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DM RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Ginecologia e Obstetrícia Violência sexual ÉTICA Princípios ▪ Beneficência – sempre beneficiar o pct. ▪ Não maleficência - o ato médico não pode provocar, trazer uma maleficio ao pct. ▪ Justiça - equidade ▪ Autonomia - muito presente principalmente na GO. É a questão da pct ter juízo crítico e poder decidir se ela realmente quer realmente ser submetida a um procedimento, a um determinado ato médico que estamos propondo. No questão jurisdição 18 anos é a maioridade, no entanto na medicina, se pct for de menor, e observamos que ela tem consciência e coerência podemos sim orientá-las e falar o método contraceptivo, e não precisa chamar os responsáveis. Agora, se for abuso sexual é diferente, vc tem que chamar os responsáveis. Além disso, não pode compartilhar as informações passadas pela filha de menor de idade com os repoisáveis – sigilo médico. Três exceções que podemos quebrar o sigilo médico: autorização expressa (CID, no atestado), dever legal (doenças de notificação compulsórias – tem que informar a vigilância epidemiológica) e risco a terceiro (por exemplo, paciente com HIV e o parceiro não quer contar ao seu acompanhante). VIOLÊNCIA SEXUAL Conceito ▪ Estupro é qualquer ato libidinoso não consentido por uma das partes; ▪ A ONU considera violência contra a mulher “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”; ▪ É preciso entender que, para quem sofreu tal crime, o simples fato de ter de procurar o sistema de saúde e/ou a delegacia de polícia já é um agravo resultante dessa violência; Epidemiologia ▪ Muitas vezes ocorrem dentro do ambiente familiar, as principais vítimas são mulheres com menos de 20 anos, muitas vezes o estuprador é um conhecido da vítima (do próprio núcleo familiar), é independente de classe social (não é só na periferia, mesmo em classe bem favorecidas, esse crime acontece); ▪ No Brasil, 135 mulheres são estupradas por dia, 1 a cada 11 minutos, a maioria (70%) delas são estupradas pelo pai, avô, padrasto, irmão, primo, tio, cunhado, amigo da família (conhecidos da vítima, fazem parte do núcleo familiar); ▪ O papel do médico é acolher a vítima, pois ela vai chegar extremamente fragilizada, ela precisa ser acolhida e ouvida, o ambiente hospitalar TEM QUE SER um ambiente DE conforto, perguntar se ela quer que chame algum familiar, amiga, e é muito importante o ▪ NÃO JULGAMENTO Atendimento ▪ Deve ser definido local específico, preferencialmente fora do espaço físico do pronto socorro ou da triagem, a fim de garantir a necessária privacidade durante a entrevista e os exames → acolhimento. Anamnese: ▪ Deixar a paciente falar, ouvir o que ela quiser falar; não precisa saber de todos os detalhes – respeitar a paciente – algumas querem contar tudo, outras não. Deve ser respeitado; ▪ O ideal é ter uma equipe multidisciplinar. Exame físico ▪ Perguntar se ela autoriza ser examinada ▪ Os dados obtidos durante a entrevista e nos exames físico e ginecológico e os resultados de exames complementares e relatórios de procedimentos devem ser cuidadosamente registrados no prontuário ▪ O atendimento psicológico deve ser iniciado o mais brevemente possível, de preferência desde a primeira consulta, mantido durante todo o período de atendimento e pelo tempo necessário; ▪ No serviço de saúde, devem ser realizados exame físico completo, exame ginecológico com reparo de eventuais lesões genitais presentes e coleta de amostras de sangue para exames laboratoriais; ▪ Se tiver esperma na região → é a oportunidade de coletar o esperma, e deixa fixado em papel de filtro e ele vai ficar acondicionado junto com o prontuário DM RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Ginecologia e Obstetrícia da paciente. Deixar até a polícia abrir um inquérito para investigar o criminoso Exames laboratoriais ▪ Beta-HCG, testes rápidos: HIV, sífilis, hepatite B e C ▪ Se não tiver os testes rápido: VDRL, HBSag, Anti HCV, anti-HIV; Após o acolhimento 1. Procedimentos legais – medidas legais que a legislação brasileira exigi 2. Que ela pode engravidar do criminoso 3. Pode pegar IST’s não virais 4. Pode pegar IST’s virais 1.Procedimentos legais ▪ Nova lei: Todos os casos de atendimento de vítimas de violência sexual devem ser comunicados à autoridade policial local. ▪ Não é necessário apresentar Boletim de Ocorrência (BO) policial no atendimento. ▪ Fazer a ficha de notificação compulsória imediata - Ficha de Notificação e Investigação de Violência Doméstica, Sexual e/ou Outras Violências. ” ▪ Se for menor de idade → acionar também o conselho do tutelar ou a vara da infância e juventude. 