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NEONATOLOGIA Patologias cardiovasculares e hematológicas . O CORAÇÃO NORMAL . ● Possui 4 câmaras: átrio direito, ventrículo direito, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. ● Possui 4 valvas: tricúspide, pulmonar, mitral e aórtica. ● O sangue venoso passa do átrio direito para o ventrículo direito e dele vai para os pulmões. ● O sangue arterial passa do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo e vai para o corpo. ● O coração é formado até a 8° semana de gestação. ● De cada 100 crianças que nascem, 1 é cardiopata. ● As câmaras atriais esquerda e direita possuem, respectivamente, 5 e 4 mmHg, de modo que sua diferença de pressão é pequena e colabora para o movimento do sangue de uma câmara para outra. . CONCEITOS . ● A relação Qp/Qs que a relação entre o fluxo sanguíneo que passa para o pulmão ou para a parte sistêmica. ● HIPERFLUXO PULMONAR: Se Qp/Qs é um valor acima de 1, significa que tem-se mais sangue indo para o pulmão e menos para o fluxo sistêmico. ● HIPOFLUXO PULMONAR: Caso Qp/Qs esteja abaixo de 1, significa que tem-se mais sangue sendo desviado e indo para o fluxo sistêmico do que para o pulmão. ● ACIANOGÊNICAS: são as cardiopatias que não causam cianose, podendo ser de normofluxo pulmonar ou de hiperfluxo pulmonar. ● CIANOGÊNICAS: são cardiopatias que causam cianose, podendo ser de hipofluxo pulmonar, normofluxo pulmonar e hipofluxo pulmonar. . AVALIAÇÃO DO PACIENTE . ● Anamnese e exame Físico ● Rx tórax ● ECG (eletrocardiograma): importante não se ater muito a eletrocardiograma, uma vez que muito das cardiopatias congênitas não trazem alterações significativas nesse exame. ● ECO (ecocardiograma): padrão ouro para diagnóstico. ● Estudo Hemodinâmico ● Tomografia computadorizada ● Ressonância magnética ÍNDICE CARDIOTORÁCICO: ● É um exame radiológico para avaliação aproximada do aumento da silhueta cardíaca. ● Traça-se uma linha vertical seguindo a coluna vertebral. ● Mede-se a distância horizontal entre essa linha mediana e o maior comprimento para as bordas cardíacas do lado direito e do lado esquerdo do coração, somando-as em seguida (A + B). ● Essa soma deve ser dividida pelo maior diâmetro torácico do paciente, da face interna da costela até a outra, do lado oposto (A+B/C). ● Essa razão deve ser menor que 0,5. ● Se for maior ou igual a 0,5, indica-se o aumento de alguma câmara cardíaca. ● OBS: em relação ao formato aumentado, é importante pensar que quando a borda aumentada está apontando para baixo geralmente está associada ao ventrículo esquerdo, enquanto se estiver apontada para cima está, em geral, ligada ao ventrículo direito. . DRENAGEM ANÔMALA TOTAL . . DE VEIAS PULMONARES (DATVP) . ● As veias pulmonares, os vasos sanguíneos que normalmente transportam sangue oxigenado dos pulmões ao lado esquerdo do coração estão, em vez disso, conectadas ao lado direito do coração. Esse sangue então flui do lado esquerdo do coração através de um orifício na parede que separa as cavidades direita e esquerda do coração. ● Crianças com uma apresentação mais grave podem ter um tom de pele azulado (cianose), falta de ar e fadiga. ● Crianças com formas mais graves dessa anomalia podem desenvolver angústia respiratória grave e cianose logo após o nascimento. ● Tem expressão no raio-X muito clássica, que lembra o formato de um boneco de neve e por isso dá nome ao achado radiológico de “Raio X em boneco de neve''. ● Caso seja encontrado no raio X, suspeitar e pedir o ecocardiograma para confirmar o possível diagnóstico. . TETRALOGIA DE FALLOT . ● Consiste