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Biologia celular e molecular Visão geral das células Cada célula pode: Obter nutrientes e outras substâncias essenciais dos fluidos corporais circunvizinhos; Utilizar os nutrientes para produzir as moléculas de que necessita para sobreviver; Eliminar seus resíduos; Manter seu formato e integridade; Multiplicar-se. Essas funções são realizadas pelas inúmeras subunidades celulares, cuja maioria é denominada organelas (pequenos órgãos). As células humanas têm três partes principais: a membrana plasmática, o citoplasma e o núcleo. A membrana plasmática é a delimitação externa. A parte interna da membrana é o citoplasma, que compõe a maior parte da célula, contém a maioria das organelas celulares e envolve o núcleo. O núcleo controla as atividades celulares e fica próximo ao centro da célula. A membrana plasmática forma a delimitação da célula e seletivamente permite que os materiais entrem e saiam dela. Os ribossomos produzem as proteínas. O retículo endoplasmático rugoso produz proteínas, e o RE liso metaboliza os lipídios e armazena cálcio. O complexo de Golgi envolve as proteínas para uso dentro ou fora da célula. Os lisossomos degradam as proteínas utilizadas e outros resíduos celulares. As mitocôndrias são responsáveis pela produção de energia. Os peroxissomos neutralizam e removem as substâncias tóxicas dentro da célula. Os elementos do citoesqueleto mantêm o formato e a estrutura da célula e transportam materiais dentro dela. O núcleo dirige a operação da célula. Membrana plasmática Essa camada fina e flexível define a extensão da célula, separando dois dos principais compartimentos aquosos do organismo: o fluido intracelular, que se encontra dentro das células, e o fluido extracelular, que fica do lado de fora e entre as células. Essa delimitação contém pontos de verificação específicos (receptores) que influenciam a atividade celular de várias formas. O modelo de mosaico fluido da estrutura membranosa apresenta a membrana plasmática como uma dupla camada de moléculas de lipídios com proteínas plasmáticas inseridas. Os lipídios mais abundantes na membrana plasmática são os fosfolipídios. Cada molécula de fosfolipídios tem uma “cabeça” polar que é carregada, além de uma cauda não polar, não carregada, constituída por duas cadeias de ácidos graxos. As cabeças polares são atraídas pela água — o principal componente do citoplasma e do fluido externo da célula — de forma que ficam dispostas ao longo da superfície interna e externa da membrana. As caudas não polares evitam a presença de água e ficam alinhadas no centro da membrana. O resultado são duas camadas paralelas de moléculas fosfolipídicas de ponta a ponta, formando a estrutura básica de dupla camada da membrana. A membrana plasmática também contém quantidades substanciais de colesterol, outro lipídio, que torna a membrana mais rígida e aumenta sua permeabilidade à água e a moléculas solúveis em água. Há dois tipos de proteínas da membrana: integral e periférica. As proteínas integrais estão firmemente incrustadas ou fortemente aderidas à dupla camada de lipídios. Algumas proteínas integrais projetam-se para fora apenas de um lado da membrana, mas a maioria são proteínas transmembranas que cobrem toda a extensão da membrana e projetam-se para fora dos dois lados. As proteínas periféricas, em comparação, não estão incrustadas na dupla camada de lipídios de forma alguma. Pelo contrário, elas ficam aderidas de forma solta à superfície da membrana. As proteínas periféricas incluem uma rede de filamentos que ajudam a sustentar a membrana a partir de seu lado citoplasmático. Sem essa forte base de sustentação, a membrana plasmática se romperia facilmente. Cadeias curtas de moléculas de carboidratos aderem às proteínas, formando as glicoproteínas. Esses açúcares se projetam a partir da superfície externa da célula, formando o glicocálice, ou envoltório celular. Os açúcares dos glicolipídios da membrana também contribuem para o glicocálice. O glicocálice é pegajoso e pode ajudar as células a se ligarem quando elas estão próximas. Como todas as células têm diferentes padrões de açúcares na composição do glicocálice, este também é um marcador biológico peculiar, pelo qual as células que se aproximam se reconhecem umas às outras. Por exemplo, um espermatozoide reconhece o óvulo (célula-ovo) através da composição específica do glicocálice do óvulo. As funções da membrana plasmática estão relacionadas com a sua localização na interface entre o exterior e interior da célula: A membrana plasmática funciona como uma barreira protetora contra substâncias e forças