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DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA >> DPOC → Síndrome caracterizada pela obstrução crônica e difusa das vias aéreas inferiores, de caráter irreversível, com destruição progressiva do parênquima pulmonar.<< ● Geralmente incluímos nessa definição os portadores de bronquite obstrutiva crônica e/ou enfisema pulmonar ➢ Epidemiologia ● Sua prevalência vem aumentando, especialmente no sexo feminino ● É uma doença de adultos mais velhos (5-6ª década de vida) ● A prevalência maior nos homens é explicada pelo tabagismo, mas essa proporção tem sido reduzida pelo ↑ de mulheres fumantes ● Morte por DPOC é a 3ª causa de morte estatísticas dos EUA ❖ Tabagismo e DPOC ● É o principal fator de risco ● História tabágica (+) em 90% dos pacientes com DPOC ● Fumantes de 1 maço/dia (15% terá DPOC) x 2 maços/dia (25% terá DPOC) ● O tabaco provoca: estimula produção de muco e hipertrofia das glândulas submucosas ↓ ou bloqueiam o movimento ciliar das células epiteliais ativam macrófagos alveolares a secretar fatores quimiotáticos (IL-8) que recruta neutrófilos ativam neutrófilos que produzem enzimas proteolíticas (elastase) inibem atividade da alfa-1-antitripsina (enzima inibidora da elastase) ● Geralmente os pacientes de DPOC possuem carga tabágica > 40 maço/ano ❖ Asma e DPOC ● É frequentemente encontrada a “hiperreatividade brônquica na DPOC” → Síndrome de sobreposição asma-DPOC ● O componente asmatico responde à ação de broncodilatadores (especialmente corticoide) ● Não sabe a relação patogênica entre asma e DPOC ● Asma é mediana especialmente por T CD4, eosinófilo, basófilos e mastócitos, com pouca ou nenhuma fibrose ● Na síndrome de sobreposição, a inflamação depende de TCD8 citotóxicos, macrófagos e neutrófilo, estimulando fibrose das vias aéreas ● Embora haja alguns casos de asma que cursam com remodelamento e obstrução crônica, fazendo algo semelhante ao da DPOC ❖ Outros fatores de risco: ● O tabagismo passivo ● Poluição atmosférica ● Exposição ocupacional a poeiras orgânicas (minas de carvão, ouro) ● Vapores são considerados fatores de risco, podendo ser aditivo ao efeito do tabagismo ● Crianças expostas ao tabagismo maternos possuem crescimento pulmonar reduzido → fator de risco para DPOC no futuro ● Baixo nível socioeconômico: baixo peso ao nascer, ↑ exposição aos poluentes extra ou intradomiciliares, mais infecções respiratórias na infância ❖ Deficiência de alfa-1-antitripsina ● Doença genética autossômica recessiva que cursa com enfisema pulmonar em jovens ● 10% tem hepatopatia crônica que evolui para cirrose ● Os monozigóticos têm uma concentração <10% da enzima ● A ausência dessa enzima deixa a elastase neutrofílica livre → vai degradando o parênquima pulmonar ● Pacientes homozigotos podem receber EV a alfa-1-antitripsina semanal ● Heterozigotos têm risco apenas levemente aumentado para DPOC, não se beneficiam de alfa-1-antitripsina EV Quando pesquisar a deficiência de alfa-1-antitripsina? Enfisema em jovens (<45 anos) Forte história familiar de enfisema ou hepatopatia Enfisema predominante em bases de pulmão Doença hepática associada inexplicada Enfisema em não tabagistas ou com carga tabágica pequena ❖ CA de pulmão e DPOC ● Tabagismo é fator de risco para DPOC e carcinoma broncogênico ● Mas estudos sugerem que DPOC é fator de risco independente para esse CA estudos corrigiram para a mesma carga tabágica e aqueles com obstrução crônica de VA são mais propensos a CA de pulmão ➢ Fisiopatologia ❖ Histopatológico ● A maioria dos pacientes apresentam 2 importantes componentes da doença: Bronquite obstrutiva crônica Enfisema pulmonar ● Bronquite obstrutiva crônica: hipertrofia de glândulas submucosas secretoras de muco + ↑ de células caliciformes da mucosa (hipersecretor), presentes especialmente nas vias aéreas proximais ↓ do lúmen das vias aéreas distais devido ao espessamento da parede brônquica por edema e fibrose (bronquiolite obliterante) ● Enfisema pulmonar: >> alargamento do espaço alveolar distal aos bronquíolos decorrente da destruição progressiva dos septos alveolares << tipo mais comum é o enfisema centroacinar → alargamento e destruição encontra-se nos bronquíolos respiratórios, ou seja, na região central do ácino ou lóbulo pulmonar → se relaciona