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ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de análise Disciplina: Negociação e Gestão de Conflitos Módulo: Final - Atividade Individual Aluno: Anna Carolina Xavier Santos Rocha Turma: ONL021HZ-ENFLIBH03T2 Tarefa: Análise da dinâmica de negociação do filme “Coach Carter: treino para a vida” Introdução O filme “Coach Carter: treino para vida”, de 2005, é um longa baseado em uma história real que se passa nos anos de 1990 no estado da Califórnia. Nela, o treinador, ou coach, Ken Carter recebe o convite de treinar o difícil, não muito técnico e jovem time de basquete de ensino médio do colégio Richmond, no qual ele também estudou, foi um jogador brilhante com grandes recordes e vitórias em seu tempo, e que ficava localizado na comunidade suburbana de mesmo nome (Richmond) na qual o treinador vivia com sua família: mulher e filho único. O treinador, apesar de experiente, era novo na equipe, precisava ganhar a confiança dos jovens atletas considerados rebeldes e, ao mesmo tempo, valorizar o que o esporte pode ensinar: respeito, técnica, disciplina, trabalho em equipe. Para atingir esse objetivo, o maior interesse de Carter era dar a estes alunos uma opção de vida melhor que seria fora das ruas, longe das drogas e com oportunidades de estudar numa universidade. Realidade essa que estava muito distante das estatísticas apresentadas pela diretora, sabida pelo próprio treinador e seus atletas bem como muito diferente do que se esperava para garotos de mesmo contexto. No desenrolar do enredo, é possível identificar várias cenas nas quais são apresentadas pontos específicos de uma dinâmica de negociação: 1. A negociação do antigo treinador do time com o já conhecido e colega Ken Carter para assumir o time; 2. A conversa de Ken com sua esposa em que se vê os prós e contras para ele e para a família em aceitar ou não a oferta de emprego; 3. A primeira conversa de Carter com a diretora do colégio para aceitar a proposta feita, porém com dados diferentes da oferta original; 4. Conversas do treinador com a diretora, professores, alunos-atletas, conselho estudantil, comunidade. Mas a principal e mais extensa dinâmica de negociação e gestão de conflitos do filme, na qual se baseia o enredo principal e que vale a pena ser analisada, é o fato de que, desde o primeiro encontro com o time, o coach apresenta um contrato com prazo, números e condições que deveria ser assinado caso os alunos quisessem continuar jogando basquete e serem vitoriosos na jornada que pretendiam percorrer com o time. A partir dessa situação, pode-se realizar uma análise de como um processo de negociação funciona: suas etapas, definições, atores, fontes de poder, ferramentas e táticas, além de explorar e avaliar os aspectos positivos e negativos observáveis e poder aplicá-los no nosso dia-a-dia. Desenvolvimento – análise do processo de negociação representado no filme eleito O treinador Carter era um homem respeitado pelos profissionais da área e tinha um método muito peculiar de treinar suas equipes. Para jogar no que considerava seu time, ele exigia respeito mútuo 1 (entre jogadores e comissão), foco na quadra e nas aulas, pontualidade nos treinos, boa forma física, frequência nas aulas, notas médias acima do exigido ou esperado pela escola e seu conselho estudantil, vestimentas adequadas que, segundo ele, seriam terno e gravata nas aulas e nos dias de jogos. E todas estas exigências faziam parte das cláusulas do contrato entregue por Carter aos alunos-atletas já no 1º dia de treino, o que gerou revolta de alguns que decidiram não ler o contrato, não conhecer a contra-parte (treinador Carter) e, mesmo assim, abandonar o time no que seria uma nova etapa para eles dentro e fora das quadras. Entretanto, não somente os alunos e Carter eram os atores da negociação, uma vez que os jovens alunos do ensino médio precisavam da autorização dos pais; a diretora e os professores deveriam estar 100% comprometidos e envolvidos no acompanhamento da performance estudantil de seus atletas; o conselho estudantil deveria estar ciente e concordar com as regras estabelecidas em relação às notas e frequências; a