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CONTROLE DE QUALIDADE DE ÓLEOS E GORDURAS E PESQUISA DE FRAUDE EMMÉIS ÓLEOS E GORDURAS (até slide 40) Triacilglicerol Principais gorduras dos alimentos Constituinte majoritário dos lipídeos dos alimentos (65 a 95%) São tri-ésteres de glicerol com ácidos graxos (molécula de glicerol esterificada a 3 AGx) Formação de triacilgliceróis: Para produzir os TAGs nas células dos diferentes organismos encontrados na natureza, precisamos de uma unidade de glicerol e três unidades de AGx livres Os AGx não precisam ser de uma mesma característica (iguais), podemos ter 3 diferentes ou 3 iguais ou qualquer combinação destes No momento em que nós temos a esterificação de cada AGx livre em cada posição SN do glicerol (?) vamos ter a liberação de 1 molécula de água por posição esterificada (total: 3) Outros acilgliceróis: Obtidos a partir da hidrólise do triacilglicerol Monoacilglicerol (monoéster de glicerol) - uma molécula de glicerol esterificada a uma molécula de AGx (hidrólise de 2 AGx) Diacilglicerol (diéster de glicerol) - uma molécula de glicerol esterificada a dois ácidos graxos (liberação de 1 molécula de AGx) CATEGORIAS DOS LIPÍDEOS Os acilgliceróis são lipídeos compostos (AGx + glicerol) Apenas os AGx livres são incluidos na categoria de lipideos simples (1 unidade lipídica não-hidrolisável, assim como esteroides, carotenoides e tocoferois) Lipídios Simples ➢ Ácidos graxos livres ➢ Esteroides ➢ Carotenoides ➢ Tocoferóis Acil-lipídios e seus Componentes ➢ Acilgliceróis (mono-, di-, triacilgliceróis) = Ácidos graxos e glicerol ➢ Fosfolipídios = Ácidos graxos, glicerol ou esfingosina, ácido fosfórico, base orgânica ➢ Glicolipídios = Ácidos graxos, glicerol ou esfingosina, sacarídios ➢ Ceras = Ácidos graxos, álcoois graxos ➢ Ésteres de esteróis = Ácidos graxos, esteróis ➢ Outros ÁCIDOS GRAXOS Relembrar critérios para classificação dos AGx: Tamanho da cadeia carbônica Ácidos graxos de cadeia curta = Até 8 carbonos Ácidos graxos de cadeia média = 10 a 14 carbonos Ácidos graxos de cadeia longa = Maior que 16 carbonos Presença ou não de duplas ligações Ácidos graxos saturados = Ligação dupla ausente Ácidos graxos monoinsaturados = Uma dupla ligação presente Ácidos graxos poliinsaturados = Mais de uma dupla ligação ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS Ácido linoleico C18:2 (18 carbonos e 2 lig. Duplas) Uma das ligações está no 6º atomo contado a partir do ultimo carbono (ômega) = ômega-6 Ácido alfa-linolênico C18:3 Contando a partir do carbono ômega, a primeira dupla ligação está no carbono 3 = ômega-3 Ácidos graxos ômega 3 (n-3): (não-essenciais = podemos sintetizar a partir do alfa-linolênico, mas também é necessário que haja algum consumo a partir dos alimentos) Ácido eicosapentaenóico – EPA – C20:5(n-3): Ácido docosahexaenóico – DHA – C22:6(n-3): Encontrados nos pescados de origem marinha RANCIDEZ DOS ALIMENTOS O que é rancidez? • Desenvolvimento de vários sabores e odores estranhos (ranço), em óleos comestíveis e alimentos lipídicos • Comprometimento da textura e aparência desses alimentos, tornando-os menos aceitáveis, diminuindo a sua vida de prateleira • Estas alterações ocorrem devido a modificações na estrutura das moléculas dos lipídios • No caso específico da rancidez oxidativa (oxidação lipídica), estas alterações também reduzem o valor nutricional das gorduras (prejudica a atuação dos AGx essenciais e ômega-3, impede a ação protetora contra doenças cardiovasculares) A rancidez oxidativa pode destruir AGx ômega-3 e 6, prejudicando o valor nutricional do produto ao eliminar a função destes Na hidrolítica, perdem-se os atributos sensoriais agradáveis dos produtos de natureza lipídica CAUSAS DE RANCIDEZ NOS ALIMENTOS Autocatalítica: fatores ambientais (luz, íons metálicos, etc) Enzimática: enzimas oxidativas Enzimas hidrolíticas não são enzimas oxidativas, as hidrolíticas não catalisam reações de oxidorredução e sim catalisam a hidrólise das ligações éster dos TAGs “Ranço” decorrente do gosto e aroma dado ao