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Síndromes cerebrais – causas neoplásicas e degenerativas NEURÓGLIA X NEURÓPILO Cerca de 100 bilhões no SNC, com até 10 mil conexões cada Perderam a capacidade de divisão (muito especializadas) Estima-se que haja 10 células gliais por neurônio Como mantêm sua capacidade de divisão, são o tipo mais comum em neoplasia Tumores com origem nos neurônios são menos frequentes Micróglia: macrófago do SNC, possui atividade fagocitária e apresentadora de antígeno Astrócito: com as projeções citoplasmáticas é a célula que dá sustentação ao neurônio, nutre as células nervosas por estar em contato íntimo com vasos sanguíneos e compõe a barreira hematoencefálica, fechando a comunicação entre o tecido nervoso e o sangue Células ependimárias: formam o epêndima, tecido cubóide com arranjo epitelial que reveste as cavidades dos ventrículos e participa da produção de líquor Oligodendrócitos: produzem a bainha de mielina no SNC, fazendo o isolamento elétrico do neurônio e com isso aumentando a velocidade de propagação do potencial de ação NEOPLASIAS PRIMÁRIAS Tecido parenquimatoso (neurônios e células da glia): gliomas (astrocitoma, oligodendroglioma) Tecido de revestimento (meninges e células ependimárias): ependimoma, meningioma (vários tipos histológicos; há relatos de múltiplos (17%) em gatos) Elementos vasculares (plexo coróide): tumor de plexo coróide, papiloma e carcinoma Outros: linfossarcoma primário, neuroectodérmicos primitivos (tumores de células embrionárias que deram origem ao SNC) 10% dos gatos APRESENTAM mais de um tipo de neoplasia intracraniana de forma concomitante NEOPLASIAS SECUNDÁRIAS Pulmão 47%, rins 35% e coração 31% Só 30% multifocais Mais agudas que primárias Metastáticas (hematógena): hemangiossarcoma (29%), carcinoma mamário, carcinoma pulmonar, carcinoma prostático (11%), linfoma (12%) Por invasão / compressão: adenocarcinoma nasal (6%), macroadenoma hipofisário (25%), osteossarcoma e condrossarcoma da calota craniana, tumores de bainha de nervo (NCV) 18% a 23% dis animais com tumores intracranianos têm neoplasias concomitantes não relacionadas em tórax e abdome Características: em geral, provocam efeito de massa (primários); casos raros de infiltração difusa. Metade das massas focais ocupam mais de uma região anatômica, dando a falsa ideia de doença multifocal no exame neurológico Causa: incertas (como em seres humanos) Distribuição: qualquer região do encéfalo (são mais comuns em cérebro do que em tronco e cerebelo) Astrocitoma: região de cerebelo, diencéfalo e mesencéfalo Plexo coróide: região de 4° ventrículo e ventrículos laterais Meningioma: periferia, nas meninges Perfil: comum em cães e gatos Meningioma é o tumor mais comum em cães e gatos o 80% brnignos em gatos / 43% malignos em cães o Em segundo, cães têm gliomas e gatos, linfoma Qualquer raça (Boxer e Golden mais frequentemente) o Dolicocefálicos (Pastor, Collie, Golden): meningiomas / nasais e calota (que invadem o SNC) o Braquicefálicos (Boxer, Boston Terrier): gliomas /macroadenomas hipofisários Única predileção de sexo é o meningioma em gatos machos Adultos a idosos (mais de 5 anos; maioria acima de 9 anos) Meningioma (extra-axial, cauda dural – característica bastante sugestiva dessa neoplasia, base larga, contraste regular, deslocam sem invadir) Gliomas (intra-axiais, contraste mais fraco e menos uniforme, margens menos definidas) Manifestações clínicas Conforme região acometida, como todas as doenças do sistema nervoso e efeitos secundários o Sinais inespecíficos (letargia, inapetência e anorexia) – 20% gatos o Queixas de alteração comportamental (por meses a mais de um ano) – maioria gatos o Possibilidade de dor cervical (compressão de meninge) o Convulsões em 50% dos cães (mais em lobo frontal e herniação) e 23% dos gatos (mais em gliomas e linfomas) Conforme localização do tumor, exame neurológico pode