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NEONATOLOGIA Dominar reanimação neonatal, icterícia neonatal, infecções congênitas e distúrbios respiratórios! Reanimação neonatal Não significa o atendimento feito dentro da UTIN, mas o atendimento ao RN na sala de parto! 1 a cada 10 RN necessita de ajuda para respirar após o parto. São 3 perguntas para avaliar o RN e determinar se precisa de reanimação: · RN a termo? · Respirando ou chorando? · Tônus adequado? Se as 3 perguntas são positivas, a criança fica no colo da mãe e está tudo bem. Caso 1 das respostas seja NÃO, é necessário ir para a mesa de reanimação. A primeira coisa a realizar são os 4 passos/cuidados iniciais: · Aquecer · Posicionar · Aspirar (s/n) · Secar Em seguida, avaliar: · FC e respiração · FC < 100 · Respiração irregular · Apneia Caso uma destas alterações acima esteja presente, realizar VPP! · VPP (30’’) · Deve ser ventilada durante o Golden Minute! · Após os 30 segundos, reavaliar (pela FC principalmente). Se FC < 100 após 30’’ de VPP: · Checar técnica · Considerar IOT se a técnica está correta e FC < 60 Se FC < 60 (após VPP, checar técnica, IOT, ventilado pelo tubo): · MCE (60’’) Se após 1 minuto permanece FC < 60: · Checar técnica e atentar para extubação · EPIN Os passos iniciais Aquecer: a sala de parto deve ser entre 23° e 26°C, campo previamente aquecido, fonte de calor radiante! · RN < 34 sem: saco plástico + touca Posicionar: leve extensão da cabeça Aspirar (s/n): quando secreção obstruindo ventilação! Se o RN está chorando, não é necessário aspirar, podendo até induzir bradicardia por aspiração excessiva. · Aspirar primeiro a boca e depois narinas! Secar: retirar os campos úmidos! Se a criança está no saco não devemos secar! Os próximos passos Ausculta do precórdio: avaliar FC (6’’ x 10). VPP: iniciar com máscara facial · 40 – 60 vezes/minuto (aperta-solta-solta) · Oximetria de pulso (em MSD, para avaliar saturação pré-ductal) · Monitor cardíaco O oxigênio pode ser: · > 34 sem: ar ambiente (AA) · < 34 sem: O2 30% A única indicação para IOT antes de VPP é a hérnia diagramática! O diagnóstico de hérnia diafragmática se dá pelo obstetra ou pelo abdome escavado ao nascimento! MCE (Massagem Cardíaca Externa): · 1/3 inferior do esterno · Profundidade de 1/3 do diâmetro AP · 3 compressões para 1 ventilação (3C : 1V) Epinefrina: · Via traqueal: uma única vez · EV: veia umbilical em intervalos de 3 – 5 min · SF 0,9%: se indícios de hipovolemia (palidez, evidências de choque como alteração de perfusão) · Volume de 10ml/kg · Pode ocorrer na DPP! CLASSIFICAÇÃO DO RN IDADE GESTACIONAL Prematuro (< 37 sem ) Termo (37 - 41s6d ) Pós-termo (≥ 42sem) PESO Baixo peso ao nascer (< 2500g) Muito baixo peso ao nascer (< 1500g) Baixo peso extremo (< 1000g) PESO x IG Gráfico de crescimento – Lubchenco GIG (grande para IG) > p90 AIG (adequada para IG): entre p10-90 PIG (pequena para IG) < p10 - RN GIG: maiores riscos de hipoglicemia pelo excesso de insulina (mães diabéticas). - RN PIG: também tem risco de hipoglicemia, mas por falta de glicogênio! Dependem da alimentação ou de gliconeogênese! Alguns bebês são naturalmente PIG, outros por conta de CIUR! Triagem Neonatal Triagem metabólica: teste do pezinho. Rastreia 6 doenças (MS - SUS): · Hipotireoidismo congênito · Fenilcetonúria (erro inato do metabolismo da fenilalanina) · Hemoglobinopatia (doença falciforme) · Fibrose cística (dosar IRT – tripsina imuno-reativa) · Hiperplasia adrenal congênita (a mais comum é a def. 21-hidroxilase; dosar 17-OH-progesterona) · Deficiência de biotinidase O teste do pezinho não deve ser coletado com menos de 48h de vida, sendo feito entre o 3º e o 5º dia de vida. Teste da oximetria (teste do coraçãozinho): tem por objetivo identificar cardiopatias congênitas críticas, ou seja, que dependem do canal arterial – cujo fluxo pulmonar ou fluxo sistêmico dependem do canal arterial. · 24 – 48h de vida · SatO2 MSD e MI · Normal: > 95% e ≠ < 3% · Alterado: repetir em 1 hora · Mantém alteração: ECO Durante a vida fetal, a oxigenação fetal é feita pela placenta. A resistência pulmonar é maior que a sistêmica. Também existe o forame