com tabagismo, tipo mais comum → predomina nos lóbulos superiores enfisema panacinar → típico de deficiência de alfa-1-antitripsina → processo mórbido distribuído uniformemente pelo ácino, na região central e periférica O enfisema causa obstrução crônica das vias aéreas distais pelo fato de haver perda no tecido elástico de sustentação da parede brônquica, o que permite a redução do seu lúmen principalmente na fase expiratória ❖ Obstrução das vias aéreas e hiperinsuflação ● É a característica mais marcante da DPOC ● A manutenção das vias aéreas abertas durante a respiração depende da pressão gerada pelo fluxo de ar que, por sua vez, depende das forças ins e expiratórias ● Na inspiração geralmente não ocorre limitação (a força vem da musculatura respiratória) ● A força expiratória depende em grande parte da elasticidade pulmonar (que está ↓ na DPOC) e a resistência está ↑ pela ↓ do lúmen ↓ do tecido elástico na parede dos alvéolos (enfisema) edema e fibrose na parede dos pequenos brônquios (bronquiolite obliterante) ● O aprisionamento de ar e a hiperinsuflação pulmonar → surge auto-PEEP (pressão alveolar positiva no final da expiração) → ↑ trabalho da musculatura respiratória na inspiração altera a mecânica do diafragma, que apresenta tendência à retificação → improdutiva sua contração para puxar o ar inspiratório → começa a usar a musculatura acessória (esternocleidomastóideo, intercostais, abdominais) → progressivamente mais esforço para respirar Tórax em barril ❖ Distúrbios da troca gasosa ● A troca gasosa está comprometida pela lesão enfisematosa e pela lesão brônquica (sendo essa mais responsável) ● Pela obstrução → alvéolos mal ventilados, mas bem perfundidos o sangue passa recebendo pouco O2 (shunt parcial) ● Se os shunts parciais forem em grande quantidade → sangue mal oxigenado → hipoxemia e dessaturação da hemoglobina (distúrbio V-ventilação/Q-perfusão) ● Inicialmente hipoxemia apenas em exercício físico, depois piora e é sinal de doença avançada ● Enriquecer o ar inspirado com O2 pode resolver o problema, melhorando a oxigenação mesmo em alvéolos mal ventilados ● O parâmetro mais sensível para avaliar distúrbio V/Q é a diferença alvéolo-arterial de O2 (PA-aO2) → na DPOC está alto >15 mmHg) já em fases iniciais ● Eliminação de CO2 pode está comprometida mais tardiamente achatamento do volume corrente por causa do grande ↑ de volume residual (hiperinsuflação) ↑ espaço morto fisiológico - áreas ventiladas sem perfusão hipossensibilidade do centro respiratório bulbar ao CO2 ● Os pacientes começam a reter CO2 de forma lenta → acidose respiratoria cronica → rim retém bicarbonato >> Retentor crônico de CO2 → PCO2 alto + BE alto + discreta acidemia (geralmente)<< ● A descompensação do quadro (infecção, broncoespasmo, drogas depressoras respiratórias) pode causar fadiga respiratória ou inibição do drive ventilatório → aumento agudo da PaCO2 ● Carbonarcose → desorientado, agitado, sonolento (acidose respiratoria “cronica agudizada” ● Se não intervir, podem evoluir para PCR ● O centro bulbar, ao ficar hipossensível ao CO2, fica mais sensível à hipoxemia → hiperoxemia pode inibir o centro respiratório e fazer ele reter CO2 abruptamente → retentores crônicos de CO2 não podem ser hiperoxigenados (não ultrapassar 3 L/min) ➢ Cor pulmonale ● Cor pulmonale significa disfunção de ventrículo direito consequente a um distúrbio pulmonar ● DPOC é a causa mais comum ● O mecanismo principal é hipóxia crônica ● As arteríolas respondem à hipóxia com vasoconstrição → ideia de desviar o fluxo sanguíneo pulmonar para alveolos bem ventilados ● Se houver hipóxia generalizada, a maior parte vai sofrer constrição → HAP ● Depois ocorre hiperplasia endotelial e hipertrofia muscular→ remodelamento da parede das artérias → agrava a HAP ● Pressão pulmonar sistólica > 50 mmHg → VD pode entrar em falência por causa do ↑ da pós-carga ● Consequências da IVD: ↑ da pressão venosa central congestão sistêmica baixo débito cardíaco ➢ História natural ● O pulmão aumenta sua capacidade de trabalho progressivamente até os 20 anos ● A partir dos 30 anos essa capacidade ↓ ● O tabagismo acelera esse declínio ● Os pacientes tornam-se assintomáticos quando atingem metade do seu VEF1 máximo ● Pacientes não tabagistas têm velocidade de queda do VEF1 de 20-30 ml/ano ● Tabagista → queda em torno de 60 ml/ano ● Cessação do tabagismo faz apenas com que a ↓ do VEF1 fique igual à dos pacientes não fumantes, não recupera capacidade pulmonar perdida ➢ Quadro clínico e diagnóstico ● A queixa mais marcante é a dispneia aos esforços ● Evolução insidiosa, progressiva, que tem piras agudas desencadeadas por fatores descompensadores (infecção respiratória) ● Com o avançar da doença, a dispneia fica sendo desencadeada a pequenos esforços, até evoluir para dispneia em repouso ● Pode ter ortopneia e dispneia paroxística noturna, mas são mais associada à IC poderia ser explicado, pela causa pulmonar, devido a piora da mecânica diafragmática no decúbito dorsal e ↑ de secreção brônquica pela hiperatividade vagal noturna ● Tosse também é frequente na DPOC, comumente acompanhada de expectoração ● Bronquite crônica é quando o paciente tem tosse produtiva (geralmente matinal) por > 3 meses consecutivos de um ano e há mais de 2 anos ● A grande causa de bronquite crônica é o tabagismo → hipertrofia das glândulas submucosas que passam a secretar quantidades expressivas de muco ● Bronquite cronica simples é quando ela não se relaciona com obstrução de VA, ela não né uma DPOC ➢ Exame físico ● Os achados variam de acordo com a forma predominante da doença (enfisematoso x bronquítico) ● Bronquite obstrutiva crônica (BOC) ruídos adventícios, sibilos, roncos, estertores crepitantes e subcrepitantes e ↓ de murmúrio vesicular ● Enfisematoso ↓ de MV, sem nenhum ruído adventício elasticidade e expansibilidade reduzidas e ↑ de timpanismo na percussão ● A fase expiratória pode está desproporcionalmente prolongada em relação à fase inspiratória ● Nos dispneicos o esforço é maior na expiração, tendo contração de musculatura abdominal ● Em casos mais avançados o pacientes pode ficar pletórico (avermelhado) → policitemia reativa à hipoxemia crônica (↑ de eritropoetina renal) ● A dessaturação da hemoglobina associada à eritrocitose leva à cianose ● Hiperinsuflação → ↑ de diâmetro antero-posterior → tórax em tonel ● Pacientes de cor pulmonale podem ter edema de MMII e turgência jugular patológica ● Baqueteamento digital (hipocratismo) não é um sinal de DPOC, sua presença deve chamar atenção para CA pulmonar, bronquiectasias ● Sopradores rosa “pink puffers”: estereótipo enfisematoso pletora e tórax em tonel geralmente são magros dispnéia do tipo expiratória (sopradores), mas sem cor pulmonale e hipoxemia significativa ↓ de MV e sem ruídos adventícios ● Blue Bloaters “inchados azuis”: Inchados azuis estereótipo do bronquítico grave possuem distúrbio de troca gasosa mais grave que o enfisematoso puro → apresentam hipoxemia significativa (cianose) hipoxemia leva a cor pulmonale e por tabela ao quadro de IVD e congestão sistêmica (por isos corpo inchado) frequentemente são obesos e apresentam síndrome da AOS ausculta rica em ruídos adventícios (sibilos, roncos e estertores) ● A maioria apresenta graus variados de bronquite obstrutiva crônica e enfisema → quadro misto ➢ Exames complementares inespecíficos ❖ Hemograma ● Pode mostrar eritrocitose (hematócrito > 55%) ● O tabagismo por si só se relaciona à eritrocitose (Síndrome de Gäisbok) → importante afastar a hipoxemia como mecanismo causal ● Hipoxemia é estímulo importante para a produção de eritropoetina pelo rins → produção de hemácias na medula óssea ❖ Gasometria arterial ● Pode está cronicamente alterada na DPOC, especialmente em casos mais avançados ● O dado mais comumente achado é hipoxemia (leve, moderada ou grave) → PaO2 < 55 mmHg ou SaO2 < 88% ● Hipercapnia com acidose respiratoria cronica → ↑ de bicarbonato e BE ocorre em 30% dos pacientes com DPOC ● pH não muito distante da normalidade Indicação de solicitação de gasometria arterial Suspeita de hipoxemia/ hipercapnia aguda Presença de VEF1 < 40% do previsto (mesmo fora do contexto de descompensação) Sinais de IVD ❖ Eletrocardiograma ● Procurar alterações de cor pulmonares → basicamente os sinais de sobrecarga cardíaca direita ● O seguinte achados sugerem essa sobrecarga: onda P alta e pontiaguda (medindo > 2,5 mm na amplitude - P pulmonale: aumento de átrio direito) desvio do eixo do QRS para a direita graus variados de bloqueio de ramo direito relação R/S maior que 1 em V1 ● Hipoxemia crônica associada à cardiopatia do