2.Contracepção de emergência ▪ Os gestores de saúde têm a responsabilidade de garantir a disponibilidade e o acesso adequado à Anticoncepcional de emergência (AE). ▪ A AE é desnecessária se a mulher ou a adolescente estiver usando regularmente método contraceptivo de elevada eficácia no momento da violência sexual. ▪ A AE não produz efeitos sobre o endométrio, não modifica sua receptividade e não altera as condições para a implantação do blastocisto, caso a fecundação ocorra. Por esses mecanismos, a AE impede somente a fecundação, logo não é abortivo. ▪ Primeira escolha da AE hormonal: o levonorgestrel 1,5 mg Dose única. ▪ A AE deve ser realizada o quanto antes, dentro do limite de 5 dias (120 horas) da violência sexual. ▪ A única contraindicação absoluta da AE, categoria 4 da OMS, é a gravidez confirmada. 3.Profilaxia das ISTs não virais (são em dose única) ▪ Penicilina benzatina 2.400.000 UI IM (sífilis) – metade em cada nádega. ▪ Ceftriaxona 500mg IM (gonococo) ▪ Metronidazol 2g VO (tricomoníase) ▪ Azitromicina 1g VO (Chlamydia). 4.Profilaxia das ISTs virais ▪ HIV ▪ Iniciar até 3 dias. Por 4 semanas (28dias) ▪ Tenofovir 300mg ▪ Lamivudina 300mg ▪ Dolutegravir 50mg. Se gravida no 1º trimestre substituir por Atazanavir + Ritonavir ▪ Hepatite B ▪ Esquema vacinal incompleto ▪ Completar ▪ Não vacinados ou desconhecidos ▪ Imunoglobulina (até 14 dias) + vacina ▪ IGHAHB – 0,06 mL/kg, IM –, em sítio de aplicação diferente da vacina (esta no deltoide). No caso de o volume a ser administrado ultrapassar 5 mL, deve-se dividir a aplicação em duas áreas corpóreas diferentes; ▪ A gravidez, em qualquer idade gestacional, não contraindica a imunização para a hepatite B nem a oferta de IGHAHB; DM RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Ginecologia e Obstetrícia Momento de realização dos testes: • Bioquímica (ALT): momento da exposição (D0), 45 dias após a exposição (D45), 90 dias após a exposição (D90) e 180 dias após a exposição (D180); • Sorologia (anti-HCV): D0, D90 e D180; • HCV-RNA (PCR qualitativa): recomenda-se realizá-lo no nonagésimo dia (90) após a exposição, considerando a inexistência de medidas profiláticas, a exemplo de vacinas e imunoglobulinas, e diante de algumas evidências de que o tratamento da infecção aguda com antivirais (por exemplo: interferona) poderia prevenir a evolução da doença crônica; • Excepcionalmente, a avaliação sorológica deve ser repetida com 12 meses: nos casos que envolvem agressores coinfectados pelo HIV/HCV e quando a mulher tiver história de imunossupressão. A testagem anti-HIV também deve ser recomendada para mulheres que apresentem quadro sugestivo de infecção aguda pelo HIV, independentemente do intervalo desde a exposição; INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO ▪ O Código Penal não exige nenhum documento para a prática do abortamento em casos de estupro, a não ser o consentimento da mulher; ▪ Não é passivel de punição aborto em gestações motivadas por estupro. Não precisa de BO e não autorização do juíz. ▪ O Código Penal afirma que a palavra da mulher que buscaos serviços de saúde afirmando ter sofrido violência deve ter credibilidade, ética e legalmente, devendo ser recebida como presunção de veracidade; ▪ O objetivo do serviço de saúde é garantir o exercício do direito à saúde, portanto não cabe ao profissional de saúde duvidar da palavra da vítima, o que agravaria ainda mais as consequências da violência sofrida; Exigências Legais ▪ Comunicados à autoridade policial - Todos os casos de pacientes que solicitem a realização de abortamento por gravidez motivada por estupro. ▪ Termo de relato circunstanciado – pct vai contar o que ocorreu para dois profissionais da saúde. ▪ Parecer técnico do médico – pct vai conversar com o médico e este vai avaliar se o tempo da idade gestacional é compativel com a violência. ▪ Termo de aprovação do procedimento – redigito por 3 profissionais da saúde (medico, enfermeiro e psicologo) ▪ Termo de responsabiliade – que todas as informações que a pct falou são veridicas. ▪ Termo de consentimento – que concorda com o procedimento. ▪ Menos de 16 anos precisa da assinatura dos pais. ▪ Se exister divergências entre as partes → tem que acionar o poder público. ▪ Objeção de consciência: o médico não quer realizar o procedimento e passa o caso para outro médico. É só para pessoas e não para instituições (igreja, hospital) Prática do stealhing ▪ É uma prática que consiste na retirada do preservativo durante uma