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Propedêutica do Exame Físico Geral: Ectoscopia · É fundamental informar o paciente sobre cada etapa do exame, para tranquilizá-lo e orientar como ele poderá colaborar com o exame · Qualitativo: -Relativo à qualidade -Qualificativa -Subjetivo, de acordo com a área de atuação · Quantitativo: -Diz respeito à quantidade, que apresenta quantidade -Pertence ao âmbito dos valores e/ou quantidades numéricas 1)Avaliação do Estado Geral · Terminada a anamnese, inicia-se o exame físico de maneira sintetizada · BEG – Bom estado geral · REG – Regular estado geral · MEG – Mau estado geral · Apesar de subjetiva, tem grande validade para interpretar o impacto da doença no paciente -Deve-se perguntar: “Como está meu paciente? Como ele se apresenta fisicamente frente a doença?” “Ao olhar meu paciente, como o vejo? Qual minha impressão do paciente?” “Ele tem cara de doente?” 2)Nível de Consciência: · “Avaliação global do doente” · Percepção do mundo exterior e de si mesmo · Estado mental ou Nível de Consciência – Escala de coma de Glasgow 15 pontos normal, <8 pontos = coma e 3 pontos = estado de coma grave · Graus de Consciência: -Lúcido = alerta/acordado -Obnubilado = nível de consciência pouco comprometido; estado de alerta reduzido -Sonolento = facilmente despertável, ao estímulo verbal -Confuso: com perda de atenção, o pensamento não é claro, as respostas são lentas e há uma e não há uma percepção temporoespacial normal -Torporoso = despertar é difícil, ao estímulo doloroso, não mantém estado de vigilância -Comatoso = Impossível de despertar 3)Avaliação da fala e linguagem: · Avaliar desde o primeiro encontro com o paciente · Alterações podem sugerir diagnósticos · Principais alterações: -Disfonia = alteração do timbre da voz causada por alguma afecção no órgão fonador -Afonia = ausência da fonação -Dislalia: comum em crianças, como a troca de letra; dificuldade em articular corretamente as palavras -Disritmolalia: distúrbios no ritmo da fala; gagueira e taquilalia -Disartria: distúrbios da articulação da fala (dificuldade na produção de fonemas) que resulta de uma lesão cortical ou de uma lesão periférica (paralisia dos órgãos de fonação) -Disfasia: aparece com total normalidade do órgão fonador e dos músculos de fonação e depende de um distúrbio na elaboração cortical da fala (processamento da fala) motora (o paciente entende, mas não expressa) ou sensorial (o paciente não entende o que diz à ele) -Taquilalia: fala rápido demais 4)Fáscies: Fáscies elementos anatômicos, expressão fisionômica, conjunto de dados exibidos na face do paciente, expressão do olhar, movimentos das asas do nariz, posição da boca a) Fáscies mixedematosa: rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada e com acentuação de sulcos; pálpebras infiltradas e enrugadas; supercílios escassos, cabelos secos e sem brilho; expressão indicando desânimo e apatia; frequente no hipotireoidismo ou mixedema b) Fáscies cushingoide ou lua cheia: arredondamento do rosto, atenuação dos traços faciais, aparecimento de acne; comum em casos de síndrome de Cushing e em pacientes que fazem uso prolongado de corticosteroides c) Fáscies Acromegálica: saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e maior desenvolvimento do maxilar inferior, aumento do tamanho do nariz, lábios e orelhas; olhos parecem pequenos d) Fáscies basedowiana: exoftalmia e olhos brilhantes, expressão fisionômica de vivacidade, pode ter um aspecto de espanto/ansiedade; comum no bócio e hipertireoidismo e) Fáscies esclerodérmica/Fáscies de múmia: imobilidade facial, pele apergaminhada, endurecida e aderente aos planos profundos, repuxamento dos lábios, afinamento do nariz e imobilização das pálpebras; fisionomia inexpressiva, parada e imutável f) Fáscies leonina: comum na hanseníase; pele espessa, supercílios caem, nariz se espessa e alarga, lábios mais grossos e proeminentes, as bochechas e o mento se deformam pelo aparecimento de nódulos g) Fáscies