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RESUMO CONSTITUCIONAL

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Breves considerações acerca da Teoria Geral do Estado
1. A Teoria Geral do Estado desenvolve duas teorias, a teoria da formação natural do Estado e a teoria da formação contratual do Estado. Para a primeira teoria o Estado teria sido formado naturalmente (não voluntariamente). Para a segunda teoria, o estado seria a o resultado de um acordo de vontades. 
2. Leviatã, de Thomas Hobbes e O Contrato Social, de Rousseau, são obras que apresentam a teoria contratualista. Para Hobbes, os homens em seu estado de natureza são maus, então para evitar a “guerra de todos contra todos”, o homem assina um contrato social para superar o “estado de natureza” e chegar a um “estado social”. O Estado, comenta Dallari, teria sido construído pelo homem para sua proteção e defesa. Para Rousseau, por outro lado, o homem é bom por natureza, o Estado seria fruto de uma associação para proteger as pessoas e seus bens.
3. Com o surgimento do Estado surge o Direito Constitucional, com a finalidade de o organizar juridicamente. 
Conceito de Direito Constitucional
1. Direito Constitucional é o ramo do direito positivo público que estuda a Constituição.
2. A constituição é a norma jurídica suprema que cria o estado, atribuindo-lhe poder limitado pela previsão de direitos e garantias fundamentais e pela separação de poderes. 
Direito Público x Direito Privado
1. Direito Público: Nos ramos do Direito qualificados como público, o Estado participa da relação jurídica em condição de supremacia. O direito público visa tutelar os interesses coletivos. 
2. Direito privado: trata de relações entre particulares. Se direcionam à regulamentação dos interesses individuais. 
Direito positivo x Direito natural
1. Direito Positivo é a ordem jurídica obrigatória de um determinado Estado, vale dizer, é o conjunto de leis, costumes, jurisprudência, princípios gerais do Direito que podem ser exigidos por quem detenha um interesse legítimo a proteger. 
2. Direito natural é o conjunto de princípios jurídicos não escritos fundamentais à proteção do ser humano. 
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Do constitucionalismo antigo ao contemporâneo
1. Constitucionalismo antigo: o povo hebreu estabeleceu, mesmo que timidamente, limitações ao poder político do Estado. 
2. Constitucionalismo antigo: essa fase a constituição era concebida como um texto não escrito. Organizava politicamente estados absolutista e reconhecia certos direitos fundamentais. O parlamento podia alterar a constituição por vias ordinárias. 
3. Constitucionalismo moderno. Buscaram romper com o Estado Absolutista e implantar o Estado Liberal. “O marco histórico do constitucionalismo moderno foi a Constituição dos Estados Unidos da América de 1787, concebida após a independência das 13 Colônias Americanas, e a Constituição da França de 1791, criada a pós a Revolução Francesa de 1789”. 
4. Constitucionalismo moderno – características. 1) limitar o exercício do poder estatal pela previsão de direitos e garantias fundamentais e pela separação e poderes; 2) estabelecer regras para a organização do Estado. 
5. Essa fase do constitucionalismo moderno corresponde a primeira fase da geração e direitos fundamentais. 
6. Constitucionalismo contemporâneo: “Já no início do século XX, [...] com o agravamento da ideologia socialista, surge a ideia de igualdade de oportunidades, uma vez que a igualdade formal não mais satisfazia os interesses da coletividade. A partir de então desenvolveu-se a segunda geração de direitos fundamentais, notadamente com o surgimento da Constituição Mexicana de 1917 e da Constituição Alemã de 1919” (Constituição de Weimar). No Brasil o constitucionalismo contemporâneo vem com a Constituição de 1934. 
7. Ainda no século XX surge a terceira geração de direitos fundamentais, pautados no ideal de solidariedade (direito ao meio ambiente equilibrado, direito ao desenvolvimento, direitos à paz social, etc. 
8. Apesar de não haver consenso na doutrina, Paulo Bonavides defende a existência de direitos de quarta geração (direito a democracia, à informação e ao pluralismo) e quinta geração (direito à paz).
Obs.: as gerações de direitos fundamentais serão melhor abordados noutro documento. 
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Conceito
1. “Podemos conceituar Constituição como um sistema unitário e harmônico de normas jurídicas que cria o Estado, regulamentando a forma de Estado, a forma de governo, o sistema de governo, o regime de governo, o modo de aquisição do poder estatal, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação e os direitos e garantias fundamentais”. 
2. Simplificadamente Constituição é o sistema que organiza o estado e descreve os direitos fundamentais. 
Sentido sociológico
1. Para Lassalle a constituição não seria propriamente uma norma jurídica, mas um fato social. Seria o somatório dos fatores reais de poder (poderes econômicos, políticos, religiosos, militares, etc.). O Constituição escrita seria uma “mera folha de papel”; a constituição real (ou material), quem determina o rumo do Estado, é o somatório dos fatores de poder. 
Sentido político
1. Para Carl Scmitt, a Constituição é a vontade política fundamental do Poder Constituinte originário. Schmitt diferencial Constituição de leis constitucionais. Diferenciação que se identifica com a distinção hodiernamente adotada entre normas materialmente e formalmente constitucionais. Normas materialmente constitucionais tratam de temas notoriamente constitucionais; e normas formalmente constitucionais (leis constitucionais segundo Scmitt) são todas que estão na constituição, mas cujo conteúdo não é essencialmente constitucional.
Sentido jurídico
1. “Concebido por Hans Kelsen em sua obra “A Teoria Pura do Direito”, o sentido jurídico prestigia a Constituição como um corpo de normas jurídicas fundamentais à estruturação do Estado”. “norma fundamental do Estado, paradigma de validade de todo ordenamento jurídico.”
Sentido culturalista
1. “A Carta é fruto de um fato cultural, ou seja, produzida pela comunidade, podendo sobre ela influir”. Reúne, numa perspectiva unitária, aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e filosóficos. 
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Quanto ao conteúdo
1. Constituição material: formada exclusivamente por normas materialmente constitucionais.
2. Constituição formal: composta tanto por normas materialmente constitucionais como por normas formalmente constitucionais
Quanto à forma
1. Constituição escrita: codificada e sistematizada em um único documento constitucional escrito.
2. Constituição não escrita: formado por normas que não constam em um documento constitucional único. É formada por costumes, jurisprudência e textos constitucionais escritos esparsos. 
Quanto à origem
1. Promulgada: elaborada por representantes do povo.
2. Outorgada: decorrente de ato unilateral e força.
3. Cesarista (ou plebiscitária): imposição do governante seguida de referendo popular como condição de eficácia.
4. Pactuada: nasce de um acordo de vontades envolvendo dois ou mais agentes revolucionários que, num dado momento histórico, possuem o mesmo grau de Poder.
 
Nota: As constituições brasileiras pares foram promulgadas, à exceção da primeira (1891, 1934, 1946 e 1988). 
Quanto à estabilidade
1. Imutáveis: não admitem alteração do seu conteúdo.
2. Rígidas: são aquelas em que o processo de alteração de suas normas depende de um procedimento solene, mais rigoroso do que o exigido para modificação da legislação infraconstitucional.
3. Flexíveis (ou plásticas): permitem sua alterabilidade pelo mesmo procedimento da legislação ordinária. 
4. Semirrígidas: rígido na parte materialmente constitucional e flexível na parte formalmente constitucional. 
Quanto à extensão
1. Analíticas: examinam e regulamentam todos osassuntos que entendem relevantes.
2. Sintéticas: trazem em seu bojo somente princípios e normas gerais. 
Quanto à finalidade
1. Constituição garantia. Criam limites para a atuação do Estado com a previsão de direitos, liberdades e garantias fundamentais do indivíduo. 
2. Constituição dirigente: é aquela que dirige programas institucionais para o Estado. 
Quanto ao modo de elaboração
1. Dogmática: sempre escrita
2. Histórica: não escritas e resultante da lenta formação histórica.
Quanto a ideologia
1. Ortodoxas: formadas por uma só ideologia.
2. Ecléticas: influenciadas por ideologias conciliatórias.
Quanto ao modo de ser
1. Normativa: conduzem efetivamente o processo político.
2. Nominativa: apesar de pretenderem conduzir o processo político, não logram êxito plenamente.
3. Semântica: não pretendem conduzir o processo político, são utilizadas apenas para justificar juridicamente o exercício autoritário de um poder preestabelecido. 