relação sexual consentida e tem se tornado uma prática comum atualmente; ▪ Existe o consentimento do casal em ter a relação sexual com preservativo, mas, durante o ato, sem que a mulher perceba, o homem retira o preservativo, sendo este cenário enquadrado como estupro; ▪ Portanto, a mulher que buscar o atendimento deve receber todas as profilaxias indicadas. Se houver gestação, a prática do aborto também é permitida nos mesmos moldes das interrupções legais; Aborto legal ▪ Estupro ▪ Risco de vida materna - são necessários avaliação multiprofissional de, no mínimo, dois médicos, de modo que ambos devem elaborar um laudo atestando que existe risco de óbito, caso a gestação prossiga, consentimento informado e que essa seja a maneira mais adequada de preservar a saúde da gestante → aqueles casos que a paciente tem cardiopatia grave por exemplo, que a própria fisiologia da gestação faz com que fique potencializada; nesses casos tem que ter laudo de 2 médicos: de preferência um GO e um especialista da área + consentimento da gestante; DM RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Ginecologia e Obstetrícia ▪ Anaencefalia → o laudo tem que ser feito por 2 médico além do exame ultrassonográfico realizado a partir da 12ª semana de gestação e deve conter: Duas fotografias, identificadas e datadas, uma com a face do feto em posição sagital e a outra com a visualização do polo cefálico no corte transversal, demonstrando a ausência da calota craniana e de parênquima cerebral identificável; ▪ TODOS OS CASOS: CONSENTIMENTO DA PACIENTE! SINAIS DE ABUSO SEXUAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Comportamento/sentimento ▪ Medo ou pânico de certa pessoa ou sentimento generalizado de desagrado quando a criança é deixada sozinha em algum lugar com alguém; ▪ Medo do escuro ou de lugares fechados; ▪ Mudanças extremas, súbitas e inexplicáveis no comportamento, como oscilações no humor entre retraída e extrovertida; ▪ Mal-estar pela sensação de modificação do corpo e confusão de idade ▪ Regressão a comportamentos infantis, como choro excessivo sem causa aparente, enurese, chupar dedos; ▪ Tristeza, abatimento profundo ou depressão crônica. Fraco controle de impulsos e comportamento autodestrutivo ou suicida; ▪ Baixo nível de auto-estima e excessiva preocupação em agradar os outros; ▪ Vergonha excessiva, inclusive de mudar de roupa na frente de outras pessoas; culpa e autoflagelação; ▪ Ansiedade generalizada, comportamento tenso, sempre em estado de alerta, fadiga; ▪ Comportamento disruptivo, agressivo, raivoso, principalmente dirigido contra irmãos e um dos pais não incestuoso; ▪ Alguns podem ter transtornos dissociativos na forma de personalidade múltipla. Sexualidade ▪ Interesse ou conhecimento súbitos e não usuais sobre questões sexuais; ▪ Expressão de afeto sensualizada ou mesmo certo grau de provocação erótica, inapropriado para uma criança; ▪ Desenvolvimento de brincadeiras sexuais persistentes com amigos, animais e brinquedos; ▪ Masturbar-se compulsivamente; ▪ Relatos de avanços sexuais por parentes, responsáveis ou outros adultos; ▪ Desenhar órgãos genitais com detalhes e características além de sua capacidade etária. Hábitos, cuidados corporais e higiênicos ▪ Abandono de comportamento infantil, de laços afetivos, de antigos hábitos lúdicos, de fantasias, ainda que temporariamente; ▪ Mudança de hábito alimentar: perda de apetite (anorexia) ou excesso de alimentação (obesidade); ▪ Padrão de sono perturbado por pesadelos frequentes, agitação noturno, gritos, suores, provocados pelo terror de adormecer e sofrer abuso; ▪ Aparência descuidada e suja pela relutância em trocar de roupa; ▪ Resistência em participar de atividades físicas; frequentes fugas de casa; ▪ Prática de delitos; ▪ Envolvimento em prostituição infanto-juvenil; ▪ Uso e abuso de álcool, drogas lícitas e ilícitas. Frequência e desempenho escolar ▪ Assiduidade e pontualidade exageradas, quando ainda frequenta a escola. Chega cedo e sai tarde da escola, demonstra pouco interesse ou mesmo resistência em voltar para casa após a aula; ▪ Queda injustificada na frequência escolar; ▪ Dificuldade de concentração e aprendizagem resultando em baixo rendimento escolar; ▪ Não participação (ou pouca) nas atividades escolares. Relacionamento social ▪ Tendência ao isolamento social com poucas relações com colegas e companheiros; ▪ Relacionamento entre crianças e adultos com ares de segredo e exclusão dos demais; ▪ Dificuldade de confiar nas pessoas à sua volta; ▪ Fuga de contato físico
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