alimento pela liberação dos AGx O lipídeo completo não produz sabor, mas no momento em que os AGx são liberados do glicerol, o gosto do AGx isolado gera estranheza sensorial OXIDAÇÃO LIPÍDICA Etapas: iniciação, propagação e terminação (didaticamente, esses fenômenos acontecem tão rápido que podem estar ocorrendo simultaneamente) Iniciação • Na primeira fase, o hidrogênio do carbono alfa-metilênico (átomo de carbono imediatamente após o carbono da dupla ligação) do ácido graxo insaturado (RH) é abstraído (removido). O lipídio insaturado converte-se em radical livre. (no ponto em que houve a ruptura da ligação com o átomo de hidrogênio, forma-se um radical alquila) (primeiro radical a ser formado na ruptura do hidrogênio com o AGX) (a partir da formação do radical alquila, esses radicais se combinam com o oxigênio, dando lugar aos radicais peroxi, e o processo se propaga) Propagação • Os primeiros radicais formados se combinam com o oxigênio, dando lugar a mais radicais peroxi (o radical peroxi formado vai abstrair hidrogênio de outro AGX livre completo, formando novo radical alquila e por aí vai) (condições ambientais que favorecem a oxidação iniciam o primeiro processo - presença de radicais no ambiente, como o .OH) O lipídio insaturado pode dar origem tanto a novos radicais alquila como a peróxidos lipídicos Metodologias que identificam peróxidos lipídicos e dos radicais peroxi Outras identificam outros produtos que são gerados a partir de mais reações por parte desses radicais peroxi e peróxidos lipídicos Terminação Reações entre diferentes compostos radicais formados, dando lugar a compostos não reativos Como a velocidade de reação é muito rápida, podemos ter a formação destes produtos que não são reativos em paralelo à formação de peróxidos lipídicos e radicais peroxi/alquila Ocorre simultaneamente às etapas de iniciação e propagação Possíveis compostos formados: Compostos finais bastante prejudiciais à saúde (metodologias que conseguem quantificar principalmente os hidroperóxidos, mas quando há esgotamento dos hidroperóxidos em formação dos produtos finais, podem não funcionar, e precisamentos de outras metodologias) PONTO DE FUMAÇA O calor pode favorecer a oxidação, mas não é a causa e existem outros processos desencadeantes Aqui, temos o ponto de fumaça - durante o processo de aquecimento, os lipídeos começam a liberar fumaça Alteração que ocorre com o aquecimento (pode ocorrer em conjunto com as reações oxidativas, em função do aquecimento, nesse caso o ponto de fumaça é mais útil para detectar a degradação lipídica): • É a temperatura em que se verifica a liberação de fumaça • Ocorre após a liberação dos ácidos graxos da molécula de glicerol (pela ação térmica) • O glicerol é convertido em acroleína (ou propenal), um dos componentes da fumaça Acroleína • Substância irritante e tóxica para a saúde • Limite tolerável para a ingestão diária de acroleína: 7,5 µg/kg de peso corporal Diferentes tipos de gorduras apresentam diferentes pontos de fumaça Pontos de fumaça com base em estudos de alguns óleos e gorduras: Existem óleos com maior resistência ao calor que outros (soja > canola por exemplo) Categorias para o óleo de soja: tipo I (mais encontrados no mercado) e tipo II Limites impostos pela legislação brasileira: acima de 210°C para óleo de soja tipo I e acima de 190°C para óleo de soja tipo 2 (IN 49, BRASIL 2006) Durante seu processo de aquecimento, os óleos comercializados no Brasil NÃO PODEM liberar fumaça em uma temperatura antes do seu ponto de fumaça limite Além do ponto de fumaça, são importantes para o processo de fiscalização e detecção de fraudes: Outros métodos de análise para a caracterização de óleos e gorduras Índice de refração Índice de iodo Índice de saponificação Perfil de ácidos graxos dos óleos Índice de acidez Índice de peróxido Índice de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) ÍNDICE DE REFRAÇÃO Característico para cada tipo de óleo ou de gordura Relacionado com o grau de insaturação (ligações duplas nos AGxlivres e associados a TAGs) e