oval que comunica AD e AE e o canal arterial, que comunica aorta e artéria pulmonar. O sangue oxigenado na placenta desemboca na veia cava inferior, que é escoado para o AD. A maior parte é desviada para o AE pelo forame oval. O AD também recebe sangue da veia cava superior, e o sangue que acaba sendo ejetado para o VD encontra resistência e é desviado para a aorta por meio do canal arterial. Após o nascimento, sem placenta, a resistência sistêmica aumenta e a resistência pulmonar diminui, levando ao fechamento do forame oval e canal arterial. Na ocorrência de uma cardiopatia congênita como uma atresia pulmonar, o sangue não é oxigenado e continua sendo desviado para a esquerda; Parte do sangue é desviado pelo canal arterial para os pulmões na tentativa de oxigenar (shunt esquerda-direita), e o AE recebe uma mistura de sangue oxigenado e sangue não-oxigenado. Esta criança terá baixa satO2, desenvolvendo grave cianose. Caso haja interrupção de sangue do VD para a aorta (interrupção do arco aórtico), o sangue não segue e volta para o AD através do forame oval. O sangue oxigenado é ejetado na artéria pulmonar e parte é desviado para a aorta através do canal arterial para manter a circulação sistêmica (shunt direta-esquerda). Neste caso a saturação pós-ductal é maior que a pré-ductal. Pesquisa do Reflexo Vermelho (teste do olhinho): com o oftalmoscópio e um quarto escuro, projetar a luz nas pupilas, observando a luz vermelha que reflete na retina. Caso haja opacificação, denomina-se leucocoria (reflexo branco) e deve ser encaminhado ao oftalmologista. Triagem auditiva (teste da orelhinha): · EOA (Emissão otoacústica): capta as vibrações cocleares · Avalia apenas o sistema pré-neural · Realizar próximo da alta hospitalar DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS As quatro principais doenças que acometem os RN são: SDRN, pneumonia, SAM e TTRN. Doença da Membrana Hialina Diminuição da concentração de surfactante alveolar O surfactante é composto por lipídeos e proteínas, e começa a ser sintetizado a partir de 20-24 semanas de gestação pelos pneumócitos II, atingindo quantidade suficiente no interior dos alvéolos com 34 semanas. A função do surfactante é reduzir a tensão superficial na interface ar-líquido no interior dos alvéolos, impedindo o colapso alveolar na expiração. O colapso alveolar causa hipoxemia e hipercapnia. Fatores de risco · Prematuridade · Asfixia · Sexo masculino · Diabetes materna O estresse fetal crônico estimula a secreção de cortisol, diminuindo o crescimento intrauterino (CIUR), nascendo um bebê PIG, mas com maturação pulmonar melhor. Clínica · Início nas primeiras horas · Taquipneia · Retrações costais, gemido, batimento de asa nasal, cianose Radiografia · Infiltrado reticulogranular difuso (aerobroncograma) · Padrão de vidro fosco / moído · São regiões de microatelectasias justapostas a áreas ainda insufladas Tratamento · Oxigênio por capacete (hood/campânula) – não é o ideal! · CPAP nasal (Continuous Positive Air Pressure) – evita o colapso alveolar e estabiliza o alvéolo · Pronga nasal · Ventilação mecânica (se CPAP não resolveu) · Surfactante exógeno · Via tubo traqueal · Antibióticos Prevenção · Corticoide antenatal Pneumonia / Sepse Neonatal · Ascendente ou intraparto → precoce · Nosocomial ou comunitária → tardia A criança infectada pode ter sepse precoce (nas primeiras 48h de vida) ou após 7 dias de vida (sepse tardia). Sepse Precoce Sepse Tardia Streptococcus do grupo B (S. agalactiae) Gram negativos entéricos (E. coli) Staphylococcus (aureus e coagulase negativa) Fatores de risco · Ruptura prolongada de membranas (bolsa rota > 18 horas) · Corioamnionite · Colonização materna por germes patogênicos · Prematuridade Clínica – pode ser assintomático nas primeiras horas de vida · Desconforto respiratório · Distermia · Alteração do estado de alerta, cardiocirculatório e gastrointestinal Avaliaçãocomplementar · Radiografia de tórax – igual a SDRN · Hemograma (relação I/T) e PCR · A relação I/T é feita através dos neutrófilos imaturos e os totais. · Relação I/T > 0,2 sugere infecção bacteriana e indica antibioticoterapia · Identificação do agente · Hemocultura · Punção lombar e cultura do LCR · Urocultura (infecção tardia) Tratamento · Ampicilina + aminoglicosídeo · Cobertura para GBS + gram-negativos! · Na sepse tardia, o ATB depende do perfil de resistência bacteriana da UTI. · Geralmente um agente com cobertura para staphylococcus e outros agentes. Síndrome de Aspiração Meconial Ocorre pela eliminação e aspiração de mecônio intraútero. A asfixia fetal causa um relaxamento do esfíncter anal do feto, provocando a liberação de mecônio. A peristalse fetal é desorganizada na maior parte da gestação, sendo não-propulsiva. Por mais que o mecônio chegue na ampola retal, o esfíncter anal está contraído. A asfixia promove o relaxamento e, caso a ampola retal tenha mecônio, este será eliminado. A asfixia aumenta o número de incursões respiratórias, fazendo com que o mecônio chegue na traqueia, podendo atingir as vias aéreas inferiores e causando a SAM. Ocorre então um bloqueio mecânico expiratório, fazendo aprisionamento de ar e hiperinsuflação. O mecônio também desencadeia uma pneumonite química e uma infecção secundária, diminuindo a complacência pulmonar, necessitando de muita força para insuflar os pulmões. · Ocorre em RN termo e pós-termo · Sofrimento fetal predispõe a SAM · LA meconial deve ser evidenciado Clínica · Início nas primeiras horas · Desconforto respiratório grave Radiologia · Infiltrados alveolares grosseiros · Pneumotórax · Volume pulmonar aumentado Tratamento · Ventilação mecânica · Antibioticoterapia · Surfactante · RN consome surfactante, deve-se repor! Como evitar a SAM? · RN AT sem sinais de asfixia · Nenhuma medida especial – colo materno! · RN deprimido · Passos iniciais: APAS (aquecer, posicionar, aspirar boca e narina, secar)! · Se necessário, VPP! · IOT apenas após ventilar! TTRN – Taquipneia Transitória do Recém-Nascido · Também chamada de SDR tipo II ou Síndrome do Pulmão Único · Ocorre pelo retardo da absorção do líquido pulmonar! As catecolaminas liberadas durante o parto sinalizam a reabsorção do líquido, e neste RN isto não acontece. Ocorre por: · Ausência de TP · Cesariana · Termo Clínica · Início nas primeiras horas de vida · Desconforto respiratório moderado · Rápida resolução Radiologia · Congestão hilar · Aumento da trama vascular · Líquido cisural; derrame · Cardiomegalia · Hiperinsuflação (arcos c. retificados) Tratamento – suporte! · Oxigenoterapia (FiO2 até 40%) · Suporte geral! INFECÇÕES CONGÊNITAS Caracterizam-se por transmissão hematogênica (transplacentária). Não são infecções perinatais, as quais a infecção ocorre no momento do parto, pelo contato com o sangue ou secreções maternas. A clínica é assintomática, pois o maior risco de transmissão é no final da gravidez, quando a placenta é maior e mais vascularizada, logo a criança foi infectada há pouco tempo. Se o feto é infectado no início, ocorrem graves malformações. Podem haver sintomas com manifestações antenatais ou inespecíficos, geralmente em prematuros ou RN PIG. A criança com infecção congênita é “meio estranha”, pois são alterações em diversos órgãos e sistemas. O RN pode ter manifestações cutâneas, oculares e neurológicas. O diagnóstico geralmente é dado pela investigação da mãe e posterior investigação do RN, através de: · Identificação do agente etiológico · Sorologias: cuidado com interpretação, pois a IgG materna atravessa a placenta, enquanto a IgM materna não – logo, IgM no sangue do RN significa infecção, mas IgG pode representar apenas a passagem dos anticorpos maternos para a criança. · IgG RN > que o IgG materno significa infecção As 5 principais infecções congênitas que devemos pensar são: sífilis, toxoplasmose, CMV, rubéola e varicela! Sífilis – Treponema pallidum · A transmissão pode ocorrer em qualquer estágio da doença materna. · Risco maior na sífilis 1ª e 2ª! Clínica da sífilis congênita · Sífilis precoce (< 2 anos): manifestações inflamatórias · Rinite sifilítica – obstrução nasal intensa e secreção sanguinolenta · Lesões cutâneas e mucosas · Placas mucosas · Condiloma plano – lesão úmida ao redor de orifícios (ânus, p.ex.) · Pênfigo – exantema vesico-bolhoso, geralmente