em 4 anomalias: grande defeito do septo ventricular (CIV), obstrução da via de saída do ventrículo direito com estenose da valva pulmonar, hipertrofia ventricular direita e excesso de “cavalgamento” da aorta. ● Os sintomas incluem cianose, dispneia durante a refeição, déficit de crescimento e crises hipercianóticas (episódios súbitos e potencialmente letais de cianose grave). ● O fluxo sanguíneo pulmonar está diminuído, o ventrículo direito está hipertrofiado e sangue não oxigenado entra na aorta. ● Tem o achado típico no raio X chamado de “Raio X em bota” ou “Raio X em tamanco holandes”. ● Reforçando: nesse raio X é possível perceber que o ventrículo está aumentado “subindo” (ao invés de apontar para baixo), o que sugere uma doença que faz o coração do lado direito aumentar de tamanho. ● Caso seja encontrado em um Raio X, deve ser prontamente solicitado o ecocardiograma em busca do esclarecimento do diagnóstico. ● Tratamento sempre cirúrgico. ● É classificada como cianogênica com hipofluxo pulmonar. ● Apresenta cianose grave, geralmente de manhã. ● Pode agravar e causar perda de consciência, convulsões, AVC e até óbito. ● Tratamento da crise hipóxia: posição genupeitoral, oxigênio, correção rápida de acidose, morfina, propanolol e expansão com SF 0,9% 10ml/kg. OPERAÇÃO BLALOCK-TAUSSIG: ● Consiste em se efetuar uma anastomose término-terminal ou término-lateral entre as circulações sanguíneas sistémica e pulmonar. ● Deve tomar AAS 5mg/kg/dia sempre, enquanto estiver usando o blalock-taussig. ● Em caso de internação, avaliar febre (risco de endocardite) e diarréia/vômitos (por risco de oclusão). ● Para avaliar oclusão, basta auscultar. ● Se o paciente chega apresentando quadro de desmaio e história de diarreia e vômito, é essencial que se faça a ausculta, porque caso não tenha sopro, é muito provável que o blalock tenha se fechado. . PERSISTÊNCIA DO . . CANAL ARTERIAL . ● O canal arterial é um grande vaso que comunica o tronco da artéria pulmonar com a artéria aorta descendente no feto. ● É uma estrutura de grande importância nesse período de vida porque desvia cerca de 60% do débito cardíaco direito da artéria pulmonar para a aorta descendente. ● O fechamento pós-natal funcional do canal arterial no recém-nascido a termo ocorre com 12 a 15 horas de vida e o permanente, com 5 a 7 dias, alcançando em alguns casos, até o 21º dia. ● Ocorre, nesses casos em que não há o fechamento, o caminho inverso do que acontece na fase intra uterina, de modo que o fluxo da aorta passa em direção ao tronco pulmonar, uma vez que a pressão da aorta é muito maior. ● Entre os sintomas comuns, incluem-se cansaço nas mamadas, baixo ganho ponderal, possíveis infecções respiratórias frequentes, pode desenvolver insuficiência cardíaca congestiva. ● O raio X pode apresentar aumento das câmaras esquerdas e aumento da trama pulmonar. ● O tratamento pode ser cirúrgico ou medicamentoso. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: ● IBUPROFENO: droga de escolha atualmente. ● 1° dose (10mg/kg), 2° dose (5mg/kg) e 3° dose (5mg/kg). ● Us preferível ao invés da indometacina, uma vez que o ibuprofeno associa-se a menor risco de fazer enterocolite necrosante e insuficiência renal transitória. ● Usar até IG de 34 semanas ou idade cronológica de 14 dias de vida. ● Se o RN for prematuro extremo, há relatos de uso acima de 14 dias de vida. ● PARACETAMOL: indicado na presença de situações que contraindicam o uso de Ibuprofeno e quando não há resposta ao Ibuprofeno. ● A dose efetiva para o fechamento do canal arterial é desconhecida. Sendo assim, até que surjam