coração direito predispõe a taquiarritmias extrassístoles atriais, o ritmo atrial multifocal, o flutter e FA a taquicardia atrial multifocal é conhecida como a arritmia do DPOC muitas das arritmias melhoras apenas com a correção da hipoxemia, reposição hidroeletrolítica (K e Mg) e compensação do quadro respiratório ❖ Radiografia de tórax ● O RX só está alterado em casos mais avançados de DPOC → sensibilidade de 50% ● Sinais clássicos da DPOC na RX: retificação das hemicúpulas diafragmáticas hiperinsuflação pulmonar (↑ do nº de costelas visíveis na incidência PA (>9-10 ACI) ↓ do diâmetro cardíaco (coração em gota) ↑ do espaço aéreos retroesternal no perfil espessamento brônquico Pode ouvir bulhas pulmonares procurar complicações como: pneumonia, pneumotórax e tumor ❖ Prova de função pulmonar ● É mandatório a realização de espirometria para a avaliação do pacientes com DPOC (ou em suspeita) ● A espirometria dará informações importantes sobre o grau de obstrução das VA principais medida a serem avaliadas → VEF1 e a relação VEF1/CVF Critério diagnóstico Relação VEF1/CVF < 70% do previsto, sem alterações significativas após prova broncodilatadora → isso indica obstrução fixa das VA ● O grau de obstrução é diretamente quantificado pelo VEF1 → deve ser acompanhado, ao menos anualmente, em um pacientes com DPOC ● VEF1 é um excelente parâmetro prognóstico → ↓ VEF1 ⁓ ↑ chance de exacerbação e mortalidade ● VEF1 também é útil para a avaliação do risco cirúrgico se VEF1 for < 1L, a chance de complicação pós cirurgia é muito grande, sendo “proibitivo” se for procedimento que envolva parênquima pulmonar ● VEF1 não prediz intensidade de sintomas → pois dependem, além do VEF1, também do nível de atividade física do pacientes no seu dia a dia ● FEF 25-75% é o primeiro a se alterar na DPOC não determina diagnóstico, mas é um marcador sensível e precoce de obstrução de VA ● Volumes pulmonares estão caracteristicamente aumentados: volume residual, capacidade residual funcional, capacidade pulmonar total ● Teste de difusão do CO, ao contrário da asma, está reduzido, principalmente na presença de enfisema (o teste de difusão de CO avalia a extensão da superfície alveolar disponível para a troca gasosa) ❖ Tomografia computadorizada de tórax ● TC é considerado o teste definitivo para o estabelecimento da presença ou não de enfisema nos pacientes com DPOC ● Mas a TC, na prática, influencia pouco nas decisões terapêuticas Indicação de TC Avaliação dos pacientes candidatos à terapia cirúrgica da DPOC (cirurgia de ↓ de volume pulmonar) ● Outras indicações de TC seria → suspeita de pneumonia, bronquiectasias, CA de pulmão ➢ Exacerbação ● Pacientes de DPOC possuem baixa reserva pulmonar → qualquer insulto sobre o aparelho respiratório pode piorar o quadro clínico → levando à exacerbação da dispneia e eventualmente à insuficiência respiratória ● O principal fator de descompensação é a infecção respiratória (bacteriana ou viral) ● Infecção bacteriana precisam ser tratadas de forma precoce e eficaz ● Quadros que sugerem ser infecção bacteriana → ↑ devolume do escarro e alteração de aspecto (purulento), na dúvida sempre tratar com ATB ● Fatores desencadeantes importantes → hiperreatividade brônquica (broncoespasmo), drogas depressoras do centro respiratório, insuficiência cardíaca, TEP, pneumotórax ➢ Classificação da doença ● A classificação da DPOC mais usada é a proposta pelo guideline GOLD (global initiative for chronic obstructive lung disease) → intensidade dos sintomas grau de obstrução das VA risco de exacerbações presença de comorbidades 1- Intensidade dos sintomas ● Deve ser avaliado por meio de critérios validados na literatura ● GLOD prioriza → mMRC (modified medical research council questionnaire) e o CAT (COPD assessment test) ● mMRC → ver apenas dispneia ● CAT fornece uma avaliação mais abrangente 2-Grau de obstrução ● O grau de limitação do fluxo aéreo é objetivamente quantificado pela ↓ do VEF1 em relação ao previsto ● VEF1 deve ser medido após prova broncodilatadora ● O “antigo estadiamento" GOLD para DPOC baseia-se apenas nesse grau de obstrução de VA, mas atualmente é apenas um dos parâmetros que determina a classificação final 3- Avaliação do risco de exacerbações ● O maior fator de risco para exacerbações é a história prévia de