ser normal (convulsão pode ser a única manifestação) Formas de lesão Invasão tecidual direta Edema peritumoral (explica efeito do corticoide) Inflamação (explica efeito do corticoide) Hidrocefalia obstrutiva (explica efeito do corticoide) e hemorragia: manifestação deixa de ser lenta e insidiosa e passa a ser aguda por esgotamento dos mecanismos de compensação ou por hidrocefalia obstrutiva e hemorragia Diagnóstico Antemortem o Buscar neoplasias concomitantes antes de ir a técnicas avançadas de neurodiagnóstico (Rx de tórax, US abdominal) o Palpar linfonodos o Exames laboratoriais o Identificação e histórico o Ressonância (presuntivo, mas de qualidade; 65% de acurácia em predizer tipos de tumor) o LCR (mais para descartar outras afecções; inespecífico – não colecar líquor com PIC aumentada) o Biópsia (guiada por TC) Tratamento suporte Independentemente de adotar a definitiva entrar com corticoide Prednisona (0,5 mg/kg/BID), podendo aumentar ou reduzir, conforme resposta Omeprazol (↓ produção de líquor e ↓ PIC) Anticonvulsivante (fenobarbital pode sedar animais com formações rostrais) Tratamento definitivo Cirurgia o Permite HP e descompressão o Principal indicação é meningioma e em gatos (20% a 25% de recorrência) em gatos não fica tão aderido no resto do tecido Radioterapia (com ou sem cirurgia) o Meningiomas mais sensíveis o Doses diárias, sob anestesia geral, por 4 semanas Quimioterapia o Lomustina 60 a 90 mg/m2/ a cada 6 a 8 semanas o Fenobarbital usa mesmas enzimas microssomais hepáticas que geram metabólitos antineoplásicos (reduz eficácia da lomustina) o Hidroxiuréia (50 mg/kg / 3 vezes por semana); 20 mg/kg/SID em humanos o Hidroxiuréia dá 7 a 8 meses de sobrevida X 4 meses só com prednisona Prognóstico Bom para meningiomas felinos o Pós cirurgia: 58 meses para gatos e 6 meses para cães o Cirurgia + radioterapia em cães: 16 a 36 meses Ruim para os demais, conforme tipo e localização (pouco precisas) Rostrotentorial (rostral ao tentório do cerebelo): média 178 dias Caudotentorial: média 28 dias Prednisona: 120 dias (4 meses) Hidroxiuréia + prednisona: 210 a 330 dias (7 a 11 meses) Radioterapia: 150 a 300 dias (há estudo com 699 dias) (5 a 10 meses) Radioterapia + quimioterapia: 912 dias CAUSAS DEGENERATIVAS SÍNDROME DA DISFUNÇÃO COGNITIVA Característica: síndrome semelhante à doença de Alzheimer em humanos Causa: incerta o Acúmulo de proteína neurotóxica (beta-amilóide – predomínio no córtex frontal e no hipocampo) dentro e em torno dos neurônios encefálicos (coalescem e formam placas neuríticas) o Acúmulo de proteína tau (precursora de emaranhados neurofibrilares dentro dos neurônios, impedindo que o neurônio exerça suas funções) Envelhecimento o Atrofia cerebral o Alterações vasculares (microangiopatia / gliose) o Fibrose de parede de vasos o Espessamento meníngeo o Dilatação ventricular o Degeneração axonal e perda de mielina o Hipertrofia e hiperplasia astrogliais o Acúmulo de várias substâncias intraneuronais Eventos relacionados à progressão do déficit cognitivo Dano celular mediado por espécies reativas de O2 Diminuição das defesas antioxidantes endógenas Inflamação (gerada por diversos mecanismos) Declínio da função mitocondrial Dano ao DNA Alteração da expressão gênica Comprometimento vascular Capacidade de neurogênese reduzida Disfunção sináptica Desequilíbrio de neurotransmissores aumento de enzimas Ciclo vicioso: o Dano neurovascular precede acúmulo de AB o Hipóxia estimula produção de ABo AB acumulada leva a dano vascular progressivo Perfil: bem descrita em cães, mas também pode acometer gatos o Cães: > de 9 anos e gatos > de 12 anos o Pode começar com cerca de 7 anos o 28% dos cães entre 11 e 12 anos o 68% dos cães entre 15 e 16 anos o Evolui mais rápido em machos castrados (repor hormônio?) Manifestações clínicas: inúmeras e inespecíficas o É provável que comprometimento cognitivo leve não seja percebido Como fechar