Quanto a sistematização
1. Codificadas (orgânicas ou reduzidas): sistematizadas em um único documento.
2. Legais (inorgânicas ou variadas): formadas por documentos diversos.
Quanto a religião
1. Teocráticas: quando adotam religião oficial.
2. Laicas: que não adotam.
Constituição Brasileira
A Constituição Federal de 1988 é: formal, escrita, rígida, analítica, dirigente, dogmática, eclética, normativa, codificada e laica.
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
1. Com o advento da nova Constituição, surgem vários fenômenos ligados à transição constitucional.
Retroatividade mínima, média e máxima
1. Retroatividade mínima: Segundo a jurisprudência do STF, as normas constitucionais Federais aplicam-se de imediato, alcançando efeitos futuros de fatos pretéritos. Essa eficácia retroativa recebe o nome de retroatividade mínima. O STF fixou o entendimento de que a retroatividade mínima somente se aplica às normas constitucionais federais, ou seja, as Constituições estaduais e as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios sujeitam-se à vedação do art. 5°, XXXVI, que trata da proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada.
2. Retroatividade média seria quando a novel Constituição atinge efeitos pendentes de atos jurídicos anteriores a ela (vale dizer, quando atingir as prestações vencidas, mas não quitadas).
3. Retroatividade máxima seria quando a nova Constituição atinge os próprios atos jurídicos consumados, como é o caso do art. 51 da ADCT
Desconstitucionalização
1. A tese da desconstitucionalização diz que os dispositivos da Constituição superada que não entrarem em conflito com a recém-inaugurada serão recepcionados, mas com força de lei ordinária. Entretanto, a posição do Brasil, adotada pelo STF, é de que a Constituição nova revoga integralmente a Constituição antiga.
Recepção
1. O fenômeno da recepção assegura a preservação do ordenamento jurídico infraconstitucional anterior à nova Constituição, contanto que seja materialmente compatível com ela. 
2. A constituição anterior e as normas infraconstitucionais materialmente incompatíveis são ab-rogadas. 
3. O status da norma pré-constitucional infraconstitucional será determinado pela nova Constituição. É o caso Código Tributário Nacional que foi lei ordinária recepcionada como lei complementar (a Carta Política exige que normas gerais sobre Direito Tributário sejam veiculadas por lei complementar, assim o CTN ganhou status de lei complementar).
9. É possível se falar, ademais, em recepção de apenas parte de ato normativo (quando alguns dispositivos da lei são materialmente compatíveis e outros não). 
10. E se a nova constituição mudar a competência para legislar sobre determinada matéria? A recepção só será possível se a mudança de competência se der de um ente federado de maior grau para outro de menor grau. Sendo assim, uma lei federal anterior à Constituição de 1988 pode ser recebida como estadual ou municipal se a matéria por ela veiculada passou para a competência dos Estados ou dos Municípios.
Repristinação
1. LINDB: “salvo disposição em contrário, a lei revoada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Em sede constitucional o fenômeno é parecido. A Constituição também não restaura, automaticamente, a vigência de leis que não mais estavam em vigor no momento de sua promulgação. 
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Não existe normas constitucionais desprovidas de eficácia, mas existem normas constitucionais com graus variados de eficácia jurídica e aplicabilidade. As normas constitucionais são classificadas, à luz da doutrina de José Afonso da Silva, em normas de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada. 
Normas constitucionais de eficácia plena
1. Possui aplicabilidade imediata, direta e integral.
· Imediata: produzem, ou ao menos possuem possibilidade de produzir, todos os efeitos visados pelo constituinte (originário e derivado).
· Direta: não dependem de nenhum ato normativo posterior para sua inteira normatividade. 
· Integral: não podem ser restringidas por nenhuma lei superveniente. 
Normas constitucionais de eficácia contida
1. São aquelas que possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral, uma vez que podem ter seu alcance reduzido por atos do Poder público supervenientes. 
2. Restrições impostas pela legislação infraconstitucional. Exemplo: art. 5°, XIII: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações que a lei estabelecer”. 
3. Restrições impostas pela própria Constituição. Exemplo: restrições a direitos fundamentais impostas pela decretação de estado de sítio.
Normas constitucionais de eficácia limitada
1. Possui aplicabilidade mediata e indireta, ou seja, não produzem imediatamente os seus efeitos e dependem de regulamentação posterior que lhe entregue a eficácia. Os dispositivos geralmente vêm acompanhados de expressões como “a lei regulará” e a “lei disporá”. Essas normas se subdividem em:
2. Normas constitucionais de eficácia limitada definidoras de princípios institutivos (organizatórios e organizativos). São aquelas que dependem de lei posterior para dar corpo a institutos jurídicos e aos órgãos ou entidades do Estado previstos na Constituição. Ex.: art. 88: “A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública”.
3. Normas constitucionais de eficácia limitada definidoras de princípios programáticos. São as que estabelecem programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos pelo Estado, típicas das Constituições dirigentes. Não diz como o Estado deverá agir, mas o fim a ser atingido. 
Normas constitucionais de eficácia absoluta ou supereficazes
1. É outra classificação dada pela doutrina nacional e trazida por Maria Helena Diniz. São aquelas que não podem ser abolidas (cláusulas pétreas – art. 60, §4).
Normas constitucionais de eficácia exaurida
1. Classificação trazida por Lammêgo Bulos: são normas que possuem eficácia até sua aplicação no caso concreto (ex.: art. 3° da ADCT). 
Eficácia negativa
1. As normas constitucionais de eficácia limitada, enquanto não regulamentadas, possuem o que se denomina eficácia negativa, também chamada de eficácia mínima ou eficácia paralisante. Como exemplo de eficácia negativa, pode-se citar: 1) impedem a recepção das normas infraconstitucionais pré-constitucionais materialmente incompatíveis, revogando-as; 2) impedem que sejam produzidas normas ulteriores que contrariem os programas por elas estabelecidos; 3) obrigam atuação do Estado, para que confira eficácia aos programas estatuídos pelo texto constitucional. 
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Conceito
1. Poder Constituinte pode ser conceituado como a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado,que cria ou atualiza uma determinada Constituição mediante supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais.
2. Sylvio Motta demonstra que o motivo para a construção da teoria do Poder Constituinte, elaborada por Sieyès, era “a necessidade de conferir legitimidade ao exercício do poder. As monarquias até então reinantes, principalmente na Europa, fundavam-se no Direito divino e no Direito hereditário. Tais bases ideológicas perderam seu valor como justificativa para o exercício do poder com a ascensão social da burguesia. Fazia-se necessário, pois, reconstruir ideologicamente seus fundamentos, a fim de conferir-lhe legitimidade. Foi a isto que se prestou a teoria do poder constituinte: assentou as novas bases de legitimidade, definindo um novo titular do poder e um novo fundamento para o seu exercício: não mais Deus (representado pelo monarca), mas a nação como titular; não mais a vontade divina, mas a razão humana como fundamento. 
Poder constituinte legítimo e poder constituinte usurpado
1. Poder Constituinte legítimo é aquele em que o exercício se qualifica pela formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. O povo escolhe seus representantes que formam o órgão constituinte incumbido de elaborar a Constituição do tipo promulgada. 
2. Poder Constituinte usurpado é quando o estabelecimento da Constituição se dá por um indivíduo, ou grupo líder do movimento revolucionário que o alçou ao poder, sem a participação popular. A constituição nesse caso é outorgada.
Titularidade e exercício
1. A titularidade do poder constituinte pertence ao povo.
2. No poder constituinte usurpado o exercício pertence ao titular do poder político; no poder constituinte legítimo o exercício se dá pela Assembleia Nacional Constituinte.
Espécies de Poder Constituinte
O Poder Constituinte subdivide-se em originário, derivado, difuso e supranacional.
Poder Constituinte originário
1. Conceito: é aquele que cria a Constituição de um novo Estado. Não deriva de nenhum outro poder, não sofre qualquer limitação na órbita jurídica e não se subordina a nenhuma condição, por tudo isso é considerado um poder de fato ou poder político.
2. Limitações extrajurídicas: podem ser ideológicas, institucionais ou substanciais. 
· Ideológicas. São limites decorrentes da influência dos grupos de pressão.