acidez (o quanto esse óleo já liberou AGx livres - esterases e lipases liberadas pelos organismos vivos que produziram o óleo/gordura, pode haver pequena concentração em produtos normais e isso gera acidez característica) Usado para avaliar (dar uma ideia) a qualidade (se passou por rancificação hidrolítica e oxidativa, fraudes, etc. - a insaturação é modificada pelas reações, portanto se o índice de refração muda, ou os lipídeos sofreram modificação/oxidação/hidrólise, ou esse óleo foi misturado com óleos de outras plantas) Índice de refração - óleos refinados (limites mínimos – máximos) Legislação brasileira: ÍNDICE DE IODO Medida da insaturação (qtde lig duplas) a partir da reação de uma massa conhecida de lipídeo que reage com halogênios (I, F, Cl ou Br) Como essa reação acaba sendo igual entre esses halogênios, podem ser usados intercambiavelmente sem que haja alteração no resultado final (índice de “iodo”) Usado para classificar óleos e gorduras Quanto maior o índice, maior a insaturação (mais ligações para o halogênio reagir, mais halogênio gasto) Quanto maior a insaturação, infelizmente maior será a suscetibilidade do lipídeo a oxidação (mais carbonos vizinhos à ligações duplas que estão suscetíveis ao ataque, mais carbonos oxidados e mais processos de propagação) Método complementar à obtenção do perfil de ácidos graxos por cromatografia a gás Atualização: obtenção do perfil de ácidos graxos por cromatografia a gás (extração por métodos a frio seguida por metilação dos AGx) para caracterizá-los (mais precisão em quais os AGx presentes, saturados e insaturados) Índice de iodo de alguns óleos e gorduras Banha e manteiga (dificilmente oxidado, poucos insaturados) < linhaça (mais facilmente oxidado, mais insaturados) Índice de Iodo (método de Wijs descrito no IAL2008) - óleos refinados (limites mínimos – máximos) Legislação específica: Alto teor de AGx monoinsaturado (oleico) - indice entre 78-90 (fora dessa faixa não é alto em oleico) Menor ácido oleico e maior concentração de poliinsaturados - maior índice de iodo Predominância de poliinsaturados - maior ainda o índice de iodo Precisam respeitar estas faixas para cada tipo SAPONIFICAÇÃO (outro índice mas também uma reação) Definição: Hidrólise alcalina de óleos e gorduras com a produção de glicerol e sais de sódio ou potássio de ácidos graxos (hidrolisados do glicerol, hidrólise alcalina mediada por calor) de cadeia longa Usos: É o processo utilizado para a fabricação de sabões Sabão formado: álcali (base) utilizado + AGx liberado Ex.: ácido palmítico + NaOH -> palmitato de sódio Observações: Apenas lipídeos com glicerol em sua composição conseguem sofrer saponificação Os estérois e as vitaminas, além de hidrocarbonetos e alcoóis são a fração insaponificável de óleos e gorduras (não são triacilgliceróis ou outros lipídeos compostos com glicerol) Massa molar de alguns triacilgliceróis e de seus sabões: Comportamento do processo de saponificação em função do tamanho da cadeia carbônica de cada lipídeo: AGx de cadeia curta - massa molar inferior aos de cadeia média, que é inferior aos de longa etc etc 3 tipos diferentes de triacilglicerois com diferentes AGx Para cada 1 mol de TAG, precisamos de 3 mols de base -> para que seja a completa a saponificação de tributirato, será gasto 168 g de KOH por exemplo A massa molar do sal gerado vai ser 378g, a partir de 168g de KOH No trilaurato, também se gasta 168g de KOH Apesar das quantidades de base serem sempre iguais para cada 1 mol de TAG (independentemente do tamanho das cadeias carbônicas), no final, a quantidade de sabão resultante vai ser maior que a quantidade de TAG, e maior que de TAGs de massa molar menor Maior tamanho das cadeias -> maior massa molar -> maior rendimento de sabão gerado Logo, a quantidade de hidróxido para gerar uma mesma massa de sabão vai ser relativamente menor para os que possuem cadeia longa, do que para os de cadeia curta Para a reação de saponificação, a quantidade de base gasta é INVERSAMENTE proporcional ao tamanho de cadeia dos AGx que compõem o