palmo-plantar · Lesões ósseas · Periostite – porção longa de ossos longos e também nos ossos planos · Rx com sinal de duplo-contorno (reação periosteal) · Osteocondrite – reação inflamatória na articulação + metáfise. São lesões dolorosas, a criança chora durante a manipulação ou movimentação · Pseudoparalisia de Parrot: ↓mobilidade secundária à dor presente na sífilis congênita. · Sífilis tardia (> 2 anos): · Fronte olímpica – abaulamento do osso frontal. Periostite do osso frontal. · Nariz em sela – afundamento da base nasal · Rágades – sulcos (fissuras) no canto da boca · Alterações dentárias – dentes de Hutchinson (incisivo central deformado) e molares em amora (com várias cúspides) · Tíbia em sabre – tíbia torta, curvada Avaliação do RN Para todo RN o qual a mãe teve diagnóstico de sífilis durante a gestação - Avaliação clínica cuidadosa - VDRL – avalia a atividade da doença e grau de lesão tecidual. Deve ser obtido do sangue periférico. · Os anticorpos avaliados pelo VDRL são IgM e IgG. Pode representar apenas a passagem de AC maternos. - Hemograma – anemia, plaquetopenia, leucopenia, leucocitose - Análise do LCR - VDRL; céls (> 25); PTN (> 150) - Rx ossos longos – avaliar possível osteocondrite Tratamento · Como foi o tratamento da gestante? Saber caracterizar o tratamento inadequado! · Tratamento não penicilínico · Inadequado para a fase · Incompleto · < 30 dias antes do parto · Parceiro não tratado · Mãe não tratada ou inadequadamente tratada · Realizar todos os exames e tratar todos os casos · O tratamento depende dos exames: · LCR alterado: P. cristalina IV – 10d · LCR normal e qualquer outra alteração: · P. cristalina IV ou procaína IM – 10d · Assintomáticos e todos os exames normais (VDRL negativo) · P. benzatina 1x (acompanhamento!) · Se não houver certeza de acompanhamento, tratar por 10 dias, uma vez que a dose única pode não erradicar completamente o Treponema. · Mãe adequadamente tratada - VDRL no RN sempre! · RN sintomático ou VDRL > materno · Todos os exames e tratar – P. cristalina ou P. procaína · RN assintomático · VDRL não reagente – acompanhamento! · Sem acompanhamento – P. benzatina! · VDRL < materno – acompanhamento!** · Sem acompanhamento: colher exames e tratar! ** Nunca acompanhar a criança com VDRL reagente! Sempre fazer todos os exames e realizar o tratamento. Apesar do manual do MS dizer para apenas acompanhar, os infectologistas recomendam exames + tto. Síndrome da Rubéola Congênita Só ocorre transmissão da rubéola se a mulher apresentar infecção aguda durante a gestação. A transmissão do vírus da rubéola é alta no terceiro e primeiro trimestre. Uma infecção no 1º trimestre tem consequências devastadoras. Clínica: surdez, catarata (reflexo vermelho ausente), cardiopatia congênita. SRC – Sínd. Rubeóla Congênita! Tratamento: manejo de sequelas (corrigir catarata, etc...) · Evitar transmissão! O vírus é eliminado pela criança por até 1 - 2 anos. Toxoplasmose Resultado da disseminação pelo Toxoplasma gondii A doença aguda pode se resolver sozinha, mas o paciente não fica curado, estabelecendo uma infecção latente, a qual não transmite para o feto, exceto se reativação em imunodeprimida. A transmissão para o feto ocorre durante a infecção aguda! Clínica – mesmo a criança assintomática pode desenvolver sintomas se não tratada no 1º ano de vida · Coriorretinite · Hidrocefalia Tríade de Sabin · Calcificações intracranianas difusas – todo o parênquima é acometido! Tratamento · Sulfadiazina + Pirimetamina + ácido folínico durante o 1º ano de vida, para reduzir a circulaçãodo T. gondii. · Corticoide – se reação inflamatória acentuada (coriorretinite grave, proteína LCR > 1g/dL) Citomegalovirose – CMV da família dos herpes-vírus O vírus permanece para sempre no organismo, na forma de infecção latente. A infecção geralmente ocorre na infecção aguda, porém é possível ocorrer pela reativação de uma infecção latente. Clínica – a manifestação mais característica são as calcificações periventriculares! Tratamento – na maioria das vezes não é feito tratamento; apenas nas formas graves · Ganciclovir EV – 6 semanas (prolongado e caro) · O