exacerbações, especialmente se elas motivaram uma internação hospitalar Risco pela história de exacerbação 4-Presença de comorbidades ● Esse parâmetro também não entra diretamente no sistema de classificação, mas é importante de ser considerado! ● DPOC é uma doença grave e progressiva e a coexistência de outras doenças crônicas graves e progressivas (ICC, hepatopatia, IRC) afeta o prognóstico de pacientes ● Inclusive, muitas comorbidades podem ser consequências diretas da DPOC ou de fatores de risco “compartilhados” DPOC e tabagismo são fatores de risco independente para CA de pulmão síndrome da caquexia/sarcopenia (estado inflamatório sistêmico) especialmente na forma enfisematosa ● Esse parâmetro pode modificar conduta ➢ Classificação integrada ● A presença de comorbidades e grau espirométrico não está na matriz 2x2, devem ser agregados no raciocínio a parte ● DPOC é classificada pela intensidade dos sintomas e risco de exacerbação em A, B, C e D ➢ Tratamento ● Os objetivos do tratamento de DPOC é alívio de sintomas e ↓ de riscos futuros (risco de exacerbações, progressão da doença e morte) ● A abordagem terapêutica inicial se baseia na classificação integrada descrita no guideline GOLD (grupos A, B, C, e D) ● Somente 3 condutas provaram ↑ sobrevida de paciente de DPOC: abstenção de tabagismo O2terapia domiciliar em pacientes com hipoxemia crônica e grave em repouso cirurgia pneumorredutora em pacientes selecionados ● Existem controvérsias sobre o corticoide inalatório e os antagonistas muscarínicos de longa ação (LAMA) se eles também seriam capazes de ↑ sobrevida ➢ Tratamento de manutenção ● É indicado para o paciente de DPOC estável ❖ Abstenção de tabagismo ● Para de fumar desacelera a evolução da doença ● A velocidade declínio do VEF1 retorna para valores compatíveis com a normalidade após 1 ano de abstenção ● Se a cessação for precoce, o paciente pode ser poupado de lesões irreversíveis ou minimizá-las, mas se a doença já estiver em estágio avançado, não há retorno de função pulmonar >>Mas de qualquer forma, abstenção de tabagismo na DPOC aumenta sobrevida<< Todos os tabagistas portadores de DPOC devem ser fortemente aconselhados a parar de fumar ● É diretamente proporcional a intensidade do aconselhamento médico e a taxa de abstenção ● O tratamento farmacológico é indicado para todos que desejam parar de fumar e não tiver contra-indicação → mas lembre que é APENAS para aqueles que QUERER/DESEJAM parar de fumar, mas não conseguem ● Drogas principais: reposição de nicotina bupropiona (150 mg 12/12h) vareniclina (1 mg 12/12h) ● Bupropiona é ISRS e ↓ fissura ● Vareniclina é agonista parcial dos receptores nicotínicos de acetilcolina no SNC → ↓ fissura ● O papel dos cigarros eletrônicos como alternativa ainda não está definido ➢ Tratamento farmacológico crônico ● Na fase estável da DPOC podemos usar broncodilatadores e antiinflamatórios, preferencialmente por via inalatória ● Os broncodilatadores podem ser de curta ou de longa duração, os de longa são preferidos para tratamento de manutenção ● De curta ação deve ser reservados para exacerbações >>SABA (agonistas beta-2 adrenérgicos de ação curta) >>LABA (agonistas beta-2 adrenérgicos de ação longa) >>SAMA (antagonistas muscarínicos de ação curta) >>LAMA (antagonista muscarínicos de ação longa) ● O principal subtipo do receptor muscarínico de acetilcolina inibido é o M3 >> SABA → salbutamol, fenoterol e terbutalina >> LABA → formoterol, salmeterol, indacaterol e olodaterol >> SAMA → brometo de ipratrópio ou de oxitrópio >> LAMA → tiotrópio, brometo de glicopirrônio, umeclidínio e brometo de aclidínio ● Em comparação de LABA x LAMA, os LAMA são mais eficazes de ↓ risco de exacerbações, por isso são as de escolha em pacientes de alto risco ● Teofilina de liberação longa deve ser evitada no tratamento de manutenção da DPOC → ↑ incidência de efeitos colaterais (arritmias) → a não ser que outras formas de tratamento não sejam possíveis ● Para antiinflamatório o principal é corticoesteróides inalatórios → mas, diferente da asma, na DPOC o CI não é imprescindível não há benefício de CI em monoterapia >>CI → beclometasona, budesonida, mometasona e fluticasona ● Evidências de benefício é para LABA + CI para aqueles que continuam tendo exacerbações, mesmo usando broncodilatador de