do lado de fora da célula. Algumas das proteínas de membrana funcionam como receptores; ou seja, têm capacidade de se ligar a moléculas específicas provenientes do lado externo da célula. Após a ligação ao receptor, a molécula pode induzir uma alteração da atividade celular. Os receptores de membrana funcionam como parte do sistema de comunicação celular do organismo. A membrana plasmática controla quais substâncias podem entrar e sair da célula e atua como uma barreira permeável e seletiva que permite que algumas substâncias passem entre o fluido intra e extracelular ao mesmo tempo, além de impedir a passagem de outras substâncias. Pequenas moléculas não carregadas, como oxigênio, dióxido de carbono, moléculas solúveis em gordura, podem passar livremente pela dupla camada de lipídios da membrana plasmática por meio de um processo chamado difusão simples. Difusão é a tendência de moléculas, em uma determinada solução, moverem-se para baixo do seu gradiente de concentração; ou seja, movem -se de uma região onde estão concentradas para uma região onde estão menos concentradas. A água, como outras moléculas, difunde-se para baixo de seu gradiente de concentração. A difusão de moléculas de água em uma membrana é chamada de osmose. Entretanto, a maioria das moléculas solúveis em água ou moléculas carregadas, como a glicose, aminoácidos e íons, não conseguem penetrar a dupla camada de lipídios por simples difusão. Essas substâncias podem cruzar a membrana plasmática apenas por meio de mecanismos de transporte específicos, que utilizam as proteínas integrais para transportar ou bombear as moléculas pela membrana ou para formar canais por meio dos quais passam moléculas específicas. Algumas dessas moléculas movem-se para baixo de seu gradiente de concentração, difundindo-se pela membrana plasmática e movendo-se através de uma proteína integral específica. Esse processo de transporte é chamado de difusão facilitada. Outras proteínas integrais movem moléculas pela membrana plasmática contra seu gradiente de concentração, um processo chamado de transporte ativo, que requer o uso de energia. As moléculas maiores (macromoléculas) e as grandes partículas sólidas são transportadas através da membrana plasmática por outro processo, chamado transporte vesicular. Endocitose (“para dentro da célula”) é o mecanismo pelo qual grandes partículas e macromoléculas penetram nas células. A substância a ser transportada para dentro da célula fica envolvida por uma parte da membrana plasmática, que se dobra para dentro. Na região da invaginação, proteínas específicas podem cobrir a superfície interna da membrana plasmática. O revestimento que essa proteína proporciona ajuda na seleção da substância a ser transportada e deforma a membrana, formando um saco revestido por membrana chamada vesícula. A vesícula membranosa é retirada da membrana plasmática e se move para dentro do citoplasma, onde seus conteúdos são digeridos. Há três tipos de endocitose: fagocitose, pinocitose e endocitose mediada por receptor. Fagocitose: processo pelo qual a célula envolve grandespartículas, como fragmentos celulares, bactérias ou outros materiais estranhos. Para isso, a célula expande a membrana plasmática, projetando prolongamentos laminares chamados de pseudópodes, ou “pés falsos”, envolvendo essas partículas, que ficam dentro de uma vesícula ou bolsa chamada fagossomo. Depois, o fagossomo se une ao lisossomo para que o seu conteúdo seja digerido. A vesícula pode ou não ser revestida por proteína, mas tem receptores capazes de se ligar a microrganismos ou partículas sólidas. A maioria dos glóbulos brancos, por exemplo — são especialistas em fagocitose e ajudam a monitorar e proteger o organismo por meio da ingestão de bactérias, vírus e outras substâncias estranhas. Além de “comer” as células mortas e doentes do organismo. Pinocitose: por meio de invaginações da membrana plasmática, as células absorvem fluido extracelular e os solutos nele contidos para dentro da célula, em uma pequena vesícula membranosa. Nenhum receptor é utilizado, de forma que o processo não é específico. A pinocitose, uma atividade rotineira da maioria das células, é uma forma não seletiva de absorver fluido extracelular. Esse processo é especialmente importante em células que funcionam na absorção de nutrientes, como as células que revestem o intestino. Endocitose mediada por receptor Substâncias extracelulares ligam-se a proteínas de receptores específicos em regiões de fossetas revestidas por proteínas, permitindo que a célula ingira e concentre substâncias específicas nas vesículas revestidas por proteínas. A substância