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1 CLÍNICA CIRÚRGICA – APENDICITE| Anna Clara Faria Duarte CONCEITO Abdome agudo inflamatório mais comum. • Qualquer faixa etária (incomum antes dos 5 e após os 50) • Discreto predomínio em homens • Inflamação e infecção do apêndice fecal QUADRO CLÍNICO • Dor insidiosa e com piora progressiva • Febre • Peritonite localizada ou difusa • Náuseas, vômitos • Mal estar geral CASO CLÍNICO AMMS, 20 anos, sexo feminino, entrada no HMP com queixa de dor abdominal periumbilical há 12 horas que posteriormente migrou para FID há 6 horas. Relata ainda presença de febre baixa (38ºC) hiperexia e náuseas. HD: abdome agudo DX Diferencial: Doença inflamatória pélvica (inflamação por contiguidade do canal vaginal, colo do útero e anexos > abcesso da pelve) EF: Taquicárdica (101bpm), febril, face de dor, levemente desidratada. Abdome normotenso, RH+, doloroso à palpação de FID, com descompressão brusca dolorosa em ponto de McBurney (fossa ilíaca direita). *Dor à descompressão brusca: peritonite HD: Abdome agudo inflamatório possivelmente por apendicite ANATOMIA • É uma estrutura alongada, tubular • Originado na parede pósteromedal do ceco. • Confluência das tênias • Possui um lúmem • Tamanho variado: 6 – 20cm • Irrigada pela artéria apendicular • Apesar do seco ser uma estrutura fixa, o apêndice uma estrutura móvel (pode ser encontrado em várias localizações) - Retrocecal (mais comum) - Pélvico - Subcecal - Na goteira parietocólica - Em posição póstero-ileal FISIOPATOLOGIA A patogênese se correlaciona com a obstrução do lúmen apendicular por: fecálito, hiperplasia linfoide, obstrução por áscaris, corpos estranhos ou tumores. PRINCIPAL CAUSA: hiperplasia linfoide Obstrução apendicular > estase da secreção luminal> aumento da pressão intraluminal > compromete retorno venoso e suprimento arterial > isquemia > necrose > perfuração. FASES EDEMATOSA (grau I): Aumento da secreção (devido a obstrução) FIBRINOSA (grau II): estase, proliferação bacteriana FLEGMOSA (grau III): edema, obstrução linfática e ulceração PERFURATIVA (grau IV): obstrução venosa e arterial, perfuração BACTERIOLOGIA Infecção polimicrobiana Mais comum: Escherichia coli e Bacteroides fragilis SINAIS E SINTOMAS 2 CLÍNICA CIRÚRGICA – APENDICITE| Anna Clara Faria Duarte • Dor abdominal periumbilical ou epigástrica (dor visceral) • Posteriormente torna-se referida em FID (ponto de McBurney) • Anorexis – 90% • Náuseas/vômitos • Febre ACHADOS EXAME FÍSICO AUSCULTA • Inicial = RHA aumentados • Avançado = RHA diminuídos • Perfurado = RHA ausentes PERCURSSÃO • Inicial = timpânico (só gases) • Avançado = maciço (bloqueio). • Dor à percurssão PALPAÇÃO • Doloroso à palpação superficial e/ou profunda • Sinais de irritação peritoneal. • Pode ter massa abdominal palpável em FID. Plastrão: região endurecida, palpável. MANOBRAS Blumberg: descompressão brusca dolorosa em FID. > sinal de peritonite Rovsing: dor em FID quando compressão FIE. > mais específico para apendicite, mas não o mais comum Lapinsky: dor à compressão da FID enquanto o paciente eleva o MID esticado (comprime 1º) Dunphy: dor em FID ao reflexo de tosse Lenander: aumento da temperatura retal em 1 grau em relação a temperatura axilar Psoas: paciente em DLE e o examinador realiza a hiperextensão passiva do MID, ocasionando dor em FID. Obturador: dor em FID ao