longa duração → Especialmente naqueles que apresentam contagens elevadas de eosinófilos (⩾300/microlitros) pacientes com eosinófilos < 100/microlitro → eficácia do CI é menor também dá para fazer LABA + LAMA + CI em casos refratários ● Corticoide sistêmico não tem papel no tratamento, traz mais risco que benefícios ● Há outras drogas que exercem ação anti-inflamatória na VAI e pode ser indicada em situações específicas → inibidores da fosfodiesterase-4 e antibióticos macrolídeos ● Roflumilaste é inibidor da fosfodiesterase-4 de uso oral e aprovado como terapia de adição em pacientes com obstrução respiratória grave ou muito grave que tem bronquite crônica e exacerbações frequentes , mesmo usando LABA + CI ou LAMA + LABA + CI ● ATB macrolídeo tem ação anti-inflamatória direta na VA, independente de seu efeito antimicrobiano ● Estudos sugerem que ex-tabagistas que continuam tendo exacerbações, mesmo com terapia otimizada, podem se beneficiar do uso de azitro oral por até 1 ano (↓ exacerbações) → efeitos colaterais: cepas resistentes e disfunção auditiva GRUPO A Usar algum broncodilatador inalatório (ação curta para sintomas eventuais, ação longa para sintomas mais frequentes) GRUPO B Usar algum broncodilatador inalatório de ação longa (LABA ou LAMA) GRUPO C Usar LAMA GRUPO D Usar LAMA ou LAMA + LABA(se CAT⩾ 20) OU LABA + CI (se eosinófilos ⩾ 300 e/ou asma concomitante) Lembrando que A→ pouco sintomas e baixo risco de exacerbação/ B → muito sintoma, mas baixo risco de exacerbação/ C → pouco sintoma, mas alto risco/ D→ muito sintomas e alto risco ➢ Tratamento não farmacológico ● Educação e treinamento do pacientes com intuito de fornecer capacidade de auto manuseio da doença habilidade de usar corretamente as drogas inalatórias eficiência na automonitorização dos sintomas capacidade de modificar temporariamente a posologia (intensificação precoce do tratamento a fim de evitar progressão de uma exacerbação inicial) adoção de dieta + atividade física ● Programa de reabilitação pulmonar (fisioterapia respiratória) → pacientes do grupo B, C e D Todos os pacientes com DPOC precisam ser vacinados contra influenza e pneumococo ● O2terapia domiciliar é componente importante no tratamento não farmacológico ➢ Oxigenoterapia domiciliar ● A O2terapia contínua (>15 h/dia) é uma das medidas que comprovadamente ↑ sobrevida quando bem indicadas PaO2 ≤ 55 mmHg ou SaO2 ≤ 88% em repouso PaO2 > 55 mmHg e< 60 mmHg ou SaO2 de 88% na presença de cor pulmonale e/ou policitemia (hematócrito > 55%) em repouso ● O2 ministrado em baixo fluxo (1-3 L/min) tendo como meta manter a SaO2 ⩾ 90% ● O paciente precisa ser reavaliado em 60-90 dias para ver se a medida está sendo eficaz ● Não há indicação para pacientes que fazem hipoxemia apenas durante exercícios, ou que não possuam níveis tão altos de hipoxemia crônica ➢ Suporte ventilatório ● CPAP noturno é indicado em portadores de DPOC que possuem SAOS ● Uso de qualquer forma de VNI em pacientes com DPOC muito grave, mas estável, ainda é controverso ➢ Cirurgia pneumorredutora ● Parte do pulmão é ressecado para ↓ a hiperinsuflação e assim melhora mecânica ventilatória e o próprio distúrbio de Q/V ● Em geral se ressecam regiões mais acometidas por enfisema e não ultrapassa > 20-30% do volume pulmonar total ● O ideal é que a ressecção ocorra nos lobos superiores >>A cirurgia pneumorredutora é indicada para pacientes que tem hiperinsuflação pulmonar sintomática e refratária ao tratamento medicamentoso >>Essa cirurgia é contra indicada em enfisemas difusos e VEF1 < 20% do predito e aquele com capacidade de difusão do CO < 20% → a mortalidade é muito alta ● Pacientes com bolhas de enfisema podem fazer bolhectomia, especialmente se sintomáticas (infecção e hemorragias) ● Atualmente é possível realizar o tratamento pneumorredutor pela via broncoscópica ● Termoablação pulmonar endoscópica → vantagem de permitir a eliminação de segmentos pulmonares. Os demais procedimentos envolvem lobos ● Em DPOC muito avançada e refratária, pode ser considerado transplante de pulmão → NÃO AUMENTA SOBREVIDA ➢ Tratamento das exacerbações ● A exacerbação é definida como uma piora aguda dos sintomas respiratórios que requer tratamento adicional ● As exacerbações aceleram a progressão da DPOC >>O principal fator de risco para exacerbações