ingerida pode simplesmente ser liberada para dentro da célula ou ser combinada com um lisossomo para digerir conteúdos. Os receptores são reciclados em vesículas para a membrana plasmática. Infelizmente, as substâncias prejudiciais, como algumas toxinas e vírus, também utilizam endocitose para entrar e atacar as células. Exocitose (“para fora da célula”) é um mecanismo pelo qual as substâncias se movem do citoplasma para o lado externo da célula. A exocitose é responsável pela maioria dos processos de secreção, como a liberação de muco ou hormônios de proteínas das células glandulares do organismo. Citoplasma A maior parte das atividades celulares é realizada no citoplasma, que consiste de três elementos principais: citosol, organelas e inclusões. O citosol ou matriz citoplasmática é a substância gelatinosa, que contém um fluido dentro do qual ficam suspensos os outros elementos citoplasmáticos, e consiste de água, íons e muitas enzimas. Algumas dessas enzimas iniciam a degradação de nutrientes (açúcares, aminoácidos e lipídios) que são a matéria- prima e fonte de energia para a atividade celular. Em muitos tipos de células, o citosol representa aproximadamente metade do volume do citoplasma. Os ribossomos produzem proteínas para a função celular e extracelular. São pequenos grânulos de coloração escura. Ao contrário da maioria das organelas, não são revestidos por uma membrana, mas são construídos por proteínas e RNA ribossômico (RNA = ácido ribonucleico). Cada ribossomo consiste de duas subunidades que se encaixam uma sobre a outra. Praticamente todas as células produzem grandes quantidades de proteína, e os ribossomos são o local onde ocorre a síntese de proteínas. Muitos ribossomos flutuam livremente dentro do citosol. Esses ribossomos livres produzem proteínas solúveis que funcionam dentro do próprio citosol. Os ribossomos ligados às membranas do retículo endoplasmático rugoso produzem proteínas que se tornam parte da membrana celular ou que são exportadas para fora da célula. O RE é um sistema amplo de envoltório e tubos revestidos por membranas que se espiralam no citoplasma e corresponde a mais de metade das superfícies membranosas dentro de uma célula humana normal. Há dois tipos diferentes de RE: o RE rugoso e o RE liso. Qualquer um deles pode predominar em um determinado tipo de célula, dependendo da função específica da célula. O retículo endoplasmático rugoso (RE rugoso) consiste principalmente de cavidades interconectadas chamadas cisternas (“cavidades preenchidas por fluido”). Os ribossomos sustentam a face externa das membranas do RE rugoso, formando as proteínas, ligam-se à membrana quando a proteína está sendo produzida e desligam-se quando o processo é concluído. O RE rugoso tem várias funções. Seus ribossomos produzem todas as proteínas que são secretadas das células; portanto, o RE rugoso é especialmente bem desenvolvido nas células glandulares que secretam uma grande quantidade de proteínas glandulares (células mucosas, por exemplo). Ele produz as enzimas digestórias contidas nos lisossomos. E também produz as proteínas integrais e moléculas de fosfolipídios das membranas celulares. Em outras palavras, todas as membranas têm início como membrana do RE rugoso. O retículo endoplasmático liso (RE liso) é uma extensão do RE rugoso. É formado por túbulos organizados em uma rede com ramificações. Como não há ribossomos anexados a suas membranas, ele não é um local de síntese de proteína. O RE liso tem diferentes funções em diferentes tipos de célula, mas a maioria está relacionada ao metabolismo de lipídios e à produção ou degradação de gorduras. Ele é abundante em células que produzem os hormônios esteroides a partir do colesterol e em células hepáticas que desintoxicam medicamentos solúveis em lipídios. Entretanto, a maioria das células tem muito pouco RE liso. Outra função importante do RE liso é o armazenamento de íons de cálcio. A presença de cálcio iônico é um sinal do início de muitos eventos celulares, incluindo-se a contração muscular e a secreção glandular. A concentração de cálcio no citosol permanece baixa quando esses eventos não estão ocorrendo, pois a maioria dos íons de cálcio é bombeada para o RE e é mantida lá até que a célula necessite deles. O RE em células musculares é muito extenso, refletindo essa função essencial. O complexo de Golgi é um conjunto de três a dez cisternas discoides, e cada uma delas está ligada a uma membrana. Ele se parece com uma pilha de discos ocos, um encaixado dentro do outro. Os produtos do RE rugoso movem-se pelo complexo de Golgi a partir do lado convexo (cis) para o côncavo (trans). Mais