realizar (movimentação passiva) rotação interna da coxa DIAGNÓSTICO CLÍNICO Anamnese + exame físico LABORATORIAL Hemograma, EAS, amilase e Beta HCG Hemograma: leucocitose discreta – moderada EAS: hematúria, leucocitúria, piúria IMAGEM RAIO X • Excluir outras patologias • Raramente visualiza-se fecalito. • Alças sentinelas (visível nas duas incidências na mesma posição), mas não é patognomônico USG (ABDOME TOTAL) • Sensível em 85% e específico em 90%, • >7mm do diâmetro • Lesão em alvo • Presença de apendiocolito • Líquido periapendicular • Massa em FID (plastrão ou tumor de apêndice) TC COM CONTRASTE VENOSO • Espessamento > 7mm • Lesão em alvo • Inflamação da gordura periapendicular • Abcesso periapendicular • Liquido peritoneal Padrão ouro: duplo contraste = oral e venoso *apendicite de dificil diagnóstico: crianças, idosos, mulher em idade fértil LAPAROSCOPIA DIAGNÓSTICA • Localiza o apêndice por vídeo. ESCALA DE ALVARADO *modificado • Dor que migra para FID: 1 • Anorexia: 1 • Náuseas e vômitos: 1 3 CLÍNICA CIRÚRGICA – APENDICITE| Anna Clara Faria Duarte • Dor à palpação em FID: 1 • Descompressão brusca dolorosa m FID: 2 • Febre: 1 • Leucocitose: 2 <4 = não é diagnóstico 4 – 7: investigação complementar >7: tratamento cirúrgico DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL CRIANÇAS GECA, infecções intestinais, lindadenite mesentérica (inflamação linfonodos do mesentério causada geralmente por doenças virais), diverticulite de Meckel, intusscepção MULHERES Salpingite, ovulação dolorosa, endometriose pélvica, gestação ectópica rota, rotura ou torção de cisto ovariano HOMEM Orquiepididimite (inflamação do epididimio e do testículo), torção de testículo e litíase ureteral OUTROS Diverticulite de sigmóide redundante, diverticulite de cedo, Doença de Cronh, diverticulite de Meckel PROBABILIDADE DE APENDICITE ALTA Operar INTERMEDIÁRIA Investiga: TC, USG ou reavaliação do paciente Se +: operar Se incerta: laparoscopia diagnóstica Se -: alta ou dx diferencial BAIXA Idoso, duvidoso ou longa distância: TC ou reexaminar Se + = operar Se - = alta/acompanhamento até <24h Seguro e local: Alta/ acompanhamento até < 24h TRATAMENTO CIRÚRGICO Laparoscópico CI = falta de capacidade cirúrgica, instabilidade hemodinâmica, gestante 3º trimestre Laparotômica INCISÃO Depende do tempo de evolução e sinais de complicação: peritonite difusa, plastrão palpável, sinais de instabilidade (taquicardia, sudoreico) >48h: mediana infraumbilical (maiores chances de complicação) porque dá para ampliar Específicas: McBurney e Davis ANTIBIÓTICO Sempre faz! Profilático: (grau I e II) Terapêutico: (grau III ou IV) PROCEDIMENTO APENDICITE AGUDA NA GESTANTE • Principal patologia cirúrgica na gestante • 1 caso a cada 200 gestações • Mais comum nos dois primeiros trimestres 4 CLÍNICA CIRÚRGICA – APENDICITE| Anna Clara Faria Duarte • Mortalidade fetal aumenta com a evolução da doença • Cirurgia aberta ou videolaparoscópica nos primeiros trimestres e aberta no último APENDICITE AGUDA NO IDOSO • Maior índice de complicações e perfuração • Dificuldade diagnóstica • Indicado realizar tomografia de abdome para o diagnóstico • Tratamento habitual assim que fechar o diagnóstico APENDICITE COMPLICADA COM ABCESSO Abcesso: processo inflamatório infeccioso com acúmulo de secreção TRATAMENTO
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