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Ética e moral: dois pilares da ação humana ante os dilemas da vida
Cuidado, aquele é mau caráter!
As virtudes e o caráter de uma pessoa não podem se manifestar apenas no plano teórico, pois o que, de fato, confere dignidade à nossa vida são os bons hábitos que demonstram as escolhas e posturas éticas e morais do indivíduo. Como se costuma dizer popularmente, “é fazendo que se aprende a fazer”, ou seja, de tanto agirmos de determinada maneira, assim nos tornamos.
Em Ética a Nicômaco, Aristóteles fala sobre as diversas perspectivas dos pensadores a respeito da origem da virtude. Segundo ele, alguns “afirmam que é por natureza que as pessoas se tornam boas, outros que é por hábito, e outros que é por instrução”. (DUHIGG, p. 326). Aristóteles defendia a soberania dos hábitos, alegando que os “comportamentos automáticos” (não pensados) são a evidência da nossa verdadeira natureza.
Aristóteles também advogava em defesa da necessidade de cultivo de bons hábitos (disciplina), afirmava que “assim como um terreno precisa ser preparado de antemão, se deve nutrir a semente, também a mente do aluno tem que ser preparada em seus hábitos, a fim de gostar e desgostar das coisas certas”. (DUHIGG, p. 326)
Estudos mostram que é fato que os hábitos podem ser alterados e que precisam da repetição como aliada para que permaneçam vigentes. Não há certezas e permanência sem repetidas e consistentes escolhas, uma vez que sabemos como fazer isso.
“Centenas de hábitos influenciam nossos dias — eles orientam o modo como nos vestimos de manhã, como falamos com nossos filhos e adormecemos à noite; eles afetam o que comemos no almoço, como realizamos negócios e se vamos fazer exercícios ou tomar uma cerveja depois do trabalho. Cada um deles tem uma deixa diferente e oferece uma recompensa única. Alguns são simples e outros são complexos, apoiando-se em gatilhos emocionais e oferecendo prêmios neuroquímicos sutis. Porém todo hábito, por maior que seja sua complexidade, é maleável. Os alcoólatras mais viciados podem ficar sóbrios. As empresas mais disfuncionais podem se transformar. Um menino que largou o ensino médio pode se tornar um gerente bem-sucedido.” (DUHIGG, p. 326)
O mundo não é um bolo de chocolate…
Os filósofos vincularam a justiça como virtude, que se manifesta como a noção de “Dar a cada um o que é seu. Justiça consiste em tratar igualmente aos iguais e desigualmente aos desiguais, na medida em que são desiguais. A justiça busca uma harmonia entre as pessoas, uma distribuição, um equilíbrio. Exige considerar fundamentalmente as igualdades e as diferenças entre as pessoas, tais como idade, capacidade, esforço etc.” (ANDRADE, p. 24)
Aristóteles ressalta um ponto muito importante a respeito das virtudes que é a questão entre a ausência e o excesso, a partir dos hábitos do indivíduo. Para ele, “nosso caráter é formado a partir da repetição e do aperfeiçoamento dos atos que já fizemos antes (para melhor ou para pior) e que, com esse hábito, adquirimos as virtudes morais ou os vícios e nos tornamos virtuosos ou viciosos pelo exercício, assim como os homens tornam-se justos ou injustos praticando a justiça ou a injustiça.
São as disposições viciosas ou virtuosas que constituem um caráter. Somos todos responsáveis por nossos atos, assim como também pelos nossos vícios. Somente aqueles indivíduos que têm suas atividades conforme a virtude se tornará virtuoso e, assim, atingem sua finalidade humana, sendo que o fim humano consiste, portanto, na busca da sabedoria”. (SAMANTA OBADIA, 2016 in ANDRADE, p. 25)
Pela frente a espingarda, por trás a flecha e seus arcos
Se a prática das virtudes e o cultivo de bons hábitos estão vinculados ao senso moral de justiça, desenvolvido a partir de boas escolhas, percebemos que a diferença entre uma vida virtuosa ou viciosa (segundo Aristóteles) se define nos momentos de dilemas morais.
Na filosofia, um dilema moral é aquela situação em que uma pessoa é moralmente obrigada a seguir um curso de ação ou outro, mas não pode seguir ambos. Nesse contexto, realizar uma ação em detrimento de outra implica numa escolha moral. Vários autores discutiram os dilemas morais, como o filósofo E.J. Lemmon, Earl Conee e a filósofa Ruth Barcan Marcus.
A filósofa Philippa Foot, por exemplo, elaborou um dos mais conhecidos casos hipotéticos no meio acadêmico: “Edward é condutor de um bonde cujos freios falharam. No trilho adiante dele, estão cinco pessoas. As margens são tão íngremes que elas não serão capazes de sair do trilho a tempo. O trilho tem um desvio à direita e Edward pode virar o bonde para este lado. Infelizmente, há uma pessoa neste trilho. Edward pode virar o bonde matando esta pessoa, ou ele pode abster-se de virar o bonde, matando os cinco.” (THOMSON, 1976, p. 206)
Percebe-se que no caso exposto, a difícil escolha está pautada na escolha do que seria o “mal menor”. Em geral, os dilemas em filosofia podem ser experimentos de pensamento, desenvolvidos para observarmos nossas intuições e questioná-las. Em outros casos, servem para refletirmos sobre as explicações teóricas dos valores morais. Mas na História e na realidade humana, muitos são os dilemas com os quais já nos deparamos e iremos nos deparar, exigindo de nós soluções adequadas às estruturas morais sob as quais vivemos.
Atividade extra
Nome da atividade: Conflitos de deveres e dilemas morais: uma problematização a partir da teoria moral de I. KANT (Lauren de Lacerda Nunes)
Link para assistir a atividade: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/9085
Referência Bibliográfica
ANDRADE, I. R. S. Ética geral e profissional. Salvador: UFBA, Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.
DUHIGG, C. O Poder do Hábito: Por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios. Tradução de Rafael Mantovani. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
MATTAR, J. Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
THOMSON, J. J. Killing, letting die and the trolley problem. The Monist, v. 59, n. 2, p. 204-217, apr. 1976. Disponível em: <https://doi.org/10.5840/monist197659224.

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