especificamente, a face cis recebe vesículas de transporte membranosas e esféricas do RE rugoso; novas vesículas são geradas na face trans e saem do complexo. O complexo de Golgi seleciona, processa e embala as proteínas e membranas produzidas pelo RE rugoso. As atividades e produtos do aparelho de Golgi seguem três vias — A, B e C. Na via A, que ocorre nas células glandulares, o produto da proteína fica contido nas vesículas secretoras; essas vesículas liberam seu conteúdo para o exterior da célula por exocitose. Lisossomos Os lisossomos são sacos esféricos, revestidos por membranas que contêm vários tipos de enzimas digestórias. Essas enzimas, chamadas hidrolases ácidas, podem digerir praticamente todos os tipos de grandes moléculas biológicas. Eles fundem-se com fagossomos, esvaziando suas enzimas nessas vesículas e degradando seu conteúdo. Quando as membranas internas, proteínas ou organelas de uma célula são danificadas ou se desgastam, elas são envolvidas por uma nova membrana do RE rugoso, formando uma vesícula. Então, os lisossomos ao redor fundem-se com essa vesícula para digerir seu conteúdo. A digestão pode ser feita com segurança dentro das vesículas, pois a membrana mantém as enzimas destrutivas longe dos outros componentes celulares. As células fagocíticas, como alguns glóbulos brancos, têm um número excepcional de lisossomos para degradar as bactérias e vírus ingeridos. Mitocôndrias Produzem a energia para realizar a função celular. Em células vivas, elas se contorcem e mudam de formatoà medida que se movimentam pelo citoplasma. A maioria das organelas são envolvidas por uma membrana, mas isso muda no caso das mitocôndrias, que é envolvida por duas membranas: a membrana externa, que é lisa, e a membrana interna, que se invagina formando cristas em forma de prateleiras, as quais se projetam para dentro da matriz, a substância gelatinosa que fica dentro da mitocôndria. As mitocôndrias geram a maior parte da energia que a célula utiliza para realizar seu trabalho. Fazem isso por meio da liberação sistemática da energia armazenada nas ligações químicas das moléculas de nutrientes e da transferência dessa energia para produzir o trifosfato de adenosina (ATP) — as moléculas com altos níveis de energia que a célula utiliza para realizar as reações químicas. Dentro da mitocôndria, o processo de geração de ATP começa na matriz (por meio de um processo chamado ciclo do ácido cítrico) e é concluído na membrana interna das cristas (através da fosforilação oxidativa e do transporte de elétrons). As células que necessitam de altos níveis de energia, como, por exemplo, as células musculares, têm grande número de mitocôndrias em seu citoplasma. Essas células também têm grande número de cristas dentro das mitocôndrias. As mitocôndrias são muito mais complexas do que qualquer outra organela, pois contêm material genético hereditário (DNA) e se dividem para formar novas mitocôndrias, como se fossem miniaturas de células. Peroxissomos Os peroxissomos funcionam como um sistema de remoção de resíduos tóxicos. São sacos revestidos por membranas, que se parecem com pequenos lisossomos. . Contêm uma variedade de enzimas, principalmente as oxidases e catalases. As oxidases utilizam oxigênio para neutralizar moléculas extremamente reativas, chamadas radicais livres, convertendo- -as em peroxidase de hidrogênio. Os radicais livres são derivados normais do metabolismo celular, mas, quando se acumulam, podem destruir as proteínas, membranas e DNA da célula. O peróxido de hidrogênio também é reativo e perigoso, mas é convertido pela catalase em água e oxigênio. Essa reação induzida pela catalase degrada as toxinas que penetraram na célula, como o álcool, o formaldeído e o fenol. Os peroxissomos são numerosos nas células do fígado e rim, que desempenham um papel importante na remoção de substâncias tóxicas do organismo. Os peroxissomos também realizam outras reações metabólicas, como a degradação de longas cadeias de ácidos graxos no metabolismo de lipídios. Citoesqueleto É uma rede elaborada de bastonetes que percorre o citosol. Essa rede funciona como os “ossos”, “músculos” e “ligamentos” de uma célula, sustentando as estruturas celulares e gerando vários movimentos de células. Os três tipos de bastonetes do citoesqueleto são os microfilamentos, os filamentos intermediários e os microtúbulos, dos quais nenhum é revestido por uma membrana. Os microfilamentos, os elementos mais estreitos do citoesqueleto, são filamentos da proteína actina. Também chamados filamentos de actina, eles concentram-se mais fortemente em uma camada abaixo da membrana plasmática. Os filamentos