TAG MENOR CADEIA - MAIS BASE USADA (MAIOR ÍNDICE) / MAIOR CADEIA - MENOS BASE (MENOR ÍNDICE) ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO Indica o tamanho da cadeia dos ácidos graxos a partir da quantidade de KOH necessária para hidrolisar 1 g de lipídio (triacilglicerol) Quanto menor a cadeia carbônica, maior será o índice de saponificação (em função de base gasta) Usado para avaliar fraudes com misturas de óleos (se estamos diante de um óleo caro, composto de AGx de cadeia média, o índice é uma primeira medida para identificar fraudes - se houver gasto baixo de base durante a reação, provavelmente foi fraudado pela adição de lipídeos mais baratos com cadeias mais longas) Método complementar à obtenção do perfil de ácidos graxos por cromatografia a gás (porque a partir do perfil, vemos exatamente a composição dos AGx e se as duas análises batem - se aparecerem outros perfis lipídicos a fraude é confirmada) Índice de saponificação de alguns óleos e gorduras Coco - AGx de cadeia média = índice mais alto que os outros (de cadeia longa) É uma medida indireta da massa molar média dos ácidos graxos presentes no acilglicerol (se o índice é baixo, a massa molar média é alta) O índice de saponificação de óleos e gorduras contendo ácidos graxos de cadeia longa é baixo devido aos poucos números de grupos carboxílicos por unidade de massa comparado aos ácidos graxos de cadeia mais curta ÍNDICE DE PERÓXIDOS Determina a quantidade de peróxidos em uma amostra conhecida de lipídeos, expressa em mEq/kg (o foco é especificamente a oxidação lipídica) Os peróxidos são formados nos estágios iniciais da oxidação lipídica (principalmente na etapa de propagação) Indicativo do grau e estágio de oxidação do produto (se ainda está até a etapa de propagação) Pode não ser uma medida adequada na oxidação em estágio avançado (decomposição dos peróxidos - está já no estágio de terminação ou além, mesmo que a gordura esteja reconhecidamente oxidada e estragada ela ainda pode passar bem por esta análise) Valores de referência para óleos e gorduras (IN 87, ANVISA 2021) e azeite de oliva (IN 1, BRASIL 2012): Ao chegar uma amostra já oxidada obviamente, se o indice de peróxido ficar dentro dos limites, prosseguimos para: ÍNDICE DE SUBSTÂNCIAS REATIVAS AO ÁCIDO TIOBARBITÚRICO (TBARS) Avalia a oxidação de gorduras (conseguimos medir a oxidação na etapa de terminação) Muito usado para a avaliação de produtos lácteos, carnes e pescados (alimentos lipídicos) As reações de terminação produzem substâncias que reagem com o ácido tiobarbitúrico (TBA), dentre elas, o malondialdeído (dialdeído malônico), produzindo cor vermelha É possível perceber o odor+gosto ou sabor de ranço a partir de 1 mg de TBARS/kg de amostra (ranço perceptível sensorialmente) Índice de TBARS de alguns óleos e gorduras em estágio de conservação adequado ÍNDICE DE ACIDEZ Existe um limite permitido - no caso da rancidez hidrolítica, a partir de alguns níveis também percebemos alterações visíveis Quantificação dos ácidos graxos livres (a partir de determinada concentração, as características do óleo estão muito alteradas e não pode ser consumido) Avalia a rancidez hidrolítica (mediada por lipases) de óleos e gorduras (não avalia a oxidativa) A elevação da acidez lipídica está associada à decomposição das gorduras pelas lipases/esterases O procedimento baseia-se: na dissolução da gordura em um solvente misto e neutralizado titulação da solução padrão de KOH (ou NaOH) na presença de fenolftaleína como indicador A medida é obtida a partir da massa de KOH (mg) necessária para neutralizar os ácidos graxos livres em 1 g de amostra Pode também ser expresso como: Massa de ácidos graxos livres expressa como um ácido graxo específico ou predominante na amostra (g) em 100 g de amostra Etapas: * Determinar um branco em paralelo Cálculos (mg KOH/g de amostra): • VA = volume (ml) de KOH gasto na titulação da amostra • VB = volume (ml) deKOH gasto na titulação do branco • C = Concentração do KOH (moles/L) • f = fator de correção da solução de KOH • 56,1 = Massa molar do KOH Cálculos (g ácido oleico/100 g): VA = volume (L) de KOH gasto na titulação da amostra VB = volume (L) de KOH gasto na titulação do branco C = Concentração do KOH (moles/L) f = fator de correção da solução de KOH 282,46 = massa molar do ácido oleico Valores de referência para óleos e gorduras (IN 87, ANVISA 2021) e azeite de oliva (IN 1, BRASIL, 2012) Refinação: quando, na indústria, o azeite ultrapassa o teor de acido oleico, pode-se remover o AGx excedente (neutralização) - nesse caso, se passou por essa etapa, a legislação obriga um limite de até 0,3 g ac oleico/100g amostra Valores de referência para óleos vegetais refinados (IN 49, BRASIL, 2006) respaldado por IN 87, ANVISA (2021) MEL (slide 41 pra frente até 63) DEFINIÇÃO: Mel é o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores que ficam sobre partes vivas de plantas (pulgões), que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam maturar nos favos da colméia ORIGEM: Mel flora unifloral ou monoflora: originário de flores de uma mesma família, gênero ou espécie, possuindo características sensoriais e microscópicas próprias Mel multifloral ou poliflora: obtido a partir de diferentes origens florais Melato ou mel de melato: obtido a partir de secreções das partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que se encontram sobre elas Não confundir mel de melato (origem animal) com melaço (da cana de açúcar) COMPOSIÇÃO: Solução concentrada de açúcares com predominância de glicose e frutose Contém ainda uma mistura complexa de outros carboidratos (das plantas), enzimas e aminoácidos (das abelhas, durante o processo de transformação que desenvolvem sobre o mel), ácidos orgânicos, minerais, substâncias aromáticas, pigmentos e grãos de pólen (das flores, na colheita do néctar) Pode conter cera de abelhas procedentes do processo de extração NÃO poderá ser adicionado de açúcares e/ou outras substâncias que alterem a sua composição original Favos cheios de mel operculados (com superfície de cera) VS Favos parcialmente desoperculados (superfície retirada) PROCEDIMENTOS DE OBTENÇÃO: Mel escorrido: mel obtido por escorrimento dos favos desoperculados, sem larvas Mel prensado: mel obtido por prensagem dos favos, sem larvas Mel centrifugado: mel obtido por centrifugação dos favos desoperculados, sem larvas Esses processos aumentam o rendimento de obtenção (centrifugação principalmente) REQUISITOS: Cor: variável, de quase incolor a pardo-escura (não é um fator para qualidade ou fraude por variar muito) Sabor e aroma: deve ter sabor e aroma característicos com a sua origem (unifloral, multifloral, etc.) Consistência: variável de acordo com o estado físico em que o mel se apresenta (líquido, em favos, cristalizado, cremoso, etc.; também não é um indicativo de qualidade ou fraude) FISCALIZAÇÃO Características físico-químicas: Açúcares redutores, umidade, sacarose aparente, sólidos insolúveis em água: Cinzas, grãos de pólen (para todos os tipos de mel), fermentação (indicativo de deterioração), acidez (livre + lactônica), hidroximetilfurfural, atividade diastásica (enzima alfa-amilase, liberada pela abelha na composição do mel): Reações de Lund, Fiehe e Lugol (análises qualitativas): LUND - Pesquisa de albuminoides, ausência indica fraude - são liberados pela abelha no processo de fabricação, garantia de origem animal; sem a presença, indica que não há metabolismo de abelha sobre o produto e indica fraude FIEHE - Pesquisa de substâncias produzidas durante o superaquecimento do mel, ou da adição de xaropes de açúcares LUGOL - Pesquisa de amidos e dextrinas, presentes na adição de glicose oriunda a partir da hidrólise do amido de milho (xaropes obtidos industrialmente, mais baratos - fragmentos de amido não-hidrolisado ou de dextrinas, oligossacarídeos da hidrólise do amigo, que reagem com o iodo da solução de lugol) ATIVIDADE DIASTÁSICA: Pesar 10 g de amostra de mel em um béquer de 50 ml Dissolver a amostra com 15 ml de água destilada Adicionar 5 ml de solução tampão de acetato pH 5,3 (1,59 M) Transferir o