novos estudos farmacocinéticos é indicado 15mg/kg/dose de 6/6 horas por 3 dias (Brasil). . CARDIOPATIAS DEPENDENTES . . DE CANAL . ● São cardiopatias que dependem da ação do canal arterial aberto para manter o funcionamento compatível com a vida. ● Em geral, essas cardiopatias são alvo terapêutico de manutenção do canal arterial, ou seja, são usados medicamentos capazes de impedir o fechamento do canal e garantir um mínimo fluxo adequado, até que seja corrigido cirurgicamente. COARCTAÇÃO DE AORTA: ● É um estreitamento localizado na luz da aorta, que provoca hipertensão dos membros superiores, hipertrofia do ventrículoesquerdo e má perfusão de órgãos abdominais e membros inferiores. ● Nesses casos, o canal arterial é fundamental para manter o fluxo sistêmico, por isso é conhecida como “cardiopatia dependente de canal”. ● A maioria é assintomático quando RN, nos casos em que são mais leves. ● Muitos apresentam hipertensão arterial, cefaléia, escotomas e dor MMII após esforço. ● Apresenta ECG geralmente normal, ou com sobrecarga de ventrículo esquerdo nos casos mais graves. ● Raio X normal ou com corrosão costal ● Possui sopro contínuo auscultado nas costas. ● Pulsos finos ou ausentes nos MMII. ● Tratamento cirúrgico ou percutâneo (stent). ATRESIA PULMONAR COM COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR: ● Caracterizada por uma valva pulmonar completamente fechada ou tão rudimentar, que é como se ela não existisse e houvesse um músculo fechando a passagem de sangue do ventrículo direito para a artéria pulmonar. Ou seja, não vai sangue do lado direito do coração para os pulmões. ● Se não passa sangue pela valva pulmonar, como o sangue chega nos pulmões? Através de caminhos alternativos, que podem ser colaterais sistêmico-pulmonares ou o canal arterial. ● Por isso é uma cardiopatia chamada de “dependente de canal” ⇒ depende do canal arterial. TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES ARTÉRIAS: ● A aorta e a artéria pulmonar são invertidas, o que faz com que sangue pobre em oxigênio circule para o corpo e sangue rico em oxigênio circule entre os pulmões e o coração e não para o corpo. ● Na TGA, o sangue pobre em oxigênio chega ao ventrículo direito e é bombeado para a aorta, voltando para o corpo, sem passar pelo pulmão. Por sua vez, o sangue rico em oxigênio que sai do pulmão, chega ao ventrículo esquerdo, que bombeia sangue novamente para o pulmão. ● Dessa forma, existem duas circulações em paralelo, uma de cada lado do coração, e o sangue não se renova. ● É indispensável a existência de uma comunicação ou canal, através da qual ocorre a mistura do sangue entre os dois lados do coração, como ocorre através do canal arterial. ● Todo bebê com TGA precisa receber medicação na veia logo depois que nasce para garantir que o canal arterial fique aberto, já que geralmente é difícil saber se as outras comunicações terão tamanho suficiente para garantir a mistura adequada do sangue. ● Sedação e intubação FiO2 100%. ● Operação Jatene . COMUNICAÇÃO INTERATRIAL (CIA) . ● Os dois átrios se comunicam, com isso, o lado direito do coração (responsável por receber o sangue do corpo e mandá-lo para ser oxigenado no pulmão) acaba recebendo também o sangue já oxigenado que vem do lado esquerdo. ● Assim, os dois sangues se misturam do lado direito do coração, que acaba trabalhando até quatro vezes mais que o esquerdo. ● A comunicação interatrial pode fechar até 2 anos de idade, dando origem ao que chamamos de forame oval. ● Pode ser classificada de acordo com o local em que acontece, podendo ser um defeito tipo: ○ Ostium secundum (o mais comum): um defeito na fossa oval — na parte central (ou no meio) do septo atrial ○ Ostium primum: um defeito na porção anteroinferior do septo, uma forma de defeito do septo atrioventricular (defeito do coxim endocárdico) ○ Seio venoso inferior: um defeito na face posterior do septo, perto da veia cava inferior ○ Seio venoso superior: um defeito na face posterior do septo, perto da veia cava superior. ○ Seio coronário. ● Desdobramento fixo 2° bulha ● Eletrocardiograma normal, sobrecarga atrial, BRD ● Raio x, em geral, normal ● Não tem cansaço nos momentos de mamadas ● Apresenta ganho ponderal normal ● Não ICC / endocardite ● Ecocardiograma: relação Qp/Qs >1,5 ● Pode acontecer o diagnóstico apenas na segunda ou terceira década de vida, já que, muitas vezes, se trata de uma condição assintomática. . COMUNICAÇÃO . . INTERVENTRICULAR (CIV) . ● É um tipo de cardiopatia congênita que caracteriza-se por uma abertura ou orifício na parede (septo) que divide os ventrículos direito e esquerdo. ● Permite a passagem do sangue de uma câmara a outra, quando este fluxo não deveria existir, de modo que uma grande quantidade de sangue passa do lado esquerdo, que tem maior pressão, para o lado direito. ● No exame médico é possível se escutar um som (sopro) característico em BEEM. ● Se o orifício é grande, a criança pode apresentar falta de ar (dispneia), dificuldade para alimentar-se (cansaço e sudorese nas mamadas) e de crescer em um ritmo normal (déficit ponderal). ● O raio X apresenta o aumento da câmara esquerda (por sobrecarga) e possível hiperfluxo pulmonar. ● Apresenta pulsos finos, infecções respiratórias e insuficiência cardíaca congestiva. ● O tratamento é cirúrgico. . DEFEITO DO . . SEPTO ATRIOVENTRICULAR . ● São comunicações interventriculares ou interatriais associadas a defeitos nas válvulas. ● Essa é a cardiopatia congênita mais frequente em crianças com síndrome de Down. ● Faz parte do grupo de cardiopatias congênitas acianóticas de hiperfluxo pulmonar. CLASSIFICAÇÃO: ● DSAV PARCIAL: os dois folhetos pontes são unidos por uma lingueta e ficam aderidos no topo do septo interventricular. ● Não apresenta CIV (comunicação interventricular), apenas uma CIA (comunicação interatrial) do tipo ostium primum. ● As duas válvulas direita (válvula tricúspide) e esquerda (válvula mitral) ficam no mesmo plano. ● Tem um comportamento clínico igual ao da CIA (ostium primum) + fenda da valva AV esquerda. ● DSAV TOTAL: existe uma CIV (comunicação interventricular) perimembranosa ampla de via de entrada que fica abaixo dos folhetos ponte, associada a uma CIA (comunicação interventricular) tipo ostium primum (porção baixa do septo atrial). ● Possui uma clínica parecida com CIA + CIV. ● É uma forma grave, que colabora para o surgimento de ICC com +- 1 a 2 meses de idade, além de propiciar maior risco de pneumonias de repetição e apresentar alta mortalidade aos 2-3 anos de idade se não operados. ● Complicações com Síndrome de Eisenmenger. . SOPRO INOCENTE . ● Trata-se de um som “anormal” do coração, sem apresentação de alterações orgânicas. ● O sopro é, geralmente, no ápice do coração, BEE, suave e até musical. ● O sopro inocente pode ser confundido com diversas doenças congênitas que podem ser, portanto, negligenciadas. ● Still: área de estreitamento da saída do VE ● Ejeção pulmonar: via de saída de VD ● Supraclavicular: ramificação das artérias pulmonares (RN) ● Zumbido venoso: turbulência originada no retorno venoso na confluência das veias inominada, jugular interna e subclávia direita.
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