· Institucionais: consagra institutos sociologicamente reconhecidos pela comunidade (a família, a propriedade, a educação, etc.).
· Substanciais: podem ser de três tipos.
1) transcendentes: dizem respeito aos direitos fundamentais.
2) imanentes: dizem respeito aos assuntos que consubstanciam a identidade do Estado (República Federativa). 
3) heterônomas: condicionam o exercício do Poder Constituinte originário às normas de Direito Internacional.
3. Poder constituinte originário histórico e poder constituinte originário revolucionário
· Poder constituinte originário histórico: é aquele que edita a primeira Constituição do Estado. Ex.: Constituição Imperial Brasileira de 1824.
· Poder constituinte originário revolucionário: é aquele posterior ao histórico. Exemplo: a elaboração da Constituição Republicana de 1891 e das Constituições Brasileiras subsequentes.
4. Características do Poder Constituinte originário 
· Inicial: inaugura uma nova ordem jurídica;
· Autônomo: não se submete a nenhum outro poder;
· Ilimitado (sob a ótica jurídica): não está limitado pelo Direito anterior;
· Incondicionado: não está submisso a nenhum procedimento de ordem formal;
· Permanente: não se esgota no momento do seu exercício, já que não desaparece após a realização de sua obra (a Constituição). O seu exercício permanece em estado de latência, manifestando-se em caso de convocação de nova Assembleia Nacional Constituinte ou algum outro ato revolucionário.
Poder constituinte derivado
1. Características.
· Derivado: deriva de outro poder que o instituiu (o Poder Constituinte originário), retirando dele sua força;
· Subordinado: encontra limitações no texto constitucional (exemplo: cláusulas pétreas);
· Condicionado: seu exercício obedece às regras formais do devido processo legislativo constitucional (exemplo: art. 60).
2. Poder Constituinte derivado reformador. Poder de editar emendas à Constituição.
3. Poder Constituinte derivado decorrente: é a capacidade dos Estados-membros/Distrito Federal, unidades da federação, de elaborarem as suas próprias Constituições/Lei Orgânica. 
4. As constituições dos Estados-membros devem observar os princípios constitucionais sensíveis, os princípios constitucionais organizatórios e os princípios constitucionais extensíveis. 
· Princípios constitucionais sensíveis encontram-se arrolados no art. 34, VII; 
· Princípios constitucionais organizatórios (ou estabelecidos) são elencados na Constituição Federal para regular a organização política, social e econômica da União e dos Estados-membros, devendo, portanto, ser refletidos nas Constituições Estaduais (exemplos: repartição de competências, sistema tributário nacional, organização dos Poderes, direitos políticos, nacionalidade, direitos e garantias individuais, etc.;
· Princípios constitucionais extensíveis são regras de organização da União que também são de cumprimento obrigatório pelos Estados-membros, como o processo legislativo
5. A atual Constituição atribuiu aos Municípios um status diferenciado do que antes era previsto, considerando-os verdadeiros entes federativos com capacidade de auto-organização por meio de Leis Orgânicas. No entanto, é imperioso destacar que, neste caso, não se trata de Poder Constituinte derivado decorrente, mas mera possibilidade de auto-organização (doutrina majoritária).
6. Poder Constituinte derivado revisor. Possibilidade instituída pelo Poder Constituinte originário de ser realizada uma ÚNICA revisão, após 5 anos da promulgação da CF/1988.
Poder Constituinte difuso e supranacional
1. Poder Constituinte difuso. É quando se atribui novo sentido às normas constitucionais, sem alteração de texto. 
2. Poder Constituinte supranacional. Não é admitido no Brasil, é o poder de criar instituições supranacionais, pautadas na vontade de integração, que acabam por relativizar a soberania dos Estados (é o que acontece com a União Europeia).
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
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Supremacia constitucional
1. A nossa constituição é rígida, por ser rígida, possui supremacia formal. Isso significa que as normas constitucionais estão aptas a condicionar a validade da legislação infraconstitucional. Nas constituições do tipo flexível, por sua vez, possuem apenas supremacia material, não possuem supremacia formal, pois podem ser alteradas pelo mesmo processo legislativo de normas infraconstitucionais.
2. O desenvolvimento da tese da supremacia da Constituição está intimamente ligado às ideias expostas por Hans Kelsen e por Konrad Hesse.
Comparação de Konrad Hesse com Ferdinand Lassale
1. Ferndinand Lassale: possui uma visão sociológica da constituição. Constituição real para Lassale equivaleria às forças sociais e políticas (equivaleria ao somatório dos fatores reais de poder que regem a nação), sendo a constituição jurídica uma mera fola de papel. 
2. Konrad Hesse possui uma visão normativa da constituição. Em sua obra “A Força Normativa da Constituição”, dizia que a constituição não era somente um reflexo do somatório dos fatores reais de poder (como afirmava Lassale), muito menos uma mera folha de papel (como dizia também Lassale), mas sim possuidora de força normativa própria. Concordava com Lassale quando este dizia que a constituição estava condicionada pela realidade político-social, porém em um eventual conflito entre a constituição real e a constituição jurídica deveria prevalecer esta, uma vez que possui força normativa. Lassale dizia que deveria prevalecer a constituição real.
Estrutura da Constituição Federal de 1988
1. A Constituição é composta por um Preâmbulo e pela Parte dogmática que possui 250 artigos. 
Atos das disposiçõesconstitucionais transitórias. 
1. Possuem dupla função: 
1) realizar a transição; 
2) disciplinar provisoriamente determinadas situações. 
Emendas constitucionais
1. Podem ser de reforma ou de revisão. As de revisão decorreram do exercício do Poder Constituinte derivado revisor. Por se tratar de procedimento único e exaurido, não é mais possível a edição de nova ECR. 
Atos internacionais equivalentes à emenda constitucional
1. “A partir da promulgação da emenda constitucional 45/2004, o Brasil passou a admitir que tratados internacionais sobre direitos humanos fossem incorporados ao ordenamento jurídico pátrio com força de emenda à Constituição”.
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Conceito
1. Atividade de fiscalização da validade e conformidade das leis e atos do Poder Público à vista de uma Constituição rígida, desenvolvida por um ou vários órgãos constitucionalmente designados. É, em síntese, um conjunto de atos tendentes a garantir a supremacia formal da Constituição (sobre supremacia formal leia o documento referente a supremacia e estrutura da constituição).
2. Da rigidez constitucional decorre sua supremacia formal e, em virtude desta, controla-se a constitucionalidade das demais leis e atos normativos.
Inconstitucionalidade por ação e por omissão
Inconstitucionalidade por ação
1. aferição de compatibilidade entre normas jurídicas gerais e abstratas elaboradas pelo Estado, notadamente pelo Poder Legislativo, e o seu parâmetro de controle – a Constituição Federal. Pressupõe um fazer inconstitucional do Poder Público.
2. Seria a inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar uma espécie de inconstitucionalidade por ação? Segundo Pedro Lenza, comprovada a existência de compra de votos, haveria mácula do processo legislativo.
Inconstitucionalidade por omissão
1. Decorre de uma inação do Estado ofensiva à Constituição Federal. Nem toda omissão estatal é passível de controle de constitucionalidade. Para que uma omissão possa gerar uma inconstitucionalidade, é necessário que o texto constitucional exija a elaboração de uma norma. 
2. CF/88 estabelece duas ações específicas para a repressão da inércia estatal quanto ao dever de legislar: o mandado de injunção (controle difuso) e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (controle concentrado).
3. A inconstitucionalidade por omissão pode ser total ou parcial. Parcial se a obrigação de regulamentar determinada norma da CF for realizada de forma deficiente. 
Inconstitucionalidade material e formal
1. Inconstitucionalidade material: conflito de conteúdo em relação à Constituição, como, por exemplo, uma lei que estabelecesse a pena de morte no Brasil em tempo de paz. 
2. Inconstitucionalidade formal: ocorre quando o devido processo legislativo constitucional for desrespeitado. O conteúdo da norma pode até ser compatível com a Constituição Federal, mas alguma formalidade exigida pelo Texto Maior, no tocante ao trâmite legislativo, foi desobedecida.