tratamento visa evitar sequelas da infecção congênita pelo CMV, principalmente a surdez. · O CMV congênito é a principal causa de surdez neurossensorial não hereditária. HIV O vírus HIV pode ser transmitido intraútero, periparto ou pelo aleitamento materno. Entre os cuidados imediatos com o RN está o banho precoce no RN · Contraindicar aleitamento materno Medicações: · AZT - todos os RN em até 24h pós-parto, por 4 semanas · Nevirapina – se mãe sem TARV ou; CV desconhecida ou; CV > 1000 no último trimestre · 3 doses VO ICTERÍCIA NEONATAL A icterícia é uma coloração amarelada da pele das mucosas como consequência do aumento sérico das bilirrubinas. Na maior parte das vezes relaciona-se a um processo patológico, porém 60% dos RN a termo ficam ictéricos na primeira semana de vida, e este geralmente é um processo fisiológico. A hemoglobina é degradada e forma bilirrubina indireta (BI), a qual é hidrossolúvel e deve ser eliminada, e para isso precisa ser transformada em lipossolúvel. A BI liga-se a albumina, é captada pelo hepatócito e nele sofre conjugação com 1 ou 2 moléculas de ácido glicurônico, formando um mono ou diglicurinídeo (BD), através da glicuroniltransferase. A BD lipossolúvel pode ser excretada na bile e ser retirada do organismo pelo intestino. Na vida fetal a bilirrubina é excretada pela placenta - apenas na sua forma indireta (BI) - logo, a captação e conjugação do RN é diminuída ao nascimento. O RN tem produção exagerada de bilirrubinas pois possui: · Hematócrito mais alto – hipóxia uterina, · ½ vida menor das hemácias · Captação e conjugação deficientes · Aumento da circulação entero-hepática da bilirrubina – trânsito intestinal + lento e pouca flora intestinal Todos estes mecanismos aumentam a BI, o qual leva à icterícia fisiológica! Porém nem toda icterícia é fisiológica! Provável icterícia não fisiológica · Início < 24h de vida – a bilirrubina aumenta 3mg/dL/dia, e para detectar icterícia o nível sérico deve ser >5! · Aumento > 5mg/dL/dia · Nível elevado de bilirrubina (> 12-13mg/dL à termo; > 14-15mg/dL prematuro) · Outra alteração clínica · Icterícia persistente (por mais de 7 – 10 dias à termo; mais de 10 – 14 dias em prematuros) · Colestase - ↑BD, colúria, acolia... Zonas de Kramer – a progressão da icterícia é crânio-caudal · I – Face (6 mg/dL) · II – Tronco até o umbigo (9 mg/dL) · III – umbigo até joelhos (> 12 mg/dL) passou do umbigo, sinal de perigo! · IV – Joelhos até tornozelos e cotovelos até punhos (15 mg/dL) · V – Mãos e pés (16 mg/dL) ICTERÍCIA PRECOCE Anemia hemolítica (causa mais frequente) · Incompatibilidade materno-fetal · Incompatibilidade RH. É a mais grave. A mãe é Rh- e o RN Rh+ · A mãe produz Ac Anti-Rh que atravessam a placenta e destroem as hemácias fetais. Ocorre nas mulheres sensibilizadas (multíparas) · Solicitar coombs indireto, que será positivo (detecta Ac Anti-Rh) · O coombs direto será positivo · Incompatibilidade ABO: menos comum · Mãe O e RN A ou B · Coombs direto – detecta Ac nas hemácias – pode ser positivo ou negativo, porque pode ser uma doença mais branda · Esferocitose · Deficiência de G6PD Avaliação complementar · BT e frações · Hemograma e reticulócitos · Hematoscopia – avaliar policromasia (reticulocitose), esferocitose, corpúsculos de Heinz ICTERÍCIA PERSISTENTE OU TARDIA · BI: Icterícia do leite materno · Inicia em torno do 4º dia e permanece até a 2ª semana de vida, RN em AME e que permanece ictérico · Resolve-se após alguns dias/semanas ou após suspender amamentação e aguardar bilirrubinas caírem (48h). Ao retornar amamentação as bilirrubinas sobem novamente, nunca ao mesmo valor anterior. · Icterícia do Aleitamento: dificuldade na amamentação leva a um trânsito intestinal diminuído, com aumento da circulação entero-hepática da bilirrubina. Início precoce (2º – 3º dia). · Corrigir amamentação. · BD (colestase): Atresia de vias biliares · Urgência diagnóstica! · Portoenterostomia de Kasai – nas primeiras 8 semanas de vida! Tratamento · Fototerapia – fotoisomerização da BI, tornando-se hidrossolúvel e sendo excretada via renal · Exsanguineotransfusão
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