de actina interagem com outra proteína, chamada miosina, gerando forças contráteis dentro da célula. A interação da actina com a miosina transforma uma célula em duas durante a divisão celular (citocinese, p. 39) e causa as alterações da membrana que acompanha a endocitose e exocitose. Essa interação também permite que algumas células enviem e retraiam extensões chamadas pseudópodes (“pés falsos”), em uma ação chamada movimento ameboide (“mudança de formato”). Além disso, a miosina funciona como uma proteína motora que movimenta algumas organelas dentro da célula. Exceto nas células musculares, onde são estáveis e permanentes, os microfilamentos são instáveis, degradam-se constantemente, formando-se novamente a partir de subunidades menores. Os filamentos intermediários são fibras rígidas e insolúveis de proteínas, com um diâmetro entre os microfilamentos e microtúbulos. Os filamentos intermediários são os elementos mais estáveis e permanentes do citoesqueleto. Sua propriedade mais importante é a força tênsil elevada; ou seja, agem como se fossem fios resistentes para resistir às forças de contração que são exercidas sobre a célula. Eles também exercem um elo para unir as células adjacentes por meio de junções celulares específicas chamadas desmossomos. Os microtúbulos, elementos com maior diâmetro, são tubos ocos constituídos de subunidades esféricas de proteína chamadas tubulinas. São firmes, porém dobráveis. Todos os microtúbulos irradiam-se a partir de uma pequena região de citoplasma próxima do núcleo chamada centrossomo (“centro do corpo”). Esse padrão de irradiação de microtúbulos firmes determina o formato da célula, assim como a distribuição de organelas. As mitocôndrias, lisossomos e grânulos de secreção se unem aos microtúbulos como se fossem ornamentos pendurados nos galhos de uma árvore de natal. As organelas movimentam-se no citoplasma puxadas pelos microtúbulos por pequenas proteínas motoras, as cinesinas e dineínas, que funcionam como locomotivas que se movimentam nos trilhos da ferrovia microtubular. Os microtúbulos são organelas extremamente dinâmicas, que constantemente crescem a partir do centro da célula, desagregando-se e então reagregando-se. Centrossomo e centríolos O centrossomo é uma estrutura esférica localizada no citoplasma próximo do núcleo e não contém membranas. Consiste de uma massa externa de proteínas chamada matriz centrossomal e uma parte interna chamada centríolo. A proteína da matriz propaga o crescimento e alongamento dos microtúbulos, o que explica por que os longos microtúbulos do citoesqueleto irradiam-se a partir do centrossomo em células que não se dividem e por que um fuso mitótico de microtúbulos irradia-se a partir dele em células que se dividem. No centro do centrossomo, os dois centríolos cilíndricos ficam perpendiculares um ao outro. A parede de cada centríolo consiste de 27 microtúbulos curtos, organizados em nove grupos de três. Ao contrário da maioria dos outros microtúbulos, os dos centríolos são estáveis e não se desagregam. Núcleo É o centro de controle da célula. Seu material genético, o ácido desoxirribonucleico (DNA), organiza as atividades celulares, dando instruções para a síntese de proteínas. As principais partes do núcleo são o envoltório nuclear, o nucléolo, a cromatina e os cromossomos. Envoltório nuclear O núcleo é revestido por um envoltório nuclear (carioteca), que consiste de duas membranas paralelas separadas por um espaço preenchido por fluido. A membrana externa é contínua com o RE rugoso e tem ribossomos em sua face externa. Forma-se de novo a partir do RE rugoso após a divisão celular, e é evidentemente uma parte especializada do RE rugoso. A membrana interna é revestida por filamentos de proteína, a lâmina nuclear, que mantém a forma do núcleo. Em vários pontos, as duas camadas do envoltório nuclear fundem-se e os poros nucleares penetram as regiões que foram fundidas. Cada poro é formado por um conjunto em forma de pulseira, que contém mais de 22 proteínas, existindo milhares de poros por núcleo. Como outras membranas celulares, as membranas do envoltório nuclear são seletivamente permeáveis, mas os poros permitem que as moléculas grandes entrem e saiam do núcleo, conforme necessário. Por exemplo, as moléculas de proteínas importadas do citoplasma e as moléculas de RNA exportadas do núcleo entram e saem do núcleo continuamente. O envoltório nuclear contém um fluido gelatinoso chamado nucleoplasma, no qual ficam suspensos a cromatina e o nucléolo. Como o citosol, o nucleoplasma contém sais, nutrientes e outros elementos químicosessenciais. Nucléolo O nucléolo é um corpo de