Inconstitucionalidade formal subjetiva, objetiva e orgânica
1. Inconstitucionalidade formal subjetiva: o vício se situa no campo da propositura do projeto de lei. Ex.: Deputado Federal apresentar um projeto de lei sobre um dos temas referenciados no citado art. 61, § 1º, cuja propositura é exclusiva do Presidente da Rerpública.
2. Inconstitucionalidade formal objetiva: o vício ocorrerá nas demais fases do processo legislativo (emenda, quórum de votação, sanção, veto etc.).
3. Inconstitucionalidade formal orgânica: o vício é fruto de descumprimento de norma constitucional que ordena as competências legislativas. Ex.: Estado legisla sobre tema que é de competência exclusiva ou privativa da união. 
	
Inconstitucionalidade total ou parcial
1. Inconstitucionalidade total: quando a lei é expulsa integralmente do ordenamento jurídico a inconstitucionalidade é total. 
2. Inconstitucionalidade parcial: A declaração de inconstitucionalidade parcial pelo Poder Judiciário pode recair sobre fração de artigo, parágrafo, inciso ou alínea, até mesmo sobre uma única palavra de um desses dispositivos da lei ou ato normativo. No entanto, o Poder Judiciário não poderá subverter o intuito da lei, mudando o sentido e o alcance da norma, sob pena de ofensa ao princípio da separação dos poderes.
Sistemas de controle de constitucionalidade
1. Os sistemas de controle de constitucionalidade são o jurisdicional (ou judicial), o político e o misto. No Brasil, o controle é predominantemente judicial. O controle político é exercido pelas comissões de constituição e justiça da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; é exercido também através do veto jurídico do Presidente da República a projetos e leis considerados inconstitucionais; e também pelo Tribunal de Contas, que pode apreciar a constitucionalidade das leis e atos do poder público (súmula 347 do STF). 
Momento do controle de constitucionalidade
1. Controle de constitucionalidade preventivo: fiscaliza-se o projeto de lei com o fim de se evitar que seja inserida no ordenamento jurídico uma norma incompatível com a constituição. Pode ser exercido pelo: 
· Legislativo: Pode ser feito através das comissões de constituições e justiça do Câmara ou Senado; 
· Executivo: através do veto jurídico do Presidente da República; 
· Judiciário: através de mandado de segurança impetrado por parlamentar da própria Casa Legislativa, pautado na inobservância do devido processo legislativo constitucional.
2. Controle de constitucionalidade repressivo: fiscaliza-se a validade de uma norma já inserida no ordenamento jurídico. Pode ser exercido pelo:
· Legislativo: O congresso pode sustar atos normativos do poder executivo que exorbitem do poder regulamentar (art. 84, IV – expedição de decretos) ou dos limites de delegação legislativa (art. 68 – não pode solicitar delegação de sobre matéria cuja competência é exclusiva da Câmara ou do Senado, por exemplo). Além disso o Senado Federal pode suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF em controle difuso de constitucionalidade. Cada uma das casas do Congresso Nacional pode, ainda, verificar a constitucionalidade de medidas provisórias. 
· Executivo: Parte da doutrina entende que o presidente poderia negar cumprimento de uma lei que entenda inconstitucional.
· Judiciário: por meio difuso ou concentrado.
Modelos de controle de constitucionalidade
1. Concentrado: somente exercido pelo órgão de cúpula do Poder Judiciário (STF).
2. Difuso: todos os órgãos do Poder Judiciário, inclusive o próprio STF, podem realizar o controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos.
Formas de controle de constitucionalidade
1. Via abstrata: quando a sua inconstitucionalidade é requerida “em tese”, sem vinculação a ofensa a direito, sem vinculação a um caso concreto; 
2. Via concreta: a impugnação da validade de uma lei ou ato normativo pressupõe a comprovação de lesão a direito daquele que a impugna.
Controle difuso
Legitimação ativa
1. No controle difuso a legitimação ativa a é ampla: qualquer das partes (autor e réu) poderá levantar a questão constitucional. Membro do Ministério Público também pode, e magistrado, de ofício, também.
Competência
1. Qualquer juiz ou tribunal do país dispõe de competência para declarar inconstitucional uma lei ou ato normativo. 
2. No entanto, quando o processo chega as instâncias superiores, um órgão fracionário do tribunal não possui esta competência (princípio da reserva do plenário), cabendo somente ao plenário ou órgão especial fazer isso (art. 97, CF).
Sumula vinculante 10: se órgão fracionário afastar incidência de norma, mesmo não declarando expressamente sua inconstitucionalidade, viola o princípio da reserva do plenário. 
3. Entretanto, se a inconstitucionalidade da norma já tiver sido debatida em outro processo, órgão fracionário do tribunal poderá aplicar esse mesmo entendimento. 
Efeitos da decisão
1. O efeito é Inter partes (alcançando apenasautor e réu) e ex tunc (retroativos). Contudo, quando se tratar especificamente de recurso extraordinário (RE) é preciso verificar qual o regime a ser observado: se anterior ou posterior ao requisito da repercussão geral. 
2. o que é repercussão geral? É um instrumento processual inserido na Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional 45 (também conhecida como reforma do judiciário). Durante muito tempo, qualquer processo judicial que tramitasse no Brasil, muitos com temas idênticos ou relevância limitada ao caso concreto, poderia chegar ao Supremo Tribunal Federal. Mas a partir do instituto da repercussão geral (RG), delimitou-se ao STF o julgamento de temas em recursos extraordinários com questões relevantes sob o aspecto econômico, político, social ou jurídico e que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. Isso gerou uma diminuição gradual do acervo recursal e permitiu que a corte se dedicasse cada vez mais a atuar na vocação constitucional.
3. Se o RE é anterior a exigência da repercussão geral, o efeito é inter partes e ex tunc. Com possibilidade de extensão a terceiros, caso a Senado Federal suspenda a execução da lei (estudado a seguir). Se a RE obedece a sistemática do regime de repercussão geral, passa a produzir eficácia erga omnes (alcançando todos que se encontram na mesma situação jurídica). A Constituição exige do recorrente a demonstração da repercussão geral das questões constitucionais discutidas (art. 102, §3°). Percebe-se então, que as razões de decidir do STF transcendem as partes envolvidas, é o que se chama de transcendência dos motivos determinantes (que será estudado mais adiante). 
4. Suspensão pelo Senado Federal de lei declarada inconstitucional pelo STF em controle difuso. A suspensão é realizada por Resolução do Senado Federal, é irretratável e não pode modificar os estreitos limites da decisão do STF. A suspensão possui efeito ex nunc como regra e ex tunc quando se tratar de normas federais. Possui competência para suspender a execução de normas federais, estaduais, distritais e municipais. 
Sumula vinculante 
1. As decisões proferidas pelo STF no controle difuso de constitucionalidade não são dotadas de força vinculante em relação ao Poder Judiciário, tampouco frente à Administração Pública. No intuito de conferir autoridade às decisões relevantes do Pretório Excelso, a emenda constitucional 45/2004 criou a figura da súmula vinculante. São 3 os requisitos para aprovação de uma súmula vinculante: 
1) quórum de 2/3 dos membros do STF; 
2) Reiteradas decisões sobre matéria constitucional; 
3) controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
2. Efeitos: os efeitos da súmula vinculante se dirigem ao Poder Judiciário e as três esferas do poder executivo. O poder legislativo pode ser atingido apenas em sua função atípica de administrador (exemplo: nomeação de servidor público). Quanto às medidas provisórias, apesar de criadas pelo poder executivo, são verdadeiros atos normativos primários, portanto não se sujeitam ao efeito vinculante da súmula.
Controle concentrado
1. Um dos legitimados do art. 103, I a IX, toma conhecimento que determinada lei ou ato normativo primário desrespeita uma norma constitucional. Nesse sentido, poderão ajuizar uma ação direta perante o STF, pleiteando a sua retirada do ordenamento jurídico, em defesa da supremacia da Constituição. Caso o STF declare a inconstitucionalidade, o ato normativo guerreado será expurgado do ordenamento jurídico. Essa decisão estender-se-á a todos (eficácia erga omnes) e nenhum outro órgão do Poder Judiciário ou da Administração Pública direta ou indireta poderá considerá-la doravante constitucional (efeito vinculante). O controle concentrado é exercido por meio de uma das seguintes ações constitucionais: 
· Ação direta de inconstitucionalidade genérica; 
· Ação direta de inconstitucionalidade por omissão; 
· Ação declaratória de constitucionalidade; 
· Arguição de descumprimento de preceito fundamental; 
· Ação direta de inconstitucionalidade interventiva.