comunidade externa e interna acompanhava e apoiava os jogos da escola Richmond. Portanto, todas estas partes eram atores na negociação. Pode-se dizer que Carter utilizava diversas ferramentas e táticas durante os treinos e jogos, mas sua estratégia focava no longo prazo: a formação de homens íntegros e com futuro. Por já conhecer a realidade da escola e da comunidade de Richmond, Ken Carter entendia a realidade dos membros de sua equipe e isso foi uma vantagem ou fonte de poder inicial para saber como lidar com os atletas, qual tipo de linguagem utilizar e o que exigir. Essa foi a parte importante para planejar o que viria a ser a negociação e o estabelecimento do contrato. Por ser íntegro, ser um bom treinador, fazer parte da comunidade e ser uma figura diferente dos outros professores, ele acabou tendo uma liberdade maior no momento de criar as exigências do contrato e praticá-las durante treinos, jogos e em todos os momentos dos alunos dentro da escola, onde ele estabeleceu seu limite de atuação (mas que pela confiança gerada com o relacionamento acabou sendo expandida para outras instâncias no final da história). Além de seu papel como treinador, outras fontes de poder, ferramentas e táticas que Carter possuía eram: ● o status que os demais atores da negociação (alunos, pais, diretora, comunidade, professores e o próprio conselho estudantil) davam ao esporte como espaço de refúgio dos alunos que já tinham muitas situações difíceis para enfrentar; ● o contrato estabelecido e assinado pelos alunos com consentimento dos pais; ● sua posição de especialista no assunto, uma vez que os seus números recordes ficavam expostos na quadra onde os atletas treinavam; ● recompensas dadas para quem cumpria o contrato (o que também aumentava o poder e a legitimidade que o treinador tinha): vitórias consecutivas, comemorações em grupo; ● importantes argumentos na comunicação verbal que funcionavam com os atletas e externavam o melhor de cada um e do grupo como um todo. Após toda a fase de planejamento em que o treinador entendeu o cenário em que estava, definiu seus objetivos, as ferramentas que tinha à sua disposição e as táticas que iria utilizar, ele fechou o contrato com os alunos que não tinham espaço para muita discussão ou mudança de posição uma vez que passaram a “jogar o mesmo jogo do treinador”. E também foi nessa fase de interação ou execução que o coach demonstrou mais intensamente o cumprimento do contrato com as sanções a partir das expulsões, correções, cancelamentos de jogos que faz que são concessões de baixo esforço para ele, mas de alto valor para alguns atletas que precisam que ele enxergue além do contrato e se mantenha num relacionamento com eles deixando-os voltar ao time. 2 Por fim, na fase de controle, apesar da dificuldade de convergir os interesses da diretora, do conselho, da comunidade, dos professores e dos pais com os interesses iniciais estabelecidos no início da relação do treinador com a escola pela falta de entendimento ou visão da estratégia destes atores, Ken Carter apresenta grande controle emocional para continuar seguindo com seu plano, sua parte do contrato. O treinador consegue acompanhar a performance escolar de seus alunos, identificar que, apesar das vitórias, toda a parte de notas e frequência não está sendo cumprida, trazer o controle e a mudança a partir de cancelamentos de diversos jogos e posterior apoio dos alunos-atletas entre si e de professores que ajudaram a melhor a média de nota do time como um todo e que acreditavam no acordo querendo fazer valer o contrato. Mas isso só foi permitido porque o planejamento foi bem feito e as cláusulas do contrato assinado pelos alunos eram claras. Durante todas essas fases, o treinador utilizou de muita comunicação com todos os atores da negociação, mas principalmente e de maneira mais enfática com os alunos e com a diretora. Com os alunos, Carter utilizava palavrasdo contexto e do interesse deles, como associar jogadas a mulheres; tentava motivar o time não utilizando ameaças, porém trazendo ao consciente de cada atleta os seus medos e sugerindo como poderiam enfrentá-los; sempre mantinha uma aparência de líder e “dominante” seja