da paralisia facial periférica: assimetria da face, impossibilidade de fechar as pálpebras, repuxamento da boca para o lado e apagamento do sulco nasolabial 5)Biotipo: Biotipo conjunto de características morfológicas apresentadas pelo indivíduo *Inspeção – ângulo de Charpy = normolíneo (90º), brevilíneo (>90º) e longilíneo (< 90º) 6)Postura: · Uma postura defeituosa pode ser consequência de hábitos posicionais (má postura) ou de afecção da coluna vertebral 7)Atitude e decúbito preferido no leito: · Posição adotada pelo paciente no leito, ou fora dele, por comodidade, hábito ou com o objetivo de conseguir alívio para algum padecimento · Algumas posições são procuradas pelo paciente (voluntárias) enquanto outras são involuntárias -Voluntárias: a) Ortopneica: o paciente adota essa postura para aliviar a dispneia em decúbito b)Postura parkinsoniana: o paciente com a doença de Parkinson, ao se pôr de pé, apresenta semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores e ao caminhar parece estar correndo atrás de seu próprio eixo de gravidade c)Genupeitoral/prece maometana: ocorre, geralmente, em pacientes com derrame pericárdico, o paciente posiciona-se de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas enquanto a face anterior do tórax põe-se em contato com o solo ou colchão essa posição facilita o enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico d) Posição de Cócoras: observada em crianças com cardiopatia congênita; esta posição proporciona alívio da hipóxia generalizada e) Decúbito lateral, dorsal e ventral -Involuntárias: independem da vontade do paciente e incluem atitude passiva, ortótono, opistótono, emprostótono, pleurostótono e posição em gatilho, torcicolo e mão pêndula radial a)Opistótono: contratura da musculatura lombar, observada nos casos de tétano e meningite b)Posição em gatilho: encontrada na irritação meníngea, é mais comum em crianças 8)Estado de Hidratação: Hidratação estado de hidratação adequado = pele rósea, com boa elasticidade, leve grau de umidade, mucosas úmidas, sem alterações oculares, nem perda abrupta de peso; avaliação da pele, mucosa oral, filme lacrimal, urina... · Sinais e sintomas de desidratação: sede, ↓ abrupta do peso, pele seca, elasticidade e turgor diminuídos, mucosas secas, olhos afundados e hipotônicos, fontanelas deprimidas, estado geral comprometido, excitação psíquica ou abatimento, oligúria · Classificação da desidratação segundo intensidade: 9)Exame da pele e das mucosas: · Corado/hipocorado avaliação da conjuntiva ocular, mucosa oral, língua, palmas das mãos e planta dos pés; classificação em cruzes · Cianose falta de oxigênio ligado à Hb = Hb reduzida; inspeção dos lábios, língua e região sublingual, lobos de orelha, ponta do nariz, leito ungueal, polpas digitais; localizada ou generalizada; central (problema na troca gasosa pulmonar), periférica (problema vascular e saturação normal) ou mista *OBS.: Nem sempre um paciente anêmico apresenta cianose, pelo fato de não se ter Hb o suficiente para apresentar a não ligação do oxigênio com a hemoglobina e destacar a cianose · Icterícia colestase (bilirrubina direta); obstrução das vias biliares, anemia hemolítica, cirrose hepática; o local mais fácil de avaliação da icterícia é nos olhos e no frênulo lingual *Icterícia neonatal – enzimas do metabolismo da bilirrubina estão imaturas *Pseudo-icterícia: betacaroteno da dieta e medicamentos (quiacrina); inspeção – pele amarelada (palma mãos e planta dos pés), conjuntiva dos olhos e região sublingual normais · Edema inspeção e palpação (Cacifo ou Godet) = compressão sustentada com indicador ou polegar contra estruturas ósseas; patologias renais ou cardíacas *Classificação do edema: a) Extensão: localizado/generalizado b) Intensidade: 1-4 cruzes c) Consistência: mole/duro d) Elasticidade: elástico/inelástico e) Temperatura: quente/frio f) Sensibilidade: doloroso/indolor 10) Avaliação da Marcha: · O modo de andar do paciente pode ser de grande utilidade