Ação direta de inconstitucionalidade (ADI)
Legitimação
1. Os legitimados do art. 103, I a IX, são: 
· 3 autoridades (Presidente da República, Governadores, Procurador-Geral da República); 
· 3 mesas (Mesa do Senado Federal; Mesa da Câmara dos Deputados; Mesa das Assembleias Legislativas); 
· 3 institutos (Conselho Federal da OAB; partido político com representação no Congresso Nacional; confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional). Nem todos podem impugnar qualquer matéria. Quanto aos partidos políticos basta ter um representante em qualquer das Casas do parlamento federal. 
Objeto
1. Somente leis e atos normativos federais e estaduais podem ser objeto de ADI. No caso do distrito federal a lei ou ato normativo deve ser derivado de sua competência estadual. 
2. Atos administrativos – decretos, portarias, resoluções de tribunais, etc. – também poderão ser impugnados em ADI, desde que possuam caráter normativo (ato normativo primário). Os demais atos normativos de caráter meramente regulamentar escapam dos parâmetros materiais e formais da Constituição Federal. 
3. Só poderão ser impugnadas em ação direta as leis e atos normativos federais e estaduais que:
· Sejam pós-constitucionais;
· Possuam conteúdo normativo geral e abstrato
· Não sejam tipicamente regulamentares;
· Estejam em vigor;
· Não sejam questões interna corporis
· Não sejam normais constitucionais originárias: não se admite controle concentrado ou difuso de constitucionalidade de normas produzidas pelo poder constituinte originário.
4. As súmulas são decisões sobre normas, não normas, portanto não podem ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade. 
Atuação do Procurador-Geral da República
1. Deverá ele ser previamente ouvido em todas as ações de controle concentrado e em todos os demais processos de competência do STF.
Atuação do Advogado-Geral da União
1. Quando o STF aprecia uma ADI, o AGU é citado para defender o ato normativo impugnado (art. 103, §3°). A atuação do AGU é vinculada, pois age como curador do ato normativo debatido. Cabe a ele defender a norma guerreada, não podendo, como regra, opinar pela inconstitucionalidade, ainda quando a ação direta tenha sido proposta pelo Presidente da República.
Medida cautelar
1. Ao propor a ADI, o autor poderá requerer a concessão de medida cautelar para afastar, desde logo, até o exame do mérito da ação, a eficácia da norma impugnada. 
2. A concessão da medida cautelar produz eficácia erga omnes e efeito vinculante. 
3. Medida cautelar torna automática e provisoriamente aplicável a legislação anterior. 
Amicus curiae (amio da corte)
1. O amicus curiae é o terceiro interessado, mais não legitimado, que atua no controle concentrado de constitucionalidade como colaborador. O relator, por despacho irrecorrível, pode admitir a manifestação de outros órgãos ou entidades (amicus curiae).
Impossibilidade de desistência
1. Uma vez proposta a ADI, não poderá o autor dela desistir. 
Impossibilidade de ação rescisória
Ação rescisória é o meio processual idôneo para se buscar em juízo o desfazimento de uma coisa julgada. 
Efeitos da decisão.
· Eficácia erga omnes: atingem todos na mesma situação jurídica.
· Efeito vinculante: atinge todo o poder judiciário e executivo.
· Efeitos retroativos: ex tunc. Porém a lei permite que o STF em situações excepcionais, modifique os efeitos de sua decisão (modulação temporal de efeitos)
· Efeito repristinatório tácito. Restaura o direito anterior que havia sido revogado pela norma declarada inconstitucional. 
Não vinculação da causa de pedir
Em sede de controle concentrado, o STF, ao decidir: 
a) fica condicionado ao pedido do autor, dele não podendo fugir (como decorrência do princípio da adstrição ou da congruência); 
b) não se condiciona à causa de pedir, podendo declarar a inconstitucionalidade da lei por fundamentaçãodiversa daquela apresentada pelo autor (causa de pedir aberta).
Ação direta de inconstitucionalidade por omissão
1. A ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) é medida que tem por fim tornar efetivas certas normas constitucionais, por meio do reconhecimento da inconstitucionalidade da omissão do legislador infraconstitucional quanto ao seu dever de regulamentar dispositivos constitucionais (art. 103, § 2º). A ausência de ato administrativo regulamentador exigido pela constituição também possibilita a ADO.
Legitimação ativa.
1. Os mesmos legitimados do art. 103, I a IX.
Medida cautelar
1. A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação de lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial.
Atuação do PGR e do AGU
1. Como na ADI, a atuação da PGR é obrigatória. A manifestação do AGU pode ser solicitada pelo relator, porém não é obrigatória.
Efeitos da decisão
1. Será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo STF.
Ação declaratória de constitucionalidade
Conceito, Legitimação ativa e objeto
1. Os legitimados do art. 103, I a IX (legitimação ativa) podem pedir para o STF reconhecer a constitucionalidade de norma federal (objeto), para encerrar, definitivamente, relevante controvérsia judicial (conceito). Pra isso ele deve juntar à petição inicial cópia de decisões diferentes de juízos inferiores em relação à validade da lei objeto da ação declaratória, em número suficiente para provar a relevância da controvérsia. 
Medida cautelar
1. Consistirá na determinação de que os juízes e os tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação declaratória até seu julgamento definitivo (art. 21 da Lei 9.868/1999). Assim como na ADI, a medica cautelar na ADC produz eficácia erga omnes e efeito vinculante. 
2. Produz os mesmos efeitos da ADI.
Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)
Objeto
1. De acordo com o art. 1º da Lei 9.882/1999, será cabível a ADPF em três hipóteses distintas, a saber: 
· para evitar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público (ADPF autônoma preventiva); 
· para reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público (ADPF autônoma repressiva); 
· diante de relevante controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição Federal de 1988 (ADPF incidental).
Conceito de preceito fundamental
1. Compete ao STF identificar as normas constitucionais que devam ser consideradas preceitos fundamentais. Não há delineamento objetivo, a doutrina identifica como preceitos fundamentais na constituição: 
a) os princípios fundamentais do Título I (arts. 1º a 4º); 
b) os direitos e garantias fundamentais (espalhados por todo o texto constitucional); 
c) os princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII); 
d) as cláusulas pétreas (art. 60, § 4º); 
e) as limitações materiais implícitas. 
Caráter subsidiário da ADPF
1. É incabível a ADPF se houver outro meio eficaz a sanar a situação de lesividade (art. 4°, §1°, da Lei 9882/1999).
Leitimação ativa
1. Os mesmos do art. 103, I a IX.
Impossibilidade de ação rescisória
1. A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em ADPF é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória.
Efeitos
1. Os mesmos da ADI.
Atuação da PGR e AGU. Quadro esquemático
Ação direta de inconstitucionalidade interventiva
Conceito
1. Representação interventiva, também denominado ação direta de inconstitucionalidade interventiva (art. 36, III) é ação destinada a aferir legitimidade ao processo de intervenção de um ente federativo em outro. 
Hipóteses 
a) ofensa aos princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII); 
b) recusa à execução de lei federal (art. 34, VI). Nestas duas situações, a intervenção federal dependerá de provimento pelo STF de representação interventiva proposta pelo Procurador-Geral da República. 
Atuação do Presidente da República
1. Caso seja dado provimento à representação interventiva proposta pelo PGR, o STF dará ciência ao Presidente da República para que tome as providências cabíveis. 
Paralelo entre controle difuso e concentrado
*Senado Federal pode suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF, tornando a eficácia “erga omnes”; 
**Possibilidade de modulação temporal dos efeitos; 
***Admite-se “amicus curiae”, que não se confunde com intervenção de terceiros.
Observações finais
1. Inconstitucionalidade superveniente versos revogação. Inconstitucionalidade originária é aquela que macula o ato no momento de sua produção, em razão de desrespeito aos princípios constitucionais vigentes. Inconstitucionalidade superveniente quando a invalidade da norma resulta de sua incompatibilidade com o texto constitucional futuro. No Brasil não se admite a tese da inconstitucionalidade superveniente. Para o STF a superveniência de texto constitucional simplesmente revoga o direito anterior que seja com ele materialmente incompatível. 