pela sua postura, seja pela forma como se vestia ou pela maneira de tratar com respeito os atletas os chamando de “senhor”. Com a diretora, a estratégia de comunicação era sempre a fala direta, firme, respeitosa, reafirmando sua estratégia e suas fontes de poder e relembrando a todo momento os interesses do contrato. Como resultado, ele conseguiu trazer a diretora para seu lado na discussão com o conselho estudantil e também estreitar ainda mais o relacionamento com os alunos. Considerações finais Após analisar toda essa dinâmica, é possível ver que em alguns momentos o processo ou o andamento da negociação poderiam ter sido melhores. Houveram divergência de interesses entre as partes envolvidas quando as sanções ou métodos do treinador passaram a ser questionados, demonstrando que nem todas as partes leram o contrato na íntegra ou assinaram-no, além de que o desejo e os interesses do treinador eram melhores e mais elevados do que dos demais atores, levando Carter inclusive a pedir demissão porque não conseguiria trabalhar de forma íntegra sem o cumprimento do contrato. Isso poderia ter sido resolvido com uma simples confirmação do entendimento entre as partes no encerramento. O limite de Carter era bem tênue em relação a MACNA: para ele era o cumprimento do contrato ou nada feito; poucas concessões foram feitas. Além disso, Carter utiliza uma postura autoritária que gerava o risco de perder a negociação por uso de poder, arruinando seu relacionamento com os alunos que começaram a reconhecer nele uma oportunidade de ser melhor. Entretanto, apesar de apresentar pontos de melhorias, é possível gerar conclusões que podem auxiliar no nosso dia-a-dia diante de negociações e gestão de conflitos para além da necessidade e da importância da relação de ganha-ganha que pode ser observada durante todo o filme, mas especialmente no final em que é nítido como o coach Carter conseguiu “aumentar o bolo” a ser dividido e realmente estabelecer um jogo de ganha-ganha garantindo seu bom resultado junto à equipe. Conhecer os atletas e seus contextos permitiu a Carter ser persuasivo, a partir de ações explicitadas por Castro (2021) principalmente no que se refere a ter estado no lugar do outro, a dar aos alunos-atletas o interesse no resultado à medida em que eles participavam do processo e a tornar a sua proposta melhor do que o esperado por todos os atores envolvidos em relação aos seus valores. Estabelecer um contrato claro na negociação é importante para explicitar que o acordo estabelecido está bom e cumpre as expectativas, objetivos e interesses dos envolvidos, além de estabelecer limites. Caso contrário, não teria sido possível cobrar e aplicar sanções aos alunos, além de ensiná-los mais respeito e responsabilidade com estas aplicações. Saber quando ceder e deixar os atletas voltarem ao time apesar das regras, nos ensina como é importante ter consciência da ZOPA e estabelecer uma MACNA para não perder o foco da negociação que são os objetivos, interesses e o relacionamento nessa troca de interesses que pode ser benéfica e positiva para todos atores envolvidos. Com tudo isso, aprendemos a importância de negociar bem, seguindo todas as fases (planejamento, execução e controle) e ainda tendo boas ferramentas e táticas para além da comunicação e da inteligência emocional. Referências bibliográficas Castro, Marcela. “Apostila “Negociação Estratégica e Administração de Conflitos”. FGV. Disponível em: https://ls.cursos.fgv.br/d2l/lor/viewer/viewFile.d2lfile/362233/592106/downloads/negociacao_administr acao_conflitos.pdf. Acesso em: 02 dez. 2021 Silva, Solimar. “6 lições de negociação com o filme Coach Carter”. Out., 2019. Disponível em: https://aretecoaching.com.br/2019/10/11/6-licoes-de-negociacao-com-o-filme-coach-carte/. Acessado em: 08 dez. 2021. 4 https://ls.cursos.fgv.br/d2l/lor/viewer/viewFile.d2lfile/362233/592106/downloads/negociacao_administracao_conflitos.pdf https://ls.cursos.fgv.br/d2l/lor/viewer/viewFile.d2lfile/362233/592106/downloads/negociacao_administracao_conflitos.pdf https://aretecoaching.com.br/2019/10/11/6-licoes-de-negociacao-com-o-filme-coach-carte/
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