coloração escura localizado no núcleo celular. Pode haver um ou vários dentro de um núcleo celular. O nucléolo contém partes de vários cromossomos diferentes e funciona como a “máquina de produção de ribossomos” da célula. Especificamente, essa máquina tem centenas de cópias de genes que codificam o RNA ribossômico e funciona como o local onde grandes e pequenas subunidades de ribossomos são montadas. Essas subunidades deixam o núcleo através dos poros nucleares e unem-se no citoplasma, formando ribossomos completos. Cromatina e cromossomos O DNA é uma dupla -hélice longa que se assemelha a uma escada em espiral. Por sua vez, essa dupla-hélice é composta de quatro tipos de subunidades chamadas nucleotídeos, contendo cada qual uma base distinta. Essas bases timina (T), adenina (A), citosina (C) e guanina (G), se ligam para formar os “degraus” da “escada” e para unir a hélice do DNA. A dupla -hélice do DNA é preenchida por moléculas de proteína e se espirala em feixes de crescente complexidade estrutural e espessura. A molécula do DNA mais proteínas formam a cromatina. Cada duas voltas da hélice do DNA contêm oito moléculas de proteína em forma de disco, chamadas histonas. Cada aglomerado de DNA e de histonas é chamado nucleossomo. A cromatina nessa forma é chamada cromatina descondensada. Uma maior espiralação dos nucleossomos forma uma fibra helicoidal mais apertada. Essas espessas fibras de cromatina são chamadas cromatina condensada. Durante a fase em que não há divisão celular, quando a célula está realizando suas atividades normais, a cromatina encontra-se em sua forma descondensada ou condensada. O DNA rigidamente espiralado de cromatina condensada fica inativo. A cromatina descondensada é a região ativa do DNA, dirigindo as atividades sintéticas da célula. Especificamente, a cromatina descondensada é o local onde o código genético do DNA é copiado para as moléculas de RNA mensageiro em um processo chamado transcrição. As células mais ativas no corpo têm uma grande quantidade de cromatina descondensada e pouca cromatina condensada. Durante a divisão celular, a cromatina fica ainda mais condensada: as fibras helicoidais dos nucleossomos formam alças e são ainda mais condensadas de maneira a formar a estrutura mais complexa, a cromátide de um cromossomo. Todo cromossomo contém uma única e comprida molécula de DNA, e há 46 cromossomos na célula humana padrão. Quando a célula está se dividindo, seus cromossomos tornam-se o mais espiralados possível, ficando com a aparência de hastes espessas. Os cromossomos se movimentam bastante durante a divisão celular e sua natureza compacta ajuda a evitar que os delicados filamentos da cromatina se enrosquem e quebrem durante a movimentação dos cromossomos. Quando para de ocorrer à divisão celular, muitas partes do cromossomo se desenroscam e formam a cromatina descondensada, permitindo assim que ocorra a transcrição. Ciclo de vida da célula O ciclo de vida da célula é a série de mudanças pelas quais a célula passa desde o momento em que se forma até o momento em que se reproduz. Esse ciclo pode ser dividido em dois períodos principais: interfase, no qual a célula cresce e realiza suas atividades normais, e a divisão celular, ou fase mitótica, durante a qual ela se divide em duas células. Interfase Além de realizar suas atividades de sustentação da vida, uma célula na interfase se prepara para a próxima divisão celular. A interfase é dividida nas subfases G1, S e G2. Durante a G1, a primeira parte da interfase, as células estão metabolicamente ativas, fazem proteínas rapidamente e crescem vigorosamente. Essa fase é a mais variável em termos de duração. Nas células com rápida velocidade de divisão, a G1 dura poucas horas; nas células que se dividem lentamente, ela pode durar vários dias, ou até mesmo anos. Perto do fim da G1 , os centríolos começam a se replicar em preparação para a divisão celular. Durante o estágio seguinte, a fase S (sintética), o DNA se replica, garantindo que as duas células-filhas recebam cópias idênticas do material genético. A parte final da interfase, chamada de G2 (gap 2, intervalo 2), é breve. Nesse período, são sintetizadas as enzimas necessárias para a divisão celular. Os centríolos terminam de se copiar ao final da G2. Agora a célula está pronta para se dividir. Durante as três subfases, a célula continua a crescer, produzindo proteínas e organelas citoplasmáticas, e a realizar suas atividades metabólicas normais. Os pontos de restrição que avaliam atividades celulares como crescimento, replicação do DNA e formação do fuso mitótico ocorrem ao longo de todo o ciclo celular. O checkpoint