é história de exacerbação no último ano ● O ↑ no diâmetro da artéria pulmonar mostrou-se preditor de risco para exacerbação → relação do diâmetro da artéria pulmonar/aórtica > 1 ● DRGE também fator de risco ● Mortalidade após 1 episódio de exacerbação é de 20% (em 1 ano) e 50% (em 5 anos) ● Na exacerbação → ↑ inflamação VAI + produção ↑ de muco e isso piora o aprisionamento aéreo ● Sinais cardinais de uma exacerbação: piora da dispneia (e frequentemente da tosse também) ↑ do volume do escarro mudança no caráter do escasso, pode ficar purulento ● Pode ou nao ter febre e outras manifestações (mialgia, náuseas, dor de garganta) ● A piora da dispneia é devido à hiperinsuflação pulmonar "dinâmica" → prejudica mecânica ventilatória e ↑ esforço para respirar ● O edema e excesso de muco intensificam a obstrução → roncos e sibilos ● Piora da tosse e ↑ volume do escarro é explicado por maior inflamação e secreção da mucosa brônquica ● As infecções respiratórias são as principais responsáveis ● Purulência do escarro significa participação de bactérias → necessidade de antimicrobiano ● Às vezes o quadro todo é sugestivo de infecção viral (coriza, congestão nasal), mas o ↑ da proliferação bacteriana nas VAI pode contribuir para piora da inflamação → inflamação neutrofílica nas vias aéreas, o que justifica a purulência do escarro ● Outros fatores que exacerbam → poluição ambiental e mudanças de temperatura do ambiente Classificação das exacerbações da DPOC LEVES Necessitam de broncodilatadores de curta ação para controle sintomático. Tratamento ambulatorial MODERADAS Necessitam de dilatadores de curta ação + ATB e/ou corticoide sistêmico. Tratamento ambulatorial GRAVES Necessitam de tratamento hospitalar. O pacientes pode apresentar critérios de insuficiência respiratória aguda e necessitar de suporte ventilatório ● Anamnese e EF deve ter foco em sinais vitais e exame do tórax ● Importante determinar o estado mental e o grau de disfunção respiratória (FR, uso de musculatura acessória, cianose). ● Ausculta pulmonar costuma mostrar roncos e sibilos (estertores focais é mais sugestivo de pneumonia) ● Assimetria de MV → obstrução brônquica com atelectasia ou pneumotórax ● Na presença de DPOC grave na fase estável ou crise aguda com critérios de gravidade → solicitar imagem: RX, ou TC de tórax ● DPOC grave na fase estável ou crise aguda com critérios de gravidade → gasometria arterial ● Se houver suspeita de TEP → angio-TC ● Mensuração seriada do fluxo expiratório, diferente da asma, não é útil para manuseio de exacerbação ● Drogas de escolha para exacerbação → SABA, podendo + SAMA em pacientes mais graves ou refratários ● Broncodilatadores de curta ação podem ser feitos de modo inalatório por nebulização ou inaladores dosimetrados 1 puff (ou uma nebulização) a cada hora nas primeiras 3-4 horas → 1 puff (ou nebulização) a cada 2-4h ● As drogas inalatórias de uso crônico (LAMA+LABA+/-CI) devem ser mantidos ● Metilxantinas (teofilina oral) deve ser evitada no tratamento das exacerbações, em função de risco elevado para efeitos colaterais (arritmia) → se for usada como acréscimo de terapia em casos refratários, lembrar de dosar nível sérico para ajustar a dose ● Glicocorticoide sistêmico (prednisona ou prednisolona 40 mg VO 1x/dia) → por 5-7 dias não há diferença entre a VO ou EV, então preferir oral corticoide promove recuperação mais rápida do VEF1 e da oxigenação arterial → encurta a duração da exacerbação ● Antimicrobianos → indicados na presença de: 3 sinais cardinais da exacerbação 2 sinais cardinais, sendo 1 o ↑ de escarro, que se torna purulento necessidade de ventilação mecânica (invasiva ou não) independente de qualquer outro fator ● Principais bactérias envolvidas → pneumococo, h. influenzae e a moraxella catarrhalis. ● 5-10% pode ainda ser atribuído ao mycoplasma pneumoniae ou à chlamydia pneumoniae ● Drogas de escolha → amoxicilina-clavulanato, macrolídeos ou tetraciclinas (5-7 dias) ↓ tempo de exacerbação e ↓ risco de falência terapêutica ou recidiva do quadro ● Recomendação de coleta de cultura (escarro e sangue) antes do ATB (por causa de maior risco de germes multirresistentes): exacerbações muito frequentes VEF1 extremamente reduzido e/ou necessidade de ventilação mecânica ● O tratamento inicial pode ter espectro mais