2. Normas constitucionais inconstitucionais. O ordenamento jurídico brasileiro não admite que normas constitucionais originárias possam ser inconstitucionais. Mas é possível admitir normas constitucionais derivadas inconstitucionais. 
3. Transcendência dos motivos determinantes. Segundo a teoria da transcendência dos motivos determinantes, não só a parte dispositiva (conclusão) da decisão, mas também a sua fundamentação (ratio decidendi), pode fazer coisa julgada. 
4. Inconstitucionalidade por arrastamento, por arrasto consequencial (ou ainda reverberação normativa). Ocorre em caso de dependência recíproca entre normas, de maneira que a inconstitucionalidade de uma “arrasta” a outra.
5. Declaração de nulidade sem redução de texto. Quando o STF afasta, por inconstitucionalidade, um sentido que uma norma possui. 
6. Controle de constitucionalidade nos Estados e no distrito Federal. Os tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal podem desempenhar o controle abstrato e concentrado de leis estaduais e municipais em face de suas Constituições Estaduais/Lei Orgânica do Distrito Federal. Os tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal podem desempenhar o controle abstrato e concentrado de leis estaduais e municipais em face de suas Constituições Estaduais/Lei Orgânica do Distrito Federal.
7. Controle de constitucionalidade pelos Tribunais de Contas. 
Súmula 347 do STF: o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Introdução
1. Hermenêutica constitucional é a ciência da interpretação das normas constitucionais. A Hermenêutica constitucional define o sentido e fixa o alcance do Texto Maior. 
Princípio da unidade da constituição
1. Segundo o princípio da unidade da Constituição, o texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar contradições internas (antinomias). O intérprete deve considerar a Constituição na sua totalidade, harmonizando suas aparentes contradições.
Princípio do efeito integrador
1. A resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve-se dar primazia aos critérios que favoreçam a unidade político-social.
Princípio da máxima efetividade
1. A interpretação constitucional deve atribuir o sentido que dê maior efetividade à norma constitucional para que ela cumpra sua função social.
Princípio da justeza
1. O princípio da justeza, também chamado de princípio da conformidade funcional, diz que não pode o intérprete alterar a repartição de funções estabelecida pelos Poderes Constituintes originário e derivado.
Princípio da harmonização
1. O princípio da harmonização (ou da concordância prática) determina que, em caso de conflitoaparente entre normas constitucionais, o intérprete deve buscar a coordenação e a combinação dos bens jurídicos em conflito, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros.
2. Tem como fundamento a supremacia formal do texto constitucional, em que os bens jurídicos constitucionalmente tutelados possuem a mesma hierarquia jurídica.
Princípio da força normativa da Constituição
1. Deve-se dar prevalência às soluções que densificam as normas constitucionais, tornando-as as mais eficazes e permanentes possíveis.
Princípio da interpretação conforme à constituição
1. Deve-se dar preferência à interpretação legal que lhe dê um sentido conforme à Constituição.
Princípio da supremacia
1. Tem-se que a Constituição Federal é norma suprema, haja vista ser fruto do exercício do Poder Constituinte originário. Essa supremacia será pressuposto para toda interpretação jurídico-constitucional e para o exercício do controle de constitucionalidade. Como norma jurídica suprema, será o fundamento de validade de todas as leis e atos normativos primários.
Princípio de presunção de constitucionalidade das leis
1. Presumem-se constitucionais as leis e atos normativos primários até que o Poder Judiciário os declare inconstitucionais.
Princípio da simetria
1. Segundo o princípio da simetria, as Constituições Estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal e as Leis Orgânicas Municipais devem seguir o modelo estatuído na Constituição Federal. É o que se extrai da leitura dos arts. 25 e 29. Como exemplos tem-se as normas que tratam do processo legislativo e as normas relativas aos Tribunais de Contas.
Princípio dos poderes implícitos
1. Todas as vezes que a Constituição Federal outorga um determinado poder a certo órgão, estão implicitamente delegados, por via de consequência, todos os meios necessários à sua efetivação – “onde se pretende o fim, autorizam-se os meios”. Esse princípio justifica a atuação do Ministério Público na colheita direta da prova com intuito de subsidiar a futura ação penal. Como o art. 129, I, garante ao órgão ministerial o monopólio da ação penal pública, a Constituição garante, por via implícita, o poder de colher a prova tendente a caracterizar a justa causa da ação penal.
Métodos hermenêuticos
1. Método hermenêutico clássico: a constituição é interpretada tal como uma lei. Entre os métodos clássicos de interpretação têm-se:
· Literal ou gramatical: na interpretação literal, examina-se separadamente o sentido de cada vocábulo da norma jurídica.
· Lógico-sistemático: a interpretação lógico-sistemática conduz ao exame do sentido e do alcance da norma de forma contextualizada ao sistema jurídico que integra.
· Histórico: busca-se no momento da produção normativa o verdadeiro sentido da lei a ser interpretada.
· Teleológico: a interpretação teleológica examina o fim social que a norma jurídica pretendeu atingir. Possui como pressuposto a intenção do legislador ao criar a norma.
2. Método tópico-problemático. Esse método interpreta a Constituição tentando adaptar o problema concreto a uma norma constitucional. Segundo Canotilho, o método tópico-problemático parte das seguintes premissas: a) a interpretação da norma constitucional deve possuir caráter prático, buscando a resolução dos problemas concretos; b) as normas constitucionais possuem caráter fragmentário, ou seja, não abrangem todos fatos sociais passíveis de ocorrer na realidade, mas só os mais relevantes; c) pelo fato das normas constitucionais serem cláusulas abertas (indeterminadas – que necessitam de contornos jurisprudenciais para pautar sua zona de abrangência), deve-se dar preferência à discussão do problema em detrimento da norma.
3. Método hermenêutico-concretizador: Concretizar é aplicar a norma abstrata ao caso concreto. O método hermenêutico-concretizador afasta-se do método tópico-problemático, uma vez que o último pressupõe o primado do problema sobre a norma e o primeiro reconhece a prevalência da norma constitucional sobre o problema.
4. Método científico-espiral. Baseia-se no pressuposto de que o intérprete deve buscar o espírito da Constituição – os valores subjacentes ao texto constitucional.
É um método marcadamente sociológico.
5. Método normativo-estruturante. Pensado por Friedrich Müller, parte da premissa de que não há uma identidade entre a norma jurídico-constitucional e o texto normativo. A norma constitucional é mais ampla, uma vez que alcança a realidade social subjacente ao texto normativo. Assim, compete ao intérprete identificar o conteúdo da norma constitucional para além do texto normativo.
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
O papel dos princípios e o neoconstitucionalismo
1. Com o neoconstitucionalismo houve a migração da lei e do princípio da legalidade para a periferia do sistema jurídico e o trânsito da Constituição e do princípio da constitucionalidade para o centro de todo o sistema, em face do reconhecimento da Constituição como verdadeira norma jurídica dotada de força vinculante, de plena obrigatoriedade, de supremacia material e de intensa carga valorativa. 
2. Nessa senda, os princípios abandonam sua função meramente subsidiária na aplicação do Direito – quando serviam tão somente de meio de integração da ordem jurídica (na hipótese de eventual lacuna) e vetor interpretativo – e passam a ser dotados de elevada e reconhecida normatividade.
3. O marco histórico do novo direito constitucional foi o constititucionalismo do pós-guerra, na Europa, e a redemocratização com a Constituição de 1988, no Brasil.
4. O marco filosófico é o pós-positivismo, superando os modelos tradicionais do jusnaturalismo e do positivismo. O jusnaturalismo, desenvolvido a partir do século XVI, aproximou a lei da razão, fundando-se na existência de princípios de justiça universal. Noutro giro, o positivismo buscou a objetividade científica, equiparando o Direito à lei. O pós-positivismo, que se apresenta como uma terceira via, vai além da legalidade estrita, sem desprezo ao direito posto. Eleva os valores na interpretação jurídica; reconhece a normatividade dos princípios, diferenciando-os qualitativamente das regras; produz uma nova hermenêutica constitucional; e desenvolve uma teoria dos direitos fundamentais edificada na dignidade da pessoa humana.