G1 (ponto de restrição) avalia o tamanho da célula antes da síntese do DNA, e o G2 verifica se há dano no DNA e se a replicação está precisa. A mitose pode ser interrompida nesses pontos de verificação, evitando que células danificadas se reproduzam. A mutação em genes nesses pontos de restrição pode causar uma divisão celular descontrolada e levar ao crescimento de um tumor. Divisão celular A divisão celular é essencial para o crescimento do corpo e para a reparação dos tecidos. As células de vida curta que sofrem desgaste contínuo, como as da pele e as do revestimento intestinal, reproduzem- -se quase continuamente. Outras, como as do fígado, reproduzem-se lentamente (substituindo as que vão se desgastando gradativamente), mas podem se dividir rapidamente se o órgão for danificado. As células do tecido nervoso e, em grande parte, as dos músculos esqueléticos são incapazes de se dividir após a maturação plena; a reparação delas se faz com cicatrização (a partir de tecido conjuntivo fibroso). As células se dividem na fase M (mitótica) de seu ciclo de vida, que se segue à interfase. Na maioria dos tipos de células, a divisão envolve dois eventos distintos: mitose, ou divisão do núcleo, e citocinese, ou divisão de toda a célula em duas células. Mitose A mitose é a série de eventos durante a qual o DNA replicado da célula original é loteado em duas células novas, culminando na divisão do núcleo. Ao longo de todos esses eventos, os cromossomos evidenciam-se como hastes ou linhas grossas. De fato, mitose significa literalmente “o estágio das linhas”. A mitose é descrita em termos de quatro fases consecutivas: prófase, metáfase, anáfase e telófase. Contudo, trata-se na verdade de um processo contínuo, onde cada fase conflui suavemente para a seguinte. Sua duração varia conforme o tipo de célula, mas costuma durar cerca de duas horas. Fases da Mitose Interfase A interfase é o período da vida de uma célula em que ela realiza duas atividades metabólicas e cresce. A interfase não faz parte da mitose. Durante a interfase, o material que contém o DNA está na forma de cromatina. O envoltório nuclear e um dos núcleos, ou mais de um, estão intactos e são visíveis. Há três períodos distintos na interfase: G1: Os centríolos começam a se replicar. S: O DNA é replicado. G2: São concluídas as preparações finais para a mitose e os centríolos terminam de se replicar. Prófase- primeira fase da mitose Estágio inicial A cromatina se condensa, formando cromossomos em formato de tiras. Cada cromossomo duplicado consiste em dois fios idênticos, chamados cromátides irmãs, unidas no centrômero. (Mais tarde, quando as cromátides se separarem, cada qual será um cromossomo.) À medida que surgem os cromossomos, desaparecem os nucléolos e os dois centrômeros separam-se um do outro. Os conjuntos de microtúbulos, chamados ásters, se estendem a partir da matriz do centrossomo. Os centrossomos funcionam como núcleo para o crescimento de um conjunto de microtúbulos chamado fusomitótico. À medida que se alongam, os microtúbulos deslocam os centrossomos na direção dos polos opostos da célula. Estágio final O envoltório nuclear se rompe, permitindo que o fuso interaja com os cromossomos. Alguns dos microtúbulos do fuso em crescimento ligam-se aos cinetócoros, estruturas proteicas especiais no centrômero de cada cromossomo. Esses microtúbulos são chamados microtúbulos cinetócoros. Os microtúbulos do fuso restantes (não ligados a um cromossomo) são chamados microtúbulos polares. Os microtúbulos passam uns pelos outros, forçando um maior distanciamento entre os polos. Os microtúbulos cinetócoros puxam cada cromossomo a partir de ambos os polos, como num cabo de guerra que acaba arrastando os cromossomos para o centro, ou equador da célula. Metáfase segunda fase da mitose Os dois centrossomos estão nos polos opostos da célula. Os cromossomos se juntam na linha média da célula, com seus centrômeros precisamente alinhados ao equador do fuso. Esse plano imaginário entre os polos se chama placa metafásica. As enzimas agem de forma a separar as cromátides umas das outras. Anáfase — terceira fase da mitose Fase mais curta da mitose, a anáfase começa abruptamente quando os centrossomos dos cromossomos se dividem simultaneamente. Cada cromátide se transforma em um cromossomo independente. Os microtúbulos, deslocados por proteínas motoras nos cinetócoros, puxam cada cromossomo gradativamente para o polo a sua frente. Ao mesmo tempo, os microtúbulos polares passam uns pelos outros, se alongam e empurram os polos da célula para afastá-los. O cromossomo em movimento tem um formato em V. Os centrômeros abrem