amplo (cefalosporina de 4ª geração) Indicações de VNI (ao menos 1 das abaixos) Acidose respiratória (pH ≤ 7,35 e PaCO2 ⩾ 45 mmHg) Dispneia intensa com sinais de esforço ou fadiga respiratória (esforço = uso de musculatura acessória; fadiga = movimento paradoxal do abdome) Hipoxemia refratária à suplementação de O2 ● A suplementação de O2 pode ser feita por cateter nasal ou máscara e a meta é manter SaO2 entre 88-92% Indicações de intubação traqueal e ventilação invasiva Intolerância ou falência da VNI Pós-parada cardíaca ↓ profunda da consciência ou agitação psicomotora grave não controlável com sedação leve Aspiração maciça de vômitos persistentes Incapacidade de remover secreções respiratória de forma espontânea Instabilidade hemodinâmica sem resposta à reposição de fluidos e drogas vasoativas Arritmias ventriculares e supraventriculares graves ● Foi mostrado que pacientes que respondem bem à VNI podem interromper de forma abrupta seu uso, sem necessidade de desmame, caso consigam tolerar, com conforto, pelo menos 4h de respiração espontânea ● Na DPOC descompensada, a confusão mental ou redução do sensório, em grau leve, não contra indica a VNI → é uma exceção: as alterações do SNC nesses pacientes podem ser revertidas com a melhora da ventilação alveolar e ↓ de PaCO2 isso poupa o pacientes de intubação traqueal e VMI ➢ Bronquiectasias ● A bronquiectasia é caracterizada por uma dilatação anormal e permanente dos brônquios → focal ou difusa ● Patogênese → inflamação persistente e intensa na parede brônquica → destruição de suas estruturas de sustentação → substituição por tecido fibroso ● As causas são várias, geralmente envolve uma patologia infecciosa ou algumas que medeiem resposta imune inflamatória (gases tóxicos e deficiência de alfa-1-antitripsina)● A manifestação clínica predominante é tosse persistente com grande produção de expectoração purulenta ● Pode ocorre hemoptise em 50-70% dos casos ● RX de tórax pode mostrar sinais sugestivos ● Padrão-ouro é a TC de alta resolução dilatação de VA (vaso adjacente > 1,5 cm e um não estreitamento da VA em direção à periferia espessamento da parede brônquica presença de plugs mucopurulentos nas VA, com aprisionamento de ar e formação de cistos ● Bronquiectasia de padrão focal → fazer broncoscopia para avaliação de uma possível obstrução de VA, proporcionada por um corpo estranho ou um tumor ● Provas de função pulmonar estão indicadas para quantificação da repercussão funcional da doença, geralmente apresentando um padrão obstrutivo ● As exacerbações são tratadas com ATBterapia ● Os principais germes envolvidos: h. influenzae, p. aeruginosa e o S. pneumoniae ● ATB de escolha → quinolona respiratória (levofloxacino) por 7-14 dias ● Nos pacientes críticos opta-se por fazer parenteral 2 drogas anti pseudomonas (ceftazidima e amicacina) ● Coleta de cultura e gram de escarro está indicado: casos graves não responsivos ao ATB inicial episódios recorrentes ● ATB profilático possui resultados indefinidos no manejo da bronquiectasia pacientes com exacerbações frequentes (> 3-4 x/ ano) geralmente é usado um macrolídeo (azitromicina) a grande limitação é a resistência da p. aeruginosa → se achar essa bactéria na cultura e uma resposta inadequada de profilaxia com ATB oral → optar por uso crônico de ATB inalatório (tobramicina) ● Medidas de higiene brônquica também fazem parte fisioterapia respiratória manutenção de uma hidratação adequada uso de mucolíticos (principalmente pela via inalatória) → N-acetilcisteína (fluimucil) → nenhuma dessas medidas foram eficazes em estudos, mas são geralmente recomendadas ● Pacientes com doença obstrutiva que reverte na espirometria → o uso de broncodilatadores acaba sendo benéfico ● Corticoide inalatório mostrou-de útil, com ↓ da tosse e da expectoração e melhora da PFP ● Doença localizada e com controle sintomático ruim → cirurgia de ressecção do segmento acometido ● Transplante pulmonar pode ser indicado em doença difusa + falha de terapia medicamentosa ● Hemoptise deve ser manejado com a localização da lesão sangrante (por TC e broncoscopia) e depois faz embolização arterial brônquica do segmento acometido → em casos não responsivos → ressecção cirúrgica do segmento que contém lesão hemorrágica
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