diagnóstica, especialmente nas afecçõesneurológicas · Deve ser analisada solicitando-se que o paciente caminhe certa distância (acima de 5m), descalço, com olhos abertos e fechados, indo e voltando sob a observação do examinador -Marcha Normal: -Marcha Senil: com o envelhecimento, a marcha também pode alterar-se, mesmo na ausência de qualquer doença; é caracterizada pelo ↑ da flexão dos cotovelos, cintura e quadril, diminuem também o balanço dos braços, levantamento dos pés e comprimento dos passos -Marcha de pequenos passos: ↓ do comprimento da passada, com deslocamento anterior do corpo e diminuição da potência no final do apoio; senilidade, doença de Alzheimer -Marcha ceifante ou hemiplégica: incapacidade de ↑ a velocidade de locomoção ou adaptar-se às irregularidades do solo, dificuldade de elevar o pé durante a caminhada; ao andar, o paciente primeiramente, levanta o membro afetado para fora, depois para frente; AVE -Marcha atáxica: falta de equilíbrio, o paciente anda cambaleando, batendo o pé, alargando a base e mantendo os olhos fixos no chão; esclerose múltipla, ataxia de Friedreich, polineuropatia periférica, lesões cerebelares -Marcha tabética ou talonante: base alargada e olhar fixo no chão, pés arremessados para diante e batem com força no chão, calcanhares tocam o solo pesadamente; neurossifilis, polineuropatia periférica -Marcha anserina: quando o paciente dá o passo, o quadril oposto cai, fraqueza dos músculos da cintura pélvica; distrofia muscular -Marcha claudicante: para aliviar o peso sobre um dos membros, o paciente fica com uma perna com movimentação normal enquanto a outra toca com menos força no chão; afecções articulares, musculares ou ósseas acompanhadas de dor 11)Medidas antropométricas: · Peso -Peso atual: encontrado no momento da pesagem -Peso usual ou habitual: utilizado como referência na avaliação das mudanças recentes de peso · Altura ou estatura · IMC -IMC = Peso atual/altura2 · Circunferência da cintura (CC) e Circunferência abdominal (CA) -A CC reflete o conteúdo de gordura visceral, diferindo da gordura corporal total que está relacionada a obesidade 11)Sinais Vitais: · Expressam o funcionamento e as alterações dos órgãos e/ou sintomas relacionados com a manutenção da vida · Pulso/FC (60-100/min), ritmo regular (intervalos iguais), ritmo irregular (intervalos ora mais curtos, ora mais longos), · PA (120/80mmHg), hipertensos: > ou = 140/90mmHg · Ritmo e FR (16-20 irpm) -Dispneia: sucessão de movimentos respiratórios amplos e quase sempre desconfortáveis -Ortopneia: dificuldade para respirar na posição deitada -Dispneia periódica ou respiração de Cheyne-Stokes: incursões respiratórias que vão ficando cada vez mais profundas, até atingirem amplitude máxima, seguindo-se movimentos respiratórios de amplitude progressivamente menor, podendo chegar à apneia -Respiração de Kussumaul: amplas e rápidas inspirações interrompidas por curtos períodos de apneia -Respiração de Biot: movimentos respiratórios de diferentes amplitudes e com intervalos variáveis · Temperatura corporal: mensurada nas regiões – axilar, oral, retal, timpânico, arterial pulmonar, esofágico, nasofaringiano e vesicular -Temperatura axilar: 35-37ºC, com média de 36-36,5ºC -Temperatura bucal: 36-37,4ºC -Temperatura retal: 36-37,5ºC -Febre leve ou febrícula: até 37,5ºC -Febre moderada: 37,6-38,5ºC -Febre alta ou elevada: > 38,6ºC -Febre contínua: permanece acima do normal com variações de até 1ºC -Febre irregular/séptica: picos muito altos intercalados por temperaturas baixas ou apirexia -Febre remitente: febre diária, com variações +1ºC sem períodos de apirexia -Febre intermitente: é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal -Febre recorrente: período de temperatura normal que dura dias ou semanas, até que sejam interrompidos por períodos de temperatura elevada -Febre prolongada: +7 dias (tuberculose, endocardite infecciosa, febre tifoide, colagenoses, linfomas e pielonefrite)
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