caminho e os “braços” cromossômicos ficam pendentes para trás. A movimentação e a separação dos cromossomos são auxiliadas pelo fato de que os cromossomos são corpos curtos e compactos. Linhas difusas de cromatina tendem a se enroscar e a se romper, resultando em um “loteamento” impreciso das células- filhas. Telófase — fase final da mitose A telófase começa assim que a movimentação cromossômica termina. A fase final é como a prófase ao inverso. Os lotes idênticos de cromossomos nos polos opostos da célula começam a se espiralar e retomam seu formato em fita de cromatina. Forma-se um novo envoltório nuclear em torno de cada massa de cromatina, reaparecem os nucléolos dentro dos núcleos e o fuso se parte e desaparece. Está encerrada a mitose. A célula, por um breve período apenas, é binucleada (tem dois núcleos) e cada um dos novos núcleos é idêntico ao núcleo original da célula-mãe. Citocinese — divisão do citoplasma A citocinese começa durante a parte final da anáfase e prossegue até depois da telófase. Um anel contrátil de microfilamentos de actina forma o sulco de clivagem e estrangula a célula até separá-la em duas. As duas células novas, chamadas células -filhas, entram então na interfase de seu ciclo de vida. Diferenciação celular Nos primeiros dias de desenvolvimento, enquanto o ovo fertilizado se divide o citoplasma de cada célula- filha recebe uma composição diferente dessas moléculas, que influenciam a atividade do genoma embrionário. Assim, genes diferentes são ativados em cada célula, levando à diferenciação celular. Uma vez que tem início a expressão específica do gene na célula, a célula pode produzir moléculas sinalizadoras que influenciem o desenvolvimento das células vizinhas “ligando” ou “desligando” alguns dos seus genes. Alguns genes são ativos em todas as células; por exemplo, todas as células devem realizar síntese proteica e produzir ATP. Mas os genes para a síntese de proteínas especializadas, como hormônios ou muco, são ativados apenas em certas populações de células. As organelas que predominam em cada célula são diferentes. Por exemplo, as células dos músculos produzem quantidades imensas das proteínas actina e miosina, e o lipídio se acumula nas células adiposas (de gordura). As células fagocíticas produzem mais enzimas lisossomais e contêm muitos lisossomos. Células que conectam partes do corpo ou recobrem e revestem órgãos Fibroblasto. A forma alongada dessa célula se estende ao longo das fibras compridas que ela secreta. Ela também tem RE rugoso abundante e um grande complexo de Golgi que produz e secreta os componentes proteicos dessas fibras. Célula epitelial. Sua forma permite que uma imensa quantidade delas se acumule em uma lâmina chamada epitélio. A célula epitelial tem abundância de filamentos intermediários resistentes à laceração quando o epitélio é arranhado ou puxado. Algumas células epiteliais são glandulares, com RE rugoso abundante, complexo de Golgi e grânulos secretores. Eritrócito (hemácea). Responsável por transportar os gases respiratórios, oxigênio e dióxido de carbono. Sua forma aerodinâmica de disco côncavo propicia uma superfície maior para a captação dos gases respiratórios e também lhe garante maior fluidez para circular na corrente sanguínea. A quantidade de pigmento transportador de oxigênio nos eritrócitos é tamanha que todas as outras organelas são retiradas para dar-lhe espaço. Células que produzem movimento e movem as partes do corpo Células do músculo esquelético e do músculo liso. Essas células são alongadas e cheias de actina e filamentos de miosina, de forma que podem se encurtar com força. Célula que armazena nutrientes Célula adiposa. A imensa forma esférica de uma célula de gordura é produzida por uma gotícula de lipídio no seu citoplasma. Célula que combate doenças Macrófago (célula fagocítica). Essa célula estende longos pseudópodes para se deslocar através dos tecidos de forma a atingir o local da infecção. Os muitos lisossomos em seu interior digerem os microrganismos infecciosos que ela captura. Célula que coleta informações e controla as funções do corpo Célula nervosa (neurônio). Possui longos processos para receber e transmitir mensagens para outras estruturas do corpo. Os processos são cobertos por extensa membrana plasmática, cujos componentes são continuamente reciclados; está presente um grande RE rugoso para sintetizar os componentes da membrana. Célula da reprodução Espermatozoide (masculino). De aspecto longo e aerodinâmico, que lhe permite nadar até o ovo para fertilizá-lo. A cauda é um chicote motor chamado flagelo.
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