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Autotutela, Autocomposição e Heterocomposição

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1. A eliminação de conflitos pode ser obtida via autotutela, autocomposição ou heterocomposição:
Autotutela
1. Autotutela é a imposição da solução dos conflitos por uma das partes à outra. O ordenamento jurídico brasileiro veda a autotutela (salvo exceções). 
Autocomposição
1. Quando as partes acordam entre si a solução do conflito. As formas mais notórias de autocomposição são a conciliação e mediação. 
· Conciliação: tende a obtenção de um acordo (é mais indicado para conflitos que não se protraiam no tempo).
· Mediação: visa prioritariamente trabalhar o conflito (é mais indicada para conflitos que se protraiam no tempo. 
Heterocomposição
1. A resolução do conflito é realizada pela imposição da vontade de uma terceira pessoa. É o caso do processo estatal (jurisdição estatal) e da arbitragem.
Da autotutela à jurisdição
1. Se entre duas pessoas ou grupos de pessoas há um conflito, o direito impõe que, se quiser pôr fim a essa situação, o sujeito trate de chamar o Estado-juiz, o qual dirá qual a vontade do ordenamento jurídico para o caso concreto (declaração) e, se for o caso, fazer com que as coisas se disponham, na realidade prática, conforme essa vontade (execução). 
2. Nas fases primitivas da civilização inexistia um Estado suficientemente forte, então muitos conflitos eram “resolvidos” via autotutela. 
3. Autotutela é a imposição da solução dos conflitos por uma das partes à outra. 
4. Além da autotutela, outra solução possível, nos sistemas primitivos, seria a autocomposição. Autocomposição é quando uma das partes em conflito ou ambas abrem mão do interesse ou de parte dele. São três as formas de autocomposição:
· Renúncia à pretensão (art. 487, III, c do CPC);
· Submissão: renúncia à resistência oferecida à pretensão (art. 487, III, a do CPC);
· Transação: concessões recíprocas. 
5. Quando os indivíduos foram percebendo males nesse sistema, principalmente no que diz respeito a autotutela, começaram a preferir uma solução amigável e imparcial através de árbitros, pessoas de sua confiança. 
6. Mais tarde, o Estado se fortalece e passa a nomear o árbitro. Tempos depois o Estado passou a preestabelecer regras, surgindo, então, a figura do legislador. 
7. Mais tarde, o Estado, em vez de apenas nomear ou aceitar a nomeação de árbitros, passou a proferir sentenças. A essa atividade, mediante a qual os juízes estatais examinam as pretensões e resolvem os conflitos, dá-se o nome de jurisdição. 
Meios alternativos de solução de conflitos
1. O porquê dos meios alternativos:
· A duração do processo
· O custo do processo 
· É comum que, após a solução imperativa estatal, o vencido não fique satisfeito ou que as partes voltem a litigar. O uso de meios alternativos evitaria a perpetuação do conflito.
Conciliação
1. O Código de Processo Civil estabelece, com bastante amplitude que “o Estado promoverá sempre que possível, a solução consensual dos conflitos” (art. 3°, §2°)
2. No procedimento comum, a citação do réu será acompanhada de uma intimação a comparecer a uma audiência de conciliação ou mediação (CPC, art. 334, caput). Esta só não será realizada quando a matéria em litígio não comportar autocomposição ou quando ambas as partes manifestarem expressamente seu desinteresse em realiza-la (art. 334, §4°). E se apenas uma delas manifestar desinteresse e a outra silenciar? A audiência será designada e o não comparecimento de uma ou de outra será considerado um ato atentatório à dignidade da Justiça, com imposição de multa ao ausente (art. 334, §8°). 
3. O conciliador procura obter uma transação entre as partes (mútuas concessões), a submissão de uma destas à pretensão da outra ou a renúncia ao direito. 
4. Diante da falta de infraestrutura do Poder Judiciário para a realização dessa audiência inicial em todos os processos que as exigiriam e da percepção pelos juízes de que na grande maioria dos casos a realização da audiência seria infrutífera e serviria apenas para protelar o desfecho do processo, o art. 334 do Código de Processo Civil vem sendo interpretado pela Justiça em afronta à sua literalidade, no sentido de ser facultativa a designação da audiência.
5. Disposições complementares a essas e em alguma medida superpostas a elas são ditadas pela chamada Lei de Mediação (lei n° 13.140, de 26.06.15). 
6. Em matéria criminal a conciliação vinha sendo considerada inadmissível. Nova perspectiva abriu-se com a constituição vigente, a qual determinou a instituição de “juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução (...) de infrações penais de menor potencial ofensivo (art. 98, I). Além disso, o art. 28-A acrescentado ao CPP pelo pacote anticrime, prevê os “acordos de não persecução penal”.
7. Em matéria criminal não há possibilidade de conciliação fora do processo. Mesmo para a transação anterior ao oferecimento da denúncia, nas situações anteriormente referidas impõe-se sempre a necessidade do controle jurisdicional. 
Mediação
1. A mediação assemelha-se à conciliação: os interessados utilizam intermediação de um terceiro para chegarem à pacificação de seu conflito. Distingue-se dela somente porque a conciliação busca sobretudo o acordo entre as partes, enquanto a mediação trabalha o conflito, surgindo o acordo como mera consequência. Trata-se mais de uma diferença de método, mas o resultado acaba sendo o mesmo. 
Arbitragem
1. Regida pela lei material (Lei de Arbitragem) e pelo CPC.
2. Um dos mais importantes traços distintivos do processo e da jurisdição arbitrais consiste na origem do poder decisório do árbitro, que advém da vontade conjunta das partes. Essa vontade deve vir expressa em uma convenção de arbitragem, caraterizada por uma cláusula inserida em contrato escrito celebrado entre as partes (cláusula compromissória) ou por uma ulterior manifestação das partes, que é o compromisso arbitral, celebrado depois de já eclodido o conflito. 
3. Outra característica fundamental da jurisdição arbitral consiste em sua limitação às atividades cognitivas, jamais tendo o árbitro o poder de realizar qualquer ato de constrição sobre pessoas ou coisas (execução forçada, efetivação de medidas coercitivas, etc.).
4. Caracteriza-se ainda o processo arbitral por um menor formalismo em relação ao estatal e pela possibilidade de definição de seu procedimento por ato de vontade das partes em conjunto com o árbitro.
5. Árbitros podem aceitar ou não a nomeação, e quando a aceitam estão a celebrar com elas um contrato de arbitragem, que é fonte do poder que virão a exercer ao instruir a causa e proferir seu laudo ou sentença judicial.
6. O processo arbitral não depende de homologação pelo Poder Judiciário (LA, art. 18) – produzindo ela, por si própria, os mesmos efeitos de uma sentença judicial (condenação, constituição positiva ou negativa, mera declaração. 
Referências:
DINAMARCO, Cândido Rangel. BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. LOPES, Bruno Vasconcelos Carrilho. Teoria Geral do Processo. 33ª ed. São Paulo: Malheiros, 2021.

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