente múltiplos, com máxima expressão na idade adulta (em média 20-40 na pele clara), tendem à regressão na idade avançada. ¨ Presença em grande número (>50) associa-se a maior risco para malignidade (melanoma), porém, transformação maligna é rara. ¨ Origem (suposta) a partir de células da crista neural migradas à epiderme. ¨ Histórico de exposição solar na infância parece influenciar a expressão do fenômeno, cujas bases genéticas, porém, permanecem desconhecidas. ¨ Mácula/pápula acastanhada arredondada e uniforme, com contornos bem definidos, em geral medindo até 5mm. ¨ Ninhos de células névicas na junção dermoespidérmica (subtipo juncional), na derme (subtipo intradérmico) ou ambas (subtipo composto). Nevo Melanocítico Congênito ¨ Proliferação benigna de células névicas, em geral dermoepidérmica, presente ao nascimento (aproximadamente 2% da população). ¨ Observados em qualquer topografia. ¨ Transformação maligna em até 18% dos casos*** (risco proporcional ao tamanho da lesão). ¨ Nos casos extensos é indicado acompanhamento vitalício, desde o nascimento (devendo-se considerar remoção cirúrgica). Aula 14 ¨ Origem provável a partir de células da crista neural migradas para a pele durante o desenvolvimento embrionário ¨ Mácula/pápula/placa acastanhada ou enegrecida, solitária ou múltipla, podendo medir mais de 20 cm (nevo gigante). ¨ Além de compor ninhos juncionais, as células névicas infiltram difusa e profundamente a derme e avançam sobre a hipoderme. ¨ É típico o envolvimento dos anexos cutâneos. Melanoma ¨ Neoplasia Maligna de melanócitos. ¨ Mais letal neoplasia cutânea- alto potencial metastático, 30% de mortalidade em 5 anos (não é a mais comum) ¨ Doença muito agressiva no sentido de metástases à distância. ¨ Incidência crescente nas últimas décadas (grande quantidade no sul do país). ¨ Predomina em adultos de pele clara (fenótipo de risco). ¨ Pode surgir em qualquer topografia (geralmente áreas fotoexpostas). ¨ Diagnóstico requer exame histopatológico- idealmente excisional***. © Fragmento excisional= tirar tudo. ¨ Patogênese relacionada ao acúmulo de danos diretos e indiretos sobre o DNA provocados pela radiação UV (nas exposições excessivas, principalmente se esporádicas e na juventude). ¨ Em pelo menos 35% dos casos há associação com lesão névica prévia (em particular a congênita e displásica). ¨ Em geral uma fase de crescimento radial, predominantemente intraepidérmica, antecede a invasão da profundidade dérmica (fase de crescimento vertical). © Invade, cresce para os lados e depois para a profundidade ¨ Mácula/pápula/placa tipicamente assimétrica (A), com bordos (B) irregulares, por vezes mal definidos, coloração (C) heterogênea, dimensão (D) maior que 5 mm e indícios de evolução (E). Aula 14 ¨ Espessura (índice de Breslow) maior que 4 mm e ulceração (sinalizando crescimento rápido) são indicativos de pior prognóstico. ¨ À microscopia, proliferações juncionais e/ou dermoepidérmicas de melanócitos atípicos, com propagações aleatórias de células individuais aos vários níveis da epiderme (“ascensão pagetoide”). ¨ O diagnóstico histopatológico pode ser muito desafiador. ¨ O exame cuidadoso de lesões pigmentadas, especialmente em pacientes de risco, é fundamental para o diagnóstico precoce do melanoma. ¨ O exame dermatoscópico pode agregar informações importantes ao diagnóstico. Nevo Melanócitico Displásico (de Clark) ¨ Variante atípica (benigna) de nevo melanocítico, com características clínicas e histopatológica sugestivas de malignidade. ¨ Pode surgir em qualquer idade. ¨ Em geral no tronco (incluindo áreas pouco fotoexpostas). ¨ Reconhecido potencial de malignização. ¨ A presença de múltiplas lesões associa-se maior incidência de neoplasia maligna (fenótipo de risco). ¨ Recomendado exame regular com dermatoscopia (maioria revela-se estável) e, conforme o caso, complementação com biópsia. ¨ Patogênese incerta, mutações dos genes NRAS, BRAF, CDKN2A E CDK4 parecem implicadas. ¨ Solitário ou múltiplo, em geral maior que o nevo comum (>5 mm). ¨ Mácula/ pápula que poder assimétrica, irregular e/ou heterogênea (características suspeitas), especialmente quando maior que 1 cm. ¨ Os ninhos de melanócitos atípicos podem ser somente juncionais ou também estar presentas na derme. ABCDE da dermatologia Evolução: mudança do aspecto da lesão Aula 14 Dermatofibroma ¨ Neoplasia mesenquimal mais comum da pele, de comportamento benigno. ¨ Surge na derme, sem relação com a epiderme. ¨ Mais comum em adultos, em geral nos membros. ¨ Etiopatogênese a esclarecer (favorecidos por trauma local). ¨ Nódulo intradérmico bem delimitado, firme, em geral com até 2 cm. ¨ Aparência de ser uma lesão mais profunda. ¨ À microscopia, proliferação de células fusoides multidirecionais, por vezes acompanhada por hiperplasia da epiderme suprajacente. © Não invade epiderme, hipoderme. Dermatofibrossarcommoma Protuberans ¨ Neoplasia mesenquimal dérmica, de comportamento maligno (Cresce na derme). ¨ Mais comum em adultos, em geral tronco. ¨ Localmente agressivo, pode invadir epiderme, hipoderme, com metástases infrequentes. ¨ Recorrência é comum. © Depois da remoção da lesão, ela volta. ¨ Patogênese envolve translocação entre os genes COL1A1 e PDGFB, resultando na superexpressão do fator de crescimento PDGF-B, que exerce ação autócrina (estresse oncológico). ¨ Placa firme e multinodulada, por vezes ulcerada (por causa da invasão). ¨ Células fusoides densamente agrupadas, invadindo profundamente a derme e hipoderme. Pápula normocrômica endurecida. Aula 14 Micose Fungoide ¨ Proliferação neoplásica maligna de células linfocitoides da linhagem T. ¨ Mais comum subtipo de linfoma cutâneo (ainda assim, uma neoplasia infrequente). © Neoplasia maligna de células que parecem linfócitos. ¨ Maioria adultos com mais de 50 anos. ¨ Manifesta-se especialmente no tronco. ¨ Em geral limita-se à pele, mas pode haver disseminação sistêmica (evolução tipicamente lenta). ¨ Etiopatogênese pouco compreendida. ¨ Estímulos antigênicos persistentes (virais?) deflagrariam eventos oncogênicos que culminam com a proliferação, na pele, de linfócitos T CD4+ monoclonais com marcado epidermotropismo. © Surge na derme, mas rapidamente se propaga a epiderme. ¨ Clinicamente, manchas pardoavermelhadas que tendem a propagar-se e evoluir para placas ou nódulos, que podem ulcerar. © Quando ocorre ulceração= doença mais avançada. ¨ À microscopia, linfócitos (neopláiscos) infiltram a epiderme e derme superficial. ¨ Manchas que começam pequenas e se ampliam.
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