conteúdo para um balão de 50 ml contendo 3 ml de solução de HCl 0,5 M Completar o volume do balão com água destilada Transferir 10 ml do conteúdo do balão para um tubo de ensaio Adicionar ao tubo 5 ml de solução de amido Levar o tubo para um banho de água a 40 ± 1°C por 15 min Agitar periodicamente a solução A cada 5 min, pipetar 1 ml desta solução e adicionar 10 ml de solução de iodo 0,00035 M Determinar a absorbância a 660 nm Finalizar o experimento ao se atingir um valor de absorbância igual ou inferior a 0,235 A partir dos dados de tempo vs absorbância, identificar o tempo em que a reação atingiu absorbância de 0,235 Cálculo: onde tABS= 0,235 é o tempo (min) em que a absorbância da solução atingiu absorbância de 0,235 DETERMINAÇÃO DE HIDROXIMETILFURFURAL (HMF): Pesar 5 g de amostra em um béquer de 50 ml Transferir quantitativamente com 25 ml de água para um balão de 50 ml Adicionar 0,5 ml de solução de ferrocianeto de potássio (15 % m/v) e misturar Adicionar 0,5 ml de solução de acetato de zinco (30 % m/v) e misturar Obs: se a solução espumar, adicionar uma gota de álcool Completar o volume do balão com água Filtrar o conteúdo do balão para uma proveta, descartando os primeiros 10 ml do filtrado Transferir 5 ml do filtrado em 2 tubos de ensaio Adicionar 5 ml de água no primeiro tubo Adicionar 5 ml de solução de bissulfito de sódio (0,2 % m/v) no segundo tubo Deixar os tubos em banho de ultra-som por 3 min Determinar a absorbância a 284 nm e a 336 nm, utilizando o conteúdo adicionado de bissulfito de sódio como branco Cálculo: A284 = leitura da absorbância a 284 nm A336 = leitura da absorbância a 336 nm 126 = massa molar do HMF (g/mol) 16830 = absortividade molar do HMF a 284 nm Expressar o resultado final emmg de hidroximetilfurfural/kg amostra REAÇÃO DE LUND: Pesar 2 g de amostra Transferi-la quantitativamente para uma proveta de 50 ml com tampa com o auxílio de 20 ml de água Adicionar 5 ml de solução de ácido tânico (0,5 % m/v) Adicionar água até completar o volume de 40 ml Agitar para misturar totalmente Deixar em repouso por 24 h Na presença de mel puro, será formado um precipitado no fundo da proveta (intervalo normal de albuminoides) no intervalo de 0,6 a 3,0 ml na graduação da proveta Na presença de mel adulterado, não haverá a formação de precipitado (xarope de açúcar) ou excederá o volume máximo (adição de algum produto de origem animal, tentativa de mascarar o xarope) do referido intervalo REAÇÃO DE FIEHE: Indicativo de excesso de aquecimento ou adição de xarope caramelado Pesar 5 g de amostra em um béquer de 50 ml Adicionar 5 ml de éter e agitar vigorosamente Transferir a camada etérea (de solvente/”éter”) para um tubo de ensaio Adicionar 0,5 ml de solução de resorcina (1 g/ 100 ml HCl) Deixar em repouso por 10 min Na presença de glicose comercial oumel aquecido, aparecerá uma coloração vermelha intensa, indicando fraude REAÇÃO DE LUGOL: Fundamento: Baseada no desenvolvimento de coloração após aquecimento da amostra e adição de solução iodo (solução de Lugol), em presença de amido ou dextrinas O aquecimento promove a abertura da cadeia helicoidal da molécula do amido, permitindo a adsorção do iodo com o desenvolvimento da coloração característica após resfriamento (mesma análise de fraude do leite) Pesar 10 g da amostra em um frasco Erlenmeyer de 125 ml Adicionar 20 ml de água Agitar Deixar no banho-maria fervente por 1 h (na falta de aquecimento, o amido não se abre e o iodo não se liga corretamente - falso negativo) Resfriar à temperatura ambiente Adicionar 0,5 ml de Lugol Na presença de glicose comercial ou xaropes de açúcar, a solução ficará coloridademarrom avermelhada a azul A intensidade da cor depende da quantidade e da qualidade das dextrinas ou amido presentes na amostra fraudada (quanto mais amido, mais azul; quanto mais dextrinas, mais marrom avermelhada) Fazer a mesma prova para ummel puro para comparação Figura: recipiente na solução de lugol - marrom avermelhada~azul / recipiente com mel legítimo
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