o diagnóstico (perguntas p/ o tutor) Desorientação o Encurralado o Olhar fixo nas paredes ou no chão o Dificuldade de reconhecer pessoas e animais o Erra o lado da porta e caminha em direção das paredes o Deixa alimentos caírem e não os acha o Resposta reduzida a estímulos visuais e auditivos o Aumenta a reatividade (late) com estímulos auditivos e visuais Interação reduzida o Reduzido interesse por carinho o Evita contato o Declínio no comportamento de saudação o Mais irritado e agressivo com outros animais e pessoas Sono – vigília o Troca o dia pela noite o Sono inquieto / agitado Higiene o Evacua dentro de casa e em locais inadequados o Tem acesso à rua, mas evacua em casa o Evacuar na área de dormir Atividade o Interesse reduzido por alimentos e petiscos o Redução de atividades exploratórias e lúdicas o Baixo nível de higiene pessoal Ansiedade o Vocalização, agitação e inquietação o Ansiedade e medo diante de estímulos auditivos ou visuais o Medo de superfícies e/ou locais o Ansiedade e medo de pessoas o Ansiedade de separação Learning o Redução na capacidade de realizar tarefas aprendidas e obedecer comandos o Menor responsividade a brincadeiras e comandos habituais o Dificuldade ou lentidão para aprender novas tarefas Crises vestibulares e epilépticas são consequência potencial da doença de Alzheimer O animal necessita ter pelo menos 3 das alterações para ter o diagnóstico Diagnóstico Identificação (animal mais idoso, com distúrbios de comportamento) Histórico Descartar outras causas de síndrome cerebral (neoplasias, inflamação...) RM (compatíveis com envelhecimento) o Atrofia encefálica (sulcos alargados) o Dilatação ventricular o Lesões em lobos temporais mediais (hipersinal e hiperintensidade) o Áreas difusas e dispersas de hiperintensidade em T2 na substância branca perivascular Tamanho da aderência intertalâmica: se a aderência é menor que 5mm já é sugestivo de disfunção cognitiva (levando em consideração manifestações clínicas e anamnese) Tratamento Prática de exercícios e novos brinquedos Dieta enriquecida (antioxidantes e ácidos graxos essenciais) o Apoaequorina (tamponante do Cálcio): melhoria de aprendizado e atenção (1 cápsula a cada 18kg por dia) o SAME (pode ser manipulado): cão (10 a 20 mg/kg/SID), gato (100 mg/SID) o Fosfatidilserina, ômega-3, vitaminas E e C, L-carnitina, selênio (bula) Objetivo: atrasar o declínio da doença e melhorar a função cognitiva Antioxidantes o Fosfatidilserina e S-adenosil-L- metionina (SAME) Cofatores mitocondriais (Cálcio) Ácidos graxos essenciais (óleo de peixe, oferecem uma base energética que não seja a glicose – outra via metabólica) o Triglicérides de cadeia média que são convertidos em cetonas pelo fígado (fonte alternativa de energia, pois cai utilização de glicose) o Reduzem níveis de proteína precursora de amilóide o Apoaequorina (tamponante do Cálcio): melhoria de aprendizado e atenção (1 cápsula a cada 18kg por dia) o SAME Selerginina (ansiedade, dificuldade de cognição): inibidor da recaptação de neurotransmissores (deixa o neurotransmissor mais tempo na fenda sináptica) Propentofilina: oxigenador cerebral (melhorar a atenção) Paroxetina, Fluoxetina: ansiolíticos Gabapentina: dor crônica Melatonina: alterações de sono e vigília Prognóstico Sem cura Reservado Maioria dos animais é eutanasiada entre 18 a 24 meses do início dos sinais Caso clínico Canino, macho, Cocker, 16 anos Manifestação clínica: andar compulsivo, troca do dia pela noite, prostração Terapia: ácidos graxos de cadeia média + antioxidantes RM: diminuição do volume do parênquima encefálico, mais evidente em substância cinzenta, associado a maior largura e profundidade dos sulcos corticais, menor espessura dos giros cerebrais, ventriculomegalia lateral simétrica e aumento do terceiro ventrículo. Sulcos cerebrais mais evidentes caracterizam a atrofia cortical
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