5. Cuidado: existem princípios constitucionais positivados e não positivados. Os positivados estão expressamente previstos no texto da Constituição, ao passo que os não positivados dela podem ser deduzidos. Dentre os princípios constitucionais não positivados, os mais cobrados nos concursos públicos são o da proporcionalidade e o da razoabilidade. Acresça-se que os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade não estão positivados na Constituição Federal, mas estão prenunciados no art. 2º, caput, da Lei 9.784/1999.
O princípio federativo
1. O princípio federativo, também chamado de pacto federativo, que define a forma de Estado adotada pelo Brasil, significa que a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios possuem autonomia. É a expressão do caput do art. 1º combinado com o caput do art. 18. Além disso, a forma federativa de Estado é uma cláusula pétrea.
2. E o que seria autonomia? Não se confunde com soberania (fundamento da República Federativa do Brasil). Autonomia é a capacidade de auto-organização, de autogoverno, de autolegislação e de autoadministração atribuída aos entes federados.
· Auto-organização: capacidade de se autoestruturarem por meio das Constituições e Leis Orgânicas. 
· Autogoverno: capacidade de estruturação e exercício dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. 
· Autolegislação: capacidade de criar normas jurídicas gerais e abstratas. 
· Autoadministração: capacidade de gestão da coisa pública.
Princípio republicano
1. O princípio republicano define a forma de governo adotada pelo Brasil. Encontra-se capitulado no caput do art. 1º. É uma forma de governo fundada na igualdade formal entre as pessoas,em que os detentores do poder político exercem o comando do Estado em caráter eletivo, representativo, temporário e com responsabilidade.
Princípio do Estado Democrático de Direito (art. 1°)
1. O Estado de direito é aquele que se submete ao império da lei. Por sua vez, o Estado democrático caracteriza-se pelo respeito ao princípio fundamental da soberania popular. 
Princípio da soberania popular
1. Art. 1°, Parágrafo único. “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. A norma adota como regime de governo a democracia semidireta (democracia representativa combinada com democracia direta). A participação direta pode ser percebida no art. 14: “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular”.
Princípio da separação dos poderes
1. A Constituição da República de 1988 consagra a tripartição de Poderes no seu art. 2º, protegendo-a como cláusula pétrea no art. 60, § 4º, III.
Sistema de freios e contrapesos
1. Montesquieu contribuiu com o desenvolvimento do denominado sistema de freios e contrapesos, que se caracteriza como um método de controle recíproco entre os Poderes a ser exercido nos limites previstos na Constituição. A Constituição Brasileira adotou o sistema de freios e contrapesos, como pode ser percebido a pelos exemplos abaixo:
a) a possibilidade do Presidente da República vetar projetos de leis elaborados pelo Poder Legislativo (art. 84, V); 
b) a competência do Presidente da República para nomear certos magistrados (art. 84, XVI); 
c) a possibilidade do Poder Judiciário declarar uma lei inconstitucional (arts. 97 e 102, I, a); 
d) o controle externo exercido pelo Congresso Nacional em face de atos praticados pelo Presidente da República (art. 49, I, II, III, IV, XIV);
e) o Poder Legislativo aprovando ou não os magistrados indicados pelo Presidente da República (art. 52, III, a); 
f) o Poder Legislativo fiscalizando a atividade normativa do Presidente da República (art. 49, V); 
g) a possibilidade do Poder Legislativo rejeitar o veto do Presidente da República (art. 66, § 4º).
Fundamentos do Estado Brasileiro
1. No que tange aos fundamentos (art. 1º), objetivos (art. 3º) e princípios regentes na ordem internacional (art. 4º), a dica é: “não confundir alhos com bugalhos”. As bancas examinadoras tentam levar o candidato ao erro, misturando fundamentos, objetivos e princípios regentes nas relações internacionais.
2. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos estados e municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania: a soberania pode ser observada por dois prismas distintos – o interno e o externo. A soberania sob a ótica interna é poder de impor a ordem jurídica de forma incontestável e incontrastável. Sob a ótica externa, significa a igualdade entre os Estados, valorizando a independência nacional; 
II – a cidadania: assume dois sentidos – amplo ou restrito. Cidadania em sentido amplo significa que a pessoa é detentora de todos os direitos e garantias fundamentais. Já no sentido estrito, é a plenitude de fruição dos direitos políticos; 
III – a dignidade da pessoa humana: dever do Estado de garantir a todos uma existência digna; 
IV – os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa: denota a adoção do modelo econômico capitalista; 
V – o pluralismo político: significa um pluralismo de ideias, englobando, e com ele não se confundindo, o pluripartidarismo. 
3. Processo mnemônico: SO CI DI VAL PLU
Objetivos fundamentais do Estado Brasileiro
1. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II – garantir o desenvolvimento nacional; 
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
2. Processo mnemônico: CO GA ER PRO
Princípios regentes das relações internacionais
1. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: 
I – independência nacional; 
II – prevalência dos direitos humanos; 
III – autodeterminação dos povos; 
IV – não intervenção; 
V – igualdade entre os Estados; 
VI – defesa da paz; 
VII – solução pacífica dos conflitos; 
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X – concessão de asilo político.
2. Processo mnemônico: PANIICO SO CO RE DE e parágrafo único.
Referências:
DUTRA, Luciano. Direito constitucional essencial. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Distinção entre direitos e garantias fundamentais
1. Direitos fundamentais: são bens jurídicos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados no texto constitucional.
2. Garantias fundamentais: são estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecuratório.
Evolução dos direitos e garantias fundamentais
1. Alguns doutrinadores preferem a utilização do termo “dimensão” em detrimento do termo “geração”, sob o argumento de que, com o advento de uma geração poderia se supor a superação da anterior, o que não corresponde à classificação proposta. Aqui, as gerações de direitos e garantias fundamentais são cumulativas, ou seja, não excludentes
Direitos fundamentais de primeira geração
1. Com as revoluções liberais do final do século XVIII é inaugurada a fase inicial do constitucionalismo moderno.
2. São os direitos civis e políticos.
3. São direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado em favor das liberdades públicas.
4. Possuem como destinatários o indivíduo como forma de proteção em face da ação opressora do Estado.
Direitos fundamentais de segunda geração
1. Surge no início do século XX, quando os ordenamentos constitucionais começam a expressar preocupação com a necessidade de assegurar um mínimo de igualdade entre homens (igualdade material). 
2. Correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos, como o direito às condições mínimas de trabalho, à previdência social, à assistência social, à habitação, ao lazer, a um salário que assegure um mínimo de dignidade ao homem, à sindicalização, à greve dos trabalhadores etc.
3. São direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação positiva do Estado. 
Direitos fundamentais de terceira geração
1. Interesses difusos: direito à paz pública, à segurança pública, ao meio ambiente, etc.
2. Interesses coletivos: tem como titulares grupo ou categoria de pessoas. Ex.: interesse dos advogados defendido pela OAB.
3. Interesses individuais homogêneos: são aqueles de natureza divisível, cujos titulares são pessoas determinadas ligadas entre si por uma situação fática. Exemplo: direito do consumidor por defeito de um produto.
4. São direitos positivos, ligados ao ideal de fraternidade, que norteiam o convívio dos diferentes povos. 
Direitos fundamentais de quarta geração
1. Estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo. A democracia abrange a vontade da maioria e proteção dos direitos fundamentais das minorias; e pluralismo político se refere tanto a pluralismo partidário como à pluralismo religioso, cultural, artístico, ideológico, etc.
Direitos fundamentais de quinta geração
1. Trata-se do direito à paz. A paz só seria alcançada com a elevação a direito de quinta geração, retirando-o da categoria de direitos de terceira geração.
Características dos direitos e garantias fundamentais
1. Historicidade: não nasceram de uma só vez, evoluíram.
2. Universalidade.
3. Relatividade: não são absolutos.
4. Irrenunciabilidade.
5. Inalienabilidade.
6. Imprescritibilidade.
Destinatários dos direitos e garantias fundamentais1. Pessoas naturais, jurídicas e estatais (para aqueles direitos que puder ser usufruídos por eles).
2. Todas as pessoas físicas (naturais, naturalizadas e estrangeiras) sejam residentes ou não, são destinatários dos direitos e garantias fundamentais (essa é a melhor interpretação do art. 5°, caput).
Natureza relativa dos direitos e garantias fundamentais
1. Os direitos e garantias fundamentais tem caráter não absoluto (são relativos). Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Constituição. 
2. Teoria dos limites dos limites. A própria limitação possui limites (a limitação dos direitos e garantias fundamentais na órbita jurídica). A restrição ao direito fundamental, que decorre da própria Constituição, somente é válida se respeitado o núcleo essencial da norma constitucional. O núcleo essencial, por sua vez, apresenta-se como um conteúdo mínimo e intangível do direito fundamental, que deve sempre ser protegido em quaisquer circunstâncias, sob pena de se criar grave situação inconstitucional.
Colisão entre direitos e garantias fundamentais
1. No caso de colisão entre direitos e garantias fundamentais (que são princípios) o princípio de maior peso é que deve preponderar no caso concreto. 
2. Princípio da proporcionalidade. Para a solução de conflitos entre princípios, no caso concreto, utiliza-se o princípio da proporcionalidade, também conhecido como “metaprincípio” ou o “princípio dos princípios”. O princípio da proporcionalidade determina que a relação entre o fim que se busca e o meio utilizado deva ser proporcional, ou seja, não excessiva.
3. Subprincípios ou princípios parciais do princípio da proporcionalidade. A doutrina subdividiu o princípio da proporcionalidade em três outros princípios, quais sejam: o princípio da adequação, o princípio da necessidade e o princípio da proporcionalidade em sentido estrito.
· Subprincípio da adequação: traduz a ideia de que qualquer medida restritiva deve ser idônea à consecução da finalidade pretendida. Isto é, deve haver a existência de relação adequada entre o fim buscado e o meio utilizado.
· Subprincípio da necessidade: a medida restritiva deve ser realmente indispensável e que não possa ser substituída por outra de igual eficácia e menos gravosa.
· Subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito: caracteriza-se pela ideia de que os meios eleitos devem manter-se razoáveis com o resultado perseguido, ou seja, o ônus imposto pela norma deve ser inferior ao benefício por ela engendrado.
Direitos e deveres individuais e coletivos em espécie
1. O art. 5º consagra uma boa parte do rol de direitos e garantias fundamentais. Entretanto estes encontram-se espalhados por todo o texto constitucional.
Direito à vida
Está consagrado no caput do art. 5° e deve ser observado por dois prismas: o direito de permanecer vivo (vida intrauterina e extrauterina – notadamente a proibição da pena de morte) e o direito a uma vida digna. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...)
Direito à igualdade 
1. Igualdade formal (art. 5°, I) e igualdade material (equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o jurídico). Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, compensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da formação social.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
2. O art. 7º, XXX, enuncia, como um dos direitos sociais, a proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão. Entretanto, o STF, no julgamento da ADPF 186, concluiu pela constitucionalidade das políticas de ação afirmativa; da utilização dessas políticas na seleção para o ingresso no ensino superior, especialmente nas escolas públicas; do uso do critério étnico racial por essas políticas; da autoidentificação como método de seleção; e da modalidade de reserva de vagas ou de estabelecimento de cotas. Ademais, o citado julgado ratificou o caráter transitório dos programas de ação afirmativa, já que as desigualdades entre brancos e negros decorreriam de séculos de dominação econômica, política e social dos primeiros sobre os segundos.
Princípio da legalidade
O princípio da legalidade significa que, para instituir obrigações, poderá o Estado valer-se de lei em sentido formal, bem como de atos normativos infralegais, desde que estes sejam expedidos nos estreitos limites estabelecidos em lei anterior. É a expressão do inciso II do art. 5º: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Nesse caso, lei quer dizer normas constitucionais, atos normativos primários e atos normativos secundários (decretos, portarias, instruções normativas etc.).
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Vedação à tortura e ao tratamento desumano e degradante
1. Trata-se de direito absoluto.
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Liberdade de expressão
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Liberdade de consciência, de crença e de convicção filosófica ou política
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Inviolabilidade da intimidade da privacidade, da honra e da imagem
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Direito à inviolabilidade domiciliar
1. Ninguém, especialmente a autoridade pública, pode penetrar em casa alheia sem consentimento do morador, exceto: 
a) em caso de flagrante delito (a qualquer hora); 
b) desastre (a qualquer hora); 
c) socorro (a qualquer hora); 
d) por determinação judicial (durante o dia).
2. O conceito de “casa”, para os fins da proteção jurídico-constitucional a que se refere o art. 5º, XI, reveste-se de caráter amplo, pois, compreende: a) qualquer compartimento habitado; b) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; e c) qualquer compartimento privado onde alguém exerce profissão ou atividade.
3. Há que se definir o que seja “dia” para os fins da inviolabilidade domiciliar. Para essa definição jurídica, a doutrina utiliza-se de dois critérios: o físico-astronômico e o cronológico. O critério físico-astronômico afirma que “dia” é o espaço temporal existente entre a aurora e o crepúsculo, ou seja, enquanto houver sol. Já pelo critério cronológico, “dia” é o intervalo de tempo entre as 6 horas da manhã até as 18 horas da tarde. Esse último é mais correto (a objetividade favorece a segurança jurídica).
4. Por derradeiro, vejamos o seguinte questionamento: em uma operação de grande complexidade,o mandado judicial começa a ser cumprido durante o dia, adentrando na noite; nesse caso, a ação poderia ultrapassar as 18h? A resposta é positiva. Se a diligência começou dentro do horário adequado (durante o dia), porém, em face da complexidade do fato, estendeu-se para além das 18 horas, não se fala em violação da proteção constitucional ao domicílio (não se pode arguir a ilicitude da prova).
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
 
Sigilo de correspondência, das comunicações telegráficas e das comunicações telefônicas
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
Liberdade de atuação profissional
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Liberdade de locomoção
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Liberdade de reunião
1. Pressupõe o atendimento de 5 requisitos: 
1) seja pacífico; 
2) seus integrantes não podem portar armas; 
3) não depende de autorização; 
4) exige prévio aviso à autoridade competente; 
5) não pode frustrar outra reunião convocada para o mesmo espaço público.
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Liberdade de associação e representação dos associados
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Direito de propriedade
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Desapropriação
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Requisição administrativa
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Proteção constitucional o bem de família rural
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
Direitos autorais
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
Proteção à propriedade rural
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
Direito de sucessão
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
Defesa do consumidor
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Direito de informação
1. “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral (...)”. Trata-se de um remédio constitucional de natureza administrativa, corolário do princípio da publicidade. Não se trata de direito absoluto, podendo o Poder Público recusar-se a prestar a informação quando o sigilo for imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Esta ressalva encontra-se prevista na Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011. 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
Direito de petição
1. São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidades ou abuso de poder. De acordo com o Min. Celso de Mello, o direito de petição “qualifica-se como prerrogativa de extração constitucional destinada à generalidade das pessoas pela Carta Política. Traduz direito público subjetivo de índole essencialmente democrática. O direito de petição, contudo, não assegura, por si só, a possibilidade de o interessado – que não dispõe de capacidade postulatória – ingressar em juízo, para, independentemente de advogado, litigar em nome próprio ou como representante de terceiros (…)” (AR 1.354 AgR, 06.06.1997).
Direito de certidão
1. São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidão em repartição pública, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Inafastabilidade da jurisdição
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Irretroatividade relativa das leis
1. De acordo com o art. 5º, XXXVI, a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
· Direito adquirido é aquele que já se incorporou ao patrimônio do seu titular. Importante consignar que o direito adquirido não é oponível em face de uma nova Constituição, uma vez que, conforme já tratado, o Poder Constituinte originário é incondicionado e ilimitado. Aplica-se a retroatividade mínima. No entanto, emendas constitucionais fruto do exercício do Poder Constituinte derivado reformador não pode violar o direito adquirido.
· Ato jurídico perfeito é aquele consumado segundo a lei vigente. Como exemplo, citamos o contrato de locação firmado antes do advento da mudança legislativa; se durante o curso da relação contratual advém nova lei, alterando o regime jurídico locatício, o contrato em vigor continua a ser regido pela lei antiga. 
· Coisa julgada: decisão judicial contra a qual não cabe mais recursos.
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Direito ao juiz natural
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

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